Opinião|Nós e a montanha de Smaug


É hora de despertar do berço esplêndido e aproveitar de forma sustentável as riquezas que estão sob nossos pés, garantindo um futuro mais próspero para as próximas gerações

Por Clovis Luciano Teixeira

O inglês J. R. R. Tolkien, pai da literatura fantástica moderna, publicou em 1937 o livro O Hobbit, obra de ficção repleta de simbolismo e ressonância com temas clássicos de mitos e lendas. No centro dessa narrativa encontramos Smaug, um dragão gigante que habita a Montanha Solitária, Erebor. Smaug é conhecido por permanecer deitado eternamente sobre um imenso tesouro, sem jamais dele usufruir ou distribuir os benefícios que essa riqueza poderia trazer. Até que um dia os hobbits Gandalf e Bilbo, atravessando a Terra Média com seus imensos trolls, conseguem se apoderar dos tesouros da montanha Erebor, e o gigante Smaug fica sem nada. Assim como Smaug, o gigante Brasil se arrisca a perder por não explorar tempestivamente seu imenso potencial em recursos naturais que se encontra sob e sobre nosso solo.

Em termos de energia elétrica, permanecemos deitados em berço esplêndido sobre as águas dos nossos rios, que descem suas cascatas e, impulsionadas pela força da gravidade, vão parar no Oceano Atlântico. Esses imensos volumes de água, associados às quedas d’água, resultam em enormes potenciais para a produção de energia elétrica que foram tão bem aproveitados no passado. Graças aos nossos aproveitamentos hidrelétricos do passado, nós somos, há mais de 50 anos, campeões mundiais em geração de energia elétrica de fontes renováveis. E ainda nos restam mais de 160 gigawatts (GW) – nosso atual parque hidrelétrico é de 108 GW – de potenciais locais para construir novas hidrelétricas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mais do que tudo o que construímos no passado.

No entanto, restrições ambientais, majoritariamente mitigáveis, vêm fazendo os técnicos do setor elétrico e os investidores recuarem, optando por fontes eólicas e solares renováveis e limpas, mas que são intermitentes. Para garantia de continuidade e disponibilidade de potência, essas fontes intermitentes fatalmente terão que ser, na falta de hidrelétricas com reservatórios, “ancoradas” por usinas térmicas, que queimarão combustíveis fósseis ou fissionarão átomos.

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Também na área mineral nós estamos deitados em berço esplêndido sobre um solo potencialmente rico em minerais ferrosos, metálicos, não metálicos, fertilizantes e inclusive substâncias minerais estratégicas para ajudar o mundo a realizar a tão sonhada transição energética. Enquanto grandes produtores como Canadá, Austrália, África do Sul, China e EUA conhecem em detalhes seus distritos minerais, no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 80% do território não tem mapeamento geológico em escala adequada para respaldar atividades de prospecção mineral, sabidamente intensas e de alto risco em termos de capital. Além disso, milhares de hectares em áreas de pesquisa e prospecção, resultantes de mais de 20 mil alvarás, permanecem retidos nas mãos de empresas, e dezenas de projetos de exploração mineral são sistematicamente postergados e “assediados” por exigências ambientais, muitas vezes exageradas e desproporcionais.

Também estamos deitados em berço esplêndido sobre o mar que cobre o subsolo na chamada Margem Equatorial, perdidos em discussões subjetivas e postergando perfurações exploratórias em busca de gás e petróleo, como vêm fazendo nossos vizinhos nas Guianas. Apesar dos esforços mundiais de redução da queima de combustíveis fósseis, o mundo ainda vai utilizar muito gás e petróleo por algumas décadas, para produção de energia, fertilizantes, alimentos e produtos químicos, dentre outros usos consolidados e amplamente disseminados por todas as plagas do nosso planeta.

Ainda na área de combustíveis fósseis, países como Canadá, EUA, China, Rússia, Argentina e outros também perfuram seus subsolos em busca de hidrocarbonetos presos em rochas muito pouco porosas, os chamados shale gas e shale oil, também conhecidos como óleo e gás de xisto ou folhelho. A produção de hidrocarbonetos por fracking de rochas pouco porosas revolucionou a produção de petróleo e gás nos EUA e os levou a serem o maior produtor mundial de petróleo. Esses hidrocarbonetos são liberados das rochas através do fraturamento forçado com a injeção, sob pressão, de água e aditivos. Mas também nessa área estamos deitados em berço esplêndido, devido a decisões judiciais que proíbem o uso dessa técnica em nosso país, diante da remota possibilidade de contaminação do lençol freático e indução de sismos.

