Opinião|Avanço e retrocesso na representatividade racial no Brasil


Candidaturas negras sobem para 52% nas eleições deste ano, mas PEC que ameaça reduzir financiamento é uma afronta aos avanços conquistados nos últimos anos

Por Felipe Ruffino

As eleições municipais de 2024 prometem ser um marco histórico para a representatividade racial no Brasil. Pela primeira vez, as candidaturas negras, que incluem pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, representam 52% do total de candidatos, um aumento significativo em comparação com as últimas três eleições municipais. Esse avanço, porém, pode estar sob ameaça em razão da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite que o financiamento destinado a esses candidatos seja limitado a 30%, em vez de ser proporcional ao número de candidatos, como era garantido anteriormente.

Esse crescimento do número de candidaturas negras é reflexo de anos de luta por igualdade e representatividade nas esferas de poder. No entanto, a possibilidade de redução do financiamento pode comprometer seriamente a competitividade desses candidatos, perpetuando as disparidades que já existem no sistema político brasileiro. O financiamento é crucial para garantir que os candidatos tenham os recursos necessários para conduzir campanhas eficazes, sobretudo num cenário em que as barreiras econômicas já são um obstáculo significativo para a população negra.

Outro desafio que surge com o aumento do número de candidaturas negras é o fenômeno das autodeclarações fraudulentas. Infelizmente, há casos de pessoas que se declaram negras sem de fato serem, com o objetivo de se beneficiar das cotas de financiamento. Isso não só deslegitima o sistema de cotas, como também prejudica candidatos negros que, de fato, necessitam desses recursos para equilibrar o campo de jogo. Esse tipo de fraude é um reflexo do racismo estrutural que ainda permeia a sociedade brasileira, na qual a população negra continua a ser vista como menos merecedora de oportunidades e recursos.

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O impacto dessas práticas vai além do âmbito eleitoral. Quando pessoas brancas se autodeclaram negras, elas não apenas se apropriam de um espaço que deveria ser de reparação histórica, mas também reforçam estereótipos e impedem o avanço da equidade racial. Essa apropriação indevida é um retrocesso nas políticas afirmativas que visam a corrigir as desigualdades raciais no País.

A PEC que limita o financiamento para candidaturas negras é uma afronta direta aos avanços conquistados nos últimos anos. Ela põe em risco a participação efetiva desses candidatos, que já enfrentam uma série de desafios para se firmarem no cenário político.

A representatividade negra nas esferas de poder é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, na qual as vozes de todos os brasileiros sejam ouvidas e respeitadas.

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É crucial que a sociedade esteja atenta a esses movimentos e que continue a lutar pela manutenção e ampliação das políticas que garantem igualdade de condições para todos os candidatos. A democracia brasileira só será plena quando as disparidades raciais forem realmente enfrentadas e superadas, permitindo que todos tenham as mesmas oportunidades de representar e ser representados.

*

JORNALISTA, PÓS-GRADUADO EM ASSESSORIA DE IMPRENSA E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO, É ATIVISTA RACIAL E RECEBEU EM NOVEMBRO DE 2023 A MEDALHA ZUMBI DOS PALMARES, COMO UMA DAS DEZ PESSOAS MAIS INFLUENTES DO ALTO TIETÊ, E ABORDA EM SUAS REDES SOCIAIS (@RUFFINOFICIAL) DIVERSAS PAUTAS RELACIONADAS À COMUNIDADE NEGRA

As eleições municipais de 2024 prometem ser um marco histórico para a representatividade racial no Brasil. Pela primeira vez, as candidaturas negras, que incluem pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, representam 52% do total de candidatos, um aumento significativo em comparação com as últimas três eleições municipais. Esse avanço, porém, pode estar sob ameaça em razão da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite que o financiamento destinado a esses candidatos seja limitado a 30%, em vez de ser proporcional ao número de candidatos, como era garantido anteriormente.

Esse crescimento do número de candidaturas negras é reflexo de anos de luta por igualdade e representatividade nas esferas de poder. No entanto, a possibilidade de redução do financiamento pode comprometer seriamente a competitividade desses candidatos, perpetuando as disparidades que já existem no sistema político brasileiro. O financiamento é crucial para garantir que os candidatos tenham os recursos necessários para conduzir campanhas eficazes, sobretudo num cenário em que as barreiras econômicas já são um obstáculo significativo para a população negra.

Outro desafio que surge com o aumento do número de candidaturas negras é o fenômeno das autodeclarações fraudulentas. Infelizmente, há casos de pessoas que se declaram negras sem de fato serem, com o objetivo de se beneficiar das cotas de financiamento. Isso não só deslegitima o sistema de cotas, como também prejudica candidatos negros que, de fato, necessitam desses recursos para equilibrar o campo de jogo. Esse tipo de fraude é um reflexo do racismo estrutural que ainda permeia a sociedade brasileira, na qual a população negra continua a ser vista como menos merecedora de oportunidades e recursos.

