Opinião|Crise no varejo e a insuficiência do governo


Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais pode funcionar como a pá de cal derradeira para as menores

Por Luís Alberto de Paiva

A sequência incessante de números recordes de pedidos de falências e recuperações judiciais anunciados pelo Serasa desde o final do ano passado começou a ser desenhada muito antes, e, tudo indica, essa tendência está longe de ser interrompida.

Para se ter uma ideia, o número de pedidos de recuperação judicial nos primeiros cinco meses deste ano já supera o total de pedidos de 2023. E a estimativa é de que cerca de 12% das empresas brasileiras chegaram ao esgotamento financeiro, provocado por capital sem retorno e juros altos.

No varejo, especialmente, as empresas ainda sentem os impactos da pandemia de covid-19 e sua interferência radical na base da economia, o consumo. Também a expectativa ilusória de crescimento com o dinheiro colocado em circulação durante a crise sanitária, absolutamente necessário diante do cenário devastador acrescido da frustração com a chamada “retomada” da economia, apenas terminou de compor o ambiente movediço sobre o qual as companhias estenderam seus planos. A conta chegou.

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Com suas particularidades, gigantes como Polishop, Casas Bahia, Springs Global (controladora da Coteminas e da MMartan), Dia e Americanas são a parte visível de um iceberg que vive o derretimento acelerado pelo crescimento dos juros e a redução do crédito na economia nacional.

No decorrer do primeiro semestre, assistimos ao registro mensal, na média, de 40% de crescimento de pedidos de recuperações judiciais e 10% de solicitação de falência, em relação ao mesmo período de 2023. Essa situação limite atingiu em primeiro lugar os serviços, mas em seguida o varejo, setor que vive mais um agravante herdado da pandemia, o desfalecimento da estrutura física do comércio. A migração compulsória do consumo físico para o digital onerou o varejista duplamente.

De um lado, o comércio teve de erguer a estrutura para realizar a entrega eletrônica – o que idealmente seria pago pelo aumento de consumo. De fato, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, neste ano, houve aumento do consumo das famílias. Contudo, numa situação em que as empresas brasileiras já estavam fragilizadas, esse aumento ainda não foi suficiente para assegurar a boa saúde financeira do setor, já muito endividado. Afinal, o varejo precisou repensar seu modelo de negócios e até mesmo sua estrutura física. Uma das expectativas durante a crise era de que o mercado imobiliário cedesse minimamente à vida online, mas, também aí, impulsionado pela inflação, o aluguel encareceu e essa subida não apresenta nenhum sinal de inversão nos próximos meses.

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As dez maiores dívidas das companhias em recuperação judicial no País atingem juntas R$ 141 bilhões – é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de boa parte dos Estados brasileiros. Como cerca de 70% desse endividamento diz respeito às instituições financeiras, as grandes acabam por ficar com o que os bancos destinam de créditos para recuperações. Assim, a base do iceberg, que são as micro, pequenas e médias empresas, são colocadas ainda mais distantes desse crédito do qual dependem as negociações envolvidas em uma recuperação judicial, que é o último recurso antes da falência.

Se a inflação atual encarece a estrutura e intimida o consumo imediato, a dívida pública impulsiona ainda mais o dragão. O varejo, que já chegou cambaleante a este 2024, deve encerrar o ano ainda com dificuldades. Os recuos em medidas de emergência, como a desoneração da folha de pagamento, esvaziam o banco de sangue empresarial. Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais diante da queda do Brasil nos índices de confiança pode funcionar como uma pá de cal derradeira para muitas das micro, pequenas e médias, como poucas vezes se viu no País.

Assim, num cenário de juros altos, baixo crédito e sem sinais consistentes de equilíbrio nas contas públicas, não dá para esperar soluções que venham do governo central para mudar radicalmente esse quadro. Resta ao empresariado buscar alternativas para reorganizar suas finanças, encontrar outras fontes de investimento, automatizar processos e equilibrar o caixa, a fim de conseguir atravessar este momento pedregoso.

