Opinião|Diplomacia errática e errônea do governo Lula


A ‘diplomacia’ só serviu, até agora, para fazer política interna e projetar uma imagem para a propaganda. Enquanto isso, o Brasil aguarda que o novo governo assuma

Por Ciro Nogueira

A autoidolatria petista coloca o atual presidente numa espécie de altar sagrado da sabedoria universal, no mais primitivo culto à personalidade historicamente tão presente e redundante na esquerda mundial. Assim, o atual presidente do Brasil não é tratado à sua volta como um político, passível de erros e acertos. É a nova versão do guia genial dos povos, sobretudo quando se trata das relações diplomáticas. O governo do PT acredita que é possível reinventar a roda, que o presidente – por si mesmo – é um ator no cenário global. E o resultado até agora tem sido uma coletânea de constrangimentos.

A diplomacia do governo Lula, quando não é errática, tem sido errônea. E tudo pela premissa de que, para superar o “complexo de vira-lata” no palco global, é preciso adotar um misto de megalomania e cafonice autoexultante. O fato é que o Brasil tem falado muito, sem dúvida, mas tem sido muito pouco ouvido. E tem sido pouco ouvido porque tem falado demais e errado. É a diplomacia da lacração, a diplomacia para conquistar manchetes nos blogs companheiros, a diplomacia não para fazer política externa, mas para apaziguar a militância no Brasil. Ou seja, a não diplomacia.

O exemplo mais recente dessa corrente incessante de falta de acuidade do nosso guia genial dos povos foi a declaração, no mínimo parcial e incriminadora, de que o hospital na Faixa de Gaza sofreu um “ataque”! Como assim, presidente Lula? Ataque? Está condenando Israel? Sem provas? Justamente no momento em que o Brasil preside o Conselho de Segurança da ONU? Nessa toada, o PT também atacou Israel e seu embaixador no Brasil, ao mesmo tempo que tanto o governo petista quanto o partido se recusaram a definir cabalmente o Hamas como autor de atos terroristas.

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Infelizmente, essa derrapada diplomática não foi exceção. Num certo momento, o atual presidente disse que “a guerra não tem apenas um culpado”, equiparando a invadida Ucrânia com a invasora Rússia. Depois, afirmou que o presidente Putin poderia vir ao Brasil participar do G20 e que “não seria preso”, o que, obviamente, se constituiria num flagrante descumprimento de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. O presidente e o governo voltaram atrás.

O presidente criticou também o dólar e, com isso, tensionou a relação com o maior parceiro do Brasil nas Américas, os Estados Unidos. É possível que a desdolarização ocorra? Muitos economistas entendem que não a curto prazo e não sem uma enorme crise financeira mundial. Mas os melhores interesses do Brasil ganham alguma coisa com esse tipo de provocação que eletriza tanto a militância?

No pacote da diplomacia errática e errônea, um episódio gritante foi a recepção com honras de chefe de Estado, com direito a subida da rampa do Palácio, do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Nenhuma crítica às questões de direitos humanos, à falta de democracia no país. Mas não faltaram pesadas palavras sobre o “bloqueio” americano contra o país. Chamou o que ocorre na Venezuela de “preconceito”. E acusou os que chamam a Venezuela de ditadura de adotarem uma “narrativa”, no que foi criticado publicamente não só pelo presidente conservador do Uruguai, mas pelo jovem esquerdista presidente do Chile.

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O mantra da pseudo nova ordem mundial petista e de seu guia genial dos povos se baseia numa ideia que é alardeada como um avanço, mas que em si mesma é a síntese do atraso que nos governa: “O Brasil voltou!” Como se voltar fosse avançar, seguir em frente. Voltar é voltar, voltar é ir para trás, para o passado.

Voltar quer dizer que a volta do atual presidente personificaria a volta de toda uma nação! 215 milhões de brasileiros não contam? Só Lula? Isso não é apenas pretensão ou autoengano. É sinal da desconexão completa que há entre o Brasil do PT e o Brasil real. Segundo o PT, só existe Brasil enquanto existir Lula. Ou seja, sem Lula o Brasil vai acabar? Pasmem! E, por isso mesmo, perante o mundo, testemunhamos muitos de nós a escalada de uma falta de autocrítica que constrange.

Resumindo: o presidente cultivou a lenda de que seria presidente do mundo. Foi à China, à Europa, aos Estados Unidos. Sua voz, todavia, é um sussurro nos grandes debates e decisões mundiais. Ele decidiu, então, ser presidente do meio ambiente. Foi enquadrado pelo mesmo presidente de esquerda do Chile, jovem liderança que não pode ser chamado de “reacionário” ou “golpista”. Tentou ser presidente da América Latina. Só que passou pano para ditadores como Ortega e Maduro.

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A diplomacia só serviu, até agora, para fazer política interna e projetar uma imagem para a propaganda. Enquanto isso, o Brasil aguarda que o novo governo assuma. E a pergunta que vai ficar mais clara de responder a cada dia que passa será um desconforto para o guia genial dos povos: brasileiro, a sua vida melhorou? Se a resposta for não, toda a pirotecnia terá sido apenas entretenimento fugaz e passageiro. E a tendência de que a resposta seja não é cada vez maior.

