Opinião|Os desafios da segurança pública


Há uma falsa percepção de que política de segurança eficiente é incompatível com uma polícia civilizada e respeitadora dos direitos humanos

Por Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, José Carlos Dias e Marco Vinicio Petrelluzzi

Durante a campanha para o primeiro turno das eleições municipais no País, deu-se um importante debate sobre os desafios atuais na construção de uma política de segurança pública. Encontro plural, democrático e sobretudo pacífico, do qual os signatários deste artigo participaram, ele aconteceu nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por iniciativa da reitoria daquela universidade, da Comissão Arns e do Instituto Vladimir Herzog.

O evento contou com a presença do secretário nacional de Segurança Pública e ex-procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mario Sarrubbo, e de personalidades da vida política brasileira, como os professores Cida Bento, Gabriel Chalita e Vidal Serrano, recém-nomeado reitor da PUC-SP, os pesquisadores Samira Bueno e Bruno Paes Manso, o ex-deputado estadual Goro Hama, o ex-ouvidor das polícias e ex-secretário de Segurança Cidadã de Diadema, Benedito Mariano, e a promotora de Justiça Fabiana Dal’Mas. Juntos, nós nos debruçamos por horas sobre o tema segurança pública e democracia, pensando especialmente nas grandes cidades como São Paulo. Todos os participantes do debate, além da experiência na área pública, têm participado na formulação de programas partidários, sobretudo em ligação com o tema central, por isso, trouxeram ricas reflexões.

A primeira certeza que emergiu na discussão é a de que uma política de segurança pública deve ter como ideias-força a eficácia no combate à criminalidade e o respeito integral aos direitos da cidadania. Parece-nos patente que há uma falsa percepção na sociedade de que política de segurança eficiente, que conte com forças policiais motivadas e combativas, capazes de enfrentar a criminalidade organizada e responder adequadamente à violência urbana, seja algo incompatível com uma polícia civilizada e respeitadora dos direitos humanos.

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É preciso acabar com esse mito. As armas mais eficazes de combate ao crime, além do emprego adequado de recursos na capacitação das forças policiais, são a inteligência, o uso das modernas tecnologias, a adequação da legislação repressiva às novas realidades sociais e tecnológicas e o comprometimento integral da força do Estado brasileiro. Ao contrário, é preciso afastar a impressão de que um discurso truculento e marcado pelo preconceito é o único que cala na sensibilidade da população.

Nem mesmo as forças policiais têm essa visão. Prova disso é o fato de que propostas civilizatórias, hoje encampadas por várias polícias do Brasil, originaram-se das próprias corporações policiais. Assim foi com a doutrina do policiamento comunitário e, atualmente, a da utilização das câmeras corporais, cujo funcionamento pleno é imprescindível para evitar violações de parte a parte numa operação policial.

Uma política de segurança adequada deve fortalecer a criação de forças-tarefa para que, juntamente com o Ministério Público, todo o feixe de poderes do setor público se una no combate ao crime. A Receita Federal e as secretarias da Fazenda dos Estados e municípios, por exemplo, enfeixam uma série de poderes que, aliados às especificidades de cada uma das forças policiais, podem constituir fator decisivo para desbaratar o crime organizado. Operações policiais integradas se constituem em golpe de morte contra as organizações criminosas, sendo especialmente eficazes para desbaratar a lavagem de dinheiro e o uso cada vez mais comum de criptoativos pelos infratores da lei.

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No âmbito do policiamento cotidiano, especialmente no enfrentamento de questões complexas que atingem a segurança pública, como as “Cracolândias”, é preciso que as forças policiais ajam em conjunto, muitas vezes sob a coordenação dos órgãos públicos que cuidam do bem-estar social e da saúde, criando condições para o florescimento de ambientes mais sadios, possibilitando a atuação do poder público em áreas socialmente degradadas. Nesse passo, há que se modernizar o conceito de policiamento comunitário, adequando-o às novas tecnologias e às redes sociais, tornando o acesso à polícia mais amigável e eficiente.

Ao lado disso, cabe refletir sobre um sistema prisional moderno e seguro que, mesmo reservado para aqueles que não possam conviver em sociedade, seja capaz de combater as organizações criminosas ali constituídas, com inteligência e informação. Quanto ao Poder Judiciário, destinatário final de todas as investigações e processos movidos contra os que afrontam a lei, cabe ser ágil e estar à altura dos desafios que a moderna criminalidade organizada apresenta.