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ECONOMISTA, CEO DA CORPORATE CONSULTING, É MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS

A sequência incessante de números recordes de pedidos de falências e recuperações judiciais anunciados pelo Serasa desde o final do ano passado começou a ser desenhada muito antes, e, tudo indica, essa tendência está longe de ser interrompida.

Para se ter uma ideia, o número de pedidos de recuperação judicial nos primeiros cinco meses deste ano já supera o total de pedidos de 2023. E a estimativa é de que cerca de 12% das empresas brasileiras chegaram ao esgotamento financeiro, provocado por capital sem retorno e juros altos.

No varejo, especialmente, as empresas ainda sentem os impactos da pandemia de covid-19 e sua interferência radical na base da economia, o consumo. Também a expectativa ilusória de crescimento com o dinheiro colocado em circulação durante a crise sanitária, absolutamente necessário diante do cenário devastador acrescido da frustração com a chamada “retomada” da economia, apenas terminou de compor o ambiente movediço sobre o qual as companhias estenderam seus planos. A conta chegou.

Com suas particularidades, gigantes como Polishop, Casas Bahia, Springs Global (controladora da Coteminas e da MMartan), Dia e Americanas são a parte visível de um iceberg que vive o derretimento acelerado pelo crescimento dos juros e a redução do crédito na economia nacional.

No decorrer do primeiro semestre, assistimos ao registro mensal, na média, de 40% de crescimento de pedidos de recuperações judiciais e 10% de solicitação de falência, em relação ao mesmo período de 2023. Essa situação limite atingiu em primeiro lugar os serviços, mas em seguida o varejo, setor que vive mais um agravante herdado da pandemia, o desfalecimento da estrutura física do comércio. A migração compulsória do consumo físico para o digital onerou o varejista duplamente.

De um lado, o comércio teve de erguer a estrutura para realizar a entrega eletrônica – o que idealmente seria pago pelo aumento de consumo. De fato, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, neste ano, houve aumento do consumo das famílias. Contudo, numa situação em que as empresas brasileiras já estavam fragilizadas, esse aumento ainda não foi suficiente para assegurar a boa saúde financeira do setor, já muito endividado. Afinal, o varejo precisou repensar seu modelo de negócios e até mesmo sua estrutura física. Uma das expectativas durante a crise era de que o mercado imobiliário cedesse minimamente à vida online, mas, também aí, impulsionado pela inflação, o aluguel encareceu e essa subida não apresenta nenhum sinal de inversão nos próximos meses.

As dez maiores dívidas das companhias em recuperação judicial no País atingem juntas R$ 141 bilhões – é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de boa parte dos Estados brasileiros. Como cerca de 70% desse endividamento diz respeito às instituições financeiras, as grandes acabam por ficar com o que os bancos destinam de créditos para recuperações. Assim, a base do iceberg, que são as micro, pequenas e médias empresas, são colocadas ainda mais distantes desse crédito do qual dependem as negociações envolvidas em uma recuperação judicial, que é o último recurso antes da falência.

Se a inflação atual encarece a estrutura e intimida o consumo imediato, a dívida pública impulsiona ainda mais o dragão. O varejo, que já chegou cambaleante a este 2024, deve encerrar o ano ainda com dificuldades. Os recuos em medidas de emergência, como a desoneração da folha de pagamento, esvaziam o banco de sangue empresarial. Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais diante da queda do Brasil nos índices de confiança pode funcionar como uma pá de cal derradeira para muitas das micro, pequenas e médias, como poucas vezes se viu no País.

Assim, num cenário de juros altos, baixo crédito e sem sinais consistentes de equilíbrio nas contas públicas, não dá para esperar soluções que venham do governo central para mudar radicalmente esse quadro. Resta ao empresariado buscar alternativas para reorganizar suas finanças, encontrar outras fontes de investimento, automatizar processos e equilibrar o caixa, a fim de conseguir atravessar este momento pedregoso.

