Opinião|O manto tupinambá vive!


Manipulações não estão de acordo com o retorno desse sagrado ancestral, que agora poderá ser reverenciado por todos os brasileiros, representantes de povos originários ou não

Por Alexander Kellner

Após longa espera, enfim, chegou o manto. Não preciso destacar o turbilhão de emoções que cerca esse tema, envolvendo questões como segurança, religiosidade, conservação, representatividade, museologia e direitos de fala, regadas com um forte, mas nem sempre construtivo, componente político. Basta ver as inúmeras manifestações já realizadas e, tenho certeza, muitas que ainda estão por vir. Nada de novo no front, já que estamos falando de algo extremamente importante e que representa um momento histórico: a doação do manto tupinambá ao principal museu de história natural e antropologia do Brasil, que enfrenta enormes desafios para a sua reconstrução.

A controvérsia é esperada, até pelas diferentes interpretações e lutas por protagonismo. Como sempre enfatizei, não existe peça mais importante produzida no País que estivesse no exterior! E não se trata de qualquer um dos 11 mantos dos quais se sabe da existência, remanescentes de outros que há muito deixaram de existir. É esse manto específico, que acaba de chegar, o de maior relevância. Confeccionado por um desconhecido integrante do povo tupinambá, navegou para a Dinamarca por caminhos não muito bem sabidos, mas não necessariamente ilegais, como geralmente se supõe para peças que se encontram fora de seu país de origem. Seu primeiro registro data de 1674, tendo sido incorporado ao Museu Nacional da Dinamarca em 1689. É, segundo quem entende do assunto, o mais bem preservado dos que restaram e pode ser bem mais antigo do que se supõe.

A vinda do manto foi uma ação complexa que envolveu diversos parceiros. A começar, o Museu Nacional da Dinamarca, que se mostrou receptivo ao pleito brasileiro; a Embaixada do Brasil na Dinamarca, que iniciou e atuou como mediadora nesse processo; os representantes da comunidade tupinambá, que apoiaram essa ação; e, finalmente, o Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quem cabia as questões operacionais e de segurança. A todos os envolvidos, aproveito para expressar a minha mais sincera gratidão!

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Desde o início tivemos a noção da importância que teria a volta do manto, considerado pelos tupinambás como um ancião que ainda vive! Após a confirmação pública em 27 de junho de 2023 da doação pelas autoridades da Dinamarca, o Museu Nacional/UFRJ criou o Grupo de Trabalho (GT) de Acolhimento ao Manto Tupinambá. Como não poderia deixar de ser, esse GT conta com representantes dos tupinambás. É importante destacar que os antropólogos do museu, há décadas, trabalham com os povos originários, sempre com escuta e respeito. Muitos são, inclusive, recebidos como estudantes em nossos programas de pós-graduação.

Desde o início estava claro que nem todos os pleitos poderiam ser atendidos por questões de segurança e financeiras (por exemplo, passagens). Dados sobre o embarque e a chegada do manto foram mantidos de forma reservada por questões de segurança. O compromisso assumido pela direção do museu de dar conhecimento ao GT, assim que o manto estivesse nas dependências da instituição, foi cumprido no dia 4 de julho, tendo tido boa acolhida. Nessa ocasião foram informados os próximos passos, sendo enfatizada a possibilidade da realização de rituais antes de uma apresentação pública. No dia 8 de julho, a caixa que abrigava o manto, como havia sido informado ao GT, foi aberta com a presença apenas de responsáveis pelo transporte e técnicos em conservação. Em cerca de uma hora, o manto foi transferido para uma câmara de anoxia, onde permaneceria por 30 dias a partir daquela data. Novamente, reiteramos ser um processo necessário, conduzido com segurança e responsabilidade.

Não há o que se falar em mudança “imediata” de postura pelo Museu Nacional/UFRJ, como injustamente alguns afirmaram. Muito pelo contrário, as ações adotadas até aqui devem ser enaltecidas! Creio que poucas instituições nacionais tenham tanto respeito aos diferentes povos detentores de saberes, não apenas aos originários. Sem querer polemizar, a afirmação de uma suposta negação ao povo tupinambá de realizar os seus rituais, além de ser uma inverdade, causa espécie. Acredito que manipulações desse tipo não estão de acordo com o retorno desse sagrado ancestral, que agora poderá ser reverenciado por todos os brasileiros, representantes de povos originários ou não! Como procuro sempre sublinhar, o retorno do manto deve ser visto como uma grande conquista, sendo uma oportunidade de união e celebração.

