Opinião|A violência sexual como arma de guerra do Hamas


As mulheres brutalmente machucadas precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que tiveram a vida violentamente ceifada não sejam esquecidas

Por Elisa Nigri Griner

Desde o dia 7 de outubro, quando mais de mil pessoas foram assassinadas de forma brutal pelo grupo extremista Hamas, em Israel, e outras 240 foram feitas reféns, várias lutas começaram: famílias desesperadas em busca de seus entes queridos desaparecidos e pedidos para a libertação dos reféns e para o mundo reconhecer a atrocidade cometida sob a ótica da verdade. No entanto, depois de quase quatro meses daquela data sangrenta, uma delas ganhou novos capítulos.

Faltando poucos dias para o ano de 2023 se despedir por completo, o jornal The New York Times, um dos veículos de imprensa mais prestigiados do mundo, publicou uma matéria reconhecendo que o Hamas fez da violência sexual uma arma de guerra contra israelenses durante o ataque. A investigação feita pela equipe de reportagem do jornal conseguiu comprovar algo que as mulheres israelenses vítimas dessa barbárie – estou falando de adultas, adolescentes, idosas e crianças – vinham relatando às autoridades, às organizações de ajuda e até mesmo à polícia, descrevendo cenas que aqui não há espaço nem condições de descrever, por causa de sua atrocidade.

Isso me fez pensar muito a respeito deste assunto. E nesta reflexão eu faço o seguinte questionamento: por que o mundo que aprendeu a reconhecer no movimento Me Too o valor das narrativas de estupro, mutilação e brutalidade direcionada às mulheres não aceita o relato, em riqueza de detalhes, de uma barbárie que foi exibida em tempo real pelos próprios terroristas?

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Até a publicação daquela reportagem, traduzida e também veiculada pelo Estadão, muita coisa aconteceu sob o olhar silencioso do mundo e das organizações globais que defendem as mulheres. Ao tentar gritar sua dor, por meio de histórias que mostram a desumanidade dos integrantes do Hamas ao estuprar, violentar e matar de forma animalesca, essas mulheres que carregam feridas no corpo e na alma tiveram sua voz sufocada. Muitas dessas organizações e representantes de governos de grandes potências mundiais, que se dizem humanitárias e em prol da paz, reduziram o peso da utilização da violência sexual como crime de guerra pelo Hamas.

Mesmo diante de relatos contundentes, cujas informações foram negligenciadas e, em alguns casos, solicitadas provas do estupro – em que mundo estamos? –, o grupo extremista obteve o perdão de muita gente que se diz do bem. Afinal de contas, eram só judeus, não é mesmo? Vale lembrar que este é um povo que já tem cicatrizes profundas de perseguição muito antes da era moderna, que já viveu horrores por causa da Inquisição, do Holocausto e, agora, está sendo alvo de uma nova onda de antissemitismo que toma conta do mundo.

É impossível não pensar nos 108 reféns vivos que ainda estão nas mãos do grupo de fundamentalistas religiosos que prega o extermínio dos judeus ao redor do mundo. Convido a pensar o que pode estar acontecendo nos ambientes subterrâneos de Gaza. E, aqui, vale lembrar que até o momento temos ao menos 30 relatos de mulheres, com idades de 12 a 48 anos, libertadas após mais de 50 dias em cativeiro, que reforçam os abusos psicológicos e físicos sofridos durante os dias de sequestro e cativeiro. Aos poucos, elas revelam seus traumas, ainda receosas de que suas palavras possam desencadear consequências severas aos sequestrados que seguem em poder dos terroristas.

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Minha grande indignação é que a solidariedade prestada aos civis não deveria valer somente para um lado da história, mas sim para os dois – ou seja, não somente palestinos, mas também para os israelenses. Quem deseja a paz deveria clamar pela devolução de todos os reféns, independentemente de sua nacionalidade ou gênero, bem como a prisão de todos os integrantes do Hamas, o cessar-fogo definitivo e pela Palestina livre, reconhecida como Estado de direito e governada com base na democracia.

