Opinião|Hidrogênio verde: verdades e mentiras


Neoindustrialização verde depende de o País conseguir desenvolver a nova cadeia produtiva do hidrogênio e não se limitar a exportar energia em forma de molécula

Por Paulo Alvarenga

Primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é uma realidade a ser combatida. É, sim, uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos e empresas em todo o mundo.

Estratégias isoladas para redução de emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris sem a devida mudança na matriz energética global, na qual quase 80% corresponde à energia molecular oriunda de fontes fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Para substituí-las, a tecnologia mais madura para uso em larga escala é o hidrogênio verde. E o mundo vai precisar de mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais para produzir o hidrogênio verde necessário, o que equivale a construir 600 Itaipus nos próximos 30 anos! Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para produção de amônia, principal molécula para transporte intercontinental do hidrogênio e matéria-prima para produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

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Assim, quando se discutem rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, diante da magnitude da demanda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade e competitividade. Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil tem potencial na escala necessária e custos marginais entre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente, pode produzir hidrogênio verde entre os mais competitivos globalmente.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas no Brasil, como o hidrogênio azul, de origem fóssil, combinado à captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além de a disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser até dez vezes maior do que em países como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Outra vertente é a produção de hidrogênio renovável a partir de etanol ou biomassa. O desafio, aqui, é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, competindo com a produção de alimentos, de forma que tais rotas podem até se tornar um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

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Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende de o Brasil conseguir desenvolver esta nova cadeia produtiva do hidrogênio, que hoje só é viável com o hidrogênio verde, e não se limitar a exportar energia em forma de molécula, que é benéfico, mas não é transformador; e pode ser.

Essa conclusão é tão evidente que nações desenvolvidas como Estados Unidos e países da União Europeia lançaram iniciativas específicas objetivando a criar suas próprias cadeias de fornecimento e, consequentemente, assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo. Está dando resultado para eles, pois já estamos testemunhando a fuga de grandes projetos do Brasil para os Estados Unidos em razão disso.

Para contrapor essas iniciativas com as limitações inerentes à nossa situação fiscal, temos experiências de sucesso de regulação, como a adoção da mistura do etanol à gasolina e, mais recentemente, com o biodiesel. O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural, criando mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira aos investimentos e viabilizam de fato um novo setor industrial.

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Também são um fator condicionante a forte expansão da geração de energia elétrica renovável e a ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado custo do fio praticamente dobra o custo da energia, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para a realidade concreta, que, enfim, vai alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado, que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

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CEO DA THYSSENKRUPP AMÉRICA DO SUL, PRESIDENTE DA CÂMARA BRASIL-ALEMANHA (AHK), É MEMBRO DO CONSELHO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO HIDROGÊNIO VERDE (ABIHV)

Primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é uma realidade a ser combatida. É, sim, uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos e empresas em todo o mundo.

Estratégias isoladas para redução de emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris sem a devida mudança na matriz energética global, na qual quase 80% corresponde à energia molecular oriunda de fontes fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Para substituí-las, a tecnologia mais madura para uso em larga escala é o hidrogênio verde. E o mundo vai precisar de mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais para produzir o hidrogênio verde necessário, o que equivale a construir 600 Itaipus nos próximos 30 anos! Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para produção de amônia, principal molécula para transporte intercontinental do hidrogênio e matéria-prima para produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

Assim, quando se discutem rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, diante da magnitude da demanda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade e competitividade. Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil tem potencial na escala necessária e custos marginais entre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente, pode produzir hidrogênio verde entre os mais competitivos globalmente.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas no Brasil, como o hidrogênio azul, de origem fóssil, combinado à captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além de a disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser até dez vezes maior do que em países como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Outra vertente é a produção de hidrogênio renovável a partir de etanol ou biomassa. O desafio, aqui, é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, competindo com a produção de alimentos, de forma que tais rotas podem até se tornar um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende de o Brasil conseguir desenvolver esta nova cadeia produtiva do hidrogênio, que hoje só é viável com o hidrogênio verde, e não se limitar a exportar energia em forma de molécula, que é benéfico, mas não é transformador; e pode ser.