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O manto tupinambá, juntamente com o Museu Nacional, vive!

*

DIRETOR DO MUSEU NACIONAL/UFRJ

Após longa espera, enfim, chegou o manto. Não preciso destacar o turbilhão de emoções que cerca esse tema, envolvendo questões como segurança, religiosidade, conservação, representatividade, museologia e direitos de fala, regadas com um forte, mas nem sempre construtivo, componente político. Basta ver as inúmeras manifestações já realizadas e, tenho certeza, muitas que ainda estão por vir. Nada de novo no front, já que estamos falando de algo extremamente importante e que representa um momento histórico: a doação do manto tupinambá ao principal museu de história natural e antropologia do Brasil, que enfrenta enormes desafios para a sua reconstrução.

A controvérsia é esperada, até pelas diferentes interpretações e lutas por protagonismo. Como sempre enfatizei, não existe peça mais importante produzida no País que estivesse no exterior! E não se trata de qualquer um dos 11 mantos dos quais se sabe da existência, remanescentes de outros que há muito deixaram de existir. É esse manto específico, que acaba de chegar, o de maior relevância. Confeccionado por um desconhecido integrante do povo tupinambá, navegou para a Dinamarca por caminhos não muito bem sabidos, mas não necessariamente ilegais, como geralmente se supõe para peças que se encontram fora de seu país de origem. Seu primeiro registro data de 1674, tendo sido incorporado ao Museu Nacional da Dinamarca em 1689. É, segundo quem entende do assunto, o mais bem preservado dos que restaram e pode ser bem mais antigo do que se supõe.

A vinda do manto foi uma ação complexa que envolveu diversos parceiros. A começar, o Museu Nacional da Dinamarca, que se mostrou receptivo ao pleito brasileiro; a Embaixada do Brasil na Dinamarca, que iniciou e atuou como mediadora nesse processo; os representantes da comunidade tupinambá, que apoiaram essa ação; e, finalmente, o Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quem cabia as questões operacionais e de segurança. A todos os envolvidos, aproveito para expressar a minha mais sincera gratidão!

Desde o início tivemos a noção da importância que teria a volta do manto, considerado pelos tupinambás como um ancião que ainda vive! Após a confirmação pública em 27 de junho de 2023 da doação pelas autoridades da Dinamarca, o Museu Nacional/UFRJ criou o Grupo de Trabalho (GT) de Acolhimento ao Manto Tupinambá. Como não poderia deixar de ser, esse GT conta com representantes dos tupinambás. É importante destacar que os antropólogos do museu, há décadas, trabalham com os povos originários, sempre com escuta e respeito. Muitos são, inclusive, recebidos como estudantes em nossos programas de pós-graduação.

Desde o início estava claro que nem todos os pleitos poderiam ser atendidos por questões de segurança e financeiras (por exemplo, passagens). Dados sobre o embarque e a chegada do manto foram mantidos de forma reservada por questões de segurança. O compromisso assumido pela direção do museu de dar conhecimento ao GT, assim que o manto estivesse nas dependências da instituição, foi cumprido no dia 4 de julho, tendo tido boa acolhida. Nessa ocasião foram informados os próximos passos, sendo enfatizada a possibilidade da realização de rituais antes de uma apresentação pública. No dia 8 de julho, a caixa que abrigava o manto, como havia sido informado ao GT, foi aberta com a presença apenas de responsáveis pelo transporte e técnicos em conservação. Em cerca de uma hora, o manto foi transferido para uma câmara de anoxia, onde permaneceria por 30 dias a partir daquela data. Novamente, reiteramos ser um processo necessário, conduzido com segurança e responsabilidade.

Não há o que se falar em mudança “imediata” de postura pelo Museu Nacional/UFRJ, como injustamente alguns afirmaram. Muito pelo contrário, as ações adotadas até aqui devem ser enaltecidas! Creio que poucas instituições nacionais tenham tanto respeito aos diferentes povos detentores de saberes, não apenas aos originários. Sem querer polemizar, a afirmação de uma suposta negação ao povo tupinambá de realizar os seus rituais, além de ser uma inverdade, causa espécie. Acredito que manipulações desse tipo não estão de acordo com o retorno desse sagrado ancestral, que agora poderá ser reverenciado por todos os brasileiros, representantes de povos originários ou não! Como procuro sempre sublinhar, o retorno do manto deve ser visto como uma grande conquista, sendo uma oportunidade de união e celebração.

O manto tupinambá, juntamente com o Museu Nacional, vive!

