Opinião|Fome, insegurança alimentar e crise climática na Amazônia


É fundamental reconhecer a complexidade da relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar e adotar medidas que promovam a segurança e a soberania alimentar e a sustentabilidade ambiental

Por Carlos Alberto de Sousa Cardoso

Os dados do Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (Adapta Brasil) descrevem um cenário em que mais da metade dos municípios da Amazônia Legal não tem condições e estruturas mínimas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. Essa situação contribui significativamente para o aumento da vulnerabilidade e da insegurança alimentar das comunidades da região. A Amazônia é uma área de grande importância para a produção de alimentos, tanto para consumo interno quanto para exportação.

As mudanças climáticas têm um impacto significativo na segurança alimentar em todo o mundo. As alterações nos padrões climáticos, como secas prolongadas, inundações, frio intenso, calor intenso e outros eventos extremos, afetam a produção e a disponibilidade de alimentos. Além disso, as mudanças climáticas podem levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos negativos na agricultura.

Quando a produção de alimentos diminui, os preços dos alimentos aumentam e a disponibilidade de alimentos é reduzida, levando à fome e à desnutrição. Além disso, a insegurança alimentar pode levar à pobreza, à migração forçada e a conflitos por terra com o avanço do agronegócio sobre áreas de produção agrícola familiar camponesa e indígena.

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Para enfrentar esse desafio, são necessárias medidas que busquem garantir a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental, como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a promoção da adaptação ao clima. Além disso, é essencial fortalecer a resiliência das comunidades vulneráveis, especialmente por meio da promoção da soberania alimentar.

A soberania alimentar envolve o controle da produção e a decisão do que comer por uma sociedade, considerando inclusive seus aspectos culturais. Isso significa que as comunidades têm o direito de definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares, de acordo com suas necessidades e tradições locais. Dessa forma, é possível garantir a segurança alimentar e nutricional, promover a agricultura sustentável e a preservação da biodiversidade, além de fortalecer a economia local e reduzir a dependência de sistemas alimentares globalizados e insustentáveis.

A falta de estrutura e de recursos para enfrentar as consequências da crise climática aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais a conflitos, a deslocamentos e a recorrerem a atividades ilegais como o garimpo, por exemplo. Em resumo, é fundamental reconhecer a complexidade da relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar e adotar medidas que promovam a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a soberania alimentar. Somente assim será possível garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

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Dados apontam que a população do campo é proporcionalmente mais atingida pela insegurança alimentar, em comparação com a urbana. Isso significa que os pequenos agricultores estão comendo menos do que precisam. O quadro mais grave ocorre nas zonas rurais do Norte brasileiro. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), na macrorregião que abriga 80% da Amazônia a insegurança alimentar grave e a moderada estão presentes em 54,6% dos lares de agricultores familiares.

Contudo, a Amazônia é uma das regiões mais vastas do planeta, com uma grande diversidade de relevos e biomas e problemas logísticos de transporte ainda a serem enfrentados, o que muitas vezes impede que o agricultor familiar ou o agricultor indígena escoe sua produção ou fique impedido de produzir por todos esses problemas. Também é importante registrar que, quanto mais o capitalismo avança sobre o campo, com o aprofundamento da industrialização da agricultura e a expansão do agronegócio, pior se torna a alimentação do agricultor de base familiar, e a Amazônia atualmente é o espaço do avanço do capital e do agronegócio.

É importante destacar também que a insegurança alimentar não é apenas uma questão de quantidade de alimentos, mas também de qualidade e diversidade nutricional. É fundamental que políticas públicas sejam construídas e promovidas para que garantam o acesso desses agricultores a recursos e técnicas que permitam o encontro dos conhecimentos científicos e tradicionais, pois foi exatamente a supervalorização da tecnologia que levou muitos agricultores à beira da fome. Do mesmo modo, é necessário garantir a infraestrutura necessária para a produção e comercialização de seus produtos. Além disso, é importante promover a diversificação agrícola e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, agroecológicas e sistemas agroflorestais que possam aumentar a produção de alimentos e melhorar a qualidade nutricional da dieta dos agricultores familiares e de suas famílias.

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Para finalizar, seria importante observar um último aspecto. Muito embora tenha-se destacado ao longo do texto a situação de insegurança alimentar na Amazônia, deve-se considerar que, por causa de sua própria diversidade de culturas, ambientes naturais e cosmovisão de seus povos, o extremo do Norte do País necessita de uma visão mais localizada. Isso porque muitas vezes o que os índices sociais apontam como pobreza são, na verdade, modos de vida distintos daqueles das áreas urbanas que seguem um padrão de cultura ocidentalizada.

