Opinião|O desperdício do alto talento no Brasil


Ao negligenciar sua elite intelectual, o País compromete seu futuro e sua competitividade em âmbito global

Por João Batista Araujo e Oliveira

O capital humano é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento de qualquer nação. Indivíduos de alto talento desempenham papel crucial na promoção de avanços científicos, tecnológicos e culturais. No contexto brasileiro, no entanto, o sistema público de ensino enfrenta desafios significativos para identificar e promover esses alunos. Isso gera um desperdício de potencial que impacta negativamente o progresso econômico e social do País e, especialmente, de seus melhores talentos.

Levantamento do Instituto IDados, baseado nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, evidencia uma tendência perversa: há uma diminuição contínua no número de estudantes de alto desempenho à medida que avançam na educação pública. Essa redução indica que a estrutura educacional atual não tem mecanismos eficazes para identificar, reter e desenvolver esses talentos ao longo de sua trajetória escolar.

Em mais de 90% dos municípios, encontra-se ao menos um estudante entre os 10% melhores do País nos 5.º e 9.º anos da Prova Brasil, em Matemática. Essa representatividade, entretanto, não se mantém constante ao longo dos anos escolares. No 5.º ano, apenas cinco Estados atingem essa proporção. No 9.º ano, somente o Ceará mantém um porcentual superior a 10%. No ensino médio, apenas o Espírito Santo alcança essa marca. Essa redução progressiva de alunos talentosos evidencia a ausência de políticas públicas eficazes voltadas para identificar e promover o desenvolvimento contínuo desses indivíduos.

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O problema é o mesmo nas redes estaduais e municipais de ensino. No Ceará, por exemplo, o ensino fundamental é majoritariamente estadual; no Paraná, as séries iniciais são geridas pelos municípios, enquanto as finais são de responsabilidade estadual; em São Paulo, há uma gestão compartilhada das duas redes. Apesar dessas diferenças administrativas, os resultados são semelhantes aos dos demais Estados: a escola pública brasileira, de maneira geral, não dispõe de estratégias adequadas para cultivar e potencializar os talentos de seus melhores alunos.

Os dados também indicam que estudantes de alto desempenho estão mais concentrados em municípios com maior índice de desenvolvimento socioeconômico, mas são encontrados em algumas poucas escolas. Isso sugere que o contexto socioeconômico é mais determinante para o desempenho estudantil do que as características dessas escolas.

Exemplo notável que contrasta com a tendência nacional é Sobral (CE). Lá, todas as escolas municipais apresentam pelo menos 30% de seus alunos entre os melhores do Brasil, chegando a impressionantes 70% em algumas unidades. Esse desempenho é comparável ao de países que lideram os rankings educacionais mundiais e demonstra que, com políticas bem implementadas e comprometimento das autoridades locais, é possível alcançar resultados expressivos.

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A estagnação verificada não se limita à rede pública. Embora as escolas particulares concentrem proporção maior de alunos entre os 10% melhores, o desempenho médio desses estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é equivalente à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse padrão persiste há mais de duas décadas, sem avanços significativos. Isso indica que, mesmo os alunos mais bem posicionados academicamente no Brasil estão apenas no nível médio global, refletindo deficiências estruturais que permeiam todo o sistema educacional brasileiro.

A falta de incentivo e apoio aos alunos mais talentosos representa uma perda significativa para os indivíduos e a sociedade como um todo. Aqueles altamente capacitados têm o potencial de impulsionar o progresso econômico, científico e tecnológico de uma nação. Universidades de renome, centros de inovação e laureados com prêmios internacionais são exemplos de como a concentração e o desenvolvimento de talentos podem gerar avanços substanciais. Ao negligenciar sua elite intelectual, o Brasil compromete seu futuro e sua competitividade em âmbito global.

Promover equidade na educação não significa tratar todos os alunos de maneira uniforme, mas sim proporcionar condições para que cada um desenvolva plenamente seu potencial. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 300 municípios de portes médio e grande que poderiam implementar medidas eficazes para potencializar o talento de seus estudantes. Para os municípios menores, soluções adaptadas às suas realidades também são viáveis. Os caminhos e estratégias para alcançar esses objetivos são conhecidos. É necessário, contudo, disposição e compromisso das lideranças locais para implementá-los.

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O desafio atual é incorporar essas iniciativas na agenda educacional dos municípios, garantindo que talentos não sejam desperdiçados e que o País possa usufruir plenamente do potencial de seus cidadãos mais brilhantes. Esse papel cabe aos prefeitos.

