Opinião|Energia e meio ambiente após a covid-19


Maior respeito pela ciência pode ser uma das consequências mais positivas desta tragédia

Por José Goldemberg

Por mais grave que seja a atual pandemia, ela acabará passando, como aconteceu com outras no passado. Nenhuma, porém – nos tempos modernos –, atingiu tantos países e levou a uma paralisação econômica tão profunda, decorrente da imposição de quarentena, que é indispensável para evitar a propagação da doença.

Uma das muitas consequências desta quarentena é a redução do consumo de energia, principalmente no setor de transporte, que representa mais de 25% de toda a energia consumida no mundo.

O que aconteceu no setor do petróleo foi o que se chama “tempestade perfeita”. A demanda diminuiu justamente na ocasião em que havia excesso de produção. O cartel dos grandes produtores – principalmente a Arábia Saudita e a Rússia – não conseguiu fixar cotas de produção, que mantinham o resto do mundo refém do petróleo que produzia. O preço do petróleo não decorria dos custos de produção, era fixado arbitrariamente para suportar a economia dos regimes políticos e sociais dos países-membros do cartel. Como consequência da falta de acordo dos produtores, o preço do barril de petróleo caiu de cerca de US$ 80 o barril para menos de US$ 20. No mundo pós covid-19 ele dificilmente voltará aos níveis anteriores, pois grande número de empresas e pessoas descobriram que home office funciona e o mesmo aconteceu com o ensino a distância, além do comércio eletrônico.

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A necessidade de deslocamentos vai se reduzir permanentemente, com claros benefícios para a qualidade do ar nos grandes centros urbanos, como as fotografias dos satélites nos mostram. Os benefícios para a saúde, com a diminuição das doenças respiratórias, não foram quantificados ainda, mas certamente ocorrerão. Além disso, as emissões de gases de efeito estufa, cuja redução já se está verificando, não voltarão aos níveis anteriores, o que dará mais tempo para a adoção de medidas de adaptação ao aquecimento global.

O sonho dos ambientalistas de reduzir o consumo de petróleo parece tornar-se realidade graças à covid-19.

O que não vai se reduzir, provavelmente, é o consumo de eletricidade, porque as atividades domésticas (incluindo o home office) requerem mais eletricidade. Daí os grandes planos, já propostos nos Estados Unidos, para aumentar a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Nos pacotes de recuperação econômica que estão sendo adotados naquele país, esse é um ingrediente importante.

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No Brasil, perderão prioridade as ideias de que o País poderia ser um grande exportador de petróleo, uma vez que produzi-lo do pré-sal custa muito mais do que na Arábia Saudita. Esperar que os royalties da produção de petróleo “salvem” a economia de vários Estados, como o Rio de Janeiro, provavelmente será em vão.

Mais grave ainda, a produção de etanol da cana-de-açúcar – com todas as vantagens ambientais que tem – vai ser afetada seriamente, mas talvez force o setor a fazer duas coisas que deveria ter feito no passado e não fez:

• Instalar grandes reservatórios para estocar etanol, que seria, então, disponível o ano todo, o que permitiria fazer contratos para exportação de longo prazo, o que o setor nunca fez, preferindo vender o álcool no mercado spot.

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• Investir pesadamente em pesquisa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, que deixou de crescer há vários anos. Essa seria a única forma de baixar os custos do etanol, que poderia, então, competir melhor com a gasolina a preços baixos.

O movimento ambiental pós-covid-19 enfrentará também dilemas sérios, pois a urgência de atacar problemas ligados à saúde, como saneamento básico, vai aumentar. As preocupações com mudanças climáticas – que só se concretizarão a logo prazo – parecerão menos prioritárias.

Diante da tragédia causada pela covid-19 há, contudo, expectativas de importantes modificações nas percepções das sociedades atingidas, com reflexos culturais e políticos positivos.

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Essas expectativas se baseiam na condução exemplar da crise por governantes como Angela Merkel, na Alemanha, que adotou políticas públicas que reduziram consideravelmente o número de vítimas, em contraste com outros dirigentes, como o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos – e seus seguidores, como o presidente do nosso país –, que minimizaram a gravidade do problema do isolamento social. Angela Merkel percebeu o vulto do problema antes dos outros e preparou seu país para enfrentar a crise, seguindo rigorosamente as estratégias recomendadas por seus cientistas.

É notório que, ao enfrentar problemas complexos, há incertezas e pode haver divergências entre os cientistas, mas a própria natureza do método científico corrige esses problemas. A experiência acaba eliminando as teorias incorretas. Por essa razão, desqualificar o trabalho dos cientistas e o método científico é o pior que dirigentes obscurantistas poderiam fazer no caso da covid-19.

Um maior respeito pela ciência e pelos cientistas poderá ser uma das consequências mais positivas da tragédia humanitária da crise atual.

