Opinião|Demanda de petróleo: anos de expansão pela frente


Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta

Por Haitham Al Ghais

Vozes difundindo a teoria do pico iminente da demanda de petróleo têm preconizado cenários excluindo o petróleo de um futuro energético sustentável. Neste artigo, explicarei por que isso não é realista, e perigoso para os consumidores, para os produtores, tais como o Brasil, e para a economia global em geral.

Em alguns cenários de emissão zero de carbono, há indícios de que a demanda de petróleo atingirá o auge antes do final desta década. Isso provocou desafios na mobilização de financiamentos, e a redução de investimentos em novos projetos de petróleo.

Precisamos reconhecer a necessidade de mais investimentos e entender os impactos prejudiciais da futura escassez energética para os consumidores. O auge da demanda de petróleo antes de 2030 é uma teoria alarmante que requer uma dose de realismo, já que todos os sinais apontam para o aumento da demanda.

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O petróleo é essencial para a nossa vida cotidiana. A gasolina, o diesel ou o combustível de aviação abastecem nossos motores de combustão interna, navios e aviões. Além disso, itens usados no dia a dia, como pasta de dente, computadores, estofados, lentes de contato, próteses, seringas, medicamentos e muito mais são produzidos a partir de derivados de petróleo.

Quando consideramos a multiplicidade do uso do petróleo, o crescimento futuro da população global, a duplicação do tamanho da economia global até 2045 e os bilhões de pessoas que sofrem com a pobreza energética, é evidente a trajetória ascendente da futura demanda de petróleo.

Muitos projeções de emissão zero de carbono contemplam quase exclusivamente a substituição de hidrocarbonetos, que atualmente representam mais de 80% do mix global de energia. No passado, sempre se tratou de adicionar novas fontes de energia, e não de substituir uma por outra.

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É importante ressaltar que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apoia as energias renováveis e veículos elétricos (VEs), mas o fato é que, depois de muitos trilhões de dólares de investimentos, as energias solar e eólica representam apenas cerca de 4% da energia global, com uma taxa de penetração global de VEs entre 2% e 3%. Além disso, o desenvolvimento de energias renováveis e VEs requerem produtos relacionados ao petróleo, aumentando consequentemente a demanda por petróleo.

Também quero enfatizar que todos nós queremos, para além de reduzir as emissões, ter um fornecimento de energia – confiável e acessível. As renováveis não excluem o petróleo. Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta. Nesse contexto, há dois fatores-chave que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, o futuro crescimento da demanda de energia e petróleo concentra-se no mundo em desenvolvimento, impulsionado pelo aumento populacional, crescimento econômico, expansão da classe média e rápida urbanização. Nos próximos seis anos, ou seja, até 2030, espera-se que mais meio bilhão da população global se mude para as cidades, e essa movimentação exigirá adicionalmente cerca de 40 novas cidades do tamanho de São Paulo.

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Também devemos nos lembrar dos bilhões de pessoas em todo o mundo que ainda carecem de serviços modernos de energia, inclusive no Brasil. Trata-se de satisfazer às necessidades básicas de energia como acender a luz, cozinhar em um fogão ou ter transporte motorizado.

Em segundo lugar, muitas populações do mundo estão testemunhando uma resistência em relação a agendas ambiciosas e não realistas de políticas de net zero, o que leva os formuladores de políticas a reavaliarem as suas abordagens em relação às futuras trajetórias energéticas, resultando em expectativas de maior demanda de petróleo.

O mundo está prestes a consumir mais petróleo e, na Opep, acreditamos que isso será feito de forma cada vez mais responsável, com tecnologias que nos permitem dar grandes passos na redução de emissões, como captura, utilização e armazenamento de carbono, remoção de dióxido de carbono e captura direta do ar.

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É fundamental ter em conta a realidade, é necessário priorizar a segurança energética, utilizar todas as energias disponíveis, tornar a energia acessível e reduzir as emissões. A versatilidade do petróleo permite que ele atenda a todas essas necessidades.

Proporcionar uma melhor compreensão dessas questões é o foco central da Carta de Cooperação (CoC) entre países da Opep e não Opep, que é uma estrutura voluntária para o diálogo e uma plataforma para o multilateralismo, que está alinhada com a abordagem inclusiva do Brasil em sua presidência do G-20 em 2024, bem como com a realização da COP-30 em 2025.

Dada a importância do petróleo bruto e de seus derivados para a economia do Brasil – e do mundo em geral –, é fundamental ressaltar a necessidade de investimentos contínuos no setor petrolífero, uma vez que, em termos claros, não é realista que haja um pico na demanda de petróleo nas próximas décadas.