Nesse desejo de paz não entra a eliminação de Israel e de seu povo. E neste espaço não estou sequer entrando nas raízes antissemitas ou “judeufóbicas”, como tem sido necessário pontuar a todo momento, para que haja clareza sobre o forte preconceito étnico que está enraizado em nossa sociedade – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.

A publicação do NYT é somente mais um capítulo da luta de mulheres brutalmente machucadas que precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que não tiveram a chance de expor a sua dor, ao ter sua vida violentamente ceifada, não sejam esquecidas. Somente ao se sentirem acolhidas é que sobreviventes e familiares de vítimas conseguirão curar suas feridas abertas – e que são profundas, dolorosas e enormes – pelo maior e mais sangrento ataque terrorista sofrido por Israel em sua história.

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DIRETORA VOLUNTÁRIA DA FEDERAÇÃO ISRAELITA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FISESP), ATIVISTA SOCIAL PELO DIREITO DA MULHER, É IDEALIZADORA E COORDENADORA DO GRUPO DE LIDERANÇA E NETWORKING DA FISESP (LEN|ELF – FISESP), DEDICADO AO EMPODERAMENTO FEMININO

Desde o dia 7 de outubro, quando mais de mil pessoas foram assassinadas de forma brutal pelo grupo extremista Hamas, em Israel, e outras 240 foram feitas reféns, várias lutas começaram: famílias desesperadas em busca de seus entes queridos desaparecidos e pedidos para a libertação dos reféns e para o mundo reconhecer a atrocidade cometida sob a ótica da verdade. No entanto, depois de quase quatro meses daquela data sangrenta, uma delas ganhou novos capítulos.

Faltando poucos dias para o ano de 2023 se despedir por completo, o jornal The New York Times, um dos veículos de imprensa mais prestigiados do mundo, publicou uma matéria reconhecendo que o Hamas fez da violência sexual uma arma de guerra contra israelenses durante o ataque. A investigação feita pela equipe de reportagem do jornal conseguiu comprovar algo que as mulheres israelenses vítimas dessa barbárie – estou falando de adultas, adolescentes, idosas e crianças – vinham relatando às autoridades, às organizações de ajuda e até mesmo à polícia, descrevendo cenas que aqui não há espaço nem condições de descrever, por causa de sua atrocidade.

Isso me fez pensar muito a respeito deste assunto. E nesta reflexão eu faço o seguinte questionamento: por que o mundo que aprendeu a reconhecer no movimento Me Too o valor das narrativas de estupro, mutilação e brutalidade direcionada às mulheres não aceita o relato, em riqueza de detalhes, de uma barbárie que foi exibida em tempo real pelos próprios terroristas?

Até a publicação daquela reportagem, traduzida e também veiculada pelo Estadão, muita coisa aconteceu sob o olhar silencioso do mundo e das organizações globais que defendem as mulheres. Ao tentar gritar sua dor, por meio de histórias que mostram a desumanidade dos integrantes do Hamas ao estuprar, violentar e matar de forma animalesca, essas mulheres que carregam feridas no corpo e na alma tiveram sua voz sufocada. Muitas dessas organizações e representantes de governos de grandes potências mundiais, que se dizem humanitárias e em prol da paz, reduziram o peso da utilização da violência sexual como crime de guerra pelo Hamas.

Mesmo diante de relatos contundentes, cujas informações foram negligenciadas e, em alguns casos, solicitadas provas do estupro – em que mundo estamos? –, o grupo extremista obteve o perdão de muita gente que se diz do bem. Afinal de contas, eram só judeus, não é mesmo? Vale lembrar que este é um povo que já tem cicatrizes profundas de perseguição muito antes da era moderna, que já viveu horrores por causa da Inquisição, do Holocausto e, agora, está sendo alvo de uma nova onda de antissemitismo que toma conta do mundo.

É impossível não pensar nos 108 reféns vivos que ainda estão nas mãos do grupo de fundamentalistas religiosos que prega o extermínio dos judeus ao redor do mundo. Convido a pensar o que pode estar acontecendo nos ambientes subterrâneos de Gaza. E, aqui, vale lembrar que até o momento temos ao menos 30 relatos de mulheres, com idades de 12 a 48 anos, libertadas após mais de 50 dias em cativeiro, que reforçam os abusos psicológicos e físicos sofridos durante os dias de sequestro e cativeiro. Aos poucos, elas revelam seus traumas, ainda receosas de que suas palavras possam desencadear consequências severas aos sequestrados que seguem em poder dos terroristas.