O debate nos mostrou que há muito o que fazer na área, porém, sem forças policiais fortes e motivadas, além de bem treinadas e remuneradas, nada disso é possível. Em uma democracia, são delas o monopólio do uso moderado da força – e essa força deve ser exercida, sempre em consonância com os princípios da Carta Constitucional e o respeito aos direitos humanos. Não há incompatibilidade entre essas premissas.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, EX-PROCURADOR DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Durante a campanha para o primeiro turno das eleições municipais no País, deu-se um importante debate sobre os desafios atuais na construção de uma política de segurança pública. Encontro plural, democrático e sobretudo pacífico, do qual os signatários deste artigo participaram, ele aconteceu nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por iniciativa da reitoria daquela universidade, da Comissão Arns e do Instituto Vladimir Herzog.

O evento contou com a presença do secretário nacional de Segurança Pública e ex-procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mario Sarrubbo, e de personalidades da vida política brasileira, como os professores Cida Bento, Gabriel Chalita e Vidal Serrano, recém-nomeado reitor da PUC-SP, os pesquisadores Samira Bueno e Bruno Paes Manso, o ex-deputado estadual Goro Hama, o ex-ouvidor das polícias e ex-secretário de Segurança Cidadã de Diadema, Benedito Mariano, e a promotora de Justiça Fabiana Dal’Mas. Juntos, nós nos debruçamos por horas sobre o tema segurança pública e democracia, pensando especialmente nas grandes cidades como São Paulo. Todos os participantes do debate, além da experiência na área pública, têm participado na formulação de programas partidários, sobretudo em ligação com o tema central, por isso, trouxeram ricas reflexões.

A primeira certeza que emergiu na discussão é a de que uma política de segurança pública deve ter como ideias-força a eficácia no combate à criminalidade e o respeito integral aos direitos da cidadania. Parece-nos patente que há uma falsa percepção na sociedade de que política de segurança eficiente, que conte com forças policiais motivadas e combativas, capazes de enfrentar a criminalidade organizada e responder adequadamente à violência urbana, seja algo incompatível com uma polícia civilizada e respeitadora dos direitos humanos.

É preciso acabar com esse mito. As armas mais eficazes de combate ao crime, além do emprego adequado de recursos na capacitação das forças policiais, são a inteligência, o uso das modernas tecnologias, a adequação da legislação repressiva às novas realidades sociais e tecnológicas e o comprometimento integral da força do Estado brasileiro. Ao contrário, é preciso afastar a impressão de que um discurso truculento e marcado pelo preconceito é o único que cala na sensibilidade da população.

Nem mesmo as forças policiais têm essa visão. Prova disso é o fato de que propostas civilizatórias, hoje encampadas por várias polícias do Brasil, originaram-se das próprias corporações policiais. Assim foi com a doutrina do policiamento comunitário e, atualmente, a da utilização das câmeras corporais, cujo funcionamento pleno é imprescindível para evitar violações de parte a parte numa operação policial.

Uma política de segurança adequada deve fortalecer a criação de forças-tarefa para que, juntamente com o Ministério Público, todo o feixe de poderes do setor público se una no combate ao crime. A Receita Federal e as secretarias da Fazenda dos Estados e municípios, por exemplo, enfeixam uma série de poderes que, aliados às especificidades de cada uma das forças policiais, podem constituir fator decisivo para desbaratar o crime organizado. Operações policiais integradas se constituem em golpe de morte contra as organizações criminosas, sendo especialmente eficazes para desbaratar a lavagem de dinheiro e o uso cada vez mais comum de criptoativos pelos infratores da lei.

No âmbito do policiamento cotidiano, especialmente no enfrentamento de questões complexas que atingem a segurança pública, como as “Cracolândias”, é preciso que as forças policiais ajam em conjunto, muitas vezes sob a coordenação dos órgãos públicos que cuidam do bem-estar social e da saúde, criando condições para o florescimento de ambientes mais sadios, possibilitando a atuação do poder público em áreas socialmente degradadas. Nesse passo, há que se modernizar o conceito de policiamento comunitário, adequando-o às novas tecnologias e às redes sociais, tornando o acesso à polícia mais amigável e eficiente.

Ao lado disso, cabe refletir sobre um sistema prisional moderno e seguro que, mesmo reservado para aqueles que não possam conviver em sociedade, seja capaz de combater as organizações criminosas ali constituídas, com inteligência e informação. Quanto ao Poder Judiciário, destinatário final de todas as investigações e processos movidos contra os que afrontam a lei, cabe ser ágil e estar à altura dos desafios que a moderna criminalidade organizada apresenta.

O debate nos mostrou que há muito o que fazer na área, porém, sem forças policiais fortes e motivadas, além de bem treinadas e remuneradas, nada disso é possível. Em uma democracia, são delas o monopólio do uso moderado da força – e essa força deve ser exercida, sempre em consonância com os princípios da Carta Constitucional e o respeito aos direitos humanos. Não há incompatibilidade entre essas premissas.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, EX-PROCURADOR DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Durante a campanha para o primeiro turno das eleições municipais no País, deu-se um importante debate sobre os desafios atuais na construção de uma política de segurança pública. Encontro plural, democrático e sobretudo pacífico, do qual os signatários deste artigo participaram, ele aconteceu nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por iniciativa da reitoria daquela universidade, da Comissão Arns e do Instituto Vladimir Herzog.

