Opinião|Uma transição energética coerente


Governo federal parece atordoado com número de propostas com mais de dez ministérios envolvidos, iniciativas de governos estaduais e legislação aprovada na Câmara e no Senado

Por José Goldemberg

Transições energéticas não são nenhuma novidade na história da civilização.

A primeira delas foi o uso de trabalho humano (principalmente escravos) e animais domesticados, que permitiram a implantação da agricultura em grande escala e o surgimento das grandes civilizações da antiguidade. As principais fontes de energia usadas até o fim do século 17 eram a madeira das florestas e resíduos vegetais (biomassa).

A segunda transição foram o uso do carvão mineral e as máquinas desenvolvidas por James Watt no século 18, que abriram caminho para a revolução industrial, substituindo o uso da madeira pelo carvão.

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A terceira foi a descoberta do petróleo, no século 19, que, com a enorme expansão industrial e do transporte rodoviário, passou a dominar o consumo de energia mundial no século 20. Mais recentemente, o uso de gás passou a crescer rapidamente.

Todas essas transições ocorreram lentamente. Combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo) representavam, em 2022, 84% do consumo mundial de energia. As fontes renováveis de energia (hidreletricidade, nuclear, eólica e biomassa), 16%.

O que há de diferente hoje é a urgência em encontrar soluções para dois problemas: o esgotamento das reservas físicas dos combustíveis fósseis (para o petróleo, isso ocorre por volta de 2050); e a redução das emissões de carbono (CO2) resultantes da queima de combustíveis fósseis que são responsáveis pelo aquecimento global.

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Esta urgência leva a uma politização na procura de soluções: os lentos avanços tecnológicos do passado e as forças do mercado foram substituídos por políticas de governo e subsídios em larga escala que abrem caminho para propostas de soluções sem bases técnicas e econômicas sólidas.

Por um lado, a indústria dos combustíveis fósseis, que parecia sensível à redução de suas atividades alguns anos atrás, endureceu sua determinação de “usar o petróleo existente até a última gota” após a COP-28, em Dubai.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia propõe aumentar rapidamente a contribuição de energias renováveis – principalmente eletricidade (solar, fotovoltaica e eólica) – para 70% até 2050.

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Em nosso país, em nome da “modernidade”, ideias de soluções são apresentadas todos os dias em que custos e oportunidade não são levados em conta, algumas das quais um tanto exóticas.

Para dar alguns exemplos:

• A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem autorizado grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica e eólica sem qualquer garantia de conexão à rede nacional de eletricidade, o que afeta todo o sistema e a produção de eletricidade.

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• A Petrobras propõe produzir eletricidade em alto-mar com energia eólica e trazer a eletricidade para o continente a um custo três vezes maior que o seu custo de produção em terra firme, no Nordeste.

• O Ministério de Minas e Energia propôs instalar reatores nucleares para suprir de eletricidade cidades isoladas na Amazônia, como se eles pudessem ser comprados pela internet, e ignora a complexidade da manutenção desses equipamentos sofisticados e as questões de segurança envolvendo radioatividade.

• Alguns governadores do Nordeste e até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) parecem entusiasmados em produzir hidrogênio verde no Brasil, sem levar em conta seu elevado custo. Dados recentes mostram que o custo de uma tonelada de “amônia verde” produzida com hidrogênio (produzido pela eletrólise da água) é de US$ 600, seis vezes o custo de “amônia cinza” produzida com hidrogênio obtido de combustíveis fósseis (gás natural).

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Pesquisa e desenvolvimento em todas essas áreas são justificáveis; o que não se justifica é o uso de grandes recursos públicos antes que elas se mostrem realistas e façam sentido do ponto de vista econômico.

Em contraste com este quadro, há soluções pragmáticas para os problemas de energia do País que não estão recebendo a atenção devida, como o uso mais eficiente da energia é ignorado nos programas governamentais.

A expansão desordenada da produção de energias renováveis (eólica e solar) exige uma revitalização do parque hidrelétrico, que é a coluna vertebral do suprimento de eletricidade renovável no Brasil como reservatório de energia em volumes que bancos de baterias químicas não podem atender. Sem reservatórios hidrelétricos, será essencial usar fontes térmicas como complemento às energias renováveis intermitentes.

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A eletrificação do transporte rodoviário no País não pode abandonar os grandes progressos do programa do etanol da cana-de-açúcar. Isso significa a adoção da linha de motores híbridos (bateria e etanol), o que evitaria a instalação de cerca de 40 mil postos para carregar baterias de veículos elétricos.

