Opinião|No Brasil, o menino Jesus morre todo dia


Qual a chance de o filho de José e Maria sobreviver a tudo aquilo que ameaça a infância hoje em dia?

Por Fernando Passarelli

Ryan da Silva Andrade Santos tinha 4 anos quando perdeu a vida, baleado, no meio da rua, brincando com outras crianças, no litoral de São Paulo.

Carlos Eduardo Cabral de Moura, de 5 anos, levou um tiro quando deixava um mercado, com a mãe, na baixada fluminense, e não resistiu.

Kimberly Camargo tinha 2 anos quando foi levada pelas águas de uma enxurrada, de dentro da casa da família, no Paraná.

continua após a publicidade

Yasmin dos Santos Oliveira, 5 anos, morreu ao cair de uma van escolar em movimento. Ythallo Raphael Rosa, de 6 anos, perdeu a vida após comer um bombom envenenado. Juliana Ribeiro Adão, de 6 anos, morreu soterrada.

A infância corre risco constante no Brasil. Como se houvesse o decreto de um rei raivoso determinando o extermínio de crianças, com medo de perder o poder.

Foi assim quando Herodes, na tentativa de matar Jesus, ordenou o assassinato de todos os meninos com menos de 2 anos que viviam em Belém. A vida do recém-nascido menino Deus correu risco. Como corre risco a existência dos Ryans, Carlos, Kimberlys e outras crianças, quando apenas saem na rua. Quando dormem. Quando seguem para a escola. Quando não têm o que comer. Ou, ainda, quando recebem uma comida – envenenada.

continua após a publicidade

O perigo é grande, ainda, dentro dos lares. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o País registra cinco estupros de menores de 13 anos por hora. Destes casos, 77% praticados por parentes ou conhecidos.

Quando não são vítimas da violência, nossas crianças sofrem a ameaça da fome. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro em cada dez, com idade até 14 anos, vivem na pobreza. Sim, quase a metade.

Será que o Cristo chegaria à idade adulta se nascesse no Brasil? Qual a chance de o filho de José e Maria sobreviver a tudo aquilo que ameaça a infância hoje em dia? Qual a possibilidade de alguém oferecer um teto a um casal de imigrantes, com um bebê recém-nascido, abrigado debaixo de um viaduto em São Paulo?

continua após a publicidade

A espada de Herodes está mais afiada do que nunca. Um menino Jesus morre a cada mês, a cada semana, a cada dia em nosso Brasil. As famílias choram a perda de um sorriso, de um sonho. O País chora a perda de quem poderia ser um salvador – aquele que poderia crescer e trazer grandes mudanças para uma família pobre, para uma comunidade, para todo um país.

No Brasil, a viagem de casais como José e Maria é interrompida logo na porta de casa, no meio da estrada, debaixo da chuva. Ali, Jesus não resiste e padece.

Não é assim a narrativa bíblica, muitos dirão. É verdade, o filho de Deus sobreviveu à infância. Mas às famílias que não terão o sorriso de uma menina ou um menino, como Jesus, neste Natal de 2024, restará um vazio. Uma ceia com lágrimas, uma celebração interrompida.

continua após a publicidade

Só quem sofreu essa dor pode amparar o outro. Apenas um pai e uma mãe que perderam uma filha, um filho, sabem que sentimento é esse, que tristeza tamanha é essa. Assim também, só um Deus que viu o próprio filho morrer sabe que sofrimento é esse e chora a partida de meninos e meninas.

Cuidemos das nossas crianças. Jesus não pode morrer ainda menino.

*

continua após a publicidade

JORNALISTA, É EDITOR-EXECUTIVO DO ‘SBT BRASIL’

Ryan da Silva Andrade Santos tinha 4 anos quando perdeu a vida, baleado, no meio da rua, brincando com outras crianças, no litoral de São Paulo.

Carlos Eduardo Cabral de Moura, de 5 anos, levou um tiro quando deixava um mercado, com a mãe, na baixada fluminense, e não resistiu.

Kimberly Camargo tinha 2 anos quando foi levada pelas águas de uma enxurrada, de dentro da casa da família, no Paraná.

Yasmin dos Santos Oliveira, 5 anos, morreu ao cair de uma van escolar em movimento. Ythallo Raphael Rosa, de 6 anos, perdeu a vida após comer um bombom envenenado. Juliana Ribeiro Adão, de 6 anos, morreu soterrada.

A infância corre risco constante no Brasil. Como se houvesse o decreto de um rei raivoso determinando o extermínio de crianças, com medo de perder o poder.

Foi assim quando Herodes, na tentativa de matar Jesus, ordenou o assassinato de todos os meninos com menos de 2 anos que viviam em Belém. A vida do recém-nascido menino Deus correu risco. Como corre risco a existência dos Ryans, Carlos, Kimberlys e outras crianças, quando apenas saem na rua. Quando dormem. Quando seguem para a escola. Quando não têm o que comer. Ou, ainda, quando recebem uma comida – envenenada.

O perigo é grande, ainda, dentro dos lares. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o País registra cinco estupros de menores de 13 anos por hora. Destes casos, 77% praticados por parentes ou conhecidos.