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SECRETÁRIO-GERAL DA OPEP

Vozes difundindo a teoria do pico iminente da demanda de petróleo têm preconizado cenários excluindo o petróleo de um futuro energético sustentável. Neste artigo, explicarei por que isso não é realista, e perigoso para os consumidores, para os produtores, tais como o Brasil, e para a economia global em geral.

Em alguns cenários de emissão zero de carbono, há indícios de que a demanda de petróleo atingirá o auge antes do final desta década. Isso provocou desafios na mobilização de financiamentos, e a redução de investimentos em novos projetos de petróleo.

Precisamos reconhecer a necessidade de mais investimentos e entender os impactos prejudiciais da futura escassez energética para os consumidores. O auge da demanda de petróleo antes de 2030 é uma teoria alarmante que requer uma dose de realismo, já que todos os sinais apontam para o aumento da demanda.

O petróleo é essencial para a nossa vida cotidiana. A gasolina, o diesel ou o combustível de aviação abastecem nossos motores de combustão interna, navios e aviões. Além disso, itens usados no dia a dia, como pasta de dente, computadores, estofados, lentes de contato, próteses, seringas, medicamentos e muito mais são produzidos a partir de derivados de petróleo.

Quando consideramos a multiplicidade do uso do petróleo, o crescimento futuro da população global, a duplicação do tamanho da economia global até 2045 e os bilhões de pessoas que sofrem com a pobreza energética, é evidente a trajetória ascendente da futura demanda de petróleo.

Muitos projeções de emissão zero de carbono contemplam quase exclusivamente a substituição de hidrocarbonetos, que atualmente representam mais de 80% do mix global de energia. No passado, sempre se tratou de adicionar novas fontes de energia, e não de substituir uma por outra.

É importante ressaltar que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apoia as energias renováveis e veículos elétricos (VEs), mas o fato é que, depois de muitos trilhões de dólares de investimentos, as energias solar e eólica representam apenas cerca de 4% da energia global, com uma taxa de penetração global de VEs entre 2% e 3%. Além disso, o desenvolvimento de energias renováveis e VEs requerem produtos relacionados ao petróleo, aumentando consequentemente a demanda por petróleo.

Também quero enfatizar que todos nós queremos, para além de reduzir as emissões, ter um fornecimento de energia – confiável e acessível. As renováveis não excluem o petróleo. Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta. Nesse contexto, há dois fatores-chave que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, o futuro crescimento da demanda de energia e petróleo concentra-se no mundo em desenvolvimento, impulsionado pelo aumento populacional, crescimento econômico, expansão da classe média e rápida urbanização. Nos próximos seis anos, ou seja, até 2030, espera-se que mais meio bilhão da população global se mude para as cidades, e essa movimentação exigirá adicionalmente cerca de 40 novas cidades do tamanho de São Paulo.

Também devemos nos lembrar dos bilhões de pessoas em todo o mundo que ainda carecem de serviços modernos de energia, inclusive no Brasil. Trata-se de satisfazer às necessidades básicas de energia como acender a luz, cozinhar em um fogão ou ter transporte motorizado.

Em segundo lugar, muitas populações do mundo estão testemunhando uma resistência em relação a agendas ambiciosas e não realistas de políticas de net zero, o que leva os formuladores de políticas a reavaliarem as suas abordagens em relação às futuras trajetórias energéticas, resultando em expectativas de maior demanda de petróleo.

O mundo está prestes a consumir mais petróleo e, na Opep, acreditamos que isso será feito de forma cada vez mais responsável, com tecnologias que nos permitem dar grandes passos na redução de emissões, como captura, utilização e armazenamento de carbono, remoção de dióxido de carbono e captura direta do ar.

É fundamental ter em conta a realidade, é necessário priorizar a segurança energética, utilizar todas as energias disponíveis, tornar a energia acessível e reduzir as emissões. A versatilidade do petróleo permite que ele atenda a todas essas necessidades.

Proporcionar uma melhor compreensão dessas questões é o foco central da Carta de Cooperação (CoC) entre países da Opep e não Opep, que é uma estrutura voluntária para o diálogo e uma plataforma para o multilateralismo, que está alinhada com a abordagem inclusiva do Brasil em sua presidência do G-20 em 2024, bem como com a realização da COP-30 em 2025.

Dada a importância do petróleo bruto e de seus derivados para a economia do Brasil – e do mundo em geral –, é fundamental ressaltar a necessidade de investimentos contínuos no setor petrolífero, uma vez que, em termos claros, não é realista que haja um pico na demanda de petróleo nas próximas décadas.