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O tempo passa e nós vamos perdendo oportunidades de explorar nossos recursos naturais, assim como já o fizeram à exaustão todos os países desenvolvidos do planeta. E os que não esgotaram seus recursos ainda o fazem. Inclusive na Europa, como a Noruega, que tem mais de 90% de sua energia elétrica proveniente de usinas hidrelétricas, perfura intensamente, em terra e no mar, em busca de hidrocarbonetos e está se preparando para explorar minérios no subsolo oceânico.

Voltando ao livro dos hobbits, a diferença entre o gigante Smaug e o gigante Brasil é que os nossos tesouros (nossos recursos naturais) nos foram dados pela natureza, enquanto o tesouro do dragão Smaug foi roubado dos hobbits. É hora de despertar do nosso berço esplêndido e aproveitar de forma sustentável – nós temos tecnologia para isso – as riquezas que estão sob nossos pés, garantindo um futuro mais próspero para as próximas gerações.

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ENGENHEIRO, É CONSULTOR EM PROJETOS DE INFRAESTRUTURA

O inglês J. R. R. Tolkien, pai da literatura fantástica moderna, publicou em 1937 o livro O Hobbit, obra de ficção repleta de simbolismo e ressonância com temas clássicos de mitos e lendas. No centro dessa narrativa encontramos Smaug, um dragão gigante que habita a Montanha Solitária, Erebor. Smaug é conhecido por permanecer deitado eternamente sobre um imenso tesouro, sem jamais dele usufruir ou distribuir os benefícios que essa riqueza poderia trazer. Até que um dia os hobbits Gandalf e Bilbo, atravessando a Terra Média com seus imensos trolls, conseguem se apoderar dos tesouros da montanha Erebor, e o gigante Smaug fica sem nada. Assim como Smaug, o gigante Brasil se arrisca a perder por não explorar tempestivamente seu imenso potencial em recursos naturais que se encontra sob e sobre nosso solo.

Em termos de energia elétrica, permanecemos deitados em berço esplêndido sobre as águas dos nossos rios, que descem suas cascatas e, impulsionadas pela força da gravidade, vão parar no Oceano Atlântico. Esses imensos volumes de água, associados às quedas d’água, resultam em enormes potenciais para a produção de energia elétrica que foram tão bem aproveitados no passado. Graças aos nossos aproveitamentos hidrelétricos do passado, nós somos, há mais de 50 anos, campeões mundiais em geração de energia elétrica de fontes renováveis. E ainda nos restam mais de 160 gigawatts (GW) – nosso atual parque hidrelétrico é de 108 GW – de potenciais locais para construir novas hidrelétricas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mais do que tudo o que construímos no passado.

No entanto, restrições ambientais, majoritariamente mitigáveis, vêm fazendo os técnicos do setor elétrico e os investidores recuarem, optando por fontes eólicas e solares renováveis e limpas, mas que são intermitentes. Para garantia de continuidade e disponibilidade de potência, essas fontes intermitentes fatalmente terão que ser, na falta de hidrelétricas com reservatórios, “ancoradas” por usinas térmicas, que queimarão combustíveis fósseis ou fissionarão átomos.

Também na área mineral nós estamos deitados em berço esplêndido sobre um solo potencialmente rico em minerais ferrosos, metálicos, não metálicos, fertilizantes e inclusive substâncias minerais estratégicas para ajudar o mundo a realizar a tão sonhada transição energética. Enquanto grandes produtores como Canadá, Austrália, África do Sul, China e EUA conhecem em detalhes seus distritos minerais, no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 80% do território não tem mapeamento geológico em escala adequada para respaldar atividades de prospecção mineral, sabidamente intensas e de alto risco em termos de capital. Além disso, milhares de hectares em áreas de pesquisa e prospecção, resultantes de mais de 20 mil alvarás, permanecem retidos nas mãos de empresas, e dezenas de projetos de exploração mineral são sistematicamente postergados e “assediados” por exigências ambientais, muitas vezes exageradas e desproporcionais.

