Opinião|Copas do mundo


Boas regras fariam o Brasil também colecionar campeonatos de economia e de democracia.

Por Roberto Luis Troster

O Brasil é o único país que já participou de todas as Copas do Mundo de Futebol. É o que mais copas conquistou. A produção futebolística nacional está entre as melhores do mundo. Além dos craques da seleção, jogadores nascidos aqui se destacam em outros países. Exportam-se jogadores e tecnologia futebolística com resultados positivos para a balança comercial e a imagem do País no exterior.

Não é fruto do acaso. O sucesso do futebol brasileiro é a combinação do fluxo contínuo de jogadores, que começa nos campos de várzea, nas ruas e nas praias; de regras simples que são seguidas por todos; de um sistema de campeonatos que promove os bons desempenhos; e da torcida, que aplaude os resultados positivos.

Enquanto no futebol o Brasil está entre os melhores do mundo, se houvesse um campeonato de economia entre todos os países, é certo que o País não se classificaria, apesar da abundância de talentos e recursos. O Brasil não está entre os 32 melhores em taxas de crescimento do PIB, renda per capita e na distribuição de renda.

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Parte da explicação é que o País também não se classificaria para a copa de democracia. Os incentivos para que os eleitos tenham compromisso com um bom desempenho econômico do País são fracos. O loteamento dos ministérios e a liberação de emendas para a aprovação de projetos ilustram aspecto do Congresso Nacional mais focado no seu futuro do que no futuro do País.

Parece que os legisladores objetivam o apoio político nas bases eleitorais para garantir a próxima eleição, em detrimento de fazer um Brasil melhor. Em parte, isso acontece porque têm um incentivo (perverso) para adotar medidas populistas. Os frutos de um aumento de gastos são imediatos e fazem crescer a popularidade, facilitando sua reeleição. Por outro lado, os custos, como menos crescimento econômico e inflação em alta, só aparecem num segundo momento, após o pleito.

Há evidências abundantes de postergação de medidas importantes, que estão no Congresso há tempos. Nesses casos, os legisladores não querem arcar com custos (políticos atuais) cujos benefícios serão usufruídos no futuro.

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Aponta-se a culpa para os políticos, mas eles atuam dentro da legalidade. Já a legitimidade é contestável. O necessário para um bom desempenho econômico é, coincidentemente, o mesmo que para um bom futebol: boas regras respeitadas por todos, bons juízes, jogo de equipe, perseverança e dedicação. Dá certo no futebol e dá certo em outros países.

Espera-se um craque político que mude o quadro atual. Alguém que faça o País do futuro virar presente, o craque que, com liderança, raça e ginga, leve o Brasil a uma posição de destaque. É uma busca infrutífera. Esse craque não vai aparecer. Tanto no futebol como na política, craques podem definir jogos, mas é necessário mais do que isso para colecionar taças.

São os princípios do sistema que geram o bom futebol. Décadas de bons resultados criaram um círculo virtuoso para o futebol, elevando-o a patamares de qualidade superiores. Séculos de um sistema de representação política personalista geraram um círculo vicioso e rígido, que não é consistente com os anseios da população brasileira.

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O sistema de eleição presidencial ilustra uma distorção. O futuro do Brasil vai se encontrar com os brasileiros em outubro, mês das eleições. No dia 2 será a votação para deputados, senadores, governadores e presidente. Dia 30 haverá o segundo turno, caso os candidatos a postos no Executivo não obtenham maioria simples na primeira votação.

No primeiro turno, a distribuição do tempo na televisão e dos recursos do fundo partidário são proporcionais à representação parlamentar de cada partido. Na prática, significa que o candidato que tem mais apoio de outros parlamentares tem mais tempo e mais verbas. Quem tem mais pode mais.

Não é uma eleição democrática em que todos têm a mesma verba e o mesmo tempo na televisão. O Brasil é o único país do mundo em que, para ser candidato, é necessário estar filiado a um partido político. Os dirigentes dos partidos decidem quem é candidato. Para a eleição de deputados, as distorções são parecidas.

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O que está ocorrendo com a candidatura da senadora Simone Tebet é um bom exemplo. Há notícia de que líderes de alguns diretórios de partidos preferem apoiar uma chapa majoritária a apoiar uma candidatura dela. É arriscada. Não fazer parte da coalizão que vence a eleição é perder influência no próximo governo. É prejudicial aos atuais dirigentes dos partidos.

Na eleição para o Legislativo, o razoável, o legítimo seria que cada candidato tivesse o mesmo montante de verbas e de tempo na televisão. Atualmente, boa parte dos eleitos o é na esteira dos puxadores de votos, com apoio de verbas proporcionais aos que já estão eleitos.

É como se, num jogo de futebol, um time pudesse ter 20 jogadores em campo e o outro, só 2. Mesmo com os melhores craques, este só vai perder. A adoção do voto distrital simples e a repartição de verbas e de tempo na televisão por candidato, em vez de por partido, melhorariam a democracia e a economia. Boas regras fariam o Brasil colecionar copas de economia e de democracia.

