Opinião|Lições de um grande evento sobre educação


Papel do professor é transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, o que a máquina é incapaz de produzir, pois não é dotada de sabedoria

Por Roberto Macedo e Wilson Victorio Rodrigues

Nos dias 8 e 10 deste mês aconteceu em Valência, na Espanha, um dos maiores eventos educacionais do mundo, o V Encontro Internacional de Reitores, promovido pela Universia Santander, e participou do evento o coautor deste artigo, Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), ligada à centenária Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A sociedade global enfrenta hoje um contexto complexo, com grandes desafios como a transformação digital, a inteligência artificial, a emergência climática, as fake news e a desigualdade social, e a universidade tem um papel fundamental nisso, pois é a grande provedora de recursos humanos que atuam nesse contexto, tornando-se, pois, crucial discutir o papel dos professores e alunos do século 21.

O evento foi aberto pelo presidente da Espanha, pelo secretário-geral da ONU e pela presidente do Santander. A palestra inaugural foi de Tim Berners-Lee, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), inventor da world wide web (www, teia de alcance mundial), que opinou sobre a inteligência artificial. Na sequência, ocorreram o painel A contribuição da universidade para a revolução tecnológica e outros encontros sobre inovação e empreendedorismo nas universidades.

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No entanto, o ponto focal do evento foi entender o papel do professor neste mundo em que a vida física se confunde com a realidade virtual e objetos se reúnem e trocam informações através da internet, neste conceito denominado internet das coisas. Também foi o momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial. Igualmente, foi momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial, recentemente ampliada ainda mais pelo ChatGPT, que funciona a partir do imenso conjunto de informações disponíveis na internet.

Foi unânime entre os palestrantes a ideia de que atualmente o verdadeiro papel do professor é o de transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, conhecimentos que a máquina é incapaz de produzir, pois, apesar de inteligente, não é dotada de sabedoria.

Noutras palavras: as ferramentas digitais, justamente porque se baseiam no big data (um conjunto quase infindável de informações), têm vantagem enorme sobre o ser humano no que tange à reunião delas. Nenhum professor jamais conseguirá competir com essas ferramentas em matéria de informação, mas poderá exercer um papel imprescindível na vida de qualquer jovem em matéria de formação, transmitindo-lhe lições e experiências que possam desenvolver as soft skills, isto é, as habilidades comportamentais, tão necessárias à vida pessoal, social e profissional.

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Isso já foi analisado por estudiosos da educação. Pode-se citar o educador Francisco Faus, em seu livro A Conquista das Virtudes, em que ensina que “(...) as virtudes se adquirem, em primeiro lugar, pela educação. Ora, educação aqui não tem o sentido limitado de ‘instrução’, preparo técnico, escolaridade. Traduz-se melhor por formação: formação moral, formação nas virtudes”. Assim, diante de uma realidade em que a inteligência artificial e todas as demais ferramentas digitais são capazes de entregar informações, é papel da educação formar seres humanos que dominem as virtudes mais básicas: resiliência, honestidade, temperança, cortesia, paciência, compreensão. Sem isso, produzir-se-á um déficit comportamental muito mais grave do que qualquer insuficiência intelectual.

Esta nova abordagem educacional é desafiadora também para os alunos. Vale lembrar o que disse o famoso economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-reitor da Universidade Harvard, também presente ao evento, ao se referir a alunos daquela instituição: “(...) não era raro ouvir relatos de incômodos que sentiam nas aulas, porque educação tem de ser algo que te desafia, algo que não tinha pensado antes. Se você quiser se sentir cômodo, sugiro que não venha a uma universidade como a nossa, e fique trancado na casa de seus pais”.

Num mundo apegado à inteligência artificial, que substituirá trabalhos meramente técnicos, provando estar ultrapassada a educação tecnicista, os seres humanos que se destacarão na sociedade serão aqueles dotados de habilidades socioemocionais, capazes de criar, empreender e articular tarefas que direcionem ferramentas tecnológicas e grupos sociais para a melhoria da vida humana e do meio ambiente.

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Mas as escolas brasileiras estão preparadas para este novo cenário? Não. No Brasil ainda impera a defasada visão tecnicista da educação, em que professores ensinam fórmulas e teorias e exigem que os alunos decorem informações que estão disponíveis na internet. É necessário que qualifiquemos os nossos professores para que eles formem seres humanos ricos em vida interior, pois é essa elevação que melhor completa a grandeza humana.