Minha grande indignação é que a solidariedade prestada aos civis não deveria valer somente para um lado da história, mas sim para os dois – ou seja, não somente palestinos, mas também para os israelenses. Quem deseja a paz deveria clamar pela devolução de todos os reféns, independentemente de sua nacionalidade ou gênero, bem como a prisão de todos os integrantes do Hamas, o cessar-fogo definitivo e pela Palestina livre, reconhecida como Estado de direito e governada com base na democracia.

Nesse desejo de paz não entra a eliminação de Israel e de seu povo. E neste espaço não estou sequer entrando nas raízes antissemitas ou “judeufóbicas”, como tem sido necessário pontuar a todo momento, para que haja clareza sobre o forte preconceito étnico que está enraizado em nossa sociedade – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.

A publicação do NYT é somente mais um capítulo da luta de mulheres brutalmente machucadas que precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que não tiveram a chance de expor a sua dor, ao ter sua vida violentamente ceifada, não sejam esquecidas. Somente ao se sentirem acolhidas é que sobreviventes e familiares de vítimas conseguirão curar suas feridas abertas – e que são profundas, dolorosas e enormes – pelo maior e mais sangrento ataque terrorista sofrido por Israel em sua história.

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DIRETORA VOLUNTÁRIA DA FEDERAÇÃO ISRAELITA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FISESP), ATIVISTA SOCIAL PELO DIREITO DA MULHER, É IDEALIZADORA E COORDENADORA DO GRUPO DE LIDERANÇA E NETWORKING DA FISESP (LEN|ELF – FISESP), DEDICADO AO EMPODERAMENTO FEMININO

Desde o dia 7 de outubro, quando mais de mil pessoas foram assassinadas de forma brutal pelo grupo extremista Hamas, em Israel, e outras 240 foram feitas reféns, várias lutas começaram: famílias desesperadas em busca de seus entes queridos desaparecidos e pedidos para a libertação dos reféns e para o mundo reconhecer a atrocidade cometida sob a ótica da verdade. No entanto, depois de quase quatro meses daquela data sangrenta, uma delas ganhou novos capítulos.

Faltando poucos dias para o ano de 2023 se despedir por completo, o jornal The New York Times, um dos veículos de imprensa mais prestigiados do mundo, publicou uma matéria reconhecendo que o Hamas fez da violência sexual uma arma de guerra contra israelenses durante o ataque. A investigação feita pela equipe de reportagem do jornal conseguiu comprovar algo que as mulheres israelenses vítimas dessa barbárie – estou falando de adultas, adolescentes, idosas e crianças – vinham relatando às autoridades, às organizações de ajuda e até mesmo à polícia, descrevendo cenas que aqui não há espaço nem condições de descrever, por causa de sua atrocidade.

Isso me fez pensar muito a respeito deste assunto. E nesta reflexão eu faço o seguinte questionamento: por que o mundo que aprendeu a reconhecer no movimento Me Too o valor das narrativas de estupro, mutilação e brutalidade direcionada às mulheres não aceita o relato, em riqueza de detalhes, de uma barbárie que foi exibida em tempo real pelos próprios terroristas?

Até a publicação daquela reportagem, traduzida e também veiculada pelo Estadão, muita coisa aconteceu sob o olhar silencioso do mundo e das organizações globais que defendem as mulheres. Ao tentar gritar sua dor, por meio de histórias que mostram a desumanidade dos integrantes do Hamas ao estuprar, violentar e matar de forma animalesca, essas mulheres que carregam feridas no corpo e na alma tiveram sua voz sufocada. Muitas dessas organizações e representantes de governos de grandes potências mundiais, que se dizem humanitárias e em prol da paz, reduziram o peso da utilização da violência sexual como crime de guerra pelo Hamas.

