Opinião|Ano novo mais que novo


Todos temos um papel. O Brasil ajudando no esforço de racionalidade e nós, sociedade, ajudando o Brasil a deixar de lado tanta perda de tempo e mau uso dos recursos

Por Horacio Lafer Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski

Jamais o ditado “em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão” fez tanto sentido. Ao acompanhar as notícias, daqui ou alhures, nos espantamos com o excesso de opiniões por vezes histéricas, outras eivadas de conspirações – quase todas sempre longe da busca de consenso. Neste tenso final de ano, institutos medem o grau de rejeição das lideranças, a confiança dos empresários, as expectativas dos consumidores. Há resultados para todos os gostos, mas a soma é extremamente negativa.

Vivemos um conflito no Oriente Médio em que há – vieses e covardias à parte – a concordância quanto à sua brutalidade, a ojeriza ao execrável Hamas, as incertezas quanto ao seu fim e a extensão da cauda longa com que os povos envolvidos terão de lidar. Obscurecida por essa barbárie, outra, na Ucrânia, sem perspectivas de um fim negociado, consome recursos de todas as naturezas que muito afetam o mundo. A Venezuela, sequestrada por suas lideranças anarco-ideológicas, mostra os dentes, ameaçando a pequena e potencialmente rica Guiana. E Azerbaijão, Sudão e outros despejam seus cidadãos em desumanos campos de refugiados já saturados.

Em 2022 tivemos 55 conflitos, envolvendo 38 países, sendo oito considerados guerras. É muita incompetência, da Organização das Nações Unidas (ONU) como gestora da relação entre as nações, mas em especial do ser humano, como algoz e vítima ao mesmo tempo.

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Agregue-se a isso inflação e eleições americanas, impactos da China, protecionismo da Europa e, aqui, a expectativa quanto aos rumos da Argentina, e a receita está dada. Volatilidade e foco em palanques, populismo, interesses concentrados na busca de poder e riqueza seguem firmes na agenda de muitos países.

Abraçando tudo, o clima, mostrando consistentemente que nossa provedora definitiva, a natureza, já deu o que podia e, agora, reage violentamente. Temos uma atmosfera mais quente em cerca de 1,2 grau, emissões de carbono em alta, carvão mantendo seu espaço, e, ainda assim, resultados da Conferência das Partes (COP) bastante aquém das recomendações técnicas. Embora com certo ceticismo, a expectativa de uma reunião multilateral mais consequente embalava nossas esperanças, mas é assombrosa a capacidade do mundo de se render a interesses mesquinhos e deixar de tratar da emergência climática – este, sim, o conflito final.

Já por terras tropicais, basta ler as notícias e comprovar a polarização ainda tão presente, riscos não eliminados à democracia, fragilidades na harmonia e independência entre os Poderes, argumentos que repetem os erros que nos trouxeram até aqui por via da visão curtoprazista e provinciana, tanto regional quanto setorial. Temas como desoneração da folha de pagamentos, precatórios, politização da Justiça, Congresso faminto, Executivo refém e hesitante entre o interesse na adesão e o desejo de enfrentamento, a fundamental educação, que avança aquém do necessário, envergonhando-nos com os recentes resultados do Pisa, são as pautas diárias da vida do País.

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Neste momento, avança-se cada vez mais nas verbas parlamentares e em tertúlias vazias. Disputas vãs de comando de ação em portos, segurança pública voltando a ser o principal problema da Nação, corrupção saindo das sombras. Um enorme desperdício de oportunidades para um país que poderia ser o líder nos temas da economia verde e da descarbonização. Um país que administra a escassez, ao mesmo tempo que se prova rico e, quando bem administrado, eficaz. Saldo comercial importante, uma indústria sedenta por investir e empregar, agricultura mais consciente, conflitos de terras e desmatamentos melhorando pela ação do Ministério do Meio Ambiente, reforma tributária avançando pelo empenho daqueles que enfrentam a pressão dos sempre mesmos grupos de interesse, ciência e tecnologia com mais recursos, educação com um plano entregue pelo empenho de especialistas. Aliás, se andamos necessitados de lideranças em todos os campos, temos, por outro lado, uma sociedade civil mais disposta a embarcar sua inteligência no governo. No que não se misturavam como água e óleo, ora assistimos a parcerias notáveis.

