Opinião|Mais que oportuno, liderar G-20 é necessário


O Brasil poderia se posicionar com uma afirmação ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde

Por Izabella Teixeira e André Clark

Em 1.º de dezembro, o Brasil iniciou sua presidência rotativa no G-20, uma entidade que, ano após ano, vem se posicionando como uma plataforma de proposição e convergência diplomática em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente diverso, mas, sobretudo, ameaçado. E, hoje, em meio a um cenário geopolítico particularmente intrincado, é preciso reconhecer que os obstáculos encontrados nos debates sobre as mudanças climáticas estão entre os seus principais desafios.

As dificuldades são crescentes para que as mensagens sobre a necessidade de descarbonização das atividades humanas sejam colocadas com concordância. Portanto, o mandato do Brasil tem a singular importância de projetar o País em um momento complexo e cheio de ruídos. Cabe assim a pergunta: finalizada a reunião de líderes, quais resultados esperamos alcançar do nosso protagonismo no G-20?

Antes de receber o encontro, a Índia, nossa predecessora no papel, mandou seu recado: “Somos a solução para a transformação digital”. Nesse sentido, o Brasil também poderia se posicionar com uma afirmação igualmente ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde do planeta. Aliás, para tudo o que for verde, desde alimentos e energia até hidrogênio e produtos industrializados, como o aço e os combustíveis climaticamente neutros, com a vantagem de sermos uma opção de mercado viável e uma democracia estável.

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Atualmente, o Brasil é um dos poucos países do mundo com excesso de energia renovável, gerando entre 20% e 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o nosso consumo interno. Mais do que isso, essa energia limpa é de baixo custo marginal. O preço de liquidação da energia no mercado livre, por exemplo, está perto de US$ 15 por MWh e, de acordo com várias previsões, deve continuar assim durante os próximos dois a três anos.

Por aqui, a iniciativa privada e os Três Poderes podem, diante do timing oportuno, apresentar ao G-20 a ambição brasileira de modo alinhado, apoiando-se na construção de uma visão industrial do século 21, verde e voltada para o mundo. O fato é que esse é o potencial que temos, caso avancemos de modo pragmático nas iniciativas legais, tributárias e de estruturação de mecanismos financeiros sendo desenhadas conjuntamente por governo, setor produtivo e sociedade no chamado Plano de Transformação Ecológica, o nosso “pacote verde”.

Ademais, a ideia de industrialização proposta no citado plano, a partir de nossos recursos naturais e capacidade de geração renovável, une regiões brasileiras em agendas fundamentais para a Federação. Nessa missão, encontram-se o potencial bioeconômico e hidrológico das florestas do Norte, o aproveitamento dos ventos e do sol do Nordeste, a inovação do agronegócio do Centro-Oeste e as indústrias do Sul e do Sudeste. Ou seja, um pouco dos vários Brasis que temos no Brasil, em uma frente unificada.

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Nisso, inclusive, o desenvolvimento digital se configura em vantagem comparativa. Estimativas mostram que a introdução da inteligência artificial exigirá entre quatro e dez vezes mais energia que a demanda atual dos servidores globais. No Brasil, os data centers devoradores de energia não apenas serão verdes, mas impulsionados pela inovação orientada para a transformação de baixo carbono. Somos o berço de mais de 25 unicórnios, estamos subindo posições no Índice Global de Inovação (IGI) e programas, a exemplo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), devem engajar mais parcerias entre a indústria e a academia, especialmente onde somos mais fortes, casos da energia e da bioeconomia.

Nossa participação nas conversas climáticas é imprescindível, tendo em contexto que presidir o G-20 será um passo decisivo na realização da COP-30, em 2025. Nesse outro palco global de destaque, vale ressaltar que, cada vez mais, discutir o clima é falar de comércio internacional e finanças em variadas questões, sejam elas de taxonomia, regulação dos mercados de carbono ou emissão de debêntures sustentáveis. Felizmente, esses elementos de captação de recursos na economia de baixo carbono começam a ser adequados, em diferentes ritmos e etapas, ao potencial ecológico brasileiro.