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ECONOMISTA, CEO DA CORPORATE CONSULTING, É MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS

A sequência incessante de números recordes de pedidos de falências e recuperações judiciais anunciados pelo Serasa desde o final do ano passado começou a ser desenhada muito antes, e, tudo indica, essa tendência está longe de ser interrompida.

Para se ter uma ideia, o número de pedidos de recuperação judicial nos primeiros cinco meses deste ano já supera o total de pedidos de 2023. E a estimativa é de que cerca de 12% das empresas brasileiras chegaram ao esgotamento financeiro, provocado por capital sem retorno e juros altos.

No varejo, especialmente, as empresas ainda sentem os impactos da pandemia de covid-19 e sua interferência radical na base da economia, o consumo. Também a expectativa ilusória de crescimento com o dinheiro colocado em circulação durante a crise sanitária, absolutamente necessário diante do cenário devastador acrescido da frustração com a chamada “retomada” da economia, apenas terminou de compor o ambiente movediço sobre o qual as companhias estenderam seus planos. A conta chegou.

Com suas particularidades, gigantes como Polishop, Casas Bahia, Springs Global (controladora da Coteminas e da MMartan), Dia e Americanas são a parte visível de um iceberg que vive o derretimento acelerado pelo crescimento dos juros e a redução do crédito na economia nacional.

No decorrer do primeiro semestre, assistimos ao registro mensal, na média, de 40% de crescimento de pedidos de recuperações judiciais e 10% de solicitação de falência, em relação ao mesmo período de 2023. Essa situação limite atingiu em primeiro lugar os serviços, mas em seguida o varejo, setor que vive mais um agravante herdado da pandemia, o desfalecimento da estrutura física do comércio. A migração compulsória do consumo físico para o digital onerou o varejista duplamente.

De um lado, o comércio teve de erguer a estrutura para realizar a entrega eletrônica – o que idealmente seria pago pelo aumento de consumo. De fato, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, neste ano, houve aumento do consumo das famílias. Contudo, numa situação em que as empresas brasileiras já estavam fragilizadas, esse aumento ainda não foi suficiente para assegurar a boa saúde financeira do setor, já muito endividado. Afinal, o varejo precisou repensar seu modelo de negócios e até mesmo sua estrutura física. Uma das expectativas durante a crise era de que o mercado imobiliário cedesse minimamente à vida online, mas, também aí, impulsionado pela inflação, o aluguel encareceu e essa subida não apresenta nenhum sinal de inversão nos próximos meses.

As dez maiores dívidas das companhias em recuperação judicial no País atingem juntas R$ 141 bilhões – é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de boa parte dos Estados brasileiros. Como cerca de 70% desse endividamento diz respeito às instituições financeiras, as grandes acabam por ficar com o que os bancos destinam de créditos para recuperações. Assim, a base do iceberg, que são as micro, pequenas e médias empresas, são colocadas ainda mais distantes desse crédito do qual dependem as negociações envolvidas em uma recuperação judicial, que é o último recurso antes da falência.

Se a inflação atual encarece a estrutura e intimida o consumo imediato, a dívida pública impulsiona ainda mais o dragão. O varejo, que já chegou cambaleante a este 2024, deve encerrar o ano ainda com dificuldades. Os recuos em medidas de emergência, como a desoneração da folha de pagamento, esvaziam o banco de sangue empresarial. Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais diante da queda do Brasil nos índices de confiança pode funcionar como uma pá de cal derradeira para muitas das micro, pequenas e médias, como poucas vezes se viu no País.

Assim, num cenário de juros altos, baixo crédito e sem sinais consistentes de equilíbrio nas contas públicas, não dá para esperar soluções que venham do governo central para mudar radicalmente esse quadro. Resta ao empresariado buscar alternativas para reorganizar suas finanças, encontrar outras fontes de investimento, automatizar processos e equilibrar o caixa, a fim de conseguir atravessar este momento pedregoso.