O Brasil precisa acertar sua questão fiscal, seu equilíbrio entre deveres e responsabilidades, incluído aí o peso do setor público e das benesses amorais, abrir-se para o mundo, levando a melhorias em taxas de juros, crédito, empregos e oportunidades. Por aí, reduziria a pobreza, viabilizaria seu PIB potencial, aumentando a base de consumidores e poupadores, e retomaria o grau de crescimento que já conheceu. É bastante lógico, mas certamente não trivial. Ainda assim, é o que devemos perseguir, abandonando preconceitos e pessimismos paralisantes.

Num mundo em busca de solução, todos temos um papel. O Brasil ajudando no esforço de racionalidade e nós, sociedade, ajudando o Brasil a deixar de lado tanta perda de tempo e mau uso dos recursos, enfrentando as recorrentes malandragens, consertando o que sabemos que pode ser consertado.

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Ano novo mais que novo é do que precisamos.

*

SÃO EMPRESÁRIOS

Jamais o ditado “em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão” fez tanto sentido. Ao acompanhar as notícias, daqui ou alhures, nos espantamos com o excesso de opiniões por vezes histéricas, outras eivadas de conspirações – quase todas sempre longe da busca de consenso. Neste tenso final de ano, institutos medem o grau de rejeição das lideranças, a confiança dos empresários, as expectativas dos consumidores. Há resultados para todos os gostos, mas a soma é extremamente negativa.

Vivemos um conflito no Oriente Médio em que há – vieses e covardias à parte – a concordância quanto à sua brutalidade, a ojeriza ao execrável Hamas, as incertezas quanto ao seu fim e a extensão da cauda longa com que os povos envolvidos terão de lidar. Obscurecida por essa barbárie, outra, na Ucrânia, sem perspectivas de um fim negociado, consome recursos de todas as naturezas que muito afetam o mundo. A Venezuela, sequestrada por suas lideranças anarco-ideológicas, mostra os dentes, ameaçando a pequena e potencialmente rica Guiana. E Azerbaijão, Sudão e outros despejam seus cidadãos em desumanos campos de refugiados já saturados.

Em 2022 tivemos 55 conflitos, envolvendo 38 países, sendo oito considerados guerras. É muita incompetência, da Organização das Nações Unidas (ONU) como gestora da relação entre as nações, mas em especial do ser humano, como algoz e vítima ao mesmo tempo.

Agregue-se a isso inflação e eleições americanas, impactos da China, protecionismo da Europa e, aqui, a expectativa quanto aos rumos da Argentina, e a receita está dada. Volatilidade e foco em palanques, populismo, interesses concentrados na busca de poder e riqueza seguem firmes na agenda de muitos países.

Abraçando tudo, o clima, mostrando consistentemente que nossa provedora definitiva, a natureza, já deu o que podia e, agora, reage violentamente. Temos uma atmosfera mais quente em cerca de 1,2 grau, emissões de carbono em alta, carvão mantendo seu espaço, e, ainda assim, resultados da Conferência das Partes (COP) bastante aquém das recomendações técnicas. Embora com certo ceticismo, a expectativa de uma reunião multilateral mais consequente embalava nossas esperanças, mas é assombrosa a capacidade do mundo de se render a interesses mesquinhos e deixar de tratar da emergência climática – este, sim, o conflito final.

Já por terras tropicais, basta ler as notícias e comprovar a polarização ainda tão presente, riscos não eliminados à democracia, fragilidades na harmonia e independência entre os Poderes, argumentos que repetem os erros que nos trouxeram até aqui por via da visão curtoprazista e provinciana, tanto regional quanto setorial. Temas como desoneração da folha de pagamentos, precatórios, politização da Justiça, Congresso faminto, Executivo refém e hesitante entre o interesse na adesão e o desejo de enfrentamento, a fundamental educação, que avança aquém do necessário, envergonhando-nos com os recentes resultados do Pisa, são as pautas diárias da vida do País.

Neste momento, avança-se cada vez mais nas verbas parlamentares e em tertúlias vazias. Disputas vãs de comando de ação em portos, segurança pública voltando a ser o principal problema da Nação, corrupção saindo das sombras. Um enorme desperdício de oportunidades para um país que poderia ser o líder nos temas da economia verde e da descarbonização. Um país que administra a escassez, ao mesmo tempo que se prova rico e, quando bem administrado, eficaz. Saldo comercial importante, uma indústria sedenta por investir e empregar, agricultura mais consciente, conflitos de terras e desmatamentos melhorando pela ação do Ministério do Meio Ambiente, reforma tributária avançando pelo empenho daqueles que enfrentam a pressão dos sempre mesmos grupos de interesse, ciência e tecnologia com mais recursos, educação com um plano entregue pelo empenho de especialistas. Aliás, se andamos necessitados de lideranças em todos os campos, temos, por outro lado, uma sociedade civil mais disposta a embarcar sua inteligência no governo. No que não se misturavam como água e óleo, ora assistimos a parcerias notáveis.

