Opinião|A era de tragédias climáticas


O momento é de emergência e cobra governança transversal de políticas públicas, cooperação internacional e investimentos em educação climática

Por Alberto Teixeira da Silva

Altas temperaturas estão escalando a panela de pressão em que o nosso planeta se transformou. O ano passado foi o mais quente dos últimos 174 anos da História. Segundo o Observatório Europeu Copernicus, “de janeiro a novembro, a temperatura média global para 2023 é a mais alta já registrada, 1,46°C acima da média pré-industrial do período de 1850-1900″. Com o aquecimento bombando, eventos extremos (ondas de calor, incêndios florestais, elevação do nível do mar, furacões, invernos rigorosos, tempestades, enchentes, secas, etc.) tornam-se mais intensos e violentos, projetando uma época sombria e devastadora. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, “a era da ebulição global começou”.

O modelo de felicidade da sociedade urbano-tecnológica, colonizado pelo crescimento econômico e o consumismo desenfreado, refém dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), que poluem e sufocam, as perdas de florestas que empobrecem a sociobiodiversidade e abrem caminho para a ganância e sistemas predatórios, além das montanhas de toneladas de resíduos que degradam cidades e oceanos, tudo isso está acelerando gigantescas e dramáticas mudanças sistêmicas sem precedentes. Estamos imersos num padrão de civilização caótico e suicida. Como diz o filósofo Edgar Morin, “continuamos como sonâmbulos e estamos indo rumo ao desastre”. Sem alarmismo, mas com base em fatos e relatórios científicos, a realidade está mostrando sinais claros de que o mundo entrou numa assustadora era de tragédias climáticas.

O Brasil também registrou a temperatura mais alta em 2023, com grandes impactos territoriais. Ciclones extratropicais em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul ficaram mais frequentes e potentes. Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios do Sudeste enfrentam constantes oscilações de temperaturas, tempestades e calor insuportável. A desertificação avança na área do semiárido e deixa miséria e desesperança no Nordeste.

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Na Amazônia, a combinação recente do aquecimento global, El Niño, desmatamento e queimadas, provocou um cenário desolador, com morte de botos, muita fumaça, rios secos, populações isoladas e economias locais quebradas. Uma surpreendente e prolongada estiagem está minando o funcionamento dos ecossistemas regionais e põe em risco a sobrevivência de suas populações. Especialistas recomendam ações preventivas dos governos, considerando a possibilidade de outras secas em 2024. Porém, como se adaptar à falta de água? À ausência do pescado e de outras formas de alimentação? Como fortalecer mecanismos de resiliência climática entre as comunidades?

O momento é de emergência e cobra governança transversal de políticas públicas, cooperação internacional e investimentos em educação climática. Sem a diminuição das taxas de desmatamento, mas, principalmente, sem a imediata e drástica redução dos combustíveis fósseis (responsáveis por 80% das emissões de gases do efeito estufa) pelos países ricos e industrializados, e a transição rápida para fontes de energia renováveis, não poderemos evitar as tragédias humanas, sociais e econômicas resultantes da crise climática.

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SOCIÓLOGO (UFPA), DOUTOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS (UNICAMP) E TÉCNICO EM GESTÃO DE MEIO AMBIENTE (SEMAS)

Altas temperaturas estão escalando a panela de pressão em que o nosso planeta se transformou. O ano passado foi o mais quente dos últimos 174 anos da História. Segundo o Observatório Europeu Copernicus, “de janeiro a novembro, a temperatura média global para 2023 é a mais alta já registrada, 1,46°C acima da média pré-industrial do período de 1850-1900″. Com o aquecimento bombando, eventos extremos (ondas de calor, incêndios florestais, elevação do nível do mar, furacões, invernos rigorosos, tempestades, enchentes, secas, etc.) tornam-se mais intensos e violentos, projetando uma época sombria e devastadora. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, “a era da ebulição global começou”.

O modelo de felicidade da sociedade urbano-tecnológica, colonizado pelo crescimento econômico e o consumismo desenfreado, refém dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), que poluem e sufocam, as perdas de florestas que empobrecem a sociobiodiversidade e abrem caminho para a ganância e sistemas predatórios, além das montanhas de toneladas de resíduos que degradam cidades e oceanos, tudo isso está acelerando gigantescas e dramáticas mudanças sistêmicas sem precedentes. Estamos imersos num padrão de civilização caótico e suicida. Como diz o filósofo Edgar Morin, “continuamos como sonâmbulos e estamos indo rumo ao desastre”. Sem alarmismo, mas com base em fatos e relatórios científicos, a realidade está mostrando sinais claros de que o mundo entrou numa assustadora era de tragédias climáticas.