O governo federal parece atordoado com o número de propostas com mais de dez ministérios envolvidos, iniciativas de governos estaduais e legislação aprovada nas duas Casas do Congresso, em que “jabutis” são rotineiramente introduzidos sob pressão de lobbies.

Parece, pois, essencial que o Ministério de Minas e Energia assuma um papel de liderança para encaminhar uma transição energética coerente no País.

*

FOI MINISTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Transições energéticas não são nenhuma novidade na história da civilização.

A primeira delas foi o uso de trabalho humano (principalmente escravos) e animais domesticados, que permitiram a implantação da agricultura em grande escala e o surgimento das grandes civilizações da antiguidade. As principais fontes de energia usadas até o fim do século 17 eram a madeira das florestas e resíduos vegetais (biomassa).

A segunda transição foram o uso do carvão mineral e as máquinas desenvolvidas por James Watt no século 18, que abriram caminho para a revolução industrial, substituindo o uso da madeira pelo carvão.

A terceira foi a descoberta do petróleo, no século 19, que, com a enorme expansão industrial e do transporte rodoviário, passou a dominar o consumo de energia mundial no século 20. Mais recentemente, o uso de gás passou a crescer rapidamente.

Todas essas transições ocorreram lentamente. Combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo) representavam, em 2022, 84% do consumo mundial de energia. As fontes renováveis de energia (hidreletricidade, nuclear, eólica e biomassa), 16%.

O que há de diferente hoje é a urgência em encontrar soluções para dois problemas: o esgotamento das reservas físicas dos combustíveis fósseis (para o petróleo, isso ocorre por volta de 2050); e a redução das emissões de carbono (CO2) resultantes da queima de combustíveis fósseis que são responsáveis pelo aquecimento global.

Esta urgência leva a uma politização na procura de soluções: os lentos avanços tecnológicos do passado e as forças do mercado foram substituídos por políticas de governo e subsídios em larga escala que abrem caminho para propostas de soluções sem bases técnicas e econômicas sólidas.

Por um lado, a indústria dos combustíveis fósseis, que parecia sensível à redução de suas atividades alguns anos atrás, endureceu sua determinação de “usar o petróleo existente até a última gota” após a COP-28, em Dubai.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia propõe aumentar rapidamente a contribuição de energias renováveis – principalmente eletricidade (solar, fotovoltaica e eólica) – para 70% até 2050.

Em nosso país, em nome da “modernidade”, ideias de soluções são apresentadas todos os dias em que custos e oportunidade não são levados em conta, algumas das quais um tanto exóticas.

Para dar alguns exemplos:

• A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem autorizado grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica e eólica sem qualquer garantia de conexão à rede nacional de eletricidade, o que afeta todo o sistema e a produção de eletricidade.

• A Petrobras propõe produzir eletricidade em alto-mar com energia eólica e trazer a eletricidade para o continente a um custo três vezes maior que o seu custo de produção em terra firme, no Nordeste.

• O Ministério de Minas e Energia propôs instalar reatores nucleares para suprir de eletricidade cidades isoladas na Amazônia, como se eles pudessem ser comprados pela internet, e ignora a complexidade da manutenção desses equipamentos sofisticados e as questões de segurança envolvendo radioatividade.

• Alguns governadores do Nordeste e até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) parecem entusiasmados em produzir hidrogênio verde no Brasil, sem levar em conta seu elevado custo. Dados recentes mostram que o custo de uma tonelada de “amônia verde” produzida com hidrogênio (produzido pela eletrólise da água) é de US$ 600, seis vezes o custo de “amônia cinza” produzida com hidrogênio obtido de combustíveis fósseis (gás natural).

Pesquisa e desenvolvimento em todas essas áreas são justificáveis; o que não se justifica é o uso de grandes recursos públicos antes que elas se mostrem realistas e façam sentido do ponto de vista econômico.

Em contraste com este quadro, há soluções pragmáticas para os problemas de energia do País que não estão recebendo a atenção devida, como o uso mais eficiente da energia é ignorado nos programas governamentais.

A expansão desordenada da produção de energias renováveis (eólica e solar) exige uma revitalização do parque hidrelétrico, que é a coluna vertebral do suprimento de eletricidade renovável no Brasil como reservatório de energia em volumes que bancos de baterias químicas não podem atender. Sem reservatórios hidrelétricos, será essencial usar fontes térmicas como complemento às energias renováveis intermitentes.