Também estamos deitados em berço esplêndido sobre o mar que cobre o subsolo na chamada Margem Equatorial, perdidos em discussões subjetivas e postergando perfurações exploratórias em busca de gás e petróleo, como vêm fazendo nossos vizinhos nas Guianas. Apesar dos esforços mundiais de redução da queima de combustíveis fósseis, o mundo ainda vai utilizar muito gás e petróleo por algumas décadas, para produção de energia, fertilizantes, alimentos e produtos químicos, dentre outros usos consolidados e amplamente disseminados por todas as plagas do nosso planeta.

Ainda na área de combustíveis fósseis, países como Canadá, EUA, China, Rússia, Argentina e outros também perfuram seus subsolos em busca de hidrocarbonetos presos em rochas muito pouco porosas, os chamados shale gas e shale oil, também conhecidos como óleo e gás de xisto ou folhelho. A produção de hidrocarbonetos por fracking de rochas pouco porosas revolucionou a produção de petróleo e gás nos EUA e os levou a serem o maior produtor mundial de petróleo. Esses hidrocarbonetos são liberados das rochas através do fraturamento forçado com a injeção, sob pressão, de água e aditivos. Mas também nessa área estamos deitados em berço esplêndido, devido a decisões judiciais que proíbem o uso dessa técnica em nosso país, diante da remota possibilidade de contaminação do lençol freático e indução de sismos.

O tempo passa e nós vamos perdendo oportunidades de explorar nossos recursos naturais, assim como já o fizeram à exaustão todos os países desenvolvidos do planeta. E os que não esgotaram seus recursos ainda o fazem. Inclusive na Europa, como a Noruega, que tem mais de 90% de sua energia elétrica proveniente de usinas hidrelétricas, perfura intensamente, em terra e no mar, em busca de hidrocarbonetos e está se preparando para explorar minérios no subsolo oceânico.

Voltando ao livro dos hobbits, a diferença entre o gigante Smaug e o gigante Brasil é que os nossos tesouros (nossos recursos naturais) nos foram dados pela natureza, enquanto o tesouro do dragão Smaug foi roubado dos hobbits. É hora de despertar do nosso berço esplêndido e aproveitar de forma sustentável – nós temos tecnologia para isso – as riquezas que estão sob nossos pés, garantindo um futuro mais próspero para as próximas gerações.

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ENGENHEIRO, É CONSULTOR EM PROJETOS DE INFRAESTRUTURA

O inglês J. R. R. Tolkien, pai da literatura fantástica moderna, publicou em 1937 o livro O Hobbit, obra de ficção repleta de simbolismo e ressonância com temas clássicos de mitos e lendas. No centro dessa narrativa encontramos Smaug, um dragão gigante que habita a Montanha Solitária, Erebor. Smaug é conhecido por permanecer deitado eternamente sobre um imenso tesouro, sem jamais dele usufruir ou distribuir os benefícios que essa riqueza poderia trazer. Até que um dia os hobbits Gandalf e Bilbo, atravessando a Terra Média com seus imensos trolls, conseguem se apoderar dos tesouros da montanha Erebor, e o gigante Smaug fica sem nada. Assim como Smaug, o gigante Brasil se arrisca a perder por não explorar tempestivamente seu imenso potencial em recursos naturais que se encontra sob e sobre nosso solo.

Em termos de energia elétrica, permanecemos deitados em berço esplêndido sobre as águas dos nossos rios, que descem suas cascatas e, impulsionadas pela força da gravidade, vão parar no Oceano Atlântico. Esses imensos volumes de água, associados às quedas d’água, resultam em enormes potenciais para a produção de energia elétrica que foram tão bem aproveitados no passado. Graças aos nossos aproveitamentos hidrelétricos do passado, nós somos, há mais de 50 anos, campeões mundiais em geração de energia elétrica de fontes renováveis. E ainda nos restam mais de 160 gigawatts (GW) – nosso atual parque hidrelétrico é de 108 GW – de potenciais locais para construir novas hidrelétricas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mais do que tudo o que construímos no passado.

No entanto, restrições ambientais, majoritariamente mitigáveis, vêm fazendo os técnicos do setor elétrico e os investidores recuarem, optando por fontes eólicas e solares renováveis e limpas, mas que são intermitentes. Para garantia de continuidade e disponibilidade de potência, essas fontes intermitentes fatalmente terão que ser, na falta de hidrelétricas com reservatórios, “ancoradas” por usinas térmicas, que queimarão combustíveis fósseis ou fissionarão átomos.