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DIRETOR DO MUSEU NACIONAL/UFRJ

Após longa espera, enfim, chegou o manto. Não preciso destacar o turbilhão de emoções que cerca esse tema, envolvendo questões como segurança, religiosidade, conservação, representatividade, museologia e direitos de fala, regadas com um forte, mas nem sempre construtivo, componente político. Basta ver as inúmeras manifestações já realizadas e, tenho certeza, muitas que ainda estão por vir. Nada de novo no front, já que estamos falando de algo extremamente importante e que representa um momento histórico: a doação do manto tupinambá ao principal museu de história natural e antropologia do Brasil, que enfrenta enormes desafios para a sua reconstrução.

A controvérsia é esperada, até pelas diferentes interpretações e lutas por protagonismo. Como sempre enfatizei, não existe peça mais importante produzida no País que estivesse no exterior! E não se trata de qualquer um dos 11 mantos dos quais se sabe da existência, remanescentes de outros que há muito deixaram de existir. É esse manto específico, que acaba de chegar, o de maior relevância. Confeccionado por um desconhecido integrante do povo tupinambá, navegou para a Dinamarca por caminhos não muito bem sabidos, mas não necessariamente ilegais, como geralmente se supõe para peças que se encontram fora de seu país de origem. Seu primeiro registro data de 1674, tendo sido incorporado ao Museu Nacional da Dinamarca em 1689. É, segundo quem entende do assunto, o mais bem preservado dos que restaram e pode ser bem mais antigo do que se supõe.

A vinda do manto foi uma ação complexa que envolveu diversos parceiros. A começar, o Museu Nacional da Dinamarca, que se mostrou receptivo ao pleito brasileiro; a Embaixada do Brasil na Dinamarca, que iniciou e atuou como mediadora nesse processo; os representantes da comunidade tupinambá, que apoiaram essa ação; e, finalmente, o Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quem cabia as questões operacionais e de segurança. A todos os envolvidos, aproveito para expressar a minha mais sincera gratidão!

Desde o início tivemos a noção da importância que teria a volta do manto, considerado pelos tupinambás como um ancião que ainda vive! Após a confirmação pública em 27 de junho de 2023 da doação pelas autoridades da Dinamarca, o Museu Nacional/UFRJ criou o Grupo de Trabalho (GT) de Acolhimento ao Manto Tupinambá. Como não poderia deixar de ser, esse GT conta com representantes dos tupinambás. É importante destacar que os antropólogos do museu, há décadas, trabalham com os povos originários, sempre com escuta e respeito. Muitos são, inclusive, recebidos como estudantes em nossos programas de pós-graduação.

Desde o início estava claro que nem todos os pleitos poderiam ser atendidos por questões de segurança e financeiras (por exemplo, passagens). Dados sobre o embarque e a chegada do manto foram mantidos de forma reservada por questões de segurança. O compromisso assumido pela direção do museu de dar conhecimento ao GT, assim que o manto estivesse nas dependências da instituição, foi cumprido no dia 4 de julho, tendo tido boa acolhida. Nessa ocasião foram informados os próximos passos, sendo enfatizada a possibilidade da realização de rituais antes de uma apresentação pública. No dia 8 de julho, a caixa que abrigava o manto, como havia sido informado ao GT, foi aberta com a presença apenas de responsáveis pelo transporte e técnicos em conservação. Em cerca de uma hora, o manto foi transferido para uma câmara de anoxia, onde permaneceria por 30 dias a partir daquela data. Novamente, reiteramos ser um processo necessário, conduzido com segurança e responsabilidade.

Não há o que se falar em mudança “imediata” de postura pelo Museu Nacional/UFRJ, como injustamente alguns afirmaram. Muito pelo contrário, as ações adotadas até aqui devem ser enaltecidas! Creio que poucas instituições nacionais tenham tanto respeito aos diferentes povos detentores de saberes, não apenas aos originários. Sem querer polemizar, a afirmação de uma suposta negação ao povo tupinambá de realizar os seus rituais, além de ser uma inverdade, causa espécie. Acredito que manipulações desse tipo não estão de acordo com o retorno desse sagrado ancestral, que agora poderá ser reverenciado por todos os brasileiros, representantes de povos originários ou não! Como procuro sempre sublinhar, o retorno do manto deve ser visto como uma grande conquista, sendo uma oportunidade de união e celebração.

O manto tupinambá, juntamente com o Museu Nacional, vive!