*

PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), É PESQUISADOR PARCEIRO DA CAMPANHA AMAZÔNIA SEM FOME DA REPAM-BRASIL

Os dados do Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (Adapta Brasil) descrevem um cenário em que mais da metade dos municípios da Amazônia Legal não tem condições e estruturas mínimas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. Essa situação contribui significativamente para o aumento da vulnerabilidade e da insegurança alimentar das comunidades da região. A Amazônia é uma área de grande importância para a produção de alimentos, tanto para consumo interno quanto para exportação.

As mudanças climáticas têm um impacto significativo na segurança alimentar em todo o mundo. As alterações nos padrões climáticos, como secas prolongadas, inundações, frio intenso, calor intenso e outros eventos extremos, afetam a produção e a disponibilidade de alimentos. Além disso, as mudanças climáticas podem levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos negativos na agricultura.

Quando a produção de alimentos diminui, os preços dos alimentos aumentam e a disponibilidade de alimentos é reduzida, levando à fome e à desnutrição. Além disso, a insegurança alimentar pode levar à pobreza, à migração forçada e a conflitos por terra com o avanço do agronegócio sobre áreas de produção agrícola familiar camponesa e indígena.

Para enfrentar esse desafio, são necessárias medidas que busquem garantir a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental, como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a promoção da adaptação ao clima. Além disso, é essencial fortalecer a resiliência das comunidades vulneráveis, especialmente por meio da promoção da soberania alimentar.

A soberania alimentar envolve o controle da produção e a decisão do que comer por uma sociedade, considerando inclusive seus aspectos culturais. Isso significa que as comunidades têm o direito de definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares, de acordo com suas necessidades e tradições locais. Dessa forma, é possível garantir a segurança alimentar e nutricional, promover a agricultura sustentável e a preservação da biodiversidade, além de fortalecer a economia local e reduzir a dependência de sistemas alimentares globalizados e insustentáveis.

A falta de estrutura e de recursos para enfrentar as consequências da crise climática aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais a conflitos, a deslocamentos e a recorrerem a atividades ilegais como o garimpo, por exemplo. Em resumo, é fundamental reconhecer a complexidade da relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar e adotar medidas que promovam a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a soberania alimentar. Somente assim será possível garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Dados apontam que a população do campo é proporcionalmente mais atingida pela insegurança alimentar, em comparação com a urbana. Isso significa que os pequenos agricultores estão comendo menos do que precisam. O quadro mais grave ocorre nas zonas rurais do Norte brasileiro. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), na macrorregião que abriga 80% da Amazônia a insegurança alimentar grave e a moderada estão presentes em 54,6% dos lares de agricultores familiares.

Contudo, a Amazônia é uma das regiões mais vastas do planeta, com uma grande diversidade de relevos e biomas e problemas logísticos de transporte ainda a serem enfrentados, o que muitas vezes impede que o agricultor familiar ou o agricultor indígena escoe sua produção ou fique impedido de produzir por todos esses problemas. Também é importante registrar que, quanto mais o capitalismo avança sobre o campo, com o aprofundamento da industrialização da agricultura e a expansão do agronegócio, pior se torna a alimentação do agricultor de base familiar, e a Amazônia atualmente é o espaço do avanço do capital e do agronegócio.

É importante destacar também que a insegurança alimentar não é apenas uma questão de quantidade de alimentos, mas também de qualidade e diversidade nutricional. É fundamental que políticas públicas sejam construídas e promovidas para que garantam o acesso desses agricultores a recursos e técnicas que permitam o encontro dos conhecimentos científicos e tradicionais, pois foi exatamente a supervalorização da tecnologia que levou muitos agricultores à beira da fome. Do mesmo modo, é necessário garantir a infraestrutura necessária para a produção e comercialização de seus produtos. Além disso, é importante promover a diversificação agrícola e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, agroecológicas e sistemas agroflorestais que possam aumentar a produção de alimentos e melhorar a qualidade nutricional da dieta dos agricultores familiares e de suas famílias.

Para finalizar, seria importante observar um último aspecto. Muito embora tenha-se destacado ao longo do texto a situação de insegurança alimentar na Amazônia, deve-se considerar que, por causa de sua própria diversidade de culturas, ambientes naturais e cosmovisão de seus povos, o extremo do Norte do País necessita de uma visão mais localizada. Isso porque muitas vezes o que os índices sociais apontam como pobreza são, na verdade, modos de vida distintos daqueles das áreas urbanas que seguem um padrão de cultura ocidentalizada.