A eletrificação do transporte rodoviário no País não pode abandonar os grandes progressos do programa do etanol da cana-de-açúcar. Isso significa a adoção da linha de motores híbridos (bateria e etanol), o que evitaria a instalação de cerca de 40 mil postos para carregar baterias de veículos elétricos.

O governo federal parece atordoado com o número de propostas com mais de dez ministérios envolvidos, iniciativas de governos estaduais e legislação aprovada nas duas Casas do Congresso, em que “jabutis” são rotineiramente introduzidos sob pressão de lobbies.

Parece, pois, essencial que o Ministério de Minas e Energia assuma um papel de liderança para encaminhar uma transição energética coerente no País.

*

FOI MINISTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Transições energéticas não são nenhuma novidade na história da civilização.

A primeira delas foi o uso de trabalho humano (principalmente escravos) e animais domesticados, que permitiram a implantação da agricultura em grande escala e o surgimento das grandes civilizações da antiguidade. As principais fontes de energia usadas até o fim do século 17 eram a madeira das florestas e resíduos vegetais (biomassa).

A segunda transição foram o uso do carvão mineral e as máquinas desenvolvidas por James Watt no século 18, que abriram caminho para a revolução industrial, substituindo o uso da madeira pelo carvão.

A terceira foi a descoberta do petróleo, no século 19, que, com a enorme expansão industrial e do transporte rodoviário, passou a dominar o consumo de energia mundial no século 20. Mais recentemente, o uso de gás passou a crescer rapidamente.

Todas essas transições ocorreram lentamente. Combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo) representavam, em 2022, 84% do consumo mundial de energia. As fontes renováveis de energia (hidreletricidade, nuclear, eólica e biomassa), 16%.

O que há de diferente hoje é a urgência em encontrar soluções para dois problemas: o esgotamento das reservas físicas dos combustíveis fósseis (para o petróleo, isso ocorre por volta de 2050); e a redução das emissões de carbono (CO2) resultantes da queima de combustíveis fósseis que são responsáveis pelo aquecimento global.

Esta urgência leva a uma politização na procura de soluções: os lentos avanços tecnológicos do passado e as forças do mercado foram substituídos por políticas de governo e subsídios em larga escala que abrem caminho para propostas de soluções sem bases técnicas e econômicas sólidas.

Por um lado, a indústria dos combustíveis fósseis, que parecia sensível à redução de suas atividades alguns anos atrás, endureceu sua determinação de “usar o petróleo existente até a última gota” após a COP-28, em Dubai.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia propõe aumentar rapidamente a contribuição de energias renováveis – principalmente eletricidade (solar, fotovoltaica e eólica) – para 70% até 2050.

Em nosso país, em nome da “modernidade”, ideias de soluções são apresentadas todos os dias em que custos e oportunidade não são levados em conta, algumas das quais um tanto exóticas.

Para dar alguns exemplos:

• A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem autorizado grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica e eólica sem qualquer garantia de conexão à rede nacional de eletricidade, o que afeta todo o sistema e a produção de eletricidade.

• A Petrobras propõe produzir eletricidade em alto-mar com energia eólica e trazer a eletricidade para o continente a um custo três vezes maior que o seu custo de produção em terra firme, no Nordeste.

• O Ministério de Minas e Energia propôs instalar reatores nucleares para suprir de eletricidade cidades isoladas na Amazônia, como se eles pudessem ser comprados pela internet, e ignora a complexidade da manutenção desses equipamentos sofisticados e as questões de segurança envolvendo radioatividade.

• Alguns governadores do Nordeste e até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) parecem entusiasmados em produzir hidrogênio verde no Brasil, sem levar em conta seu elevado custo. Dados recentes mostram que o custo de uma tonelada de “amônia verde” produzida com hidrogênio (produzido pela eletrólise da água) é de US$ 600, seis vezes o custo de “amônia cinza” produzida com hidrogênio obtido de combustíveis fósseis (gás natural).

Pesquisa e desenvolvimento em todas essas áreas são justificáveis; o que não se justifica é o uso de grandes recursos públicos antes que elas se mostrem realistas e façam sentido do ponto de vista econômico.

Em contraste com este quadro, há soluções pragmáticas para os problemas de energia do País que não estão recebendo a atenção devida, como o uso mais eficiente da energia é ignorado nos programas governamentais.