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ECONOMISTA, CEO DA CORPORATE CONSULTING, É MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS

A sequência incessante de números recordes de pedidos de falências e recuperações judiciais anunciados pelo Serasa desde o final do ano passado começou a ser desenhada muito antes, e, tudo indica, essa tendência está longe de ser interrompida.

Para se ter uma ideia, o número de pedidos de recuperação judicial nos primeiros cinco meses deste ano já supera o total de pedidos de 2023. E a estimativa é de que cerca de 12% das empresas brasileiras chegaram ao esgotamento financeiro, provocado por capital sem retorno e juros altos.

No varejo, especialmente, as empresas ainda sentem os impactos da pandemia de covid-19 e sua interferência radical na base da economia, o consumo. Também a expectativa ilusória de crescimento com o dinheiro colocado em circulação durante a crise sanitária, absolutamente necessário diante do cenário devastador acrescido da frustração com a chamada “retomada” da economia, apenas terminou de compor o ambiente movediço sobre o qual as companhias estenderam seus planos. A conta chegou.

Com suas particularidades, gigantes como Polishop, Casas Bahia, Springs Global (controladora da Coteminas e da MMartan), Dia e Americanas são a parte visível de um iceberg que vive o derretimento acelerado pelo crescimento dos juros e a redução do crédito na economia nacional.

No decorrer do primeiro semestre, assistimos ao registro mensal, na média, de 40% de crescimento de pedidos de recuperações judiciais e 10% de solicitação de falência, em relação ao mesmo período de 2023. Essa situação limite atingiu em primeiro lugar os serviços, mas em seguida o varejo, setor que vive mais um agravante herdado da pandemia, o desfalecimento da estrutura física do comércio. A migração compulsória do consumo físico para o digital onerou o varejista duplamente.

De um lado, o comércio teve de erguer a estrutura para realizar a entrega eletrônica – o que idealmente seria pago pelo aumento de consumo. De fato, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, neste ano, houve aumento do consumo das famílias. Contudo, numa situação em que as empresas brasileiras já estavam fragilizadas, esse aumento ainda não foi suficiente para assegurar a boa saúde financeira do setor, já muito endividado. Afinal, o varejo precisou repensar seu modelo de negócios e até mesmo sua estrutura física. Uma das expectativas durante a crise era de que o mercado imobiliário cedesse minimamente à vida online, mas, também aí, impulsionado pela inflação, o aluguel encareceu e essa subida não apresenta nenhum sinal de inversão nos próximos meses.

As dez maiores dívidas das companhias em recuperação judicial no País atingem juntas R$ 141 bilhões – é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de boa parte dos Estados brasileiros. Como cerca de 70% desse endividamento diz respeito às instituições financeiras, as grandes acabam por ficar com o que os bancos destinam de créditos para recuperações. Assim, a base do iceberg, que são as micro, pequenas e médias empresas, são colocadas ainda mais distantes desse crédito do qual dependem as negociações envolvidas em uma recuperação judicial, que é o último recurso antes da falência.

Se a inflação atual encarece a estrutura e intimida o consumo imediato, a dívida pública impulsiona ainda mais o dragão. O varejo, que já chegou cambaleante a este 2024, deve encerrar o ano ainda com dificuldades. Os recuos em medidas de emergência, como a desoneração da folha de pagamento, esvaziam o banco de sangue empresarial. Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais diante da queda do Brasil nos índices de confiança pode funcionar como uma pá de cal derradeira para muitas das micro, pequenas e médias, como poucas vezes se viu no País.

Assim, num cenário de juros altos, baixo crédito e sem sinais consistentes de equilíbrio nas contas públicas, não dá para esperar soluções que venham do governo central para mudar radicalmente esse quadro. Resta ao empresariado buscar alternativas para reorganizar suas finanças, encontrar outras fontes de investimento, automatizar processos e equilibrar o caixa, a fim de conseguir atravessar este momento pedregoso.

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ECONOMISTA, CEO DA CORPORATE CONSULTING, É MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS

A sequência incessante de números recordes de pedidos de falências e recuperações judiciais anunciados pelo Serasa desde o final do ano passado começou a ser desenhada muito antes, e, tudo indica, essa tendência está longe de ser interrompida.