Também na área mineral nós estamos deitados em berço esplêndido sobre um solo potencialmente rico em minerais ferrosos, metálicos, não metálicos, fertilizantes e inclusive substâncias minerais estratégicas para ajudar o mundo a realizar a tão sonhada transição energética. Enquanto grandes produtores como Canadá, Austrália, África do Sul, China e EUA conhecem em detalhes seus distritos minerais, no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 80% do território não tem mapeamento geológico em escala adequada para respaldar atividades de prospecção mineral, sabidamente intensas e de alto risco em termos de capital. Além disso, milhares de hectares em áreas de pesquisa e prospecção, resultantes de mais de 20 mil alvarás, permanecem retidos nas mãos de empresas, e dezenas de projetos de exploração mineral são sistematicamente postergados e “assediados” por exigências ambientais, muitas vezes exageradas e desproporcionais.

Também estamos deitados em berço esplêndido sobre o mar que cobre o subsolo na chamada Margem Equatorial, perdidos em discussões subjetivas e postergando perfurações exploratórias em busca de gás e petróleo, como vêm fazendo nossos vizinhos nas Guianas. Apesar dos esforços mundiais de redução da queima de combustíveis fósseis, o mundo ainda vai utilizar muito gás e petróleo por algumas décadas, para produção de energia, fertilizantes, alimentos e produtos químicos, dentre outros usos consolidados e amplamente disseminados por todas as plagas do nosso planeta.

Ainda na área de combustíveis fósseis, países como Canadá, EUA, China, Rússia, Argentina e outros também perfuram seus subsolos em busca de hidrocarbonetos presos em rochas muito pouco porosas, os chamados shale gas e shale oil, também conhecidos como óleo e gás de xisto ou folhelho. A produção de hidrocarbonetos por fracking de rochas pouco porosas revolucionou a produção de petróleo e gás nos EUA e os levou a serem o maior produtor mundial de petróleo. Esses hidrocarbonetos são liberados das rochas através do fraturamento forçado com a injeção, sob pressão, de água e aditivos. Mas também nessa área estamos deitados em berço esplêndido, devido a decisões judiciais que proíbem o uso dessa técnica em nosso país, diante da remota possibilidade de contaminação do lençol freático e indução de sismos.

O tempo passa e nós vamos perdendo oportunidades de explorar nossos recursos naturais, assim como já o fizeram à exaustão todos os países desenvolvidos do planeta. E os que não esgotaram seus recursos ainda o fazem. Inclusive na Europa, como a Noruega, que tem mais de 90% de sua energia elétrica proveniente de usinas hidrelétricas, perfura intensamente, em terra e no mar, em busca de hidrocarbonetos e está se preparando para explorar minérios no subsolo oceânico.

Voltando ao livro dos hobbits, a diferença entre o gigante Smaug e o gigante Brasil é que os nossos tesouros (nossos recursos naturais) nos foram dados pela natureza, enquanto o tesouro do dragão Smaug foi roubado dos hobbits. É hora de despertar do nosso berço esplêndido e aproveitar de forma sustentável – nós temos tecnologia para isso – as riquezas que estão sob nossos pés, garantindo um futuro mais próspero para as próximas gerações.

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ENGENHEIRO, É CONSULTOR EM PROJETOS DE INFRAESTRUTURA

O inglês J. R. R. Tolkien, pai da literatura fantástica moderna, publicou em 1937 o livro O Hobbit, obra de ficção repleta de simbolismo e ressonância com temas clássicos de mitos e lendas. No centro dessa narrativa encontramos Smaug, um dragão gigante que habita a Montanha Solitária, Erebor. Smaug é conhecido por permanecer deitado eternamente sobre um imenso tesouro, sem jamais dele usufruir ou distribuir os benefícios que essa riqueza poderia trazer. Até que um dia os hobbits Gandalf e Bilbo, atravessando a Terra Média com seus imensos trolls, conseguem se apoderar dos tesouros da montanha Erebor, e o gigante Smaug fica sem nada. Assim como Smaug, o gigante Brasil se arrisca a perder por não explorar tempestivamente seu imenso potencial em recursos naturais que se encontra sob e sobre nosso solo.