Todavia, lembremos também que quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa. Podemos e devemos fazer melhor que isso, plantando as sementes das regras globais para o desenvolvimento sustentável. Afinal, o Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro do ano que vem dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo e temos um plano que é de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida, temos bastante a fazer, reformar e avançar, mas esta é a jornada de ouro que se apresenta ao nosso povo. Que o Brasil se ocupe do futuro, então!

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RESPECTIVAMENTE, CONSELHEIRA EMÉRITA DO CEBRI, CO-CHAIR DO PAINEL INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS DA ONU MEIO AMBIENTE, FOI MINISTRA DO MEIO AMBIENTE (2010-2016); E CONSELHEIRO DO CEBRI, É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DA SIEMENS ENERGY PARA A AMÉRICA LATINA

Em 1.º de dezembro, o Brasil iniciou sua presidência rotativa no G-20, uma entidade que, ano após ano, vem se posicionando como uma plataforma de proposição e convergência diplomática em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente diverso, mas, sobretudo, ameaçado. E, hoje, em meio a um cenário geopolítico particularmente intrincado, é preciso reconhecer que os obstáculos encontrados nos debates sobre as mudanças climáticas estão entre os seus principais desafios.

As dificuldades são crescentes para que as mensagens sobre a necessidade de descarbonização das atividades humanas sejam colocadas com concordância. Portanto, o mandato do Brasil tem a singular importância de projetar o País em um momento complexo e cheio de ruídos. Cabe assim a pergunta: finalizada a reunião de líderes, quais resultados esperamos alcançar do nosso protagonismo no G-20?

Antes de receber o encontro, a Índia, nossa predecessora no papel, mandou seu recado: “Somos a solução para a transformação digital”. Nesse sentido, o Brasil também poderia se posicionar com uma afirmação igualmente ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde do planeta. Aliás, para tudo o que for verde, desde alimentos e energia até hidrogênio e produtos industrializados, como o aço e os combustíveis climaticamente neutros, com a vantagem de sermos uma opção de mercado viável e uma democracia estável.

Atualmente, o Brasil é um dos poucos países do mundo com excesso de energia renovável, gerando entre 20% e 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o nosso consumo interno. Mais do que isso, essa energia limpa é de baixo custo marginal. O preço de liquidação da energia no mercado livre, por exemplo, está perto de US$ 15 por MWh e, de acordo com várias previsões, deve continuar assim durante os próximos dois a três anos.

Por aqui, a iniciativa privada e os Três Poderes podem, diante do timing oportuno, apresentar ao G-20 a ambição brasileira de modo alinhado, apoiando-se na construção de uma visão industrial do século 21, verde e voltada para o mundo. O fato é que esse é o potencial que temos, caso avancemos de modo pragmático nas iniciativas legais, tributárias e de estruturação de mecanismos financeiros sendo desenhadas conjuntamente por governo, setor produtivo e sociedade no chamado Plano de Transformação Ecológica, o nosso “pacote verde”.

Ademais, a ideia de industrialização proposta no citado plano, a partir de nossos recursos naturais e capacidade de geração renovável, une regiões brasileiras em agendas fundamentais para a Federação. Nessa missão, encontram-se o potencial bioeconômico e hidrológico das florestas do Norte, o aproveitamento dos ventos e do sol do Nordeste, a inovação do agronegócio do Centro-Oeste e as indústrias do Sul e do Sudeste. Ou seja, um pouco dos vários Brasis que temos no Brasil, em uma frente unificada.

Nisso, inclusive, o desenvolvimento digital se configura em vantagem comparativa. Estimativas mostram que a introdução da inteligência artificial exigirá entre quatro e dez vezes mais energia que a demanda atual dos servidores globais. No Brasil, os data centers devoradores de energia não apenas serão verdes, mas impulsionados pela inovação orientada para a transformação de baixo carbono. Somos o berço de mais de 25 unicórnios, estamos subindo posições no Índice Global de Inovação (IGI) e programas, a exemplo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), devem engajar mais parcerias entre a indústria e a academia, especialmente onde somos mais fortes, casos da energia e da bioeconomia.