Para se ter uma ideia, o número de pedidos de recuperação judicial nos primeiros cinco meses deste ano já supera o total de pedidos de 2023. E a estimativa é de que cerca de 12% das empresas brasileiras chegaram ao esgotamento financeiro, provocado por capital sem retorno e juros altos.

No varejo, especialmente, as empresas ainda sentem os impactos da pandemia de covid-19 e sua interferência radical na base da economia, o consumo. Também a expectativa ilusória de crescimento com o dinheiro colocado em circulação durante a crise sanitária, absolutamente necessário diante do cenário devastador acrescido da frustração com a chamada “retomada” da economia, apenas terminou de compor o ambiente movediço sobre o qual as companhias estenderam seus planos. A conta chegou.

Com suas particularidades, gigantes como Polishop, Casas Bahia, Springs Global (controladora da Coteminas e da MMartan), Dia e Americanas são a parte visível de um iceberg que vive o derretimento acelerado pelo crescimento dos juros e a redução do crédito na economia nacional.

No decorrer do primeiro semestre, assistimos ao registro mensal, na média, de 40% de crescimento de pedidos de recuperações judiciais e 10% de solicitação de falência, em relação ao mesmo período de 2023. Essa situação limite atingiu em primeiro lugar os serviços, mas em seguida o varejo, setor que vive mais um agravante herdado da pandemia, o desfalecimento da estrutura física do comércio. A migração compulsória do consumo físico para o digital onerou o varejista duplamente.

De um lado, o comércio teve de erguer a estrutura para realizar a entrega eletrônica – o que idealmente seria pago pelo aumento de consumo. De fato, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, neste ano, houve aumento do consumo das famílias. Contudo, numa situação em que as empresas brasileiras já estavam fragilizadas, esse aumento ainda não foi suficiente para assegurar a boa saúde financeira do setor, já muito endividado. Afinal, o varejo precisou repensar seu modelo de negócios e até mesmo sua estrutura física. Uma das expectativas durante a crise era de que o mercado imobiliário cedesse minimamente à vida online, mas, também aí, impulsionado pela inflação, o aluguel encareceu e essa subida não apresenta nenhum sinal de inversão nos próximos meses.

As dez maiores dívidas das companhias em recuperação judicial no País atingem juntas R$ 141 bilhões – é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de boa parte dos Estados brasileiros. Como cerca de 70% desse endividamento diz respeito às instituições financeiras, as grandes acabam por ficar com o que os bancos destinam de créditos para recuperações. Assim, a base do iceberg, que são as micro, pequenas e médias empresas, são colocadas ainda mais distantes desse crédito do qual dependem as negociações envolvidas em uma recuperação judicial, que é o último recurso antes da falência.

Se a inflação atual encarece a estrutura e intimida o consumo imediato, a dívida pública impulsiona ainda mais o dragão. O varejo, que já chegou cambaleante a este 2024, deve encerrar o ano ainda com dificuldades. Os recuos em medidas de emergência, como a desoneração da folha de pagamento, esvaziam o banco de sangue empresarial. Se as grandes empresas chegarão ao fim do ano com mais dificuldades, a retirada dos investimentos nacionais e internacionais diante da queda do Brasil nos índices de confiança pode funcionar como uma pá de cal derradeira para muitas das micro, pequenas e médias, como poucas vezes se viu no País.

Assim, num cenário de juros altos, baixo crédito e sem sinais consistentes de equilíbrio nas contas públicas, não dá para esperar soluções que venham do governo central para mudar radicalmente esse quadro. Resta ao empresariado buscar alternativas para reorganizar suas finanças, encontrar outras fontes de investimento, automatizar processos e equilibrar o caixa, a fim de conseguir atravessar este momento pedregoso.

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ECONOMISTA, CEO DA CORPORATE CONSULTING, É MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS

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Economista, CEO da Corporate Consulting, é membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças

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