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DIRETOR DO MUSEU NACIONAL/UFRJ

Após longa espera, enfim, chegou o manto. Não preciso destacar o turbilhão de emoções que cerca esse tema, envolvendo questões como segurança, religiosidade, conservação, representatividade, museologia e direitos de fala, regadas com um forte, mas nem sempre construtivo, componente político. Basta ver as inúmeras manifestações já realizadas e, tenho certeza, muitas que ainda estão por vir. Nada de novo no front, já que estamos falando de algo extremamente importante e que representa um momento histórico: a doação do manto tupinambá ao principal museu de história natural e antropologia do Brasil, que enfrenta enormes desafios para a sua reconstrução.

A controvérsia é esperada, até pelas diferentes interpretações e lutas por protagonismo. Como sempre enfatizei, não existe peça mais importante produzida no País que estivesse no exterior! E não se trata de qualquer um dos 11 mantos dos quais se sabe da existência, remanescentes de outros que há muito deixaram de existir. É esse manto específico, que acaba de chegar, o de maior relevância. Confeccionado por um desconhecido integrante do povo tupinambá, navegou para a Dinamarca por caminhos não muito bem sabidos, mas não necessariamente ilegais, como geralmente se supõe para peças que se encontram fora de seu país de origem. Seu primeiro registro data de 1674, tendo sido incorporado ao Museu Nacional da Dinamarca em 1689. É, segundo quem entende do assunto, o mais bem preservado dos que restaram e pode ser bem mais antigo do que se supõe.

A vinda do manto foi uma ação complexa que envolveu diversos parceiros. A começar, o Museu Nacional da Dinamarca, que se mostrou receptivo ao pleito brasileiro; a Embaixada do Brasil na Dinamarca, que iniciou e atuou como mediadora nesse processo; os representantes da comunidade tupinambá, que apoiaram essa ação; e, finalmente, o Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quem cabia as questões operacionais e de segurança. A todos os envolvidos, aproveito para expressar a minha mais sincera gratidão!

Desde o início tivemos a noção da importância que teria a volta do manto, considerado pelos tupinambás como um ancião que ainda vive! Após a confirmação pública em 27 de junho de 2023 da doação pelas autoridades da Dinamarca, o Museu Nacional/UFRJ criou o Grupo de Trabalho (GT) de Acolhimento ao Manto Tupinambá. Como não poderia deixar de ser, esse GT conta com representantes dos tupinambás. É importante destacar que os antropólogos do museu, há décadas, trabalham com os povos originários, sempre com escuta e respeito. Muitos são, inclusive, recebidos como estudantes em nossos programas de pós-graduação.

Desde o início estava claro que nem todos os pleitos poderiam ser atendidos por questões de segurança e financeiras (por exemplo, passagens). Dados sobre o embarque e a chegada do manto foram mantidos de forma reservada por questões de segurança. O compromisso assumido pela direção do museu de dar conhecimento ao GT, assim que o manto estivesse nas dependências da instituição, foi cumprido no dia 4 de julho, tendo tido boa acolhida. Nessa ocasião foram informados os próximos passos, sendo enfatizada a possibilidade da realização de rituais antes de uma apresentação pública. No dia 8 de julho, a caixa que abrigava o manto, como havia sido informado ao GT, foi aberta com a presença apenas de responsáveis pelo transporte e técnicos em conservação. Em cerca de uma hora, o manto foi transferido para uma câmara de anoxia, onde permaneceria por 30 dias a partir daquela data. Novamente, reiteramos ser um processo necessário, conduzido com segurança e responsabilidade.

Não há o que se falar em mudança “imediata” de postura pelo Museu Nacional/UFRJ, como injustamente alguns afirmaram. Muito pelo contrário, as ações adotadas até aqui devem ser enaltecidas! Creio que poucas instituições nacionais tenham tanto respeito aos diferentes povos detentores de saberes, não apenas aos originários. Sem querer polemizar, a afirmação de uma suposta negação ao povo tupinambá de realizar os seus rituais, além de ser uma inverdade, causa espécie. Acredito que manipulações desse tipo não estão de acordo com o retorno desse sagrado ancestral, que agora poderá ser reverenciado por todos os brasileiros, representantes de povos originários ou não! Como procuro sempre sublinhar, o retorno do manto deve ser visto como uma grande conquista, sendo uma oportunidade de união e celebração.

O manto tupinambá, juntamente com o Museu Nacional, vive!

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DIRETOR DO MUSEU NACIONAL/UFRJ

Opinião por Alexander Kellner

Diretor do Museu Nacional/UFRJ

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