Nossa participação nas conversas climáticas é imprescindível, tendo em contexto que presidir o G-20 será um passo decisivo na realização da COP-30, em 2025. Nesse outro palco global de destaque, vale ressaltar que, cada vez mais, discutir o clima é falar de comércio internacional e finanças em variadas questões, sejam elas de taxonomia, regulação dos mercados de carbono ou emissão de debêntures sustentáveis. Felizmente, esses elementos de captação de recursos na economia de baixo carbono começam a ser adequados, em diferentes ritmos e etapas, ao potencial ecológico brasileiro.

Todavia, lembremos também que quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa. Podemos e devemos fazer melhor que isso, plantando as sementes das regras globais para o desenvolvimento sustentável. Afinal, o Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro do ano que vem dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo e temos um plano que é de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida, temos bastante a fazer, reformar e avançar, mas esta é a jornada de ouro que se apresenta ao nosso povo. Que o Brasil se ocupe do futuro, então!

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RESPECTIVAMENTE, CONSELHEIRA EMÉRITA DO CEBRI, CO-CHAIR DO PAINEL INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS DA ONU MEIO AMBIENTE, FOI MINISTRA DO MEIO AMBIENTE (2010-2016); E CONSELHEIRO DO CEBRI, É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DA SIEMENS ENERGY PARA A AMÉRICA LATINA

Em 1.º de dezembro, o Brasil iniciou sua presidência rotativa no G-20, uma entidade que, ano após ano, vem se posicionando como uma plataforma de proposição e convergência diplomática em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente diverso, mas, sobretudo, ameaçado. E, hoje, em meio a um cenário geopolítico particularmente intrincado, é preciso reconhecer que os obstáculos encontrados nos debates sobre as mudanças climáticas estão entre os seus principais desafios.

As dificuldades são crescentes para que as mensagens sobre a necessidade de descarbonização das atividades humanas sejam colocadas com concordância. Portanto, o mandato do Brasil tem a singular importância de projetar o País em um momento complexo e cheio de ruídos. Cabe assim a pergunta: finalizada a reunião de líderes, quais resultados esperamos alcançar do nosso protagonismo no G-20?

Antes de receber o encontro, a Índia, nossa predecessora no papel, mandou seu recado: “Somos a solução para a transformação digital”. Nesse sentido, o Brasil também poderia se posicionar com uma afirmação igualmente ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde do planeta. Aliás, para tudo o que for verde, desde alimentos e energia até hidrogênio e produtos industrializados, como o aço e os combustíveis climaticamente neutros, com a vantagem de sermos uma opção de mercado viável e uma democracia estável.

Atualmente, o Brasil é um dos poucos países do mundo com excesso de energia renovável, gerando entre 20% e 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o nosso consumo interno. Mais do que isso, essa energia limpa é de baixo custo marginal. O preço de liquidação da energia no mercado livre, por exemplo, está perto de US$ 15 por MWh e, de acordo com várias previsões, deve continuar assim durante os próximos dois a três anos.

Por aqui, a iniciativa privada e os Três Poderes podem, diante do timing oportuno, apresentar ao G-20 a ambição brasileira de modo alinhado, apoiando-se na construção de uma visão industrial do século 21, verde e voltada para o mundo. O fato é que esse é o potencial que temos, caso avancemos de modo pragmático nas iniciativas legais, tributárias e de estruturação de mecanismos financeiros sendo desenhadas conjuntamente por governo, setor produtivo e sociedade no chamado Plano de Transformação Ecológica, o nosso “pacote verde”.