O evento contou com a presença do secretário nacional de Segurança Pública e ex-procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mario Sarrubbo, e de personalidades da vida política brasileira, como os professores Cida Bento, Gabriel Chalita e Vidal Serrano, recém-nomeado reitor da PUC-SP, os pesquisadores Samira Bueno e Bruno Paes Manso, o ex-deputado estadual Goro Hama, o ex-ouvidor das polícias e ex-secretário de Segurança Cidadã de Diadema, Benedito Mariano, e a promotora de Justiça Fabiana Dal’Mas. Juntos, nós nos debruçamos por horas sobre o tema segurança pública e democracia, pensando especialmente nas grandes cidades como São Paulo. Todos os participantes do debate, além da experiência na área pública, têm participado na formulação de programas partidários, sobretudo em ligação com o tema central, por isso, trouxeram ricas reflexões.

A primeira certeza que emergiu na discussão é a de que uma política de segurança pública deve ter como ideias-força a eficácia no combate à criminalidade e o respeito integral aos direitos da cidadania. Parece-nos patente que há uma falsa percepção na sociedade de que política de segurança eficiente, que conte com forças policiais motivadas e combativas, capazes de enfrentar a criminalidade organizada e responder adequadamente à violência urbana, seja algo incompatível com uma polícia civilizada e respeitadora dos direitos humanos.

É preciso acabar com esse mito. As armas mais eficazes de combate ao crime, além do emprego adequado de recursos na capacitação das forças policiais, são a inteligência, o uso das modernas tecnologias, a adequação da legislação repressiva às novas realidades sociais e tecnológicas e o comprometimento integral da força do Estado brasileiro. Ao contrário, é preciso afastar a impressão de que um discurso truculento e marcado pelo preconceito é o único que cala na sensibilidade da população.

Nem mesmo as forças policiais têm essa visão. Prova disso é o fato de que propostas civilizatórias, hoje encampadas por várias polícias do Brasil, originaram-se das próprias corporações policiais. Assim foi com a doutrina do policiamento comunitário e, atualmente, a da utilização das câmeras corporais, cujo funcionamento pleno é imprescindível para evitar violações de parte a parte numa operação policial.

Uma política de segurança adequada deve fortalecer a criação de forças-tarefa para que, juntamente com o Ministério Público, todo o feixe de poderes do setor público se una no combate ao crime. A Receita Federal e as secretarias da Fazenda dos Estados e municípios, por exemplo, enfeixam uma série de poderes que, aliados às especificidades de cada uma das forças policiais, podem constituir fator decisivo para desbaratar o crime organizado. Operações policiais integradas se constituem em golpe de morte contra as organizações criminosas, sendo especialmente eficazes para desbaratar a lavagem de dinheiro e o uso cada vez mais comum de criptoativos pelos infratores da lei.

No âmbito do policiamento cotidiano, especialmente no enfrentamento de questões complexas que atingem a segurança pública, como as “Cracolândias”, é preciso que as forças policiais ajam em conjunto, muitas vezes sob a coordenação dos órgãos públicos que cuidam do bem-estar social e da saúde, criando condições para o florescimento de ambientes mais sadios, possibilitando a atuação do poder público em áreas socialmente degradadas. Nesse passo, há que se modernizar o conceito de policiamento comunitário, adequando-o às novas tecnologias e às redes sociais, tornando o acesso à polícia mais amigável e eficiente.

Ao lado disso, cabe refletir sobre um sistema prisional moderno e seguro que, mesmo reservado para aqueles que não possam conviver em sociedade, seja capaz de combater as organizações criminosas ali constituídas, com inteligência e informação. Quanto ao Poder Judiciário, destinatário final de todas as investigações e processos movidos contra os que afrontam a lei, cabe ser ágil e estar à altura dos desafios que a moderna criminalidade organizada apresenta.

O debate nos mostrou que há muito o que fazer na área, porém, sem forças policiais fortes e motivadas, além de bem treinadas e remuneradas, nada disso é possível. Em uma democracia, são delas o monopólio do uso moderado da força – e essa força deve ser exercida, sempre em consonância com os princípios da Carta Constitucional e o respeito aos direitos humanos. Não há incompatibilidade entre essas premissas.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, MEMBRO DA COMISSÃO ARNS; EX-SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, EX-PROCURADOR DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Opinião por Antônio Cláudio Mariz de Oliveira

Membro da Comissão Arns, foi secretário da Segurança Pública de São Paulo

José Carlos Dias

Membro da Comissão Arns, foi ministro da Justiça

Marco Vinicio Petrelluzzi

Foi secretário da Segurança Pública de São Paulo e procurador de Justiça de São Paulo

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