*

SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR; E DIRETOR ACADÊMICO E DIRETOR-GERAL DA FACULDADE DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO (FAC-SP), VICE-PRESIDENTE DA ACSP

Nos dias 8 e 10 deste mês aconteceu em Valência, na Espanha, um dos maiores eventos educacionais do mundo, o V Encontro Internacional de Reitores, promovido pela Universia Santander, e participou do evento o coautor deste artigo, Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), ligada à centenária Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A sociedade global enfrenta hoje um contexto complexo, com grandes desafios como a transformação digital, a inteligência artificial, a emergência climática, as fake news e a desigualdade social, e a universidade tem um papel fundamental nisso, pois é a grande provedora de recursos humanos que atuam nesse contexto, tornando-se, pois, crucial discutir o papel dos professores e alunos do século 21.

O evento foi aberto pelo presidente da Espanha, pelo secretário-geral da ONU e pela presidente do Santander. A palestra inaugural foi de Tim Berners-Lee, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), inventor da world wide web (www, teia de alcance mundial), que opinou sobre a inteligência artificial. Na sequência, ocorreram o painel A contribuição da universidade para a revolução tecnológica e outros encontros sobre inovação e empreendedorismo nas universidades.

No entanto, o ponto focal do evento foi entender o papel do professor neste mundo em que a vida física se confunde com a realidade virtual e objetos se reúnem e trocam informações através da internet, neste conceito denominado internet das coisas. Também foi o momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial. Igualmente, foi momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial, recentemente ampliada ainda mais pelo ChatGPT, que funciona a partir do imenso conjunto de informações disponíveis na internet.

Foi unânime entre os palestrantes a ideia de que atualmente o verdadeiro papel do professor é o de transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, conhecimentos que a máquina é incapaz de produzir, pois, apesar de inteligente, não é dotada de sabedoria.

Noutras palavras: as ferramentas digitais, justamente porque se baseiam no big data (um conjunto quase infindável de informações), têm vantagem enorme sobre o ser humano no que tange à reunião delas. Nenhum professor jamais conseguirá competir com essas ferramentas em matéria de informação, mas poderá exercer um papel imprescindível na vida de qualquer jovem em matéria de formação, transmitindo-lhe lições e experiências que possam desenvolver as soft skills, isto é, as habilidades comportamentais, tão necessárias à vida pessoal, social e profissional.

Isso já foi analisado por estudiosos da educação. Pode-se citar o educador Francisco Faus, em seu livro A Conquista das Virtudes, em que ensina que “(...) as virtudes se adquirem, em primeiro lugar, pela educação. Ora, educação aqui não tem o sentido limitado de ‘instrução’, preparo técnico, escolaridade. Traduz-se melhor por formação: formação moral, formação nas virtudes”. Assim, diante de uma realidade em que a inteligência artificial e todas as demais ferramentas digitais são capazes de entregar informações, é papel da educação formar seres humanos que dominem as virtudes mais básicas: resiliência, honestidade, temperança, cortesia, paciência, compreensão. Sem isso, produzir-se-á um déficit comportamental muito mais grave do que qualquer insuficiência intelectual.

Esta nova abordagem educacional é desafiadora também para os alunos. Vale lembrar o que disse o famoso economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-reitor da Universidade Harvard, também presente ao evento, ao se referir a alunos daquela instituição: “(...) não era raro ouvir relatos de incômodos que sentiam nas aulas, porque educação tem de ser algo que te desafia, algo que não tinha pensado antes. Se você quiser se sentir cômodo, sugiro que não venha a uma universidade como a nossa, e fique trancado na casa de seus pais”.

Num mundo apegado à inteligência artificial, que substituirá trabalhos meramente técnicos, provando estar ultrapassada a educação tecnicista, os seres humanos que se destacarão na sociedade serão aqueles dotados de habilidades socioemocionais, capazes de criar, empreender e articular tarefas que direcionem ferramentas tecnológicas e grupos sociais para a melhoria da vida humana e do meio ambiente.