O Brasil precisa acertar sua questão fiscal, seu equilíbrio entre deveres e responsabilidades, incluído aí o peso do setor público e das benesses amorais, abrir-se para o mundo, levando a melhorias em taxas de juros, crédito, empregos e oportunidades. Por aí, reduziria a pobreza, viabilizaria seu PIB potencial, aumentando a base de consumidores e poupadores, e retomaria o grau de crescimento que já conheceu. É bastante lógico, mas certamente não trivial. Ainda assim, é o que devemos perseguir, abandonando preconceitos e pessimismos paralisantes.

Num mundo em busca de solução, todos temos um papel. O Brasil ajudando no esforço de racionalidade e nós, sociedade, ajudando o Brasil a deixar de lado tanta perda de tempo e mau uso dos recursos, enfrentando as recorrentes malandragens, consertando o que sabemos que pode ser consertado.

Ano novo mais que novo é do que precisamos.

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SÃO EMPRESÁRIOS

Jamais o ditado “em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão” fez tanto sentido. Ao acompanhar as notícias, daqui ou alhures, nos espantamos com o excesso de opiniões por vezes histéricas, outras eivadas de conspirações – quase todas sempre longe da busca de consenso. Neste tenso final de ano, institutos medem o grau de rejeição das lideranças, a confiança dos empresários, as expectativas dos consumidores. Há resultados para todos os gostos, mas a soma é extremamente negativa.

Vivemos um conflito no Oriente Médio em que há – vieses e covardias à parte – a concordância quanto à sua brutalidade, a ojeriza ao execrável Hamas, as incertezas quanto ao seu fim e a extensão da cauda longa com que os povos envolvidos terão de lidar. Obscurecida por essa barbárie, outra, na Ucrânia, sem perspectivas de um fim negociado, consome recursos de todas as naturezas que muito afetam o mundo. A Venezuela, sequestrada por suas lideranças anarco-ideológicas, mostra os dentes, ameaçando a pequena e potencialmente rica Guiana. E Azerbaijão, Sudão e outros despejam seus cidadãos em desumanos campos de refugiados já saturados.

Em 2022 tivemos 55 conflitos, envolvendo 38 países, sendo oito considerados guerras. É muita incompetência, da Organização das Nações Unidas (ONU) como gestora da relação entre as nações, mas em especial do ser humano, como algoz e vítima ao mesmo tempo.

Agregue-se a isso inflação e eleições americanas, impactos da China, protecionismo da Europa e, aqui, a expectativa quanto aos rumos da Argentina, e a receita está dada. Volatilidade e foco em palanques, populismo, interesses concentrados na busca de poder e riqueza seguem firmes na agenda de muitos países.

Abraçando tudo, o clima, mostrando consistentemente que nossa provedora definitiva, a natureza, já deu o que podia e, agora, reage violentamente. Temos uma atmosfera mais quente em cerca de 1,2 grau, emissões de carbono em alta, carvão mantendo seu espaço, e, ainda assim, resultados da Conferência das Partes (COP) bastante aquém das recomendações técnicas. Embora com certo ceticismo, a expectativa de uma reunião multilateral mais consequente embalava nossas esperanças, mas é assombrosa a capacidade do mundo de se render a interesses mesquinhos e deixar de tratar da emergência climática – este, sim, o conflito final.

Já por terras tropicais, basta ler as notícias e comprovar a polarização ainda tão presente, riscos não eliminados à democracia, fragilidades na harmonia e independência entre os Poderes, argumentos que repetem os erros que nos trouxeram até aqui por via da visão curtoprazista e provinciana, tanto regional quanto setorial. Temas como desoneração da folha de pagamentos, precatórios, politização da Justiça, Congresso faminto, Executivo refém e hesitante entre o interesse na adesão e o desejo de enfrentamento, a fundamental educação, que avança aquém do necessário, envergonhando-nos com os recentes resultados do Pisa, são as pautas diárias da vida do País.

