Opinião|A hora da paz!


Nada melhor para a ONU revelar a sua competência do que fazer chegar ao fim o conflito do Oriente Médio

Por Michel Temer

Tenho visto fotos dos bombardeios realizados no Líbano. São dolorosas, já que mostram crianças despedaçadas pelas bombas jogadas pelo governo do primeiro-ministro. São centenas de libaneses mortos nesses conflitos. De fora a parte outros milhares de palestinos mortos em Gaza ou quando dela saem para buscar entrada no Egito.

Também doloroso foi verificar logo no início do conflito a matança daqueles jovens judeus que se divertiam numa festa que veio a ser invadida por integrantes do Hamas. Como angustiante é saber dos reféns que se encontram detidos pelo Hamas. Imagino a dor sentida pelas famílias desses aprisionados. Como sou capaz de imaginar o desespero das famílias palestinas e libanesas que perderam seus entes queridos sem nem sequer participarem diretamente da batalha.

Convém registrar que o Líbano, antiga Suíça do Oriente Médio, não é o produtor dos conflitos. Ele é palco de conflitos trazidos seja em função de entidades como o Hezbollah, seja em função de ataques feitos por Israel. É justo que assim seja? É justo que muitos civis sejam mortos tal como acontece no Líbano e na Faixa de Gaza? É justo, pergunto, que os integrantes do Hamas praticassem aquela barbaridade matando dezenas de civis israelenses que estavam simplesmente se divertindo numa festa da juventude? Foi, aliás, o início da crise. Início que não significa, convenhamos, a primeira vez, já que os conflitos perduram indefinidamente naquela região. Verifique-se a autorização para os assentamentos de colonos judeus em áreas destinadas aos palestinos. Bastaria verificar a Faixa de Gaza, em princípio reservada aos palestinos, mas que não tem saída para as demais regiões nem mesmo para o mar, permanentemente patrulhado pelas forças israelenses. Não é sem razão que a única saída desse território se dá pelo Egito. E nada mais.

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Escrevo esses fatos com a dor de quem verifica as fotos das atrocidades praticadas reciprocamente entre palestinos e judeus. Nós, aqui no Brasil, vivemos em intensa harmonia. As comunidades árabe e judaica lamentam esses tristes episódios. Aqui, judeus e árabes realizam sociedades comerciais, trabalham juntos nos mais variados setores, confraternizam, se abraçam. Isso se revela como verdadeiro exemplo de que essas comunidades podem viver em paz. Mas estamos falando de uma triste realidade que é o conflito interminável naquela região. Quando em 1947 a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) criou dois Estados, o de Israel e um árabe, os povos não se entenderam. Não posso deixar de reconhecer que o povo árabe inadmitiu o Estado de Israel, e daí o conflito que se estende ao longo do tempo.

Mas o tempo passa, as concepções mudam, as certezas deixam de ser inafastáveis, levando à convicção de que a criação do Estado palestino, ainda que em pequeno território, seria admitida por todos. Daí que a única solução é, efetivamente, a criação e instalação dos dois Estados. Os palestinos perderiam seu argumento oposicionista e os israelenses deixariam de buscar conquistar a totalidade do território.

Figuras exponenciais do Estado de Israel concordaram direta ou indiretamente com essa fórmula. O presidente Shimon Peres é um exemplo claro, como o é o escritor Amos Oz.

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Mas onde está a ONU nesse episódio? Criada com o propósito de evitar os conflitos internacionais e locais logo após a 2.ª Guerra Mundial, vem perdendo seu protagonismo nessa fundamental tarefa para a paz mundial. Por que não envia ela esforços para o cumprimento da resolução criadora dos dois Estados? Por que não cria uma força de paz integrada por membros dos vários países a fim de evitar as contendas que lá se verificam? Não só para coibir e impedir a ação do primeiro-ministro, como também para impedir a ação do Hamas e do Hezbollah. Ficaria bem para os palestinos e para o povo de Israel. Mais ainda: impediria massacres em países vizinhos como o Líbano, onde, nestes últimos dias, centenas de pessoas foram eliminadas. E o mais doloroso é verificar o ódio que alimenta aquelas nações. Será que as nações ganham alguma coisa com essa situação dramática? Será que os países em que ambas as comunidades convivem pacificamente estão a aplaudir o que lá ocorre? Seguramente não.

É preciso tomar providências. E o órgão habilitado para tanto é a Organização das Nações Unidas. Impõe-se até que, se em dado momento for instalado o Estado árabe previsto na resolução inaugural de 1947, imperativa será a presença de uma força de paz para garantir a harmonia entre os dois Estados. Falando em pacificação, a ONU poderia convidar, além das autoridades já constituídas, lideranças globais pacifistas, tais como os ex-presidentes Bill Clinton e Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Tony Blair, entre outras personalidades.

Penso que é hora de a ONU, acompanhada de todos os homens de bem, dizer a que veio. Como ex-presidente da República e propagador da paz, sinto-me no dever de fazer esse pronunciamento.