Mesmo diante de relatos contundentes, cujas informações foram negligenciadas e, em alguns casos, solicitadas provas do estupro – em que mundo estamos? –, o grupo extremista obteve o perdão de muita gente que se diz do bem. Afinal de contas, eram só judeus, não é mesmo? Vale lembrar que este é um povo que já tem cicatrizes profundas de perseguição muito antes da era moderna, que já viveu horrores por causa da Inquisição, do Holocausto e, agora, está sendo alvo de uma nova onda de antissemitismo que toma conta do mundo.

É impossível não pensar nos 108 reféns vivos que ainda estão nas mãos do grupo de fundamentalistas religiosos que prega o extermínio dos judeus ao redor do mundo. Convido a pensar o que pode estar acontecendo nos ambientes subterrâneos de Gaza. E, aqui, vale lembrar que até o momento temos ao menos 30 relatos de mulheres, com idades de 12 a 48 anos, libertadas após mais de 50 dias em cativeiro, que reforçam os abusos psicológicos e físicos sofridos durante os dias de sequestro e cativeiro. Aos poucos, elas revelam seus traumas, ainda receosas de que suas palavras possam desencadear consequências severas aos sequestrados que seguem em poder dos terroristas.

Minha grande indignação é que a solidariedade prestada aos civis não deveria valer somente para um lado da história, mas sim para os dois – ou seja, não somente palestinos, mas também para os israelenses. Quem deseja a paz deveria clamar pela devolução de todos os reféns, independentemente de sua nacionalidade ou gênero, bem como a prisão de todos os integrantes do Hamas, o cessar-fogo definitivo e pela Palestina livre, reconhecida como Estado de direito e governada com base na democracia.

Nesse desejo de paz não entra a eliminação de Israel e de seu povo. E neste espaço não estou sequer entrando nas raízes antissemitas ou “judeufóbicas”, como tem sido necessário pontuar a todo momento, para que haja clareza sobre o forte preconceito étnico que está enraizado em nossa sociedade – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.

A publicação do NYT é somente mais um capítulo da luta de mulheres brutalmente machucadas que precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que não tiveram a chance de expor a sua dor, ao ter sua vida violentamente ceifada, não sejam esquecidas. Somente ao se sentirem acolhidas é que sobreviventes e familiares de vítimas conseguirão curar suas feridas abertas – e que são profundas, dolorosas e enormes – pelo maior e mais sangrento ataque terrorista sofrido por Israel em sua história.

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DIRETORA VOLUNTÁRIA DA FEDERAÇÃO ISRAELITA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FISESP), ATIVISTA SOCIAL PELO DIREITO DA MULHER, É IDEALIZADORA E COORDENADORA DO GRUPO DE LIDERANÇA E NETWORKING DA FISESP (LEN|ELF – FISESP), DEDICADO AO EMPODERAMENTO FEMININO

Desde o dia 7 de outubro, quando mais de mil pessoas foram assassinadas de forma brutal pelo grupo extremista Hamas, em Israel, e outras 240 foram feitas reféns, várias lutas começaram: famílias desesperadas em busca de seus entes queridos desaparecidos e pedidos para a libertação dos reféns e para o mundo reconhecer a atrocidade cometida sob a ótica da verdade. No entanto, depois de quase quatro meses daquela data sangrenta, uma delas ganhou novos capítulos.

Faltando poucos dias para o ano de 2023 se despedir por completo, o jornal The New York Times, um dos veículos de imprensa mais prestigiados do mundo, publicou uma matéria reconhecendo que o Hamas fez da violência sexual uma arma de guerra contra israelenses durante o ataque. A investigação feita pela equipe de reportagem do jornal conseguiu comprovar algo que as mulheres israelenses vítimas dessa barbárie – estou falando de adultas, adolescentes, idosas e crianças – vinham relatando às autoridades, às organizações de ajuda e até mesmo à polícia, descrevendo cenas que aqui não há espaço nem condições de descrever, por causa de sua atrocidade.

Isso me fez pensar muito a respeito deste assunto. E nesta reflexão eu faço o seguinte questionamento: por que o mundo que aprendeu a reconhecer no movimento Me Too o valor das narrativas de estupro, mutilação e brutalidade direcionada às mulheres não aceita o relato, em riqueza de detalhes, de uma barbárie que foi exibida em tempo real pelos próprios terroristas?