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PROFESSOR EMÉRITO  E EX-REITOR DA UNIVERSIDADE  DE SÃO PAULO (USP)

Por mais grave que seja a atual pandemia, ela acabará passando, como aconteceu com outras no passado. Nenhuma, porém – nos tempos modernos –, atingiu tantos países e levou a uma paralisação econômica tão profunda, decorrente da imposição de quarentena, que é indispensável para evitar a propagação da doença.

Uma das muitas consequências desta quarentena é a redução do consumo de energia, principalmente no setor de transporte, que representa mais de 25% de toda a energia consumida no mundo.

O que aconteceu no setor do petróleo foi o que se chama “tempestade perfeita”. A demanda diminuiu justamente na ocasião em que havia excesso de produção. O cartel dos grandes produtores – principalmente a Arábia Saudita e a Rússia – não conseguiu fixar cotas de produção, que mantinham o resto do mundo refém do petróleo que produzia. O preço do petróleo não decorria dos custos de produção, era fixado arbitrariamente para suportar a economia dos regimes políticos e sociais dos países-membros do cartel. Como consequência da falta de acordo dos produtores, o preço do barril de petróleo caiu de cerca de US$ 80 o barril para menos de US$ 20. No mundo pós covid-19 ele dificilmente voltará aos níveis anteriores, pois grande número de empresas e pessoas descobriram que home office funciona e o mesmo aconteceu com o ensino a distância, além do comércio eletrônico.

A necessidade de deslocamentos vai se reduzir permanentemente, com claros benefícios para a qualidade do ar nos grandes centros urbanos, como as fotografias dos satélites nos mostram. Os benefícios para a saúde, com a diminuição das doenças respiratórias, não foram quantificados ainda, mas certamente ocorrerão. Além disso, as emissões de gases de efeito estufa, cuja redução já se está verificando, não voltarão aos níveis anteriores, o que dará mais tempo para a adoção de medidas de adaptação ao aquecimento global.

O sonho dos ambientalistas de reduzir o consumo de petróleo parece tornar-se realidade graças à covid-19.

O que não vai se reduzir, provavelmente, é o consumo de eletricidade, porque as atividades domésticas (incluindo o home office) requerem mais eletricidade. Daí os grandes planos, já propostos nos Estados Unidos, para aumentar a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Nos pacotes de recuperação econômica que estão sendo adotados naquele país, esse é um ingrediente importante.

No Brasil, perderão prioridade as ideias de que o País poderia ser um grande exportador de petróleo, uma vez que produzi-lo do pré-sal custa muito mais do que na Arábia Saudita. Esperar que os royalties da produção de petróleo “salvem” a economia de vários Estados, como o Rio de Janeiro, provavelmente será em vão.

Mais grave ainda, a produção de etanol da cana-de-açúcar – com todas as vantagens ambientais que tem – vai ser afetada seriamente, mas talvez force o setor a fazer duas coisas que deveria ter feito no passado e não fez:

• Instalar grandes reservatórios para estocar etanol, que seria, então, disponível o ano todo, o que permitiria fazer contratos para exportação de longo prazo, o que o setor nunca fez, preferindo vender o álcool no mercado spot.

• Investir pesadamente em pesquisa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, que deixou de crescer há vários anos. Essa seria a única forma de baixar os custos do etanol, que poderia, então, competir melhor com a gasolina a preços baixos.

O movimento ambiental pós-covid-19 enfrentará também dilemas sérios, pois a urgência de atacar problemas ligados à saúde, como saneamento básico, vai aumentar. As preocupações com mudanças climáticas – que só se concretizarão a logo prazo – parecerão menos prioritárias.

Diante da tragédia causada pela covid-19 há, contudo, expectativas de importantes modificações nas percepções das sociedades atingidas, com reflexos culturais e políticos positivos.

Essas expectativas se baseiam na condução exemplar da crise por governantes como Angela Merkel, na Alemanha, que adotou políticas públicas que reduziram consideravelmente o número de vítimas, em contraste com outros dirigentes, como o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos – e seus seguidores, como o presidente do nosso país –, que minimizaram a gravidade do problema do isolamento social. Angela Merkel percebeu o vulto do problema antes dos outros e preparou seu país para enfrentar a crise, seguindo rigorosamente as estratégias recomendadas por seus cientistas.

É notório que, ao enfrentar problemas complexos, há incertezas e pode haver divergências entre os cientistas, mas a própria natureza do método científico corrige esses problemas. A experiência acaba eliminando as teorias incorretas. Por essa razão, desqualificar o trabalho dos cientistas e o método científico é o pior que dirigentes obscurantistas poderiam fazer no caso da covid-19.

Um maior respeito pela ciência e pelos cientistas poderá ser uma das consequências mais positivas da tragédia humanitária da crise atual.