Ademais, a ideia de industrialização proposta no citado plano, a partir de nossos recursos naturais e capacidade de geração renovável, une regiões brasileiras em agendas fundamentais para a Federação. Nessa missão, encontram-se o potencial bioeconômico e hidrológico das florestas do Norte, o aproveitamento dos ventos e do sol do Nordeste, a inovação do agronegócio do Centro-Oeste e as indústrias do Sul e do Sudeste. Ou seja, um pouco dos vários Brasis que temos no Brasil, em uma frente unificada.

Nisso, inclusive, o desenvolvimento digital se configura em vantagem comparativa. Estimativas mostram que a introdução da inteligência artificial exigirá entre quatro e dez vezes mais energia que a demanda atual dos servidores globais. No Brasil, os data centers devoradores de energia não apenas serão verdes, mas impulsionados pela inovação orientada para a transformação de baixo carbono. Somos o berço de mais de 25 unicórnios, estamos subindo posições no Índice Global de Inovação (IGI) e programas, a exemplo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), devem engajar mais parcerias entre a indústria e a academia, especialmente onde somos mais fortes, casos da energia e da bioeconomia.

Nossa participação nas conversas climáticas é imprescindível, tendo em contexto que presidir o G-20 será um passo decisivo na realização da COP-30, em 2025. Nesse outro palco global de destaque, vale ressaltar que, cada vez mais, discutir o clima é falar de comércio internacional e finanças em variadas questões, sejam elas de taxonomia, regulação dos mercados de carbono ou emissão de debêntures sustentáveis. Felizmente, esses elementos de captação de recursos na economia de baixo carbono começam a ser adequados, em diferentes ritmos e etapas, ao potencial ecológico brasileiro.

Todavia, lembremos também que quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa. Podemos e devemos fazer melhor que isso, plantando as sementes das regras globais para o desenvolvimento sustentável. Afinal, o Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro do ano que vem dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo e temos um plano que é de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida, temos bastante a fazer, reformar e avançar, mas esta é a jornada de ouro que se apresenta ao nosso povo. Que o Brasil se ocupe do futuro, então!

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RESPECTIVAMENTE, CONSELHEIRA EMÉRITA DO CEBRI, CO-CHAIR DO PAINEL INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS DA ONU MEIO AMBIENTE, FOI MINISTRA DO MEIO AMBIENTE (2010-2016); E CONSELHEIRO DO CEBRI, É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DA SIEMENS ENERGY PARA A AMÉRICA LATINA

Em 1.º de dezembro, o Brasil iniciou sua presidência rotativa no G-20, uma entidade que, ano após ano, vem se posicionando como uma plataforma de proposição e convergência diplomática em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente diverso, mas, sobretudo, ameaçado. E, hoje, em meio a um cenário geopolítico particularmente intrincado, é preciso reconhecer que os obstáculos encontrados nos debates sobre as mudanças climáticas estão entre os seus principais desafios.

As dificuldades são crescentes para que as mensagens sobre a necessidade de descarbonização das atividades humanas sejam colocadas com concordância. Portanto, o mandato do Brasil tem a singular importância de projetar o País em um momento complexo e cheio de ruídos. Cabe assim a pergunta: finalizada a reunião de líderes, quais resultados esperamos alcançar do nosso protagonismo no G-20?

Antes de receber o encontro, a Índia, nossa predecessora no papel, mandou seu recado: “Somos a solução para a transformação digital”. Nesse sentido, o Brasil também poderia se posicionar com uma afirmação igualmente ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde do planeta. Aliás, para tudo o que for verde, desde alimentos e energia até hidrogênio e produtos industrializados, como o aço e os combustíveis climaticamente neutros, com a vantagem de sermos uma opção de mercado viável e uma democracia estável.

Atualmente, o Brasil é um dos poucos países do mundo com excesso de energia renovável, gerando entre 20% e 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o nosso consumo interno. Mais do que isso, essa energia limpa é de baixo custo marginal. O preço de liquidação da energia no mercado livre, por exemplo, está perto de US$ 15 por MWh e, de acordo com várias previsões, deve continuar assim durante os próximos dois a três anos.

