Opinião|Reputação internacional do Brasil depende de condenação inequívoca do antissemitismo


Necessidade de um novo posicionamento do governo brasileiro é não só questão de justiça histórica, mas de soberania nacional

Por Claudio L. Lottenberg

Um dos maiores ativos internacionais do Brasil é a qualidade da sua diplomacia. Sem qualquer conflito armado com seus vizinhos há mais de um século e meio e com um Itamaraty pautado pelos valores do multilateralismo, da aproximação e do diálogo, nosso país consolidou há anos sua autoridade como mediador de conflitos e voz respeitada nos principais fóruns internacionais.

Agora, essa reputação está sob teste. A guerra em Gaza fez crescer consideravelmente o antissemitismo no mundo. Por aqui, um levantamento da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) realizado no ano passado, logo após o início do conflito, mostrou que as denúncias de atos ou ameaças contra judeus tinham crescido 133% em comparação com o ano anterior.

A história ensina que o antissemitismo é o canário da mina em matéria de discurso de ódio. Perigoso em si mesmo, sua banalização também escancara as portas para todo tipo de hostilidade contra minorias sociais, incluindo pessoas negras, LGBTQIA+, população rom (também chamada de ciganos) e assim por diante.

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Críticas à atuação do governo de Israel em sua contraofensiva militar não podem dar guarida ao antissemitismo puro e simples. Da mesma forma, opiniões partidárias e ideológicas, legítimas na democracia, não podem contaminar o posicionamento do Estado brasileiro, maculando sua imagem perante a comunidade internacional.

Felizmente, há iniciativas que reafirmam o histórico da sociedade brasileira de acolhimento e tolerância para com o povo judeu. Os governos de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Rondônia e Roraima adotaram oficialmente a definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória ao Holocausto (Ihra), que abarca “uma determinada percepção dos judeus”, bem como “manifestações retóricas e físicas” contra indivíduos, “seus bens, instituições comunitárias e instalações religiosas”.

Outros quatro Estados devem firmar o mesmo compromisso nos próximos dias, mas não é o bastante. Precisamos de uma condenação inequívoca do antissemitismo e do terrorismo partindo de todos os níveis do governo, muito especialmente o federal.

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Precisamos, sobretudo, de uma mudança de atitude: a condenação peremptória (e, não raro, precipitada) de certas decisões do Estado de Israel é seguida, paradoxalmente, por hesitação na hora de repudiar com necessária veemência as ações de grupos terroristas como o Hamas. Parece também haver pouca ou nenhuma disposição do governo para receber representantes da comunidade judaica, o que não vale para os críticos da atuação de Israel na crise em Gaza. Isso precisa mudar.

As instituições representativas dos judeus no Brasil continuam abertas ao diálogo. A necessidade de um novo posicionamento do governo brasileiro é não apenas questão de justiça histórica, mas de soberania nacional. Somos uma economia média e sem grande poderio bélico. Ao longo das gerações, pelo esforço e brilhantismo de incontáveis brasileiros, logramos transformar a diplomacia, sempre técnica e equilibrada, em nossa mais poderosa arma no cenário internacional.

A preservação desse legado depende de uma resposta, em alto e bom som, à escalada crescente do antissemitismo.

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MÉDICO, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, É PRESIDENTE DO INSTITUTO COALIZÃO SAÚDE (ICOS) E DA CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL (CONIB)

Um dos maiores ativos internacionais do Brasil é a qualidade da sua diplomacia. Sem qualquer conflito armado com seus vizinhos há mais de um século e meio e com um Itamaraty pautado pelos valores do multilateralismo, da aproximação e do diálogo, nosso país consolidou há anos sua autoridade como mediador de conflitos e voz respeitada nos principais fóruns internacionais.

Agora, essa reputação está sob teste. A guerra em Gaza fez crescer consideravelmente o antissemitismo no mundo. Por aqui, um levantamento da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) realizado no ano passado, logo após o início do conflito, mostrou que as denúncias de atos ou ameaças contra judeus tinham crescido 133% em comparação com o ano anterior.

A história ensina que o antissemitismo é o canário da mina em matéria de discurso de ódio. Perigoso em si mesmo, sua banalização também escancara as portas para todo tipo de hostilidade contra minorias sociais, incluindo pessoas negras, LGBTQIA+, população rom (também chamada de ciganos) e assim por diante.