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É ECONOMISTA. E-MAIL: ROBERTOTROSTER@UOL.COM.BR

O Brasil é o único país que já participou de todas as Copas do Mundo de Futebol. É o que mais copas conquistou. A produção futebolística nacional está entre as melhores do mundo. Além dos craques da seleção, jogadores nascidos aqui se destacam em outros países. Exportam-se jogadores e tecnologia futebolística com resultados positivos para a balança comercial e a imagem do País no exterior.

Não é fruto do acaso. O sucesso do futebol brasileiro é a combinação do fluxo contínuo de jogadores, que começa nos campos de várzea, nas ruas e nas praias; de regras simples que são seguidas por todos; de um sistema de campeonatos que promove os bons desempenhos; e da torcida, que aplaude os resultados positivos.

Enquanto no futebol o Brasil está entre os melhores do mundo, se houvesse um campeonato de economia entre todos os países, é certo que o País não se classificaria, apesar da abundância de talentos e recursos. O Brasil não está entre os 32 melhores em taxas de crescimento do PIB, renda per capita e na distribuição de renda.

Parte da explicação é que o País também não se classificaria para a copa de democracia. Os incentivos para que os eleitos tenham compromisso com um bom desempenho econômico do País são fracos. O loteamento dos ministérios e a liberação de emendas para a aprovação de projetos ilustram aspecto do Congresso Nacional mais focado no seu futuro do que no futuro do País.

Parece que os legisladores objetivam o apoio político nas bases eleitorais para garantir a próxima eleição, em detrimento de fazer um Brasil melhor. Em parte, isso acontece porque têm um incentivo (perverso) para adotar medidas populistas. Os frutos de um aumento de gastos são imediatos e fazem crescer a popularidade, facilitando sua reeleição. Por outro lado, os custos, como menos crescimento econômico e inflação em alta, só aparecem num segundo momento, após o pleito.

Há evidências abundantes de postergação de medidas importantes, que estão no Congresso há tempos. Nesses casos, os legisladores não querem arcar com custos (políticos atuais) cujos benefícios serão usufruídos no futuro.

Aponta-se a culpa para os políticos, mas eles atuam dentro da legalidade. Já a legitimidade é contestável. O necessário para um bom desempenho econômico é, coincidentemente, o mesmo que para um bom futebol: boas regras respeitadas por todos, bons juízes, jogo de equipe, perseverança e dedicação. Dá certo no futebol e dá certo em outros países.

Espera-se um craque político que mude o quadro atual. Alguém que faça o País do futuro virar presente, o craque que, com liderança, raça e ginga, leve o Brasil a uma posição de destaque. É uma busca infrutífera. Esse craque não vai aparecer. Tanto no futebol como na política, craques podem definir jogos, mas é necessário mais do que isso para colecionar taças.

São os princípios do sistema que geram o bom futebol. Décadas de bons resultados criaram um círculo virtuoso para o futebol, elevando-o a patamares de qualidade superiores. Séculos de um sistema de representação política personalista geraram um círculo vicioso e rígido, que não é consistente com os anseios da população brasileira.

O sistema de eleição presidencial ilustra uma distorção. O futuro do Brasil vai se encontrar com os brasileiros em outubro, mês das eleições. No dia 2 será a votação para deputados, senadores, governadores e presidente. Dia 30 haverá o segundo turno, caso os candidatos a postos no Executivo não obtenham maioria simples na primeira votação.

No primeiro turno, a distribuição do tempo na televisão e dos recursos do fundo partidário são proporcionais à representação parlamentar de cada partido. Na prática, significa que o candidato que tem mais apoio de outros parlamentares tem mais tempo e mais verbas. Quem tem mais pode mais.

Não é uma eleição democrática em que todos têm a mesma verba e o mesmo tempo na televisão. O Brasil é o único país do mundo em que, para ser candidato, é necessário estar filiado a um partido político. Os dirigentes dos partidos decidem quem é candidato. Para a eleição de deputados, as distorções são parecidas.

O que está ocorrendo com a candidatura da senadora Simone Tebet é um bom exemplo. Há notícia de que líderes de alguns diretórios de partidos preferem apoiar uma chapa majoritária a apoiar uma candidatura dela. É arriscada. Não fazer parte da coalizão que vence a eleição é perder influência no próximo governo. É prejudicial aos atuais dirigentes dos partidos.

Na eleição para o Legislativo, o razoável, o legítimo seria que cada candidato tivesse o mesmo montante de verbas e de tempo na televisão. Atualmente, boa parte dos eleitos o é na esteira dos puxadores de votos, com apoio de verbas proporcionais aos que já estão eleitos.

É como se, num jogo de futebol, um time pudesse ter 20 jogadores em campo e o outro, só 2. Mesmo com os melhores craques, este só vai perder. A adoção do voto distrital simples e a repartição de verbas e de tempo na televisão por candidato, em vez de por partido, melhorariam a democracia e a economia. Boas regras fariam o Brasil colecionar copas de economia e de democracia.