Neste momento, avança-se cada vez mais nas verbas parlamentares e em tertúlias vazias. Disputas vãs de comando de ação em portos, segurança pública voltando a ser o principal problema da Nação, corrupção saindo das sombras. Um enorme desperdício de oportunidades para um país que poderia ser o líder nos temas da economia verde e da descarbonização. Um país que administra a escassez, ao mesmo tempo que se prova rico e, quando bem administrado, eficaz. Saldo comercial importante, uma indústria sedenta por investir e empregar, agricultura mais consciente, conflitos de terras e desmatamentos melhorando pela ação do Ministério do Meio Ambiente, reforma tributária avançando pelo empenho daqueles que enfrentam a pressão dos sempre mesmos grupos de interesse, ciência e tecnologia com mais recursos, educação com um plano entregue pelo empenho de especialistas. Aliás, se andamos necessitados de lideranças em todos os campos, temos, por outro lado, uma sociedade civil mais disposta a embarcar sua inteligência no governo. No que não se misturavam como água e óleo, ora assistimos a parcerias notáveis.

O Brasil precisa acertar sua questão fiscal, seu equilíbrio entre deveres e responsabilidades, incluído aí o peso do setor público e das benesses amorais, abrir-se para o mundo, levando a melhorias em taxas de juros, crédito, empregos e oportunidades. Por aí, reduziria a pobreza, viabilizaria seu PIB potencial, aumentando a base de consumidores e poupadores, e retomaria o grau de crescimento que já conheceu. É bastante lógico, mas certamente não trivial. Ainda assim, é o que devemos perseguir, abandonando preconceitos e pessimismos paralisantes.

Num mundo em busca de solução, todos temos um papel. O Brasil ajudando no esforço de racionalidade e nós, sociedade, ajudando o Brasil a deixar de lado tanta perda de tempo e mau uso dos recursos, enfrentando as recorrentes malandragens, consertando o que sabemos que pode ser consertado.

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Vivemos um conflito no Oriente Médio em que há – vieses e covardias à parte – a concordância quanto à sua brutalidade, a ojeriza ao execrável Hamas, as incertezas quanto ao seu fim e a extensão da cauda longa com que os povos envolvidos terão de lidar. Obscurecida por essa barbárie, outra, na Ucrânia, sem perspectivas de um fim negociado, consome recursos de todas as naturezas que muito afetam o mundo. A Venezuela, sequestrada por suas lideranças anarco-ideológicas, mostra os dentes, ameaçando a pequena e potencialmente rica Guiana. E Azerbaijão, Sudão e outros despejam seus cidadãos em desumanos campos de refugiados já saturados.

Em 2022 tivemos 55 conflitos, envolvendo 38 países, sendo oito considerados guerras. É muita incompetência, da Organização das Nações Unidas (ONU) como gestora da relação entre as nações, mas em especial do ser humano, como algoz e vítima ao mesmo tempo.

Agregue-se a isso inflação e eleições americanas, impactos da China, protecionismo da Europa e, aqui, a expectativa quanto aos rumos da Argentina, e a receita está dada. Volatilidade e foco em palanques, populismo, interesses concentrados na busca de poder e riqueza seguem firmes na agenda de muitos países.

Abraçando tudo, o clima, mostrando consistentemente que nossa provedora definitiva, a natureza, já deu o que podia e, agora, reage violentamente. Temos uma atmosfera mais quente em cerca de 1,2 grau, emissões de carbono em alta, carvão mantendo seu espaço, e, ainda assim, resultados da Conferência das Partes (COP) bastante aquém das recomendações técnicas. Embora com certo ceticismo, a expectativa de uma reunião multilateral mais consequente embalava nossas esperanças, mas é assombrosa a capacidade do mundo de se render a interesses mesquinhos e deixar de tratar da emergência climática – este, sim, o conflito final.

Já por terras tropicais, basta ler as notícias e comprovar a polarização ainda tão presente, riscos não eliminados à democracia, fragilidades na harmonia e independência entre os Poderes, argumentos que repetem os erros que nos trouxeram até aqui por via da visão curtoprazista e provinciana, tanto regional quanto setorial. Temas como desoneração da folha de pagamentos, precatórios, politização da Justiça, Congresso faminto, Executivo refém e hesitante entre o interesse na adesão e o desejo de enfrentamento, a fundamental educação, que avança aquém do necessário, envergonhando-nos com os recentes resultados do Pisa, são as pautas diárias da vida do País.