O capital humano é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento de qualquer nação. Indivíduos de alto talento desempenham papel crucial na promoção de avanços científicos, tecnológicos e culturais. No contexto brasileiro, no entanto, o sistema público de ensino enfrenta desafios significativos para identificar e promover esses alunos. Isso gera um desperdício de potencial que impacta negativamente o progresso econômico e social do País e, especialmente, de seus melhores talentos.

Levantamento do Instituto IDados, baseado nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, evidencia uma tendência perversa: há uma diminuição contínua no número de estudantes de alto desempenho à medida que avançam na educação pública. Essa redução indica que a estrutura educacional atual não tem mecanismos eficazes para identificar, reter e desenvolver esses talentos ao longo de sua trajetória escolar.

Em mais de 90% dos municípios, encontra-se ao menos um estudante entre os 10% melhores do País nos 5.º e 9.º anos da Prova Brasil, em Matemática. Essa representatividade, entretanto, não se mantém constante ao longo dos anos escolares. No 5.º ano, apenas cinco Estados atingem essa proporção. No 9.º ano, somente o Ceará mantém um porcentual superior a 10%. No ensino médio, apenas o Espírito Santo alcança essa marca. Essa redução progressiva de alunos talentosos evidencia a ausência de políticas públicas eficazes voltadas para identificar e promover o desenvolvimento contínuo desses indivíduos.

O problema é o mesmo nas redes estaduais e municipais de ensino. No Ceará, por exemplo, o ensino fundamental é majoritariamente estadual; no Paraná, as séries iniciais são geridas pelos municípios, enquanto as finais são de responsabilidade estadual; em São Paulo, há uma gestão compartilhada das duas redes. Apesar dessas diferenças administrativas, os resultados são semelhantes aos dos demais Estados: a escola pública brasileira, de maneira geral, não dispõe de estratégias adequadas para cultivar e potencializar os talentos de seus melhores alunos.

Os dados também indicam que estudantes de alto desempenho estão mais concentrados em municípios com maior índice de desenvolvimento socioeconômico, mas são encontrados em algumas poucas escolas. Isso sugere que o contexto socioeconômico é mais determinante para o desempenho estudantil do que as características dessas escolas.

Exemplo notável que contrasta com a tendência nacional é Sobral (CE). Lá, todas as escolas municipais apresentam pelo menos 30% de seus alunos entre os melhores do Brasil, chegando a impressionantes 70% em algumas unidades. Esse desempenho é comparável ao de países que lideram os rankings educacionais mundiais e demonstra que, com políticas bem implementadas e comprometimento das autoridades locais, é possível alcançar resultados expressivos.

A estagnação verificada não se limita à rede pública. Embora as escolas particulares concentrem proporção maior de alunos entre os 10% melhores, o desempenho médio desses estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é equivalente à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse padrão persiste há mais de duas décadas, sem avanços significativos. Isso indica que, mesmo os alunos mais bem posicionados academicamente no Brasil estão apenas no nível médio global, refletindo deficiências estruturais que permeiam todo o sistema educacional brasileiro.

A falta de incentivo e apoio aos alunos mais talentosos representa uma perda significativa para os indivíduos e a sociedade como um todo. Aqueles altamente capacitados têm o potencial de impulsionar o progresso econômico, científico e tecnológico de uma nação. Universidades de renome, centros de inovação e laureados com prêmios internacionais são exemplos de como a concentração e o desenvolvimento de talentos podem gerar avanços substanciais. Ao negligenciar sua elite intelectual, o Brasil compromete seu futuro e sua competitividade em âmbito global.

Promover equidade na educação não significa tratar todos os alunos de maneira uniforme, mas sim proporcionar condições para que cada um desenvolva plenamente seu potencial. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 300 municípios de portes médio e grande que poderiam implementar medidas eficazes para potencializar o talento de seus estudantes. Para os municípios menores, soluções adaptadas às suas realidades também são viáveis. Os caminhos e estratégias para alcançar esses objetivos são conhecidos. É necessário, contudo, disposição e compromisso das lideranças locais para implementá-los.

O desafio atual é incorporar essas iniciativas na agenda educacional dos municípios, garantindo que talentos não sejam desperdiçados e que o País possa usufruir plenamente do potencial de seus cidadãos mais brilhantes. Esse papel cabe aos prefeitos.