Por aqui, a iniciativa privada e os Três Poderes podem, diante do timing oportuno, apresentar ao G-20 a ambição brasileira de modo alinhado, apoiando-se na construção de uma visão industrial do século 21, verde e voltada para o mundo. O fato é que esse é o potencial que temos, caso avancemos de modo pragmático nas iniciativas legais, tributárias e de estruturação de mecanismos financeiros sendo desenhadas conjuntamente por governo, setor produtivo e sociedade no chamado Plano de Transformação Ecológica, o nosso “pacote verde”.

Ademais, a ideia de industrialização proposta no citado plano, a partir de nossos recursos naturais e capacidade de geração renovável, une regiões brasileiras em agendas fundamentais para a Federação. Nessa missão, encontram-se o potencial bioeconômico e hidrológico das florestas do Norte, o aproveitamento dos ventos e do sol do Nordeste, a inovação do agronegócio do Centro-Oeste e as indústrias do Sul e do Sudeste. Ou seja, um pouco dos vários Brasis que temos no Brasil, em uma frente unificada.

Nisso, inclusive, o desenvolvimento digital se configura em vantagem comparativa. Estimativas mostram que a introdução da inteligência artificial exigirá entre quatro e dez vezes mais energia que a demanda atual dos servidores globais. No Brasil, os data centers devoradores de energia não apenas serão verdes, mas impulsionados pela inovação orientada para a transformação de baixo carbono. Somos o berço de mais de 25 unicórnios, estamos subindo posições no Índice Global de Inovação (IGI) e programas, a exemplo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), devem engajar mais parcerias entre a indústria e a academia, especialmente onde somos mais fortes, casos da energia e da bioeconomia.

Nossa participação nas conversas climáticas é imprescindível, tendo em contexto que presidir o G-20 será um passo decisivo na realização da COP-30, em 2025. Nesse outro palco global de destaque, vale ressaltar que, cada vez mais, discutir o clima é falar de comércio internacional e finanças em variadas questões, sejam elas de taxonomia, regulação dos mercados de carbono ou emissão de debêntures sustentáveis. Felizmente, esses elementos de captação de recursos na economia de baixo carbono começam a ser adequados, em diferentes ritmos e etapas, ao potencial ecológico brasileiro.

Todavia, lembremos também que quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa. Podemos e devemos fazer melhor que isso, plantando as sementes das regras globais para o desenvolvimento sustentável. Afinal, o Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro do ano que vem dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo e temos um plano que é de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida, temos bastante a fazer, reformar e avançar, mas esta é a jornada de ouro que se apresenta ao nosso povo. Que o Brasil se ocupe do futuro, então!

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RESPECTIVAMENTE, CONSELHEIRA EMÉRITA DO CEBRI, CO-CHAIR DO PAINEL INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS DA ONU MEIO AMBIENTE, FOI MINISTRA DO MEIO AMBIENTE (2010-2016); E CONSELHEIRO DO CEBRI, É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DA SIEMENS ENERGY PARA A AMÉRICA LATINA

Em 1.º de dezembro, o Brasil iniciou sua presidência rotativa no G-20, uma entidade que, ano após ano, vem se posicionando como uma plataforma de proposição e convergência diplomática em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente diverso, mas, sobretudo, ameaçado. E, hoje, em meio a um cenário geopolítico particularmente intrincado, é preciso reconhecer que os obstáculos encontrados nos debates sobre as mudanças climáticas estão entre os seus principais desafios.

As dificuldades são crescentes para que as mensagens sobre a necessidade de descarbonização das atividades humanas sejam colocadas com concordância. Portanto, o mandato do Brasil tem a singular importância de projetar o País em um momento complexo e cheio de ruídos. Cabe assim a pergunta: finalizada a reunião de líderes, quais resultados esperamos alcançar do nosso protagonismo no G-20?