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Nada melhor para a ONU revelar a sua competência do que fazer chegar ao fim o conflito do Oriente Médio.

*

ADVOGADO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Tenho visto fotos dos bombardeios realizados no Líbano. São dolorosas, já que mostram crianças despedaçadas pelas bombas jogadas pelo governo do primeiro-ministro. São centenas de libaneses mortos nesses conflitos. De fora a parte outros milhares de palestinos mortos em Gaza ou quando dela saem para buscar entrada no Egito.

Também doloroso foi verificar logo no início do conflito a matança daqueles jovens judeus que se divertiam numa festa que veio a ser invadida por integrantes do Hamas. Como angustiante é saber dos reféns que se encontram detidos pelo Hamas. Imagino a dor sentida pelas famílias desses aprisionados. Como sou capaz de imaginar o desespero das famílias palestinas e libanesas que perderam seus entes queridos sem nem sequer participarem diretamente da batalha.

Convém registrar que o Líbano, antiga Suíça do Oriente Médio, não é o produtor dos conflitos. Ele é palco de conflitos trazidos seja em função de entidades como o Hezbollah, seja em função de ataques feitos por Israel. É justo que assim seja? É justo que muitos civis sejam mortos tal como acontece no Líbano e na Faixa de Gaza? É justo, pergunto, que os integrantes do Hamas praticassem aquela barbaridade matando dezenas de civis israelenses que estavam simplesmente se divertindo numa festa da juventude? Foi, aliás, o início da crise. Início que não significa, convenhamos, a primeira vez, já que os conflitos perduram indefinidamente naquela região. Verifique-se a autorização para os assentamentos de colonos judeus em áreas destinadas aos palestinos. Bastaria verificar a Faixa de Gaza, em princípio reservada aos palestinos, mas que não tem saída para as demais regiões nem mesmo para o mar, permanentemente patrulhado pelas forças israelenses. Não é sem razão que a única saída desse território se dá pelo Egito. E nada mais.

Escrevo esses fatos com a dor de quem verifica as fotos das atrocidades praticadas reciprocamente entre palestinos e judeus. Nós, aqui no Brasil, vivemos em intensa harmonia. As comunidades árabe e judaica lamentam esses tristes episódios. Aqui, judeus e árabes realizam sociedades comerciais, trabalham juntos nos mais variados setores, confraternizam, se abraçam. Isso se revela como verdadeiro exemplo de que essas comunidades podem viver em paz. Mas estamos falando de uma triste realidade que é o conflito interminável naquela região. Quando em 1947 a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) criou dois Estados, o de Israel e um árabe, os povos não se entenderam. Não posso deixar de reconhecer que o povo árabe inadmitiu o Estado de Israel, e daí o conflito que se estende ao longo do tempo.

Mas o tempo passa, as concepções mudam, as certezas deixam de ser inafastáveis, levando à convicção de que a criação do Estado palestino, ainda que em pequeno território, seria admitida por todos. Daí que a única solução é, efetivamente, a criação e instalação dos dois Estados. Os palestinos perderiam seu argumento oposicionista e os israelenses deixariam de buscar conquistar a totalidade do território.

Figuras exponenciais do Estado de Israel concordaram direta ou indiretamente com essa fórmula. O presidente Shimon Peres é um exemplo claro, como o é o escritor Amos Oz.

Mas onde está a ONU nesse episódio? Criada com o propósito de evitar os conflitos internacionais e locais logo após a 2.ª Guerra Mundial, vem perdendo seu protagonismo nessa fundamental tarefa para a paz mundial. Por que não envia ela esforços para o cumprimento da resolução criadora dos dois Estados? Por que não cria uma força de paz integrada por membros dos vários países a fim de evitar as contendas que lá se verificam? Não só para coibir e impedir a ação do primeiro-ministro, como também para impedir a ação do Hamas e do Hezbollah. Ficaria bem para os palestinos e para o povo de Israel. Mais ainda: impediria massacres em países vizinhos como o Líbano, onde, nestes últimos dias, centenas de pessoas foram eliminadas. E o mais doloroso é verificar o ódio que alimenta aquelas nações. Será que as nações ganham alguma coisa com essa situação dramática? Será que os países em que ambas as comunidades convivem pacificamente estão a aplaudir o que lá ocorre? Seguramente não.

É preciso tomar providências. E o órgão habilitado para tanto é a Organização das Nações Unidas. Impõe-se até que, se em dado momento for instalado o Estado árabe previsto na resolução inaugural de 1947, imperativa será a presença de uma força de paz para garantir a harmonia entre os dois Estados. Falando em pacificação, a ONU poderia convidar, além das autoridades já constituídas, lideranças globais pacifistas, tais como os ex-presidentes Bill Clinton e Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Tony Blair, entre outras personalidades.

Penso que é hora de a ONU, acompanhada de todos os homens de bem, dizer a que veio. Como ex-presidente da República e propagador da paz, sinto-me no dever de fazer esse pronunciamento.

Nada melhor para a ONU revelar a sua competência do que fazer chegar ao fim o conflito do Oriente Médio.

