Opinião|Reaproximação com os Estados Unidos: uma nova oportunidade para o Brasil?


Não à toa, a aproximação entre os dois países deve ser reordenada com uma grande mensagem: o compromisso com as instituições e a liberdade democrática

Por Miguel Jorge

A viagem do presidente Lula a Washington marcará oficialmente a reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A relação entre os países estava estremecida desde a eleição do presidente Joe Biden, em 2020, que manteve conexão distante e protocolar com a sua contraparte brasileira, Jair Bolsonaro. Portanto, a recepção de Lula renova a relação diplomática estratégica que o Brasil historicamente manteve com o país norte-americano.

Os Estados Unidos são – e sempre foram – mercado prioritário para o Brasil, e os números justificam esse entendimento: maior economia mundial e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos registraram corrente de comércio recorde de US$ 88,8 bilhões com o País em 2022, em sua maioria de commodities.

O bom resultado do comércio bilateral em 2022 foi beneficiado pela entrada em vigor, em junho, da atualização do Acordo Brasil–Estados Unidos de Comércio e Cooperação Econômica, que facilitou o comércio entre os países. Além disso, o reconhecimento mútuo de aduanas oficializou o programa de Operador Econômico Autorizado (OEA), assinado em setembro, aumentando a previsibilidade e a celeridade das trocas comerciais bilaterais.

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Ainda assim, há espaço para o Brasil aproveitar oportunidades estratégicas – e ainda pouco exploradas – com os Estados Unidos: poderá aderir ao Americas Partnership for Economic Prosperity, iniciativa criada pelo país norte-americano, ano passado, para enfrentar a desigualdade econômica e promover a integração regional. Além disso, há oportunidade para fomentar a agenda de sustentabilidade, desenvolvendo seu potencial para fornecimento de produtos com baixa emissão de carbono em suas cadeias produtivas.

Assim, o Brasil deve utilizar a reaproximação com os Estados Unidos para reforçar seu papel como parceiro comercial estratégico no continente. Há espaço para promover a cooperação bilateral em setores prioritários, como na produção e comercialização de semicondutores. Cabe ao governo brasileiro saber aproveitar as oportunidades que o novo contexto internacional e a reaproximação com os Estados Unidos proporcionarão ao País.

Além da pauta comercial, Biden e Lula parecem lidar com os mesmos desafios no campo político. Ambos enfrentaram mobilizações e atos radicais após suas respectivas eleições. Não à toa, a aproximação entre Estados Unidos e Brasil deve ser reordenada com uma grande mensagem: o compromisso com as instituições e a liberdade democrática, principalmente porque Lula e Biden sabem que seus opositores, ideológicos ou políticos, não serão apenas uma lembrança do passado.

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O alinhamento entre Brasil e Estados Unidos será de extrema importância, principalmente porque reconhecemos que as soluções para as adversidades globais não são resolvidas unilateralmente ou isoladas. As próximas agendas de Lula responderão se o slogan utilizado na Conferência do Clima da ONU (COP), “o Brasil está de volta”, continuará a repercutir nos próximos anos.

*

JORNALISTA, EX-MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (2007-2010), É DIRETOR DA CONSULTORIA BMJ CONSULTORES ASSOCIADOS

A viagem do presidente Lula a Washington marcará oficialmente a reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A relação entre os países estava estremecida desde a eleição do presidente Joe Biden, em 2020, que manteve conexão distante e protocolar com a sua contraparte brasileira, Jair Bolsonaro. Portanto, a recepção de Lula renova a relação diplomática estratégica que o Brasil historicamente manteve com o país norte-americano.

Os Estados Unidos são – e sempre foram – mercado prioritário para o Brasil, e os números justificam esse entendimento: maior economia mundial e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos registraram corrente de comércio recorde de US$ 88,8 bilhões com o País em 2022, em sua maioria de commodities.

O bom resultado do comércio bilateral em 2022 foi beneficiado pela entrada em vigor, em junho, da atualização do Acordo Brasil–Estados Unidos de Comércio e Cooperação Econômica, que facilitou o comércio entre os países. Além disso, o reconhecimento mútuo de aduanas oficializou o programa de Operador Econômico Autorizado (OEA), assinado em setembro, aumentando a previsibilidade e a celeridade das trocas comerciais bilaterais.

Ainda assim, há espaço para o Brasil aproveitar oportunidades estratégicas – e ainda pouco exploradas – com os Estados Unidos: poderá aderir ao Americas Partnership for Economic Prosperity, iniciativa criada pelo país norte-americano, ano passado, para enfrentar a desigualdade econômica e promover a integração regional. Além disso, há oportunidade para fomentar a agenda de sustentabilidade, desenvolvendo seu potencial para fornecimento de produtos com baixa emissão de carbono em suas cadeias produtivas.