PROFESSOR EMÉRITO  E EX-REITOR DA UNIVERSIDADE  DE SÃO PAULO (USP)

Por mais grave que seja a atual pandemia, ela acabará passando, como aconteceu com outras no passado. Nenhuma, porém – nos tempos modernos –, atingiu tantos países e levou a uma paralisação econômica tão profunda, decorrente da imposição de quarentena, que é indispensável para evitar a propagação da doença.

Uma das muitas consequências desta quarentena é a redução do consumo de energia, principalmente no setor de transporte, que representa mais de 25% de toda a energia consumida no mundo.

O que aconteceu no setor do petróleo foi o que se chama “tempestade perfeita”. A demanda diminuiu justamente na ocasião em que havia excesso de produção. O cartel dos grandes produtores – principalmente a Arábia Saudita e a Rússia – não conseguiu fixar cotas de produção, que mantinham o resto do mundo refém do petróleo que produzia. O preço do petróleo não decorria dos custos de produção, era fixado arbitrariamente para suportar a economia dos regimes políticos e sociais dos países-membros do cartel. Como consequência da falta de acordo dos produtores, o preço do barril de petróleo caiu de cerca de US$ 80 o barril para menos de US$ 20. No mundo pós covid-19 ele dificilmente voltará aos níveis anteriores, pois grande número de empresas e pessoas descobriram que home office funciona e o mesmo aconteceu com o ensino a distância, além do comércio eletrônico.

A necessidade de deslocamentos vai se reduzir permanentemente, com claros benefícios para a qualidade do ar nos grandes centros urbanos, como as fotografias dos satélites nos mostram. Os benefícios para a saúde, com a diminuição das doenças respiratórias, não foram quantificados ainda, mas certamente ocorrerão. Além disso, as emissões de gases de efeito estufa, cuja redução já se está verificando, não voltarão aos níveis anteriores, o que dará mais tempo para a adoção de medidas de adaptação ao aquecimento global.

O sonho dos ambientalistas de reduzir o consumo de petróleo parece tornar-se realidade graças à covid-19.

O que não vai se reduzir, provavelmente, é o consumo de eletricidade, porque as atividades domésticas (incluindo o home office) requerem mais eletricidade. Daí os grandes planos, já propostos nos Estados Unidos, para aumentar a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Nos pacotes de recuperação econômica que estão sendo adotados naquele país, esse é um ingrediente importante.

No Brasil, perderão prioridade as ideias de que o País poderia ser um grande exportador de petróleo, uma vez que produzi-lo do pré-sal custa muito mais do que na Arábia Saudita. Esperar que os royalties da produção de petróleo “salvem” a economia de vários Estados, como o Rio de Janeiro, provavelmente será em vão.

Mais grave ainda, a produção de etanol da cana-de-açúcar – com todas as vantagens ambientais que tem – vai ser afetada seriamente, mas talvez force o setor a fazer duas coisas que deveria ter feito no passado e não fez:

• Instalar grandes reservatórios para estocar etanol, que seria, então, disponível o ano todo, o que permitiria fazer contratos para exportação de longo prazo, o que o setor nunca fez, preferindo vender o álcool no mercado spot.

• Investir pesadamente em pesquisa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, que deixou de crescer há vários anos. Essa seria a única forma de baixar os custos do etanol, que poderia, então, competir melhor com a gasolina a preços baixos.

O movimento ambiental pós-covid-19 enfrentará também dilemas sérios, pois a urgência de atacar problemas ligados à saúde, como saneamento básico, vai aumentar. As preocupações com mudanças climáticas – que só se concretizarão a logo prazo – parecerão menos prioritárias.

Diante da tragédia causada pela covid-19 há, contudo, expectativas de importantes modificações nas percepções das sociedades atingidas, com reflexos culturais e políticos positivos.

Essas expectativas se baseiam na condução exemplar da crise por governantes como Angela Merkel, na Alemanha, que adotou políticas públicas que reduziram consideravelmente o número de vítimas, em contraste com outros dirigentes, como o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos – e seus seguidores, como o presidente do nosso país –, que minimizaram a gravidade do problema do isolamento social. Angela Merkel percebeu o vulto do problema antes dos outros e preparou seu país para enfrentar a crise, seguindo rigorosamente as estratégias recomendadas por seus cientistas.

É notório que, ao enfrentar problemas complexos, há incertezas e pode haver divergências entre os cientistas, mas a própria natureza do método científico corrige esses problemas. A experiência acaba eliminando as teorias incorretas. Por essa razão, desqualificar o trabalho dos cientistas e o método científico é o pior que dirigentes obscurantistas poderiam fazer no caso da covid-19.

Um maior respeito pela ciência e pelos cientistas poderá ser uma das consequências mais positivas da tragédia humanitária da crise atual.