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ADVOGADO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Tenho visto fotos dos bombardeios realizados no Líbano. São dolorosas, já que mostram crianças despedaçadas pelas bombas jogadas pelo governo do primeiro-ministro. São centenas de libaneses mortos nesses conflitos. De fora a parte outros milhares de palestinos mortos em Gaza ou quando dela saem para buscar entrada no Egito.

Também doloroso foi verificar logo no início do conflito a matança daqueles jovens judeus que se divertiam numa festa que veio a ser invadida por integrantes do Hamas. Como angustiante é saber dos reféns que se encontram detidos pelo Hamas. Imagino a dor sentida pelas famílias desses aprisionados. Como sou capaz de imaginar o desespero das famílias palestinas e libanesas que perderam seus entes queridos sem nem sequer participarem diretamente da batalha.

Convém registrar que o Líbano, antiga Suíça do Oriente Médio, não é o produtor dos conflitos. Ele é palco de conflitos trazidos seja em função de entidades como o Hezbollah, seja em função de ataques feitos por Israel. É justo que assim seja? É justo que muitos civis sejam mortos tal como acontece no Líbano e na Faixa de Gaza? É justo, pergunto, que os integrantes do Hamas praticassem aquela barbaridade matando dezenas de civis israelenses que estavam simplesmente se divertindo numa festa da juventude? Foi, aliás, o início da crise. Início que não significa, convenhamos, a primeira vez, já que os conflitos perduram indefinidamente naquela região. Verifique-se a autorização para os assentamentos de colonos judeus em áreas destinadas aos palestinos. Bastaria verificar a Faixa de Gaza, em princípio reservada aos palestinos, mas que não tem saída para as demais regiões nem mesmo para o mar, permanentemente patrulhado pelas forças israelenses. Não é sem razão que a única saída desse território se dá pelo Egito. E nada mais.

Escrevo esses fatos com a dor de quem verifica as fotos das atrocidades praticadas reciprocamente entre palestinos e judeus. Nós, aqui no Brasil, vivemos em intensa harmonia. As comunidades árabe e judaica lamentam esses tristes episódios. Aqui, judeus e árabes realizam sociedades comerciais, trabalham juntos nos mais variados setores, confraternizam, se abraçam. Isso se revela como verdadeiro exemplo de que essas comunidades podem viver em paz. Mas estamos falando de uma triste realidade que é o conflito interminável naquela região. Quando em 1947 a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) criou dois Estados, o de Israel e um árabe, os povos não se entenderam. Não posso deixar de reconhecer que o povo árabe inadmitiu o Estado de Israel, e daí o conflito que se estende ao longo do tempo.

Mas o tempo passa, as concepções mudam, as certezas deixam de ser inafastáveis, levando à convicção de que a criação do Estado palestino, ainda que em pequeno território, seria admitida por todos. Daí que a única solução é, efetivamente, a criação e instalação dos dois Estados. Os palestinos perderiam seu argumento oposicionista e os israelenses deixariam de buscar conquistar a totalidade do território.

Figuras exponenciais do Estado de Israel concordaram direta ou indiretamente com essa fórmula. O presidente Shimon Peres é um exemplo claro, como o é o escritor Amos Oz.

Mas onde está a ONU nesse episódio? Criada com o propósito de evitar os conflitos internacionais e locais logo após a 2.ª Guerra Mundial, vem perdendo seu protagonismo nessa fundamental tarefa para a paz mundial. Por que não envia ela esforços para o cumprimento da resolução criadora dos dois Estados? Por que não cria uma força de paz integrada por membros dos vários países a fim de evitar as contendas que lá se verificam? Não só para coibir e impedir a ação do primeiro-ministro, como também para impedir a ação do Hamas e do Hezbollah. Ficaria bem para os palestinos e para o povo de Israel. Mais ainda: impediria massacres em países vizinhos como o Líbano, onde, nestes últimos dias, centenas de pessoas foram eliminadas. E o mais doloroso é verificar o ódio que alimenta aquelas nações. Será que as nações ganham alguma coisa com essa situação dramática? Será que os países em que ambas as comunidades convivem pacificamente estão a aplaudir o que lá ocorre? Seguramente não.

É preciso tomar providências. E o órgão habilitado para tanto é a Organização das Nações Unidas. Impõe-se até que, se em dado momento for instalado o Estado árabe previsto na resolução inaugural de 1947, imperativa será a presença de uma força de paz para garantir a harmonia entre os dois Estados. Falando em pacificação, a ONU poderia convidar, além das autoridades já constituídas, lideranças globais pacifistas, tais como os ex-presidentes Bill Clinton e Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Tony Blair, entre outras personalidades.

Penso que é hora de a ONU, acompanhada de todos os homens de bem, dizer a que veio. Como ex-presidente da República e propagador da paz, sinto-me no dever de fazer esse pronunciamento.

Nada melhor para a ONU revelar a sua competência do que fazer chegar ao fim o conflito do Oriente Médio.

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ADVOGADO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Opinião por Michel Temer

Advogado, foi presidente da República

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