O Brasil também registrou a temperatura mais alta em 2023, com grandes impactos territoriais. Ciclones extratropicais em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul ficaram mais frequentes e potentes. Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios do Sudeste enfrentam constantes oscilações de temperaturas, tempestades e calor insuportável. A desertificação avança na área do semiárido e deixa miséria e desesperança no Nordeste.

Na Amazônia, a combinação recente do aquecimento global, El Niño, desmatamento e queimadas, provocou um cenário desolador, com morte de botos, muita fumaça, rios secos, populações isoladas e economias locais quebradas. Uma surpreendente e prolongada estiagem está minando o funcionamento dos ecossistemas regionais e põe em risco a sobrevivência de suas populações. Especialistas recomendam ações preventivas dos governos, considerando a possibilidade de outras secas em 2024. Porém, como se adaptar à falta de água? À ausência do pescado e de outras formas de alimentação? Como fortalecer mecanismos de resiliência climática entre as comunidades?

O momento é de emergência e cobra governança transversal de políticas públicas, cooperação internacional e investimentos em educação climática. Sem a diminuição das taxas de desmatamento, mas, principalmente, sem a imediata e drástica redução dos combustíveis fósseis (responsáveis por 80% das emissões de gases do efeito estufa) pelos países ricos e industrializados, e a transição rápida para fontes de energia renováveis, não poderemos evitar as tragédias humanas, sociais e econômicas resultantes da crise climática.

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SOCIÓLOGO (UFPA), DOUTOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS (UNICAMP) E TÉCNICO EM GESTÃO DE MEIO AMBIENTE (SEMAS)

Altas temperaturas estão escalando a panela de pressão em que o nosso planeta se transformou. O ano passado foi o mais quente dos últimos 174 anos da História. Segundo o Observatório Europeu Copernicus, “de janeiro a novembro, a temperatura média global para 2023 é a mais alta já registrada, 1,46°C acima da média pré-industrial do período de 1850-1900″. Com o aquecimento bombando, eventos extremos (ondas de calor, incêndios florestais, elevação do nível do mar, furacões, invernos rigorosos, tempestades, enchentes, secas, etc.) tornam-se mais intensos e violentos, projetando uma época sombria e devastadora. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, “a era da ebulição global começou”.

O modelo de felicidade da sociedade urbano-tecnológica, colonizado pelo crescimento econômico e o consumismo desenfreado, refém dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), que poluem e sufocam, as perdas de florestas que empobrecem a sociobiodiversidade e abrem caminho para a ganância e sistemas predatórios, além das montanhas de toneladas de resíduos que degradam cidades e oceanos, tudo isso está acelerando gigantescas e dramáticas mudanças sistêmicas sem precedentes. Estamos imersos num padrão de civilização caótico e suicida. Como diz o filósofo Edgar Morin, “continuamos como sonâmbulos e estamos indo rumo ao desastre”. Sem alarmismo, mas com base em fatos e relatórios científicos, a realidade está mostrando sinais claros de que o mundo entrou numa assustadora era de tragédias climáticas.

O Brasil também registrou a temperatura mais alta em 2023, com grandes impactos territoriais. Ciclones extratropicais em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul ficaram mais frequentes e potentes. Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios do Sudeste enfrentam constantes oscilações de temperaturas, tempestades e calor insuportável. A desertificação avança na área do semiárido e deixa miséria e desesperança no Nordeste.

Na Amazônia, a combinação recente do aquecimento global, El Niño, desmatamento e queimadas, provocou um cenário desolador, com morte de botos, muita fumaça, rios secos, populações isoladas e economias locais quebradas. Uma surpreendente e prolongada estiagem está minando o funcionamento dos ecossistemas regionais e põe em risco a sobrevivência de suas populações. Especialistas recomendam ações preventivas dos governos, considerando a possibilidade de outras secas em 2024. Porém, como se adaptar à falta de água? À ausência do pescado e de outras formas de alimentação? Como fortalecer mecanismos de resiliência climática entre as comunidades?

O momento é de emergência e cobra governança transversal de políticas públicas, cooperação internacional e investimentos em educação climática. Sem a diminuição das taxas de desmatamento, mas, principalmente, sem a imediata e drástica redução dos combustíveis fósseis (responsáveis por 80% das emissões de gases do efeito estufa) pelos países ricos e industrializados, e a transição rápida para fontes de energia renováveis, não poderemos evitar as tragédias humanas, sociais e econômicas resultantes da crise climática.

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SOCIÓLOGO (UFPA), DOUTOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS (UNICAMP) E TÉCNICO EM GESTÃO DE MEIO AMBIENTE (SEMAS)

Opinião por Alberto Teixeira da Silva

Sociólogo (UFPA), doutor em Ciências Sociais (Unicamp) e técnico em gestão de meio ambiente (Semas)

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