PROFESSOR EMÉRITO  E EX-REITOR DA UNIVERSIDADE  DE SÃO PAULO (USP)

Por mais grave que seja a atual pandemia, ela acabará passando, como aconteceu com outras no passado. Nenhuma, porém – nos tempos modernos –, atingiu tantos países e levou a uma paralisação econômica tão profunda, decorrente da imposição de quarentena, que é indispensável para evitar a propagação da doença.

Uma das muitas consequências desta quarentena é a redução do consumo de energia, principalmente no setor de transporte, que representa mais de 25% de toda a energia consumida no mundo.

O que aconteceu no setor do petróleo foi o que se chama “tempestade perfeita”. A demanda diminuiu justamente na ocasião em que havia excesso de produção. O cartel dos grandes produtores – principalmente a Arábia Saudita e a Rússia – não conseguiu fixar cotas de produção, que mantinham o resto do mundo refém do petróleo que produzia. O preço do petróleo não decorria dos custos de produção, era fixado arbitrariamente para suportar a economia dos regimes políticos e sociais dos países-membros do cartel. Como consequência da falta de acordo dos produtores, o preço do barril de petróleo caiu de cerca de US$ 80 o barril para menos de US$ 20. No mundo pós covid-19 ele dificilmente voltará aos níveis anteriores, pois grande número de empresas e pessoas descobriram que home office funciona e o mesmo aconteceu com o ensino a distância, além do comércio eletrônico.

A necessidade de deslocamentos vai se reduzir permanentemente, com claros benefícios para a qualidade do ar nos grandes centros urbanos, como as fotografias dos satélites nos mostram. Os benefícios para a saúde, com a diminuição das doenças respiratórias, não foram quantificados ainda, mas certamente ocorrerão. Além disso, as emissões de gases de efeito estufa, cuja redução já se está verificando, não voltarão aos níveis anteriores, o que dará mais tempo para a adoção de medidas de adaptação ao aquecimento global.

O sonho dos ambientalistas de reduzir o consumo de petróleo parece tornar-se realidade graças à covid-19.

O que não vai se reduzir, provavelmente, é o consumo de eletricidade, porque as atividades domésticas (incluindo o home office) requerem mais eletricidade. Daí os grandes planos, já propostos nos Estados Unidos, para aumentar a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Nos pacotes de recuperação econômica que estão sendo adotados naquele país, esse é um ingrediente importante.

No Brasil, perderão prioridade as ideias de que o País poderia ser um grande exportador de petróleo, uma vez que produzi-lo do pré-sal custa muito mais do que na Arábia Saudita. Esperar que os royalties da produção de petróleo “salvem” a economia de vários Estados, como o Rio de Janeiro, provavelmente será em vão.

Mais grave ainda, a produção de etanol da cana-de-açúcar – com todas as vantagens ambientais que tem – vai ser afetada seriamente, mas talvez force o setor a fazer duas coisas que deveria ter feito no passado e não fez:

• Instalar grandes reservatórios para estocar etanol, que seria, então, disponível o ano todo, o que permitiria fazer contratos para exportação de longo prazo, o que o setor nunca fez, preferindo vender o álcool no mercado spot.

• Investir pesadamente em pesquisa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, que deixou de crescer há vários anos. Essa seria a única forma de baixar os custos do etanol, que poderia, então, competir melhor com a gasolina a preços baixos.

O movimento ambiental pós-covid-19 enfrentará também dilemas sérios, pois a urgência de atacar problemas ligados à saúde, como saneamento básico, vai aumentar. As preocupações com mudanças climáticas – que só se concretizarão a logo prazo – parecerão menos prioritárias.

Diante da tragédia causada pela covid-19 há, contudo, expectativas de importantes modificações nas percepções das sociedades atingidas, com reflexos culturais e políticos positivos.

Essas expectativas se baseiam na condução exemplar da crise por governantes como Angela Merkel, na Alemanha, que adotou políticas públicas que reduziram consideravelmente o número de vítimas, em contraste com outros dirigentes, como o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos – e seus seguidores, como o presidente do nosso país –, que minimizaram a gravidade do problema do isolamento social. Angela Merkel percebeu o vulto do problema antes dos outros e preparou seu país para enfrentar a crise, seguindo rigorosamente as estratégias recomendadas por seus cientistas.

É notório que, ao enfrentar problemas complexos, há incertezas e pode haver divergências entre os cientistas, mas a própria natureza do método científico corrige esses problemas. A experiência acaba eliminando as teorias incorretas. Por essa razão, desqualificar o trabalho dos cientistas e o método científico é o pior que dirigentes obscurantistas poderiam fazer no caso da covid-19.

Um maior respeito pela ciência e pelos cientistas poderá ser uma das consequências mais positivas da tragédia humanitária da crise atual.

PROFESSOR EMÉRITO  E EX-REITOR DA UNIVERSIDADE  DE SÃO PAULO (USP)

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