Em termos de energia elétrica, permanecemos deitados em berço esplêndido sobre as águas dos nossos rios, que descem suas cascatas e, impulsionadas pela força da gravidade, vão parar no Oceano Atlântico. Esses imensos volumes de água, associados às quedas d’água, resultam em enormes potenciais para a produção de energia elétrica que foram tão bem aproveitados no passado. Graças aos nossos aproveitamentos hidrelétricos do passado, nós somos, há mais de 50 anos, campeões mundiais em geração de energia elétrica de fontes renováveis. E ainda nos restam mais de 160 gigawatts (GW) – nosso atual parque hidrelétrico é de 108 GW – de potenciais locais para construir novas hidrelétricas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mais do que tudo o que construímos no passado.

No entanto, restrições ambientais, majoritariamente mitigáveis, vêm fazendo os técnicos do setor elétrico e os investidores recuarem, optando por fontes eólicas e solares renováveis e limpas, mas que são intermitentes. Para garantia de continuidade e disponibilidade de potência, essas fontes intermitentes fatalmente terão que ser, na falta de hidrelétricas com reservatórios, “ancoradas” por usinas térmicas, que queimarão combustíveis fósseis ou fissionarão átomos.

Também na área mineral nós estamos deitados em berço esplêndido sobre um solo potencialmente rico em minerais ferrosos, metálicos, não metálicos, fertilizantes e inclusive substâncias minerais estratégicas para ajudar o mundo a realizar a tão sonhada transição energética. Enquanto grandes produtores como Canadá, Austrália, África do Sul, China e EUA conhecem em detalhes seus distritos minerais, no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 80% do território não tem mapeamento geológico em escala adequada para respaldar atividades de prospecção mineral, sabidamente intensas e de alto risco em termos de capital. Além disso, milhares de hectares em áreas de pesquisa e prospecção, resultantes de mais de 20 mil alvarás, permanecem retidos nas mãos de empresas, e dezenas de projetos de exploração mineral são sistematicamente postergados e “assediados” por exigências ambientais, muitas vezes exageradas e desproporcionais.

Também estamos deitados em berço esplêndido sobre o mar que cobre o subsolo na chamada Margem Equatorial, perdidos em discussões subjetivas e postergando perfurações exploratórias em busca de gás e petróleo, como vêm fazendo nossos vizinhos nas Guianas. Apesar dos esforços mundiais de redução da queima de combustíveis fósseis, o mundo ainda vai utilizar muito gás e petróleo por algumas décadas, para produção de energia, fertilizantes, alimentos e produtos químicos, dentre outros usos consolidados e amplamente disseminados por todas as plagas do nosso planeta.

Ainda na área de combustíveis fósseis, países como Canadá, EUA, China, Rússia, Argentina e outros também perfuram seus subsolos em busca de hidrocarbonetos presos em rochas muito pouco porosas, os chamados shale gas e shale oil, também conhecidos como óleo e gás de xisto ou folhelho. A produção de hidrocarbonetos por fracking de rochas pouco porosas revolucionou a produção de petróleo e gás nos EUA e os levou a serem o maior produtor mundial de petróleo. Esses hidrocarbonetos são liberados das rochas através do fraturamento forçado com a injeção, sob pressão, de água e aditivos. Mas também nessa área estamos deitados em berço esplêndido, devido a decisões judiciais que proíbem o uso dessa técnica em nosso país, diante da remota possibilidade de contaminação do lençol freático e indução de sismos.

O tempo passa e nós vamos perdendo oportunidades de explorar nossos recursos naturais, assim como já o fizeram à exaustão todos os países desenvolvidos do planeta. E os que não esgotaram seus recursos ainda o fazem. Inclusive na Europa, como a Noruega, que tem mais de 90% de sua energia elétrica proveniente de usinas hidrelétricas, perfura intensamente, em terra e no mar, em busca de hidrocarbonetos e está se preparando para explorar minérios no subsolo oceânico.

Voltando ao livro dos hobbits, a diferença entre o gigante Smaug e o gigante Brasil é que os nossos tesouros (nossos recursos naturais) nos foram dados pela natureza, enquanto o tesouro do dragão Smaug foi roubado dos hobbits. É hora de despertar do nosso berço esplêndido e aproveitar de forma sustentável – nós temos tecnologia para isso – as riquezas que estão sob nossos pés, garantindo um futuro mais próspero para as próximas gerações.

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Engenheiro, é consultor em projetos de infraestrutura

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