O capital humano é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento de qualquer nação. Indivíduos de alto talento desempenham papel crucial na promoção de avanços científicos, tecnológicos e culturais. No contexto brasileiro, no entanto, o sistema público de ensino enfrenta desafios significativos para identificar e promover esses alunos. Isso gera um desperdício de potencial que impacta negativamente o progresso econômico e social do País e, especialmente, de seus melhores talentos.

Levantamento do Instituto IDados, baseado nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, evidencia uma tendência perversa: há uma diminuição contínua no número de estudantes de alto desempenho à medida que avançam na educação pública. Essa redução indica que a estrutura educacional atual não tem mecanismos eficazes para identificar, reter e desenvolver esses talentos ao longo de sua trajetória escolar.

Em mais de 90% dos municípios, encontra-se ao menos um estudante entre os 10% melhores do País nos 5.º e 9.º anos da Prova Brasil, em Matemática. Essa representatividade, entretanto, não se mantém constante ao longo dos anos escolares. No 5.º ano, apenas cinco Estados atingem essa proporção. No 9.º ano, somente o Ceará mantém um porcentual superior a 10%. No ensino médio, apenas o Espírito Santo alcança essa marca. Essa redução progressiva de alunos talentosos evidencia a ausência de políticas públicas eficazes voltadas para identificar e promover o desenvolvimento contínuo desses indivíduos.

O problema é o mesmo nas redes estaduais e municipais de ensino. No Ceará, por exemplo, o ensino fundamental é majoritariamente estadual; no Paraná, as séries iniciais são geridas pelos municípios, enquanto as finais são de responsabilidade estadual; em São Paulo, há uma gestão compartilhada das duas redes. Apesar dessas diferenças administrativas, os resultados são semelhantes aos dos demais Estados: a escola pública brasileira, de maneira geral, não dispõe de estratégias adequadas para cultivar e potencializar os talentos de seus melhores alunos.

Os dados também indicam que estudantes de alto desempenho estão mais concentrados em municípios com maior índice de desenvolvimento socioeconômico, mas são encontrados em algumas poucas escolas. Isso sugere que o contexto socioeconômico é mais determinante para o desempenho estudantil do que as características dessas escolas.

Exemplo notável que contrasta com a tendência nacional é Sobral (CE). Lá, todas as escolas municipais apresentam pelo menos 30% de seus alunos entre os melhores do Brasil, chegando a impressionantes 70% em algumas unidades. Esse desempenho é comparável ao de países que lideram os rankings educacionais mundiais e demonstra que, com políticas bem implementadas e comprometimento das autoridades locais, é possível alcançar resultados expressivos.

A estagnação verificada não se limita à rede pública. Embora as escolas particulares concentrem proporção maior de alunos entre os 10% melhores, o desempenho médio desses estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é equivalente à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse padrão persiste há mais de duas décadas, sem avanços significativos. Isso indica que, mesmo os alunos mais bem posicionados academicamente no Brasil estão apenas no nível médio global, refletindo deficiências estruturais que permeiam todo o sistema educacional brasileiro.

A falta de incentivo e apoio aos alunos mais talentosos representa uma perda significativa para os indivíduos e a sociedade como um todo. Aqueles altamente capacitados têm o potencial de impulsionar o progresso econômico, científico e tecnológico de uma nação. Universidades de renome, centros de inovação e laureados com prêmios internacionais são exemplos de como a concentração e o desenvolvimento de talentos podem gerar avanços substanciais. Ao negligenciar sua elite intelectual, o Brasil compromete seu futuro e sua competitividade em âmbito global.

Promover equidade na educação não significa tratar todos os alunos de maneira uniforme, mas sim proporcionar condições para que cada um desenvolva plenamente seu potencial. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 300 municípios de portes médio e grande que poderiam implementar medidas eficazes para potencializar o talento de seus estudantes. Para os municípios menores, soluções adaptadas às suas realidades também são viáveis. Os caminhos e estratégias para alcançar esses objetivos são conhecidos. É necessário, contudo, disposição e compromisso das lideranças locais para implementá-los.

O desafio atual é incorporar essas iniciativas na agenda educacional dos municípios, garantindo que talentos não sejam desperdiçados e que o País possa usufruir plenamente do potencial de seus cidadãos mais brilhantes. Esse papel cabe aos prefeitos.

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Opinião por João Batista Araujo e Oliveira

Presidente do Instituto IDados