*

SENADOR (PP-PI)

A autoidolatria petista coloca o atual presidente numa espécie de altar sagrado da sabedoria universal, no mais primitivo culto à personalidade historicamente tão presente e redundante na esquerda mundial. Assim, o atual presidente do Brasil não é tratado à sua volta como um político, passível de erros e acertos. É a nova versão do guia genial dos povos, sobretudo quando se trata das relações diplomáticas. O governo do PT acredita que é possível reinventar a roda, que o presidente – por si mesmo – é um ator no cenário global. E o resultado até agora tem sido uma coletânea de constrangimentos.

A diplomacia do governo Lula, quando não é errática, tem sido errônea. E tudo pela premissa de que, para superar o “complexo de vira-lata” no palco global, é preciso adotar um misto de megalomania e cafonice autoexultante. O fato é que o Brasil tem falado muito, sem dúvida, mas tem sido muito pouco ouvido. E tem sido pouco ouvido porque tem falado demais e errado. É a diplomacia da lacração, a diplomacia para conquistar manchetes nos blogs companheiros, a diplomacia não para fazer política externa, mas para apaziguar a militância no Brasil. Ou seja, a não diplomacia.

O exemplo mais recente dessa corrente incessante de falta de acuidade do nosso guia genial dos povos foi a declaração, no mínimo parcial e incriminadora, de que o hospital na Faixa de Gaza sofreu um “ataque”! Como assim, presidente Lula? Ataque? Está condenando Israel? Sem provas? Justamente no momento em que o Brasil preside o Conselho de Segurança da ONU? Nessa toada, o PT também atacou Israel e seu embaixador no Brasil, ao mesmo tempo que tanto o governo petista quanto o partido se recusaram a definir cabalmente o Hamas como autor de atos terroristas.

Infelizmente, essa derrapada diplomática não foi exceção. Num certo momento, o atual presidente disse que “a guerra não tem apenas um culpado”, equiparando a invadida Ucrânia com a invasora Rússia. Depois, afirmou que o presidente Putin poderia vir ao Brasil participar do G20 e que “não seria preso”, o que, obviamente, se constituiria num flagrante descumprimento de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. O presidente e o governo voltaram atrás.

O presidente criticou também o dólar e, com isso, tensionou a relação com o maior parceiro do Brasil nas Américas, os Estados Unidos. É possível que a desdolarização ocorra? Muitos economistas entendem que não a curto prazo e não sem uma enorme crise financeira mundial. Mas os melhores interesses do Brasil ganham alguma coisa com esse tipo de provocação que eletriza tanto a militância?

No pacote da diplomacia errática e errônea, um episódio gritante foi a recepção com honras de chefe de Estado, com direito a subida da rampa do Palácio, do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Nenhuma crítica às questões de direitos humanos, à falta de democracia no país. Mas não faltaram pesadas palavras sobre o “bloqueio” americano contra o país. Chamou o que ocorre na Venezuela de “preconceito”. E acusou os que chamam a Venezuela de ditadura de adotarem uma “narrativa”, no que foi criticado publicamente não só pelo presidente conservador do Uruguai, mas pelo jovem esquerdista presidente do Chile.

O mantra da pseudo nova ordem mundial petista e de seu guia genial dos povos se baseia numa ideia que é alardeada como um avanço, mas que em si mesma é a síntese do atraso que nos governa: “O Brasil voltou!” Como se voltar fosse avançar, seguir em frente. Voltar é voltar, voltar é ir para trás, para o passado.

Voltar quer dizer que a volta do atual presidente personificaria a volta de toda uma nação! 215 milhões de brasileiros não contam? Só Lula? Isso não é apenas pretensão ou autoengano. É sinal da desconexão completa que há entre o Brasil do PT e o Brasil real. Segundo o PT, só existe Brasil enquanto existir Lula. Ou seja, sem Lula o Brasil vai acabar? Pasmem! E, por isso mesmo, perante o mundo, testemunhamos muitos de nós a escalada de uma falta de autocrítica que constrange.

Resumindo: o presidente cultivou a lenda de que seria presidente do mundo. Foi à China, à Europa, aos Estados Unidos. Sua voz, todavia, é um sussurro nos grandes debates e decisões mundiais. Ele decidiu, então, ser presidente do meio ambiente. Foi enquadrado pelo mesmo presidente de esquerda do Chile, jovem liderança que não pode ser chamado de “reacionário” ou “golpista”. Tentou ser presidente da América Latina. Só que passou pano para ditadores como Ortega e Maduro.

A diplomacia só serviu, até agora, para fazer política interna e projetar uma imagem para a propaganda. Enquanto isso, o Brasil aguarda que o novo governo assuma. E a pergunta que vai ficar mais clara de responder a cada dia que passa será um desconforto para o guia genial dos povos: brasileiro, a sua vida melhorou? Se a resposta for não, toda a pirotecnia terá sido apenas entretenimento fugaz e passageiro. E a tendência de que a resposta seja não é cada vez maior.