Mas as escolas brasileiras estão preparadas para este novo cenário? Não. No Brasil ainda impera a defasada visão tecnicista da educação, em que professores ensinam fórmulas e teorias e exigem que os alunos decorem informações que estão disponíveis na internet. É necessário que qualifiquemos os nossos professores para que eles formem seres humanos ricos em vida interior, pois é essa elevação que melhor completa a grandeza humana.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR; E DIRETOR ACADÊMICO E DIRETOR-GERAL DA FACULDADE DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO (FAC-SP), VICE-PRESIDENTE DA ACSP

Nos dias 8 e 10 deste mês aconteceu em Valência, na Espanha, um dos maiores eventos educacionais do mundo, o V Encontro Internacional de Reitores, promovido pela Universia Santander, e participou do evento o coautor deste artigo, Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), ligada à centenária Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A sociedade global enfrenta hoje um contexto complexo, com grandes desafios como a transformação digital, a inteligência artificial, a emergência climática, as fake news e a desigualdade social, e a universidade tem um papel fundamental nisso, pois é a grande provedora de recursos humanos que atuam nesse contexto, tornando-se, pois, crucial discutir o papel dos professores e alunos do século 21.

O evento foi aberto pelo presidente da Espanha, pelo secretário-geral da ONU e pela presidente do Santander. A palestra inaugural foi de Tim Berners-Lee, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), inventor da world wide web (www, teia de alcance mundial), que opinou sobre a inteligência artificial. Na sequência, ocorreram o painel A contribuição da universidade para a revolução tecnológica e outros encontros sobre inovação e empreendedorismo nas universidades.

No entanto, o ponto focal do evento foi entender o papel do professor neste mundo em que a vida física se confunde com a realidade virtual e objetos se reúnem e trocam informações através da internet, neste conceito denominado internet das coisas. Também foi o momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial. Igualmente, foi momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial, recentemente ampliada ainda mais pelo ChatGPT, que funciona a partir do imenso conjunto de informações disponíveis na internet.

Foi unânime entre os palestrantes a ideia de que atualmente o verdadeiro papel do professor é o de transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, conhecimentos que a máquina é incapaz de produzir, pois, apesar de inteligente, não é dotada de sabedoria.

Noutras palavras: as ferramentas digitais, justamente porque se baseiam no big data (um conjunto quase infindável de informações), têm vantagem enorme sobre o ser humano no que tange à reunião delas. Nenhum professor jamais conseguirá competir com essas ferramentas em matéria de informação, mas poderá exercer um papel imprescindível na vida de qualquer jovem em matéria de formação, transmitindo-lhe lições e experiências que possam desenvolver as soft skills, isto é, as habilidades comportamentais, tão necessárias à vida pessoal, social e profissional.

Isso já foi analisado por estudiosos da educação. Pode-se citar o educador Francisco Faus, em seu livro A Conquista das Virtudes, em que ensina que “(...) as virtudes se adquirem, em primeiro lugar, pela educação. Ora, educação aqui não tem o sentido limitado de ‘instrução’, preparo técnico, escolaridade. Traduz-se melhor por formação: formação moral, formação nas virtudes”. Assim, diante de uma realidade em que a inteligência artificial e todas as demais ferramentas digitais são capazes de entregar informações, é papel da educação formar seres humanos que dominem as virtudes mais básicas: resiliência, honestidade, temperança, cortesia, paciência, compreensão. Sem isso, produzir-se-á um déficit comportamental muito mais grave do que qualquer insuficiência intelectual.

Esta nova abordagem educacional é desafiadora também para os alunos. Vale lembrar o que disse o famoso economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-reitor da Universidade Harvard, também presente ao evento, ao se referir a alunos daquela instituição: “(...) não era raro ouvir relatos de incômodos que sentiam nas aulas, porque educação tem de ser algo que te desafia, algo que não tinha pensado antes. Se você quiser se sentir cômodo, sugiro que não venha a uma universidade como a nossa, e fique trancado na casa de seus pais”.

Num mundo apegado à inteligência artificial, que substituirá trabalhos meramente técnicos, provando estar ultrapassada a educação tecnicista, os seres humanos que se destacarão na sociedade serão aqueles dotados de habilidades socioemocionais, capazes de criar, empreender e articular tarefas que direcionem ferramentas tecnológicas e grupos sociais para a melhoria da vida humana e do meio ambiente.