Antes de receber o encontro, a Índia, nossa predecessora no papel, mandou seu recado: “Somos a solução para a transformação digital”. Nesse sentido, o Brasil também poderia se posicionar com uma afirmação igualmente ambiciosa e apropriada para a sua vocação, sendo a solução para a transição verde do planeta. Aliás, para tudo o que for verde, desde alimentos e energia até hidrogênio e produtos industrializados, como o aço e os combustíveis climaticamente neutros, com a vantagem de sermos uma opção de mercado viável e uma democracia estável.

Atualmente, o Brasil é um dos poucos países do mundo com excesso de energia renovável, gerando entre 20% e 30% acima da sua própria demanda, além de contar com projetos solares e eólicos em vias de construção que, quando concluídos, serão equivalentes entre uma e três vezes o nosso consumo interno. Mais do que isso, essa energia limpa é de baixo custo marginal. O preço de liquidação da energia no mercado livre, por exemplo, está perto de US$ 15 por MWh e, de acordo com várias previsões, deve continuar assim durante os próximos dois a três anos.

Por aqui, a iniciativa privada e os Três Poderes podem, diante do timing oportuno, apresentar ao G-20 a ambição brasileira de modo alinhado, apoiando-se na construção de uma visão industrial do século 21, verde e voltada para o mundo. O fato é que esse é o potencial que temos, caso avancemos de modo pragmático nas iniciativas legais, tributárias e de estruturação de mecanismos financeiros sendo desenhadas conjuntamente por governo, setor produtivo e sociedade no chamado Plano de Transformação Ecológica, o nosso “pacote verde”.

Ademais, a ideia de industrialização proposta no citado plano, a partir de nossos recursos naturais e capacidade de geração renovável, une regiões brasileiras em agendas fundamentais para a Federação. Nessa missão, encontram-se o potencial bioeconômico e hidrológico das florestas do Norte, o aproveitamento dos ventos e do sol do Nordeste, a inovação do agronegócio do Centro-Oeste e as indústrias do Sul e do Sudeste. Ou seja, um pouco dos vários Brasis que temos no Brasil, em uma frente unificada.

Nisso, inclusive, o desenvolvimento digital se configura em vantagem comparativa. Estimativas mostram que a introdução da inteligência artificial exigirá entre quatro e dez vezes mais energia que a demanda atual dos servidores globais. No Brasil, os data centers devoradores de energia não apenas serão verdes, mas impulsionados pela inovação orientada para a transformação de baixo carbono. Somos o berço de mais de 25 unicórnios, estamos subindo posições no Índice Global de Inovação (IGI) e programas, a exemplo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), devem engajar mais parcerias entre a indústria e a academia, especialmente onde somos mais fortes, casos da energia e da bioeconomia.

Nossa participação nas conversas climáticas é imprescindível, tendo em contexto que presidir o G-20 será um passo decisivo na realização da COP-30, em 2025. Nesse outro palco global de destaque, vale ressaltar que, cada vez mais, discutir o clima é falar de comércio internacional e finanças em variadas questões, sejam elas de taxonomia, regulação dos mercados de carbono ou emissão de debêntures sustentáveis. Felizmente, esses elementos de captação de recursos na economia de baixo carbono começam a ser adequados, em diferentes ritmos e etapas, ao potencial ecológico brasileiro.

Todavia, lembremos também que quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa. Podemos e devemos fazer melhor que isso, plantando as sementes das regras globais para o desenvolvimento sustentável. Afinal, o Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro do ano que vem dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo e temos um plano que é de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida, temos bastante a fazer, reformar e avançar, mas esta é a jornada de ouro que se apresenta ao nosso povo. Que o Brasil se ocupe do futuro, então!

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RESPECTIVAMENTE, CONSELHEIRA EMÉRITA DO CEBRI, CO-CHAIR DO PAINEL INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS DA ONU MEIO AMBIENTE, FOI MINISTRA DO MEIO AMBIENTE (2010-2016); E CONSELHEIRO DO CEBRI, É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DA SIEMENS ENERGY PARA A AMÉRICA LATINA

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