O impacto dessas práticas vai além do âmbito eleitoral. Quando pessoas brancas se autodeclaram negras, elas não apenas se apropriam de um espaço que deveria ser de reparação histórica, mas também reforçam estereótipos e impedem o avanço da equidade racial. Essa apropriação indevida é um retrocesso nas políticas afirmativas que visam a corrigir as desigualdades raciais no País.

A PEC que limita o financiamento para candidaturas negras é uma afronta direta aos avanços conquistados nos últimos anos. Ela põe em risco a participação efetiva desses candidatos, que já enfrentam uma série de desafios para se firmarem no cenário político.

A representatividade negra nas esferas de poder é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, na qual as vozes de todos os brasileiros sejam ouvidas e respeitadas.

É crucial que a sociedade esteja atenta a esses movimentos e que continue a lutar pela manutenção e ampliação das políticas que garantem igualdade de condições para todos os candidatos. A democracia brasileira só será plena quando as disparidades raciais forem realmente enfrentadas e superadas, permitindo que todos tenham as mesmas oportunidades de representar e ser representados.

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JORNALISTA, PÓS-GRADUADO EM ASSESSORIA DE IMPRENSA E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO, É ATIVISTA RACIAL E RECEBEU EM NOVEMBRO DE 2023 A MEDALHA ZUMBI DOS PALMARES, COMO UMA DAS DEZ PESSOAS MAIS INFLUENTES DO ALTO TIETÊ, E ABORDA EM SUAS REDES SOCIAIS (@RUFFINOFICIAL) DIVERSAS PAUTAS RELACIONADAS À COMUNIDADE NEGRA

As eleições municipais de 2024 prometem ser um marco histórico para a representatividade racial no Brasil. Pela primeira vez, as candidaturas negras, que incluem pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, representam 52% do total de candidatos, um aumento significativo em comparação com as últimas três eleições municipais. Esse avanço, porém, pode estar sob ameaça em razão da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite que o financiamento destinado a esses candidatos seja limitado a 30%, em vez de ser proporcional ao número de candidatos, como era garantido anteriormente.

Esse crescimento do número de candidaturas negras é reflexo de anos de luta por igualdade e representatividade nas esferas de poder. No entanto, a possibilidade de redução do financiamento pode comprometer seriamente a competitividade desses candidatos, perpetuando as disparidades que já existem no sistema político brasileiro. O financiamento é crucial para garantir que os candidatos tenham os recursos necessários para conduzir campanhas eficazes, sobretudo num cenário em que as barreiras econômicas já são um obstáculo significativo para a população negra.

Outro desafio que surge com o aumento do número de candidaturas negras é o fenômeno das autodeclarações fraudulentas. Infelizmente, há casos de pessoas que se declaram negras sem de fato serem, com o objetivo de se beneficiar das cotas de financiamento. Isso não só deslegitima o sistema de cotas, como também prejudica candidatos negros que, de fato, necessitam desses recursos para equilibrar o campo de jogo. Esse tipo de fraude é um reflexo do racismo estrutural que ainda permeia a sociedade brasileira, na qual a população negra continua a ser vista como menos merecedora de oportunidades e recursos.

O impacto dessas práticas vai além do âmbito eleitoral. Quando pessoas brancas se autodeclaram negras, elas não apenas se apropriam de um espaço que deveria ser de reparação histórica, mas também reforçam estereótipos e impedem o avanço da equidade racial. Essa apropriação indevida é um retrocesso nas políticas afirmativas que visam a corrigir as desigualdades raciais no País.

A PEC que limita o financiamento para candidaturas negras é uma afronta direta aos avanços conquistados nos últimos anos. Ela põe em risco a participação efetiva desses candidatos, que já enfrentam uma série de desafios para se firmarem no cenário político.

A representatividade negra nas esferas de poder é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, na qual as vozes de todos os brasileiros sejam ouvidas e respeitadas.

É crucial que a sociedade esteja atenta a esses movimentos e que continue a lutar pela manutenção e ampliação das políticas que garantem igualdade de condições para todos os candidatos. A democracia brasileira só será plena quando as disparidades raciais forem realmente enfrentadas e superadas, permitindo que todos tenham as mesmas oportunidades de representar e ser representados.

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JORNALISTA, PÓS-GRADUADO EM ASSESSORIA DE IMPRENSA E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO, É ATIVISTA RACIAL E RECEBEU EM NOVEMBRO DE 2023 A MEDALHA ZUMBI DOS PALMARES, COMO UMA DAS DEZ PESSOAS MAIS INFLUENTES DO ALTO TIETÊ, E ABORDA EM SUAS REDES SOCIAIS (@RUFFINOFICIAL) DIVERSAS PAUTAS RELACIONADAS À COMUNIDADE NEGRA

Opinião por Felipe Ruffino

Jornalista, pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, é ativista racial e recebeu em novembro de 2023 a medalha Zumbi dos Palmares, como uma das dez pessoas mais influentes do Alto Tietê, e aborda em suas redes sociais (@ruffinoficial) diversas pautas relacionadas à comunidade negra

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