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SECRETÁRIO-GERAL DA OPEP

Vozes difundindo a teoria do pico iminente da demanda de petróleo têm preconizado cenários excluindo o petróleo de um futuro energético sustentável. Neste artigo, explicarei por que isso não é realista, e perigoso para os consumidores, para os produtores, tais como o Brasil, e para a economia global em geral.

Em alguns cenários de emissão zero de carbono, há indícios de que a demanda de petróleo atingirá o auge antes do final desta década. Isso provocou desafios na mobilização de financiamentos, e a redução de investimentos em novos projetos de petróleo.

Precisamos reconhecer a necessidade de mais investimentos e entender os impactos prejudiciais da futura escassez energética para os consumidores. O auge da demanda de petróleo antes de 2030 é uma teoria alarmante que requer uma dose de realismo, já que todos os sinais apontam para o aumento da demanda.

O petróleo é essencial para a nossa vida cotidiana. A gasolina, o diesel ou o combustível de aviação abastecem nossos motores de combustão interna, navios e aviões. Além disso, itens usados no dia a dia, como pasta de dente, computadores, estofados, lentes de contato, próteses, seringas, medicamentos e muito mais são produzidos a partir de derivados de petróleo.

Quando consideramos a multiplicidade do uso do petróleo, o crescimento futuro da população global, a duplicação do tamanho da economia global até 2045 e os bilhões de pessoas que sofrem com a pobreza energética, é evidente a trajetória ascendente da futura demanda de petróleo.

Muitos projeções de emissão zero de carbono contemplam quase exclusivamente a substituição de hidrocarbonetos, que atualmente representam mais de 80% do mix global de energia. No passado, sempre se tratou de adicionar novas fontes de energia, e não de substituir uma por outra.

É importante ressaltar que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apoia as energias renováveis e veículos elétricos (VEs), mas o fato é que, depois de muitos trilhões de dólares de investimentos, as energias solar e eólica representam apenas cerca de 4% da energia global, com uma taxa de penetração global de VEs entre 2% e 3%. Além disso, o desenvolvimento de energias renováveis e VEs requerem produtos relacionados ao petróleo, aumentando consequentemente a demanda por petróleo.

Também quero enfatizar que todos nós queremos, para além de reduzir as emissões, ter um fornecimento de energia – confiável e acessível. As renováveis não excluem o petróleo. Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta. Nesse contexto, há dois fatores-chave que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, o futuro crescimento da demanda de energia e petróleo concentra-se no mundo em desenvolvimento, impulsionado pelo aumento populacional, crescimento econômico, expansão da classe média e rápida urbanização. Nos próximos seis anos, ou seja, até 2030, espera-se que mais meio bilhão da população global se mude para as cidades, e essa movimentação exigirá adicionalmente cerca de 40 novas cidades do tamanho de São Paulo.

Também devemos nos lembrar dos bilhões de pessoas em todo o mundo que ainda carecem de serviços modernos de energia, inclusive no Brasil. Trata-se de satisfazer às necessidades básicas de energia como acender a luz, cozinhar em um fogão ou ter transporte motorizado.

Em segundo lugar, muitas populações do mundo estão testemunhando uma resistência em relação a agendas ambiciosas e não realistas de políticas de net zero, o que leva os formuladores de políticas a reavaliarem as suas abordagens em relação às futuras trajetórias energéticas, resultando em expectativas de maior demanda de petróleo.

O mundo está prestes a consumir mais petróleo e, na Opep, acreditamos que isso será feito de forma cada vez mais responsável, com tecnologias que nos permitem dar grandes passos na redução de emissões, como captura, utilização e armazenamento de carbono, remoção de dióxido de carbono e captura direta do ar.

É fundamental ter em conta a realidade, é necessário priorizar a segurança energética, utilizar todas as energias disponíveis, tornar a energia acessível e reduzir as emissões. A versatilidade do petróleo permite que ele atenda a todas essas necessidades.

Proporcionar uma melhor compreensão dessas questões é o foco central da Carta de Cooperação (CoC) entre países da Opep e não Opep, que é uma estrutura voluntária para o diálogo e uma plataforma para o multilateralismo, que está alinhada com a abordagem inclusiva do Brasil em sua presidência do G-20 em 2024, bem como com a realização da COP-30 em 2025.

Dada a importância do petróleo bruto e de seus derivados para a economia do Brasil – e do mundo em geral –, é fundamental ressaltar a necessidade de investimentos contínuos no setor petrolífero, uma vez que, em termos claros, não é realista que haja um pico na demanda de petróleo nas próximas décadas.