Essa conclusão é tão evidente que nações desenvolvidas como Estados Unidos e países da União Europeia lançaram iniciativas específicas objetivando a criar suas próprias cadeias de fornecimento e, consequentemente, assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo. Está dando resultado para eles, pois já estamos testemunhando a fuga de grandes projetos do Brasil para os Estados Unidos em razão disso.

Para contrapor essas iniciativas com as limitações inerentes à nossa situação fiscal, temos experiências de sucesso de regulação, como a adoção da mistura do etanol à gasolina e, mais recentemente, com o biodiesel. O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural, criando mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira aos investimentos e viabilizam de fato um novo setor industrial.

Também são um fator condicionante a forte expansão da geração de energia elétrica renovável e a ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado custo do fio praticamente dobra o custo da energia, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para a realidade concreta, que, enfim, vai alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado, que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

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CEO DA THYSSENKRUPP AMÉRICA DO SUL, PRESIDENTE DA CÂMARA BRASIL-ALEMANHA (AHK), É MEMBRO DO CONSELHO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO HIDROGÊNIO VERDE (ABIHV)

Primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é uma realidade a ser combatida. É, sim, uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos e empresas em todo o mundo.

Estratégias isoladas para redução de emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris sem a devida mudança na matriz energética global, na qual quase 80% corresponde à energia molecular oriunda de fontes fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Para substituí-las, a tecnologia mais madura para uso em larga escala é o hidrogênio verde. E o mundo vai precisar de mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais para produzir o hidrogênio verde necessário, o que equivale a construir 600 Itaipus nos próximos 30 anos! Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para produção de amônia, principal molécula para transporte intercontinental do hidrogênio e matéria-prima para produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

Assim, quando se discutem rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, diante da magnitude da demanda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade e competitividade. Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil tem potencial na escala necessária e custos marginais entre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente, pode produzir hidrogênio verde entre os mais competitivos globalmente.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas no Brasil, como o hidrogênio azul, de origem fóssil, combinado à captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além de a disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser até dez vezes maior do que em países como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Outra vertente é a produção de hidrogênio renovável a partir de etanol ou biomassa. O desafio, aqui, é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, competindo com a produção de alimentos, de forma que tais rotas podem até se tornar um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende de o Brasil conseguir desenvolver esta nova cadeia produtiva do hidrogênio, que hoje só é viável com o hidrogênio verde, e não se limitar a exportar energia em forma de molécula, que é benéfico, mas não é transformador; e pode ser.

Essa conclusão é tão evidente que nações desenvolvidas como Estados Unidos e países da União Europeia lançaram iniciativas específicas objetivando a criar suas próprias cadeias de fornecimento e, consequentemente, assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo. Está dando resultado para eles, pois já estamos testemunhando a fuga de grandes projetos do Brasil para os Estados Unidos em razão disso.

Para contrapor essas iniciativas com as limitações inerentes à nossa situação fiscal, temos experiências de sucesso de regulação, como a adoção da mistura do etanol à gasolina e, mais recentemente, com o biodiesel. O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural, criando mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira aos investimentos e viabilizam de fato um novo setor industrial.

Também são um fator condicionante a forte expansão da geração de energia elétrica renovável e a ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado custo do fio praticamente dobra o custo da energia, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para a realidade concreta, que, enfim, vai alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado, que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

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Primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é uma realidade a ser combatida. É, sim, uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos e empresas em todo o mundo.

Estratégias isoladas para redução de emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris sem a devida mudança na matriz energética global, na qual quase 80% corresponde à energia molecular oriunda de fontes fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Para substituí-las, a tecnologia mais madura para uso em larga escala é o hidrogênio verde. E o mundo vai precisar de mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais para produzir o hidrogênio verde necessário, o que equivale a construir 600 Itaipus nos próximos 30 anos! Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para produção de amônia, principal molécula para transporte intercontinental do hidrogênio e matéria-prima para produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

Assim, quando se discutem rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, diante da magnitude da demanda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade e competitividade. Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil tem potencial na escala necessária e custos marginais entre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente, pode produzir hidrogênio verde entre os mais competitivos globalmente.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas no Brasil, como o hidrogênio azul, de origem fóssil, combinado à captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além de a disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser até dez vezes maior do que em países como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Outra vertente é a produção de hidrogênio renovável a partir de etanol ou biomassa. O desafio, aqui, é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, competindo com a produção de alimentos, de forma que tais rotas podem até se tornar um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende de o Brasil conseguir desenvolver esta nova cadeia produtiva do hidrogênio, que hoje só é viável com o hidrogênio verde, e não se limitar a exportar energia em forma de molécula, que é benéfico, mas não é transformador; e pode ser.