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É ECONOMISTA. E-MAIL: ROBERTOTROSTER@UOL.COM.BR

O Brasil é o único país que já participou de todas as Copas do Mundo de Futebol. É o que mais copas conquistou. A produção futebolística nacional está entre as melhores do mundo. Além dos craques da seleção, jogadores nascidos aqui se destacam em outros países. Exportam-se jogadores e tecnologia futebolística com resultados positivos para a balança comercial e a imagem do País no exterior.

Não é fruto do acaso. O sucesso do futebol brasileiro é a combinação do fluxo contínuo de jogadores, que começa nos campos de várzea, nas ruas e nas praias; de regras simples que são seguidas por todos; de um sistema de campeonatos que promove os bons desempenhos; e da torcida, que aplaude os resultados positivos.

Enquanto no futebol o Brasil está entre os melhores do mundo, se houvesse um campeonato de economia entre todos os países, é certo que o País não se classificaria, apesar da abundância de talentos e recursos. O Brasil não está entre os 32 melhores em taxas de crescimento do PIB, renda per capita e na distribuição de renda.

Parte da explicação é que o País também não se classificaria para a copa de democracia. Os incentivos para que os eleitos tenham compromisso com um bom desempenho econômico do País são fracos. O loteamento dos ministérios e a liberação de emendas para a aprovação de projetos ilustram aspecto do Congresso Nacional mais focado no seu futuro do que no futuro do País.

Parece que os legisladores objetivam o apoio político nas bases eleitorais para garantir a próxima eleição, em detrimento de fazer um Brasil melhor. Em parte, isso acontece porque têm um incentivo (perverso) para adotar medidas populistas. Os frutos de um aumento de gastos são imediatos e fazem crescer a popularidade, facilitando sua reeleição. Por outro lado, os custos, como menos crescimento econômico e inflação em alta, só aparecem num segundo momento, após o pleito.

Há evidências abundantes de postergação de medidas importantes, que estão no Congresso há tempos. Nesses casos, os legisladores não querem arcar com custos (políticos atuais) cujos benefícios serão usufruídos no futuro.

Aponta-se a culpa para os políticos, mas eles atuam dentro da legalidade. Já a legitimidade é contestável. O necessário para um bom desempenho econômico é, coincidentemente, o mesmo que para um bom futebol: boas regras respeitadas por todos, bons juízes, jogo de equipe, perseverança e dedicação. Dá certo no futebol e dá certo em outros países.

Espera-se um craque político que mude o quadro atual. Alguém que faça o País do futuro virar presente, o craque que, com liderança, raça e ginga, leve o Brasil a uma posição de destaque. É uma busca infrutífera. Esse craque não vai aparecer. Tanto no futebol como na política, craques podem definir jogos, mas é necessário mais do que isso para colecionar taças.

São os princípios do sistema que geram o bom futebol. Décadas de bons resultados criaram um círculo virtuoso para o futebol, elevando-o a patamares de qualidade superiores. Séculos de um sistema de representação política personalista geraram um círculo vicioso e rígido, que não é consistente com os anseios da população brasileira.

O sistema de eleição presidencial ilustra uma distorção. O futuro do Brasil vai se encontrar com os brasileiros em outubro, mês das eleições. No dia 2 será a votação para deputados, senadores, governadores e presidente. Dia 30 haverá o segundo turno, caso os candidatos a postos no Executivo não obtenham maioria simples na primeira votação.

No primeiro turno, a distribuição do tempo na televisão e dos recursos do fundo partidário são proporcionais à representação parlamentar de cada partido. Na prática, significa que o candidato que tem mais apoio de outros parlamentares tem mais tempo e mais verbas. Quem tem mais pode mais.

Não é uma eleição democrática em que todos têm a mesma verba e o mesmo tempo na televisão. O Brasil é o único país do mundo em que, para ser candidato, é necessário estar filiado a um partido político. Os dirigentes dos partidos decidem quem é candidato. Para a eleição de deputados, as distorções são parecidas.

O que está ocorrendo com a candidatura da senadora Simone Tebet é um bom exemplo. Há notícia de que líderes de alguns diretórios de partidos preferem apoiar uma chapa majoritária a apoiar uma candidatura dela. É arriscada. Não fazer parte da coalizão que vence a eleição é perder influência no próximo governo. É prejudicial aos atuais dirigentes dos partidos.

Na eleição para o Legislativo, o razoável, o legítimo seria que cada candidato tivesse o mesmo montante de verbas e de tempo na televisão. Atualmente, boa parte dos eleitos o é na esteira dos puxadores de votos, com apoio de verbas proporcionais aos que já estão eleitos.

É como se, num jogo de futebol, um time pudesse ter 20 jogadores em campo e o outro, só 2. Mesmo com os melhores craques, este só vai perder. A adoção do voto distrital simples e a repartição de verbas e de tempo na televisão por candidato, em vez de por partido, melhorariam a democracia e a economia. Boas regras fariam o Brasil colecionar copas de economia e de democracia.

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