Mas as escolas brasileiras estão preparadas para este novo cenário? Não. No Brasil ainda impera a defasada visão tecnicista da educação, em que professores ensinam fórmulas e teorias e exigem que os alunos decorem informações que estão disponíveis na internet. É necessário que qualifiquemos os nossos professores para que eles formem seres humanos ricos em vida interior, pois é essa elevação que melhor completa a grandeza humana.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR; E DIRETOR ACADÊMICO E DIRETOR-GERAL DA FACULDADE DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO (FAC-SP), VICE-PRESIDENTE DA ACSP

Nos dias 8 e 10 deste mês aconteceu em Valência, na Espanha, um dos maiores eventos educacionais do mundo, o V Encontro Internacional de Reitores, promovido pela Universia Santander, e participou do evento o coautor deste artigo, Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), ligada à centenária Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A sociedade global enfrenta hoje um contexto complexo, com grandes desafios como a transformação digital, a inteligência artificial, a emergência climática, as fake news e a desigualdade social, e a universidade tem um papel fundamental nisso, pois é a grande provedora de recursos humanos que atuam nesse contexto, tornando-se, pois, crucial discutir o papel dos professores e alunos do século 21.

O evento foi aberto pelo presidente da Espanha, pelo secretário-geral da ONU e pela presidente do Santander. A palestra inaugural foi de Tim Berners-Lee, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), inventor da world wide web (www, teia de alcance mundial), que opinou sobre a inteligência artificial. Na sequência, ocorreram o painel A contribuição da universidade para a revolução tecnológica e outros encontros sobre inovação e empreendedorismo nas universidades.

No entanto, o ponto focal do evento foi entender o papel do professor neste mundo em que a vida física se confunde com a realidade virtual e objetos se reúnem e trocam informações através da internet, neste conceito denominado internet das coisas. Também foi o momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial. Igualmente, foi momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial, recentemente ampliada ainda mais pelo ChatGPT, que funciona a partir do imenso conjunto de informações disponíveis na internet.

Foi unânime entre os palestrantes a ideia de que atualmente o verdadeiro papel do professor é o de transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, conhecimentos que a máquina é incapaz de produzir, pois, apesar de inteligente, não é dotada de sabedoria.

Noutras palavras: as ferramentas digitais, justamente porque se baseiam no big data (um conjunto quase infindável de informações), têm vantagem enorme sobre o ser humano no que tange à reunião delas. Nenhum professor jamais conseguirá competir com essas ferramentas em matéria de informação, mas poderá exercer um papel imprescindível na vida de qualquer jovem em matéria de formação, transmitindo-lhe lições e experiências que possam desenvolver as soft skills, isto é, as habilidades comportamentais, tão necessárias à vida pessoal, social e profissional.

Isso já foi analisado por estudiosos da educação. Pode-se citar o educador Francisco Faus, em seu livro A Conquista das Virtudes, em que ensina que “(...) as virtudes se adquirem, em primeiro lugar, pela educação. Ora, educação aqui não tem o sentido limitado de ‘instrução’, preparo técnico, escolaridade. Traduz-se melhor por formação: formação moral, formação nas virtudes”. Assim, diante de uma realidade em que a inteligência artificial e todas as demais ferramentas digitais são capazes de entregar informações, é papel da educação formar seres humanos que dominem as virtudes mais básicas: resiliência, honestidade, temperança, cortesia, paciência, compreensão. Sem isso, produzir-se-á um déficit comportamental muito mais grave do que qualquer insuficiência intelectual.

Esta nova abordagem educacional é desafiadora também para os alunos. Vale lembrar o que disse o famoso economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-reitor da Universidade Harvard, também presente ao evento, ao se referir a alunos daquela instituição: “(...) não era raro ouvir relatos de incômodos que sentiam nas aulas, porque educação tem de ser algo que te desafia, algo que não tinha pensado antes. Se você quiser se sentir cômodo, sugiro que não venha a uma universidade como a nossa, e fique trancado na casa de seus pais”.

Num mundo apegado à inteligência artificial, que substituirá trabalhos meramente técnicos, provando estar ultrapassada a educação tecnicista, os seres humanos que se destacarão na sociedade serão aqueles dotados de habilidades socioemocionais, capazes de criar, empreender e articular tarefas que direcionem ferramentas tecnológicas e grupos sociais para a melhoria da vida humana e do meio ambiente.

Mas as escolas brasileiras estão preparadas para este novo cenário? Não. No Brasil ainda impera a defasada visão tecnicista da educação, em que professores ensinam fórmulas e teorias e exigem que os alunos decorem informações que estão disponíveis na internet. É necessário que qualifiquemos os nossos professores para que eles formem seres humanos ricos em vida interior, pois é essa elevação que melhor completa a grandeza humana.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR; E DIRETOR ACADÊMICO E DIRETOR-GERAL DA FACULDADE DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO (FAC-SP), VICE-PRESIDENTE DA ACSP

Nos dias 8 e 10 deste mês aconteceu em Valência, na Espanha, um dos maiores eventos educacionais do mundo, o V Encontro Internacional de Reitores, promovido pela Universia Santander, e participou do evento o coautor deste artigo, Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), ligada à centenária Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A sociedade global enfrenta hoje um contexto complexo, com grandes desafios como a transformação digital, a inteligência artificial, a emergência climática, as fake news e a desigualdade social, e a universidade tem um papel fundamental nisso, pois é a grande provedora de recursos humanos que atuam nesse contexto, tornando-se, pois, crucial discutir o papel dos professores e alunos do século 21.