Essa conclusão é tão evidente que nações desenvolvidas como Estados Unidos e países da União Europeia lançaram iniciativas específicas objetivando a criar suas próprias cadeias de fornecimento e, consequentemente, assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo. Está dando resultado para eles, pois já estamos testemunhando a fuga de grandes projetos do Brasil para os Estados Unidos em razão disso.

Para contrapor essas iniciativas com as limitações inerentes à nossa situação fiscal, temos experiências de sucesso de regulação, como a adoção da mistura do etanol à gasolina e, mais recentemente, com o biodiesel. O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural, criando mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira aos investimentos e viabilizam de fato um novo setor industrial.

Também são um fator condicionante a forte expansão da geração de energia elétrica renovável e a ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado custo do fio praticamente dobra o custo da energia, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para a realidade concreta, que, enfim, vai alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado, que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

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CEO DA THYSSENKRUPP AMÉRICA DO SUL, PRESIDENTE DA CÂMARA BRASIL-ALEMANHA (AHK), É MEMBRO DO CONSELHO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO HIDROGÊNIO VERDE (ABIHV)

Primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é uma realidade a ser combatida. É, sim, uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos e empresas em todo o mundo.

Estratégias isoladas para redução de emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris sem a devida mudança na matriz energética global, na qual quase 80% corresponde à energia molecular oriunda de fontes fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Para substituí-las, a tecnologia mais madura para uso em larga escala é o hidrogênio verde. E o mundo vai precisar de mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais para produzir o hidrogênio verde necessário, o que equivale a construir 600 Itaipus nos próximos 30 anos! Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para produção de amônia, principal molécula para transporte intercontinental do hidrogênio e matéria-prima para produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

Assim, quando se discutem rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, diante da magnitude da demanda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade e competitividade. Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil tem potencial na escala necessária e custos marginais entre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente, pode produzir hidrogênio verde entre os mais competitivos globalmente.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas no Brasil, como o hidrogênio azul, de origem fóssil, combinado à captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além de a disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser até dez vezes maior do que em países como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Outra vertente é a produção de hidrogênio renovável a partir de etanol ou biomassa. O desafio, aqui, é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, competindo com a produção de alimentos, de forma que tais rotas podem até se tornar um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende de o Brasil conseguir desenvolver esta nova cadeia produtiva do hidrogênio, que hoje só é viável com o hidrogênio verde, e não se limitar a exportar energia em forma de molécula, que é benéfico, mas não é transformador; e pode ser.

Essa conclusão é tão evidente que nações desenvolvidas como Estados Unidos e países da União Europeia lançaram iniciativas específicas objetivando a criar suas próprias cadeias de fornecimento e, consequentemente, assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo. Está dando resultado para eles, pois já estamos testemunhando a fuga de grandes projetos do Brasil para os Estados Unidos em razão disso.

Para contrapor essas iniciativas com as limitações inerentes à nossa situação fiscal, temos experiências de sucesso de regulação, como a adoção da mistura do etanol à gasolina e, mais recentemente, com o biodiesel. O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural, criando mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira aos investimentos e viabilizam de fato um novo setor industrial.

Também são um fator condicionante a forte expansão da geração de energia elétrica renovável e a ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado custo do fio praticamente dobra o custo da energia, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para a realidade concreta, que, enfim, vai alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado, que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

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CEO DA THYSSENKRUPP AMÉRICA DO SUL, PRESIDENTE DA CÂMARA BRASIL-ALEMANHA (AHK), É MEMBRO DO CONSELHO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO HIDROGÊNIO VERDE (ABIHV)

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