Críticas à atuação do governo de Israel em sua contraofensiva militar não podem dar guarida ao antissemitismo puro e simples. Da mesma forma, opiniões partidárias e ideológicas, legítimas na democracia, não podem contaminar o posicionamento do Estado brasileiro, maculando sua imagem perante a comunidade internacional.

Felizmente, há iniciativas que reafirmam o histórico da sociedade brasileira de acolhimento e tolerância para com o povo judeu. Os governos de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Rondônia e Roraima adotaram oficialmente a definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória ao Holocausto (Ihra), que abarca “uma determinada percepção dos judeus”, bem como “manifestações retóricas e físicas” contra indivíduos, “seus bens, instituições comunitárias e instalações religiosas”.

Outros quatro Estados devem firmar o mesmo compromisso nos próximos dias, mas não é o bastante. Precisamos de uma condenação inequívoca do antissemitismo e do terrorismo partindo de todos os níveis do governo, muito especialmente o federal.

Precisamos, sobretudo, de uma mudança de atitude: a condenação peremptória (e, não raro, precipitada) de certas decisões do Estado de Israel é seguida, paradoxalmente, por hesitação na hora de repudiar com necessária veemência as ações de grupos terroristas como o Hamas. Parece também haver pouca ou nenhuma disposição do governo para receber representantes da comunidade judaica, o que não vale para os críticos da atuação de Israel na crise em Gaza. Isso precisa mudar.

As instituições representativas dos judeus no Brasil continuam abertas ao diálogo. A necessidade de um novo posicionamento do governo brasileiro é não apenas questão de justiça histórica, mas de soberania nacional. Somos uma economia média e sem grande poderio bélico. Ao longo das gerações, pelo esforço e brilhantismo de incontáveis brasileiros, logramos transformar a diplomacia, sempre técnica e equilibrada, em nossa mais poderosa arma no cenário internacional.

A preservação desse legado depende de uma resposta, em alto e bom som, à escalada crescente do antissemitismo.

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MÉDICO, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, É PRESIDENTE DO INSTITUTO COALIZÃO SAÚDE (ICOS) E DA CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL (CONIB)

Um dos maiores ativos internacionais do Brasil é a qualidade da sua diplomacia. Sem qualquer conflito armado com seus vizinhos há mais de um século e meio e com um Itamaraty pautado pelos valores do multilateralismo, da aproximação e do diálogo, nosso país consolidou há anos sua autoridade como mediador de conflitos e voz respeitada nos principais fóruns internacionais.

Agora, essa reputação está sob teste. A guerra em Gaza fez crescer consideravelmente o antissemitismo no mundo. Por aqui, um levantamento da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) realizado no ano passado, logo após o início do conflito, mostrou que as denúncias de atos ou ameaças contra judeus tinham crescido 133% em comparação com o ano anterior.

A história ensina que o antissemitismo é o canário da mina em matéria de discurso de ódio. Perigoso em si mesmo, sua banalização também escancara as portas para todo tipo de hostilidade contra minorias sociais, incluindo pessoas negras, LGBTQIA+, população rom (também chamada de ciganos) e assim por diante.

Críticas à atuação do governo de Israel em sua contraofensiva militar não podem dar guarida ao antissemitismo puro e simples. Da mesma forma, opiniões partidárias e ideológicas, legítimas na democracia, não podem contaminar o posicionamento do Estado brasileiro, maculando sua imagem perante a comunidade internacional.

Felizmente, há iniciativas que reafirmam o histórico da sociedade brasileira de acolhimento e tolerância para com o povo judeu. Os governos de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Rondônia e Roraima adotaram oficialmente a definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória ao Holocausto (Ihra), que abarca “uma determinada percepção dos judeus”, bem como “manifestações retóricas e físicas” contra indivíduos, “seus bens, instituições comunitárias e instalações religiosas”.

Outros quatro Estados devem firmar o mesmo compromisso nos próximos dias, mas não é o bastante. Precisamos de uma condenação inequívoca do antissemitismo e do terrorismo partindo de todos os níveis do governo, muito especialmente o federal.