O evento foi aberto pelo presidente da Espanha, pelo secretário-geral da ONU e pela presidente do Santander. A palestra inaugural foi de Tim Berners-Lee, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), inventor da world wide web (www, teia de alcance mundial), que opinou sobre a inteligência artificial. Na sequência, ocorreram o painel A contribuição da universidade para a revolução tecnológica e outros encontros sobre inovação e empreendedorismo nas universidades.

No entanto, o ponto focal do evento foi entender o papel do professor neste mundo em que a vida física se confunde com a realidade virtual e objetos se reúnem e trocam informações através da internet, neste conceito denominado internet das coisas. Também foi o momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial. Igualmente, foi momento de analisar o papel do professor diante da inteligência artificial, recentemente ampliada ainda mais pelo ChatGPT, que funciona a partir do imenso conjunto de informações disponíveis na internet.

Foi unânime entre os palestrantes a ideia de que atualmente o verdadeiro papel do professor é o de transmitir valores humanos, numa formação de caráter ético, social e atenta ao meio ambiente, conhecimentos que a máquina é incapaz de produzir, pois, apesar de inteligente, não é dotada de sabedoria.

Noutras palavras: as ferramentas digitais, justamente porque se baseiam no big data (um conjunto quase infindável de informações), têm vantagem enorme sobre o ser humano no que tange à reunião delas. Nenhum professor jamais conseguirá competir com essas ferramentas em matéria de informação, mas poderá exercer um papel imprescindível na vida de qualquer jovem em matéria de formação, transmitindo-lhe lições e experiências que possam desenvolver as soft skills, isto é, as habilidades comportamentais, tão necessárias à vida pessoal, social e profissional.

Isso já foi analisado por estudiosos da educação. Pode-se citar o educador Francisco Faus, em seu livro A Conquista das Virtudes, em que ensina que “(...) as virtudes se adquirem, em primeiro lugar, pela educação. Ora, educação aqui não tem o sentido limitado de ‘instrução’, preparo técnico, escolaridade. Traduz-se melhor por formação: formação moral, formação nas virtudes”. Assim, diante de uma realidade em que a inteligência artificial e todas as demais ferramentas digitais são capazes de entregar informações, é papel da educação formar seres humanos que dominem as virtudes mais básicas: resiliência, honestidade, temperança, cortesia, paciência, compreensão. Sem isso, produzir-se-á um déficit comportamental muito mais grave do que qualquer insuficiência intelectual.

Esta nova abordagem educacional é desafiadora também para os alunos. Vale lembrar o que disse o famoso economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-reitor da Universidade Harvard, também presente ao evento, ao se referir a alunos daquela instituição: “(...) não era raro ouvir relatos de incômodos que sentiam nas aulas, porque educação tem de ser algo que te desafia, algo que não tinha pensado antes. Se você quiser se sentir cômodo, sugiro que não venha a uma universidade como a nossa, e fique trancado na casa de seus pais”.

Num mundo apegado à inteligência artificial, que substituirá trabalhos meramente técnicos, provando estar ultrapassada a educação tecnicista, os seres humanos que se destacarão na sociedade serão aqueles dotados de habilidades socioemocionais, capazes de criar, empreender e articular tarefas que direcionem ferramentas tecnológicas e grupos sociais para a melhoria da vida humana e do meio ambiente.

Mas as escolas brasileiras estão preparadas para este novo cenário? Não. No Brasil ainda impera a defasada visão tecnicista da educação, em que professores ensinam fórmulas e teorias e exigem que os alunos decorem informações que estão disponíveis na internet. É necessário que qualifiquemos os nossos professores para que eles formem seres humanos ricos em vida interior, pois é essa elevação que melhor completa a grandeza humana.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR; E DIRETOR ACADÊMICO E DIRETOR-GERAL DA FACULDADE DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO (FAC-SP), VICE-PRESIDENTE DA ACSP

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