Quando não são vítimas da violência, nossas crianças sofrem a ameaça da fome. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro em cada dez, com idade até 14 anos, vivem na pobreza. Sim, quase a metade.

Será que o Cristo chegaria à idade adulta se nascesse no Brasil? Qual a chance de o filho de José e Maria sobreviver a tudo aquilo que ameaça a infância hoje em dia? Qual a possibilidade de alguém oferecer um teto a um casal de imigrantes, com um bebê recém-nascido, abrigado debaixo de um viaduto em São Paulo?

A espada de Herodes está mais afiada do que nunca. Um menino Jesus morre a cada mês, a cada semana, a cada dia em nosso Brasil. As famílias choram a perda de um sorriso, de um sonho. O País chora a perda de quem poderia ser um salvador – aquele que poderia crescer e trazer grandes mudanças para uma família pobre, para uma comunidade, para todo um país.

No Brasil, a viagem de casais como José e Maria é interrompida logo na porta de casa, no meio da estrada, debaixo da chuva. Ali, Jesus não resiste e padece.

Não é assim a narrativa bíblica, muitos dirão. É verdade, o filho de Deus sobreviveu à infância. Mas às famílias que não terão o sorriso de uma menina ou um menino, como Jesus, neste Natal de 2024, restará um vazio. Uma ceia com lágrimas, uma celebração interrompida.

Só quem sofreu essa dor pode amparar o outro. Apenas um pai e uma mãe que perderam uma filha, um filho, sabem que sentimento é esse, que tristeza tamanha é essa. Assim também, só um Deus que viu o próprio filho morrer sabe que sofrimento é esse e chora a partida de meninos e meninas.

Cuidemos das nossas crianças. Jesus não pode morrer ainda menino.

*

JORNALISTA, É EDITOR-EXECUTIVO DO ‘SBT BRASIL’

Ryan da Silva Andrade Santos tinha 4 anos quando perdeu a vida, baleado, no meio da rua, brincando com outras crianças, no litoral de São Paulo.

Carlos Eduardo Cabral de Moura, de 5 anos, levou um tiro quando deixava um mercado, com a mãe, na baixada fluminense, e não resistiu.

Kimberly Camargo tinha 2 anos quando foi levada pelas águas de uma enxurrada, de dentro da casa da família, no Paraná.

Yasmin dos Santos Oliveira, 5 anos, morreu ao cair de uma van escolar em movimento. Ythallo Raphael Rosa, de 6 anos, perdeu a vida após comer um bombom envenenado. Juliana Ribeiro Adão, de 6 anos, morreu soterrada.

A infância corre risco constante no Brasil. Como se houvesse o decreto de um rei raivoso determinando o extermínio de crianças, com medo de perder o poder.

Foi assim quando Herodes, na tentativa de matar Jesus, ordenou o assassinato de todos os meninos com menos de 2 anos que viviam em Belém. A vida do recém-nascido menino Deus correu risco. Como corre risco a existência dos Ryans, Carlos, Kimberlys e outras crianças, quando apenas saem na rua. Quando dormem. Quando seguem para a escola. Quando não têm o que comer. Ou, ainda, quando recebem uma comida – envenenada.

O perigo é grande, ainda, dentro dos lares. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o País registra cinco estupros de menores de 13 anos por hora. Destes casos, 77% praticados por parentes ou conhecidos.

Quando não são vítimas da violência, nossas crianças sofrem a ameaça da fome. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro em cada dez, com idade até 14 anos, vivem na pobreza. Sim, quase a metade.

Será que o Cristo chegaria à idade adulta se nascesse no Brasil? Qual a chance de o filho de José e Maria sobreviver a tudo aquilo que ameaça a infância hoje em dia? Qual a possibilidade de alguém oferecer um teto a um casal de imigrantes, com um bebê recém-nascido, abrigado debaixo de um viaduto em São Paulo?

A espada de Herodes está mais afiada do que nunca. Um menino Jesus morre a cada mês, a cada semana, a cada dia em nosso Brasil. As famílias choram a perda de um sorriso, de um sonho. O País chora a perda de quem poderia ser um salvador – aquele que poderia crescer e trazer grandes mudanças para uma família pobre, para uma comunidade, para todo um país.

No Brasil, a viagem de casais como José e Maria é interrompida logo na porta de casa, no meio da estrada, debaixo da chuva. Ali, Jesus não resiste e padece.

Não é assim a narrativa bíblica, muitos dirão. É verdade, o filho de Deus sobreviveu à infância. Mas às famílias que não terão o sorriso de uma menina ou um menino, como Jesus, neste Natal de 2024, restará um vazio. Uma ceia com lágrimas, uma celebração interrompida.

Só quem sofreu essa dor pode amparar o outro. Apenas um pai e uma mãe que perderam uma filha, um filho, sabem que sentimento é esse, que tristeza tamanha é essa. Assim também, só um Deus que viu o próprio filho morrer sabe que sofrimento é esse e chora a partida de meninos e meninas.

Cuidemos das nossas crianças. Jesus não pode morrer ainda menino.

*

JORNALISTA, É EDITOR-EXECUTIVO DO ‘SBT BRASIL’

Opinião por Fernando Passarelli

Jornalista, é editor-executivo do 'SBT Brasil'

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.