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PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), É PESQUISADOR PARCEIRO DA CAMPANHA AMAZÔNIA SEM FOME DA REPAM-BRASIL

Os dados do Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (Adapta Brasil) descrevem um cenário em que mais da metade dos municípios da Amazônia Legal não tem condições e estruturas mínimas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. Essa situação contribui significativamente para o aumento da vulnerabilidade e da insegurança alimentar das comunidades da região. A Amazônia é uma área de grande importância para a produção de alimentos, tanto para consumo interno quanto para exportação.

As mudanças climáticas têm um impacto significativo na segurança alimentar em todo o mundo. As alterações nos padrões climáticos, como secas prolongadas, inundações, frio intenso, calor intenso e outros eventos extremos, afetam a produção e a disponibilidade de alimentos. Além disso, as mudanças climáticas podem levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos negativos na agricultura.

Quando a produção de alimentos diminui, os preços dos alimentos aumentam e a disponibilidade de alimentos é reduzida, levando à fome e à desnutrição. Além disso, a insegurança alimentar pode levar à pobreza, à migração forçada e a conflitos por terra com o avanço do agronegócio sobre áreas de produção agrícola familiar camponesa e indígena.

Para enfrentar esse desafio, são necessárias medidas que busquem garantir a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental, como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a promoção da adaptação ao clima. Além disso, é essencial fortalecer a resiliência das comunidades vulneráveis, especialmente por meio da promoção da soberania alimentar.

A soberania alimentar envolve o controle da produção e a decisão do que comer por uma sociedade, considerando inclusive seus aspectos culturais. Isso significa que as comunidades têm o direito de definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares, de acordo com suas necessidades e tradições locais. Dessa forma, é possível garantir a segurança alimentar e nutricional, promover a agricultura sustentável e a preservação da biodiversidade, além de fortalecer a economia local e reduzir a dependência de sistemas alimentares globalizados e insustentáveis.

A falta de estrutura e de recursos para enfrentar as consequências da crise climática aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais a conflitos, a deslocamentos e a recorrerem a atividades ilegais como o garimpo, por exemplo. Em resumo, é fundamental reconhecer a complexidade da relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar e adotar medidas que promovam a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a soberania alimentar. Somente assim será possível garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Dados apontam que a população do campo é proporcionalmente mais atingida pela insegurança alimentar, em comparação com a urbana. Isso significa que os pequenos agricultores estão comendo menos do que precisam. O quadro mais grave ocorre nas zonas rurais do Norte brasileiro. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), na macrorregião que abriga 80% da Amazônia a insegurança alimentar grave e a moderada estão presentes em 54,6% dos lares de agricultores familiares.

Contudo, a Amazônia é uma das regiões mais vastas do planeta, com uma grande diversidade de relevos e biomas e problemas logísticos de transporte ainda a serem enfrentados, o que muitas vezes impede que o agricultor familiar ou o agricultor indígena escoe sua produção ou fique impedido de produzir por todos esses problemas. Também é importante registrar que, quanto mais o capitalismo avança sobre o campo, com o aprofundamento da industrialização da agricultura e a expansão do agronegócio, pior se torna a alimentação do agricultor de base familiar, e a Amazônia atualmente é o espaço do avanço do capital e do agronegócio.

É importante destacar também que a insegurança alimentar não é apenas uma questão de quantidade de alimentos, mas também de qualidade e diversidade nutricional. É fundamental que políticas públicas sejam construídas e promovidas para que garantam o acesso desses agricultores a recursos e técnicas que permitam o encontro dos conhecimentos científicos e tradicionais, pois foi exatamente a supervalorização da tecnologia que levou muitos agricultores à beira da fome. Do mesmo modo, é necessário garantir a infraestrutura necessária para a produção e comercialização de seus produtos. Além disso, é importante promover a diversificação agrícola e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, agroecológicas e sistemas agroflorestais que possam aumentar a produção de alimentos e melhorar a qualidade nutricional da dieta dos agricultores familiares e de suas famílias.

Para finalizar, seria importante observar um último aspecto. Muito embora tenha-se destacado ao longo do texto a situação de insegurança alimentar na Amazônia, deve-se considerar que, por causa de sua própria diversidade de culturas, ambientes naturais e cosmovisão de seus povos, o extremo do Norte do País necessita de uma visão mais localizada. Isso porque muitas vezes o que os índices sociais apontam como pobreza são, na verdade, modos de vida distintos daqueles das áreas urbanas que seguem um padrão de cultura ocidentalizada.