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SENADOR (PP-PI)

A autoidolatria petista coloca o atual presidente numa espécie de altar sagrado da sabedoria universal, no mais primitivo culto à personalidade historicamente tão presente e redundante na esquerda mundial. Assim, o atual presidente do Brasil não é tratado à sua volta como um político, passível de erros e acertos. É a nova versão do guia genial dos povos, sobretudo quando se trata das relações diplomáticas. O governo do PT acredita que é possível reinventar a roda, que o presidente – por si mesmo – é um ator no cenário global. E o resultado até agora tem sido uma coletânea de constrangimentos.

A diplomacia do governo Lula, quando não é errática, tem sido errônea. E tudo pela premissa de que, para superar o “complexo de vira-lata” no palco global, é preciso adotar um misto de megalomania e cafonice autoexultante. O fato é que o Brasil tem falado muito, sem dúvida, mas tem sido muito pouco ouvido. E tem sido pouco ouvido porque tem falado demais e errado. É a diplomacia da lacração, a diplomacia para conquistar manchetes nos blogs companheiros, a diplomacia não para fazer política externa, mas para apaziguar a militância no Brasil. Ou seja, a não diplomacia.

O exemplo mais recente dessa corrente incessante de falta de acuidade do nosso guia genial dos povos foi a declaração, no mínimo parcial e incriminadora, de que o hospital na Faixa de Gaza sofreu um “ataque”! Como assim, presidente Lula? Ataque? Está condenando Israel? Sem provas? Justamente no momento em que o Brasil preside o Conselho de Segurança da ONU? Nessa toada, o PT também atacou Israel e seu embaixador no Brasil, ao mesmo tempo que tanto o governo petista quanto o partido se recusaram a definir cabalmente o Hamas como autor de atos terroristas.

Infelizmente, essa derrapada diplomática não foi exceção. Num certo momento, o atual presidente disse que “a guerra não tem apenas um culpado”, equiparando a invadida Ucrânia com a invasora Rússia. Depois, afirmou que o presidente Putin poderia vir ao Brasil participar do G20 e que “não seria preso”, o que, obviamente, se constituiria num flagrante descumprimento de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. O presidente e o governo voltaram atrás.

O presidente criticou também o dólar e, com isso, tensionou a relação com o maior parceiro do Brasil nas Américas, os Estados Unidos. É possível que a desdolarização ocorra? Muitos economistas entendem que não a curto prazo e não sem uma enorme crise financeira mundial. Mas os melhores interesses do Brasil ganham alguma coisa com esse tipo de provocação que eletriza tanto a militância?

No pacote da diplomacia errática e errônea, um episódio gritante foi a recepção com honras de chefe de Estado, com direito a subida da rampa do Palácio, do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Nenhuma crítica às questões de direitos humanos, à falta de democracia no país. Mas não faltaram pesadas palavras sobre o “bloqueio” americano contra o país. Chamou o que ocorre na Venezuela de “preconceito”. E acusou os que chamam a Venezuela de ditadura de adotarem uma “narrativa”, no que foi criticado publicamente não só pelo presidente conservador do Uruguai, mas pelo jovem esquerdista presidente do Chile.

O mantra da pseudo nova ordem mundial petista e de seu guia genial dos povos se baseia numa ideia que é alardeada como um avanço, mas que em si mesma é a síntese do atraso que nos governa: “O Brasil voltou!” Como se voltar fosse avançar, seguir em frente. Voltar é voltar, voltar é ir para trás, para o passado.

Voltar quer dizer que a volta do atual presidente personificaria a volta de toda uma nação! 215 milhões de brasileiros não contam? Só Lula? Isso não é apenas pretensão ou autoengano. É sinal da desconexão completa que há entre o Brasil do PT e o Brasil real. Segundo o PT, só existe Brasil enquanto existir Lula. Ou seja, sem Lula o Brasil vai acabar? Pasmem! E, por isso mesmo, perante o mundo, testemunhamos muitos de nós a escalada de uma falta de autocrítica que constrange.

Resumindo: o presidente cultivou a lenda de que seria presidente do mundo. Foi à China, à Europa, aos Estados Unidos. Sua voz, todavia, é um sussurro nos grandes debates e decisões mundiais. Ele decidiu, então, ser presidente do meio ambiente. Foi enquadrado pelo mesmo presidente de esquerda do Chile, jovem liderança que não pode ser chamado de “reacionário” ou “golpista”. Tentou ser presidente da América Latina. Só que passou pano para ditadores como Ortega e Maduro.

A diplomacia só serviu, até agora, para fazer política interna e projetar uma imagem para a propaganda. Enquanto isso, o Brasil aguarda que o novo governo assuma. E a pergunta que vai ficar mais clara de responder a cada dia que passa será um desconforto para o guia genial dos povos: brasileiro, a sua vida melhorou? Se a resposta for não, toda a pirotecnia terá sido apenas entretenimento fugaz e passageiro. E a tendência de que a resposta seja não é cada vez maior.

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SENADOR (PP-PI)

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