Assim, o Brasil deve utilizar a reaproximação com os Estados Unidos para reforçar seu papel como parceiro comercial estratégico no continente. Há espaço para promover a cooperação bilateral em setores prioritários, como na produção e comercialização de semicondutores. Cabe ao governo brasileiro saber aproveitar as oportunidades que o novo contexto internacional e a reaproximação com os Estados Unidos proporcionarão ao País.

Além da pauta comercial, Biden e Lula parecem lidar com os mesmos desafios no campo político. Ambos enfrentaram mobilizações e atos radicais após suas respectivas eleições. Não à toa, a aproximação entre Estados Unidos e Brasil deve ser reordenada com uma grande mensagem: o compromisso com as instituições e a liberdade democrática, principalmente porque Lula e Biden sabem que seus opositores, ideológicos ou políticos, não serão apenas uma lembrança do passado.

O alinhamento entre Brasil e Estados Unidos será de extrema importância, principalmente porque reconhecemos que as soluções para as adversidades globais não são resolvidas unilateralmente ou isoladas. As próximas agendas de Lula responderão se o slogan utilizado na Conferência do Clima da ONU (COP), “o Brasil está de volta”, continuará a repercutir nos próximos anos.

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JORNALISTA, EX-MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (2007-2010), É DIRETOR DA CONSULTORIA BMJ CONSULTORES ASSOCIADOS

A viagem do presidente Lula a Washington marcará oficialmente a reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A relação entre os países estava estremecida desde a eleição do presidente Joe Biden, em 2020, que manteve conexão distante e protocolar com a sua contraparte brasileira, Jair Bolsonaro. Portanto, a recepção de Lula renova a relação diplomática estratégica que o Brasil historicamente manteve com o país norte-americano.

Os Estados Unidos são – e sempre foram – mercado prioritário para o Brasil, e os números justificam esse entendimento: maior economia mundial e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos registraram corrente de comércio recorde de US$ 88,8 bilhões com o País em 2022, em sua maioria de commodities.

O bom resultado do comércio bilateral em 2022 foi beneficiado pela entrada em vigor, em junho, da atualização do Acordo Brasil–Estados Unidos de Comércio e Cooperação Econômica, que facilitou o comércio entre os países. Além disso, o reconhecimento mútuo de aduanas oficializou o programa de Operador Econômico Autorizado (OEA), assinado em setembro, aumentando a previsibilidade e a celeridade das trocas comerciais bilaterais.

Ainda assim, há espaço para o Brasil aproveitar oportunidades estratégicas – e ainda pouco exploradas – com os Estados Unidos: poderá aderir ao Americas Partnership for Economic Prosperity, iniciativa criada pelo país norte-americano, ano passado, para enfrentar a desigualdade econômica e promover a integração regional. Além disso, há oportunidade para fomentar a agenda de sustentabilidade, desenvolvendo seu potencial para fornecimento de produtos com baixa emissão de carbono em suas cadeias produtivas.

Assim, o Brasil deve utilizar a reaproximação com os Estados Unidos para reforçar seu papel como parceiro comercial estratégico no continente. Há espaço para promover a cooperação bilateral em setores prioritários, como na produção e comercialização de semicondutores. Cabe ao governo brasileiro saber aproveitar as oportunidades que o novo contexto internacional e a reaproximação com os Estados Unidos proporcionarão ao País.

Além da pauta comercial, Biden e Lula parecem lidar com os mesmos desafios no campo político. Ambos enfrentaram mobilizações e atos radicais após suas respectivas eleições. Não à toa, a aproximação entre Estados Unidos e Brasil deve ser reordenada com uma grande mensagem: o compromisso com as instituições e a liberdade democrática, principalmente porque Lula e Biden sabem que seus opositores, ideológicos ou políticos, não serão apenas uma lembrança do passado.

O alinhamento entre Brasil e Estados Unidos será de extrema importância, principalmente porque reconhecemos que as soluções para as adversidades globais não são resolvidas unilateralmente ou isoladas. As próximas agendas de Lula responderão se o slogan utilizado na Conferência do Clima da ONU (COP), “o Brasil está de volta”, continuará a repercutir nos próximos anos.

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JORNALISTA, EX-MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (2007-2010), É DIRETOR DA CONSULTORIA BMJ CONSULTORES ASSOCIADOS

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