Precisamos, sobretudo, de uma mudança de atitude: a condenação peremptória (e, não raro, precipitada) de certas decisões do Estado de Israel é seguida, paradoxalmente, por hesitação na hora de repudiar com necessária veemência as ações de grupos terroristas como o Hamas. Parece também haver pouca ou nenhuma disposição do governo para receber representantes da comunidade judaica, o que não vale para os críticos da atuação de Israel na crise em Gaza. Isso precisa mudar.

As instituições representativas dos judeus no Brasil continuam abertas ao diálogo. A necessidade de um novo posicionamento do governo brasileiro é não apenas questão de justiça histórica, mas de soberania nacional. Somos uma economia média e sem grande poderio bélico. Ao longo das gerações, pelo esforço e brilhantismo de incontáveis brasileiros, logramos transformar a diplomacia, sempre técnica e equilibrada, em nossa mais poderosa arma no cenário internacional.

A preservação desse legado depende de uma resposta, em alto e bom som, à escalada crescente do antissemitismo.

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MÉDICO, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, É PRESIDENTE DO INSTITUTO COALIZÃO SAÚDE (ICOS) E DA CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL (CONIB)

Um dos maiores ativos internacionais do Brasil é a qualidade da sua diplomacia. Sem qualquer conflito armado com seus vizinhos há mais de um século e meio e com um Itamaraty pautado pelos valores do multilateralismo, da aproximação e do diálogo, nosso país consolidou há anos sua autoridade como mediador de conflitos e voz respeitada nos principais fóruns internacionais.

Agora, essa reputação está sob teste. A guerra em Gaza fez crescer consideravelmente o antissemitismo no mundo. Por aqui, um levantamento da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) realizado no ano passado, logo após o início do conflito, mostrou que as denúncias de atos ou ameaças contra judeus tinham crescido 133% em comparação com o ano anterior.

A história ensina que o antissemitismo é o canário da mina em matéria de discurso de ódio. Perigoso em si mesmo, sua banalização também escancara as portas para todo tipo de hostilidade contra minorias sociais, incluindo pessoas negras, LGBTQIA+, população rom (também chamada de ciganos) e assim por diante.

Críticas à atuação do governo de Israel em sua contraofensiva militar não podem dar guarida ao antissemitismo puro e simples. Da mesma forma, opiniões partidárias e ideológicas, legítimas na democracia, não podem contaminar o posicionamento do Estado brasileiro, maculando sua imagem perante a comunidade internacional.

Felizmente, há iniciativas que reafirmam o histórico da sociedade brasileira de acolhimento e tolerância para com o povo judeu. Os governos de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Rondônia e Roraima adotaram oficialmente a definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória ao Holocausto (Ihra), que abarca “uma determinada percepção dos judeus”, bem como “manifestações retóricas e físicas” contra indivíduos, “seus bens, instituições comunitárias e instalações religiosas”.

Outros quatro Estados devem firmar o mesmo compromisso nos próximos dias, mas não é o bastante. Precisamos de uma condenação inequívoca do antissemitismo e do terrorismo partindo de todos os níveis do governo, muito especialmente o federal.

Precisamos, sobretudo, de uma mudança de atitude: a condenação peremptória (e, não raro, precipitada) de certas decisões do Estado de Israel é seguida, paradoxalmente, por hesitação na hora de repudiar com necessária veemência as ações de grupos terroristas como o Hamas. Parece também haver pouca ou nenhuma disposição do governo para receber representantes da comunidade judaica, o que não vale para os críticos da atuação de Israel na crise em Gaza. Isso precisa mudar.

As instituições representativas dos judeus no Brasil continuam abertas ao diálogo. A necessidade de um novo posicionamento do governo brasileiro é não apenas questão de justiça histórica, mas de soberania nacional. Somos uma economia média e sem grande poderio bélico. Ao longo das gerações, pelo esforço e brilhantismo de incontáveis brasileiros, logramos transformar a diplomacia, sempre técnica e equilibrada, em nossa mais poderosa arma no cenário internacional.

A preservação desse legado depende de uma resposta, em alto e bom som, à escalada crescente do antissemitismo.

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MÉDICO, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, É PRESIDENTE DO INSTITUTO COALIZÃO SAÚDE (ICOS) E DA CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL (CONIB)

Opinião por Claudio L. Lottenberg

Médico, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, é presidente do Instituto Coalizão Saúde (Icos) e da Confederação Israelita do Brasil (Conib)

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