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SECRETÁRIO-GERAL DA OPEP

Vozes difundindo a teoria do pico iminente da demanda de petróleo têm preconizado cenários excluindo o petróleo de um futuro energético sustentável. Neste artigo, explicarei por que isso não é realista, e perigoso para os consumidores, para os produtores, tais como o Brasil, e para a economia global em geral.

Em alguns cenários de emissão zero de carbono, há indícios de que a demanda de petróleo atingirá o auge antes do final desta década. Isso provocou desafios na mobilização de financiamentos, e a redução de investimentos em novos projetos de petróleo.

Precisamos reconhecer a necessidade de mais investimentos e entender os impactos prejudiciais da futura escassez energética para os consumidores. O auge da demanda de petróleo antes de 2030 é uma teoria alarmante que requer uma dose de realismo, já que todos os sinais apontam para o aumento da demanda.

O petróleo é essencial para a nossa vida cotidiana. A gasolina, o diesel ou o combustível de aviação abastecem nossos motores de combustão interna, navios e aviões. Além disso, itens usados no dia a dia, como pasta de dente, computadores, estofados, lentes de contato, próteses, seringas, medicamentos e muito mais são produzidos a partir de derivados de petróleo.

Quando consideramos a multiplicidade do uso do petróleo, o crescimento futuro da população global, a duplicação do tamanho da economia global até 2045 e os bilhões de pessoas que sofrem com a pobreza energética, é evidente a trajetória ascendente da futura demanda de petróleo.

Muitos projeções de emissão zero de carbono contemplam quase exclusivamente a substituição de hidrocarbonetos, que atualmente representam mais de 80% do mix global de energia. No passado, sempre se tratou de adicionar novas fontes de energia, e não de substituir uma por outra.

É importante ressaltar que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apoia as energias renováveis e veículos elétricos (VEs), mas o fato é que, depois de muitos trilhões de dólares de investimentos, as energias solar e eólica representam apenas cerca de 4% da energia global, com uma taxa de penetração global de VEs entre 2% e 3%. Além disso, o desenvolvimento de energias renováveis e VEs requerem produtos relacionados ao petróleo, aumentando consequentemente a demanda por petróleo.

Também quero enfatizar que todos nós queremos, para além de reduzir as emissões, ter um fornecimento de energia – confiável e acessível. As renováveis não excluem o petróleo. Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta. Nesse contexto, há dois fatores-chave que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, o futuro crescimento da demanda de energia e petróleo concentra-se no mundo em desenvolvimento, impulsionado pelo aumento populacional, crescimento econômico, expansão da classe média e rápida urbanização. Nos próximos seis anos, ou seja, até 2030, espera-se que mais meio bilhão da população global se mude para as cidades, e essa movimentação exigirá adicionalmente cerca de 40 novas cidades do tamanho de São Paulo.

Também devemos nos lembrar dos bilhões de pessoas em todo o mundo que ainda carecem de serviços modernos de energia, inclusive no Brasil. Trata-se de satisfazer às necessidades básicas de energia como acender a luz, cozinhar em um fogão ou ter transporte motorizado.

Em segundo lugar, muitas populações do mundo estão testemunhando uma resistência em relação a agendas ambiciosas e não realistas de políticas de net zero, o que leva os formuladores de políticas a reavaliarem as suas abordagens em relação às futuras trajetórias energéticas, resultando em expectativas de maior demanda de petróleo.

O mundo está prestes a consumir mais petróleo e, na Opep, acreditamos que isso será feito de forma cada vez mais responsável, com tecnologias que nos permitem dar grandes passos na redução de emissões, como captura, utilização e armazenamento de carbono, remoção de dióxido de carbono e captura direta do ar.

É fundamental ter em conta a realidade, é necessário priorizar a segurança energética, utilizar todas as energias disponíveis, tornar a energia acessível e reduzir as emissões. A versatilidade do petróleo permite que ele atenda a todas essas necessidades.

Proporcionar uma melhor compreensão dessas questões é o foco central da Carta de Cooperação (CoC) entre países da Opep e não Opep, que é uma estrutura voluntária para o diálogo e uma plataforma para o multilateralismo, que está alinhada com a abordagem inclusiva do Brasil em sua presidência do G-20 em 2024, bem como com a realização da COP-30 em 2025.

Dada a importância do petróleo bruto e de seus derivados para a economia do Brasil – e do mundo em geral –, é fundamental ressaltar a necessidade de investimentos contínuos no setor petrolífero, uma vez que, em termos claros, não é realista que haja um pico na demanda de petróleo nas próximas décadas.