Até a publicação daquela reportagem, traduzida e também veiculada pelo Estadão, muita coisa aconteceu sob o olhar silencioso do mundo e das organizações globais que defendem as mulheres. Ao tentar gritar sua dor, por meio de histórias que mostram a desumanidade dos integrantes do Hamas ao estuprar, violentar e matar de forma animalesca, essas mulheres que carregam feridas no corpo e na alma tiveram sua voz sufocada. Muitas dessas organizações e representantes de governos de grandes potências mundiais, que se dizem humanitárias e em prol da paz, reduziram o peso da utilização da violência sexual como crime de guerra pelo Hamas.

Mesmo diante de relatos contundentes, cujas informações foram negligenciadas e, em alguns casos, solicitadas provas do estupro – em que mundo estamos? –, o grupo extremista obteve o perdão de muita gente que se diz do bem. Afinal de contas, eram só judeus, não é mesmo? Vale lembrar que este é um povo que já tem cicatrizes profundas de perseguição muito antes da era moderna, que já viveu horrores por causa da Inquisição, do Holocausto e, agora, está sendo alvo de uma nova onda de antissemitismo que toma conta do mundo.

É impossível não pensar nos 108 reféns vivos que ainda estão nas mãos do grupo de fundamentalistas religiosos que prega o extermínio dos judeus ao redor do mundo. Convido a pensar o que pode estar acontecendo nos ambientes subterrâneos de Gaza. E, aqui, vale lembrar que até o momento temos ao menos 30 relatos de mulheres, com idades de 12 a 48 anos, libertadas após mais de 50 dias em cativeiro, que reforçam os abusos psicológicos e físicos sofridos durante os dias de sequestro e cativeiro. Aos poucos, elas revelam seus traumas, ainda receosas de que suas palavras possam desencadear consequências severas aos sequestrados que seguem em poder dos terroristas.

Minha grande indignação é que a solidariedade prestada aos civis não deveria valer somente para um lado da história, mas sim para os dois – ou seja, não somente palestinos, mas também para os israelenses. Quem deseja a paz deveria clamar pela devolução de todos os reféns, independentemente de sua nacionalidade ou gênero, bem como a prisão de todos os integrantes do Hamas, o cessar-fogo definitivo e pela Palestina livre, reconhecida como Estado de direito e governada com base na democracia.

Nesse desejo de paz não entra a eliminação de Israel e de seu povo. E neste espaço não estou sequer entrando nas raízes antissemitas ou “judeufóbicas”, como tem sido necessário pontuar a todo momento, para que haja clareza sobre o forte preconceito étnico que está enraizado em nossa sociedade – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.

A publicação do NYT é somente mais um capítulo da luta de mulheres brutalmente machucadas que precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que não tiveram a chance de expor a sua dor, ao ter sua vida violentamente ceifada, não sejam esquecidas. Somente ao se sentirem acolhidas é que sobreviventes e familiares de vítimas conseguirão curar suas feridas abertas – e que são profundas, dolorosas e enormes – pelo maior e mais sangrento ataque terrorista sofrido por Israel em sua história.

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Desde o dia 7 de outubro, quando mais de mil pessoas foram assassinadas de forma brutal pelo grupo extremista Hamas, em Israel, e outras 240 foram feitas reféns, várias lutas começaram: famílias desesperadas em busca de seus entes queridos desaparecidos e pedidos para a libertação dos reféns e para o mundo reconhecer a atrocidade cometida sob a ótica da verdade. No entanto, depois de quase quatro meses daquela data sangrenta, uma delas ganhou novos capítulos.

Faltando poucos dias para o ano de 2023 se despedir por completo, o jornal The New York Times, um dos veículos de imprensa mais prestigiados do mundo, publicou uma matéria reconhecendo que o Hamas fez da violência sexual uma arma de guerra contra israelenses durante o ataque. A investigação feita pela equipe de reportagem do jornal conseguiu comprovar algo que as mulheres israelenses vítimas dessa barbárie – estou falando de adultas, adolescentes, idosas e crianças – vinham relatando às autoridades, às organizações de ajuda e até mesmo à polícia, descrevendo cenas que aqui não há espaço nem condições de descrever, por causa de sua atrocidade.