Neste momento, avança-se cada vez mais nas verbas parlamentares e em tertúlias vazias. Disputas vãs de comando de ação em portos, segurança pública voltando a ser o principal problema da Nação, corrupção saindo das sombras. Um enorme desperdício de oportunidades para um país que poderia ser o líder nos temas da economia verde e da descarbonização. Um país que administra a escassez, ao mesmo tempo que se prova rico e, quando bem administrado, eficaz. Saldo comercial importante, uma indústria sedenta por investir e empregar, agricultura mais consciente, conflitos de terras e desmatamentos melhorando pela ação do Ministério do Meio Ambiente, reforma tributária avançando pelo empenho daqueles que enfrentam a pressão dos sempre mesmos grupos de interesse, ciência e tecnologia com mais recursos, educação com um plano entregue pelo empenho de especialistas. Aliás, se andamos necessitados de lideranças em todos os campos, temos, por outro lado, uma sociedade civil mais disposta a embarcar sua inteligência no governo. No que não se misturavam como água e óleo, ora assistimos a parcerias notáveis.

O Brasil precisa acertar sua questão fiscal, seu equilíbrio entre deveres e responsabilidades, incluído aí o peso do setor público e das benesses amorais, abrir-se para o mundo, levando a melhorias em taxas de juros, crédito, empregos e oportunidades. Por aí, reduziria a pobreza, viabilizaria seu PIB potencial, aumentando a base de consumidores e poupadores, e retomaria o grau de crescimento que já conheceu. É bastante lógico, mas certamente não trivial. Ainda assim, é o que devemos perseguir, abandonando preconceitos e pessimismos paralisantes.

Num mundo em busca de solução, todos temos um papel. O Brasil ajudando no esforço de racionalidade e nós, sociedade, ajudando o Brasil a deixar de lado tanta perda de tempo e mau uso dos recursos, enfrentando as recorrentes malandragens, consertando o que sabemos que pode ser consertado.

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Vivemos um conflito no Oriente Médio em que há – vieses e covardias à parte – a concordância quanto à sua brutalidade, a ojeriza ao execrável Hamas, as incertezas quanto ao seu fim e a extensão da cauda longa com que os povos envolvidos terão de lidar. Obscurecida por essa barbárie, outra, na Ucrânia, sem perspectivas de um fim negociado, consome recursos de todas as naturezas que muito afetam o mundo. A Venezuela, sequestrada por suas lideranças anarco-ideológicas, mostra os dentes, ameaçando a pequena e potencialmente rica Guiana. E Azerbaijão, Sudão e outros despejam seus cidadãos em desumanos campos de refugiados já saturados.

Em 2022 tivemos 55 conflitos, envolvendo 38 países, sendo oito considerados guerras. É muita incompetência, da Organização das Nações Unidas (ONU) como gestora da relação entre as nações, mas em especial do ser humano, como algoz e vítima ao mesmo tempo.

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Abraçando tudo, o clima, mostrando consistentemente que nossa provedora definitiva, a natureza, já deu o que podia e, agora, reage violentamente. Temos uma atmosfera mais quente em cerca de 1,2 grau, emissões de carbono em alta, carvão mantendo seu espaço, e, ainda assim, resultados da Conferência das Partes (COP) bastante aquém das recomendações técnicas. Embora com certo ceticismo, a expectativa de uma reunião multilateral mais consequente embalava nossas esperanças, mas é assombrosa a capacidade do mundo de se render a interesses mesquinhos e deixar de tratar da emergência climática – este, sim, o conflito final.

Já por terras tropicais, basta ler as notícias e comprovar a polarização ainda tão presente, riscos não eliminados à democracia, fragilidades na harmonia e independência entre os Poderes, argumentos que repetem os erros que nos trouxeram até aqui por via da visão curtoprazista e provinciana, tanto regional quanto setorial. Temas como desoneração da folha de pagamentos, precatórios, politização da Justiça, Congresso faminto, Executivo refém e hesitante entre o interesse na adesão e o desejo de enfrentamento, a fundamental educação, que avança aquém do necessário, envergonhando-nos com os recentes resultados do Pisa, são as pautas diárias da vida do País.

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O Brasil precisa acertar sua questão fiscal, seu equilíbrio entre deveres e responsabilidades, incluído aí o peso do setor público e das benesses amorais, abrir-se para o mundo, levando a melhorias em taxas de juros, crédito, empregos e oportunidades. Por aí, reduziria a pobreza, viabilizaria seu PIB potencial, aumentando a base de consumidores e poupadores, e retomaria o grau de crescimento que já conheceu. É bastante lógico, mas certamente não trivial. Ainda assim, é o que devemos perseguir, abandonando preconceitos e pessimismos paralisantes.

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