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SECRETÁRIO-GERAL DA OPEP

Vozes difundindo a teoria do pico iminente da demanda de petróleo têm preconizado cenários excluindo o petróleo de um futuro energético sustentável. Neste artigo, explicarei por que isso não é realista, e perigoso para os consumidores, para os produtores, tais como o Brasil, e para a economia global em geral.

Em alguns cenários de emissão zero de carbono, há indícios de que a demanda de petróleo atingirá o auge antes do final desta década. Isso provocou desafios na mobilização de financiamentos, e a redução de investimentos em novos projetos de petróleo.

Precisamos reconhecer a necessidade de mais investimentos e entender os impactos prejudiciais da futura escassez energética para os consumidores. O auge da demanda de petróleo antes de 2030 é uma teoria alarmante que requer uma dose de realismo, já que todos os sinais apontam para o aumento da demanda.

O petróleo é essencial para a nossa vida cotidiana. A gasolina, o diesel ou o combustível de aviação abastecem nossos motores de combustão interna, navios e aviões. Além disso, itens usados no dia a dia, como pasta de dente, computadores, estofados, lentes de contato, próteses, seringas, medicamentos e muito mais são produzidos a partir de derivados de petróleo.

Quando consideramos a multiplicidade do uso do petróleo, o crescimento futuro da população global, a duplicação do tamanho da economia global até 2045 e os bilhões de pessoas que sofrem com a pobreza energética, é evidente a trajetória ascendente da futura demanda de petróleo.

Muitos projeções de emissão zero de carbono contemplam quase exclusivamente a substituição de hidrocarbonetos, que atualmente representam mais de 80% do mix global de energia. No passado, sempre se tratou de adicionar novas fontes de energia, e não de substituir uma por outra.

É importante ressaltar que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apoia as energias renováveis e veículos elétricos (VEs), mas o fato é que, depois de muitos trilhões de dólares de investimentos, as energias solar e eólica representam apenas cerca de 4% da energia global, com uma taxa de penetração global de VEs entre 2% e 3%. Além disso, o desenvolvimento de energias renováveis e VEs requerem produtos relacionados ao petróleo, aumentando consequentemente a demanda por petróleo.

Também quero enfatizar que todos nós queremos, para além de reduzir as emissões, ter um fornecimento de energia – confiável e acessível. As renováveis não excluem o petróleo. Nosso futuro energético deve se concentrar em uma imagem completa, e não em uma incompleta. Nesse contexto, há dois fatores-chave que merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, o futuro crescimento da demanda de energia e petróleo concentra-se no mundo em desenvolvimento, impulsionado pelo aumento populacional, crescimento econômico, expansão da classe média e rápida urbanização. Nos próximos seis anos, ou seja, até 2030, espera-se que mais meio bilhão da população global se mude para as cidades, e essa movimentação exigirá adicionalmente cerca de 40 novas cidades do tamanho de São Paulo.

Também devemos nos lembrar dos bilhões de pessoas em todo o mundo que ainda carecem de serviços modernos de energia, inclusive no Brasil. Trata-se de satisfazer às necessidades básicas de energia como acender a luz, cozinhar em um fogão ou ter transporte motorizado.

Em segundo lugar, muitas populações do mundo estão testemunhando uma resistência em relação a agendas ambiciosas e não realistas de políticas de net zero, o que leva os formuladores de políticas a reavaliarem as suas abordagens em relação às futuras trajetórias energéticas, resultando em expectativas de maior demanda de petróleo.

O mundo está prestes a consumir mais petróleo e, na Opep, acreditamos que isso será feito de forma cada vez mais responsável, com tecnologias que nos permitem dar grandes passos na redução de emissões, como captura, utilização e armazenamento de carbono, remoção de dióxido de carbono e captura direta do ar.

É fundamental ter em conta a realidade, é necessário priorizar a segurança energética, utilizar todas as energias disponíveis, tornar a energia acessível e reduzir as emissões. A versatilidade do petróleo permite que ele atenda a todas essas necessidades.

Proporcionar uma melhor compreensão dessas questões é o foco central da Carta de Cooperação (CoC) entre países da Opep e não Opep, que é uma estrutura voluntária para o diálogo e uma plataforma para o multilateralismo, que está alinhada com a abordagem inclusiva do Brasil em sua presidência do G-20 em 2024, bem como com a realização da COP-30 em 2025.

Dada a importância do petróleo bruto e de seus derivados para a economia do Brasil – e do mundo em geral –, é fundamental ressaltar a necessidade de investimentos contínuos no setor petrolífero, uma vez que, em termos claros, não é realista que haja um pico na demanda de petróleo nas próximas décadas.

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