Isso me fez pensar muito a respeito deste assunto. E nesta reflexão eu faço o seguinte questionamento: por que o mundo que aprendeu a reconhecer no movimento Me Too o valor das narrativas de estupro, mutilação e brutalidade direcionada às mulheres não aceita o relato, em riqueza de detalhes, de uma barbárie que foi exibida em tempo real pelos próprios terroristas?

Até a publicação daquela reportagem, traduzida e também veiculada pelo Estadão, muita coisa aconteceu sob o olhar silencioso do mundo e das organizações globais que defendem as mulheres. Ao tentar gritar sua dor, por meio de histórias que mostram a desumanidade dos integrantes do Hamas ao estuprar, violentar e matar de forma animalesca, essas mulheres que carregam feridas no corpo e na alma tiveram sua voz sufocada. Muitas dessas organizações e representantes de governos de grandes potências mundiais, que se dizem humanitárias e em prol da paz, reduziram o peso da utilização da violência sexual como crime de guerra pelo Hamas.

Mesmo diante de relatos contundentes, cujas informações foram negligenciadas e, em alguns casos, solicitadas provas do estupro – em que mundo estamos? –, o grupo extremista obteve o perdão de muita gente que se diz do bem. Afinal de contas, eram só judeus, não é mesmo? Vale lembrar que este é um povo que já tem cicatrizes profundas de perseguição muito antes da era moderna, que já viveu horrores por causa da Inquisição, do Holocausto e, agora, está sendo alvo de uma nova onda de antissemitismo que toma conta do mundo.

É impossível não pensar nos 108 reféns vivos que ainda estão nas mãos do grupo de fundamentalistas religiosos que prega o extermínio dos judeus ao redor do mundo. Convido a pensar o que pode estar acontecendo nos ambientes subterrâneos de Gaza. E, aqui, vale lembrar que até o momento temos ao menos 30 relatos de mulheres, com idades de 12 a 48 anos, libertadas após mais de 50 dias em cativeiro, que reforçam os abusos psicológicos e físicos sofridos durante os dias de sequestro e cativeiro. Aos poucos, elas revelam seus traumas, ainda receosas de que suas palavras possam desencadear consequências severas aos sequestrados que seguem em poder dos terroristas.

Minha grande indignação é que a solidariedade prestada aos civis não deveria valer somente para um lado da história, mas sim para os dois – ou seja, não somente palestinos, mas também para os israelenses. Quem deseja a paz deveria clamar pela devolução de todos os reféns, independentemente de sua nacionalidade ou gênero, bem como a prisão de todos os integrantes do Hamas, o cessar-fogo definitivo e pela Palestina livre, reconhecida como Estado de direito e governada com base na democracia.

Nesse desejo de paz não entra a eliminação de Israel e de seu povo. E neste espaço não estou sequer entrando nas raízes antissemitas ou “judeufóbicas”, como tem sido necessário pontuar a todo momento, para que haja clareza sobre o forte preconceito étnico que está enraizado em nossa sociedade – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.

A publicação do NYT é somente mais um capítulo da luta de mulheres brutalmente machucadas que precisam ser ouvidas e fazer com que as muitas que não tiveram a chance de expor a sua dor, ao ter sua vida violentamente ceifada, não sejam esquecidas. Somente ao se sentirem acolhidas é que sobreviventes e familiares de vítimas conseguirão curar suas feridas abertas – e que são profundas, dolorosas e enormes – pelo maior e mais sangrento ataque terrorista sofrido por Israel em sua história.

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DIRETORA VOLUNTÁRIA DA FEDERAÇÃO ISRAELITA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FISESP), ATIVISTA SOCIAL PELO DIREITO DA MULHER, É IDEALIZADORA E COORDENADORA DO GRUPO DE LIDERANÇA E NETWORKING DA FISESP (LEN|ELF – FISESP), DEDICADO AO EMPODERAMENTO FEMININO

Opinião por Elisa Nigri Griner

Diretora voluntária da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), ativista social pelo direito da mulher, é idealizadora e coordenadora do grupo de Liderança e Networking da Fisesp (LEN|Elf – Fisesp), dedicado ao empoderamento feminino

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