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PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), É PESQUISADOR PARCEIRO DA CAMPANHA AMAZÔNIA SEM FOME DA REPAM-BRASIL

Os dados do Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (Adapta Brasil) descrevem um cenário em que mais da metade dos municípios da Amazônia Legal não tem condições e estruturas mínimas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. Essa situação contribui significativamente para o aumento da vulnerabilidade e da insegurança alimentar das comunidades da região. A Amazônia é uma área de grande importância para a produção de alimentos, tanto para consumo interno quanto para exportação.

As mudanças climáticas têm um impacto significativo na segurança alimentar em todo o mundo. As alterações nos padrões climáticos, como secas prolongadas, inundações, frio intenso, calor intenso e outros eventos extremos, afetam a produção e a disponibilidade de alimentos. Além disso, as mudanças climáticas podem levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos negativos na agricultura.

Quando a produção de alimentos diminui, os preços dos alimentos aumentam e a disponibilidade de alimentos é reduzida, levando à fome e à desnutrição. Além disso, a insegurança alimentar pode levar à pobreza, à migração forçada e a conflitos por terra com o avanço do agronegócio sobre áreas de produção agrícola familiar camponesa e indígena.

Para enfrentar esse desafio, são necessárias medidas que busquem garantir a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental, como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a promoção da adaptação ao clima. Além disso, é essencial fortalecer a resiliência das comunidades vulneráveis, especialmente por meio da promoção da soberania alimentar.

A soberania alimentar envolve o controle da produção e a decisão do que comer por uma sociedade, considerando inclusive seus aspectos culturais. Isso significa que as comunidades têm o direito de definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares, de acordo com suas necessidades e tradições locais. Dessa forma, é possível garantir a segurança alimentar e nutricional, promover a agricultura sustentável e a preservação da biodiversidade, além de fortalecer a economia local e reduzir a dependência de sistemas alimentares globalizados e insustentáveis.

A falta de estrutura e de recursos para enfrentar as consequências da crise climática aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais a conflitos, a deslocamentos e a recorrerem a atividades ilegais como o garimpo, por exemplo. Em resumo, é fundamental reconhecer a complexidade da relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar e adotar medidas que promovam a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a soberania alimentar. Somente assim será possível garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Dados apontam que a população do campo é proporcionalmente mais atingida pela insegurança alimentar, em comparação com a urbana. Isso significa que os pequenos agricultores estão comendo menos do que precisam. O quadro mais grave ocorre nas zonas rurais do Norte brasileiro. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), na macrorregião que abriga 80% da Amazônia a insegurança alimentar grave e a moderada estão presentes em 54,6% dos lares de agricultores familiares.

Contudo, a Amazônia é uma das regiões mais vastas do planeta, com uma grande diversidade de relevos e biomas e problemas logísticos de transporte ainda a serem enfrentados, o que muitas vezes impede que o agricultor familiar ou o agricultor indígena escoe sua produção ou fique impedido de produzir por todos esses problemas. Também é importante registrar que, quanto mais o capitalismo avança sobre o campo, com o aprofundamento da industrialização da agricultura e a expansão do agronegócio, pior se torna a alimentação do agricultor de base familiar, e a Amazônia atualmente é o espaço do avanço do capital e do agronegócio.

É importante destacar também que a insegurança alimentar não é apenas uma questão de quantidade de alimentos, mas também de qualidade e diversidade nutricional. É fundamental que políticas públicas sejam construídas e promovidas para que garantam o acesso desses agricultores a recursos e técnicas que permitam o encontro dos conhecimentos científicos e tradicionais, pois foi exatamente a supervalorização da tecnologia que levou muitos agricultores à beira da fome. Do mesmo modo, é necessário garantir a infraestrutura necessária para a produção e comercialização de seus produtos. Além disso, é importante promover a diversificação agrícola e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, agroecológicas e sistemas agroflorestais que possam aumentar a produção de alimentos e melhorar a qualidade nutricional da dieta dos agricultores familiares e de suas famílias.

Para finalizar, seria importante observar um último aspecto. Muito embora tenha-se destacado ao longo do texto a situação de insegurança alimentar na Amazônia, deve-se considerar que, por causa de sua própria diversidade de culturas, ambientes naturais e cosmovisão de seus povos, o extremo do Norte do País necessita de uma visão mais localizada. Isso porque muitas vezes o que os índices sociais apontam como pobreza são, na verdade, modos de vida distintos daqueles das áreas urbanas que seguem um padrão de cultura ocidentalizada.

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PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), É PESQUISADOR PARCEIRO DA CAMPANHA AMAZÔNIA SEM FOME DA REPAM-BRASIL

Opinião por Carlos Alberto de Sousa Cardoso

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