A expansão desordenada da produção de energias renováveis (eólica e solar) exige uma revitalização do parque hidrelétrico, que é a coluna vertebral do suprimento de eletricidade renovável no Brasil como reservatório de energia em volumes que bancos de baterias químicas não podem atender. Sem reservatórios hidrelétricos, será essencial usar fontes térmicas como complemento às energias renováveis intermitentes.

A eletrificação do transporte rodoviário no País não pode abandonar os grandes progressos do programa do etanol da cana-de-açúcar. Isso significa a adoção da linha de motores híbridos (bateria e etanol), o que evitaria a instalação de cerca de 40 mil postos para carregar baterias de veículos elétricos.

O governo federal parece atordoado com o número de propostas com mais de dez ministérios envolvidos, iniciativas de governos estaduais e legislação aprovada nas duas Casas do Congresso, em que “jabutis” são rotineiramente introduzidos sob pressão de lobbies.

Parece, pois, essencial que o Ministério de Minas e Energia assuma um papel de liderança para encaminhar uma transição energética coerente no País.

*

FOI MINISTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Transições energéticas não são nenhuma novidade na história da civilização.

A primeira delas foi o uso de trabalho humano (principalmente escravos) e animais domesticados, que permitiram a implantação da agricultura em grande escala e o surgimento das grandes civilizações da antiguidade. As principais fontes de energia usadas até o fim do século 17 eram a madeira das florestas e resíduos vegetais (biomassa).

A segunda transição foram o uso do carvão mineral e as máquinas desenvolvidas por James Watt no século 18, que abriram caminho para a revolução industrial, substituindo o uso da madeira pelo carvão.

A terceira foi a descoberta do petróleo, no século 19, que, com a enorme expansão industrial e do transporte rodoviário, passou a dominar o consumo de energia mundial no século 20. Mais recentemente, o uso de gás passou a crescer rapidamente.

Todas essas transições ocorreram lentamente. Combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo) representavam, em 2022, 84% do consumo mundial de energia. As fontes renováveis de energia (hidreletricidade, nuclear, eólica e biomassa), 16%.

O que há de diferente hoje é a urgência em encontrar soluções para dois problemas: o esgotamento das reservas físicas dos combustíveis fósseis (para o petróleo, isso ocorre por volta de 2050); e a redução das emissões de carbono (CO2) resultantes da queima de combustíveis fósseis que são responsáveis pelo aquecimento global.

Esta urgência leva a uma politização na procura de soluções: os lentos avanços tecnológicos do passado e as forças do mercado foram substituídos por políticas de governo e subsídios em larga escala que abrem caminho para propostas de soluções sem bases técnicas e econômicas sólidas.

Por um lado, a indústria dos combustíveis fósseis, que parecia sensível à redução de suas atividades alguns anos atrás, endureceu sua determinação de “usar o petróleo existente até a última gota” após a COP-28, em Dubai.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia propõe aumentar rapidamente a contribuição de energias renováveis – principalmente eletricidade (solar, fotovoltaica e eólica) – para 70% até 2050.

Em nosso país, em nome da “modernidade”, ideias de soluções são apresentadas todos os dias em que custos e oportunidade não são levados em conta, algumas das quais um tanto exóticas.

Para dar alguns exemplos:

• A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem autorizado grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica e eólica sem qualquer garantia de conexão à rede nacional de eletricidade, o que afeta todo o sistema e a produção de eletricidade.

• A Petrobras propõe produzir eletricidade em alto-mar com energia eólica e trazer a eletricidade para o continente a um custo três vezes maior que o seu custo de produção em terra firme, no Nordeste.

• O Ministério de Minas e Energia propôs instalar reatores nucleares para suprir de eletricidade cidades isoladas na Amazônia, como se eles pudessem ser comprados pela internet, e ignora a complexidade da manutenção desses equipamentos sofisticados e as questões de segurança envolvendo radioatividade.

• Alguns governadores do Nordeste e até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) parecem entusiasmados em produzir hidrogênio verde no Brasil, sem levar em conta seu elevado custo. Dados recentes mostram que o custo de uma tonelada de “amônia verde” produzida com hidrogênio (produzido pela eletrólise da água) é de US$ 600, seis vezes o custo de “amônia cinza” produzida com hidrogênio obtido de combustíveis fósseis (gás natural).

Pesquisa e desenvolvimento em todas essas áreas são justificáveis; o que não se justifica é o uso de grandes recursos públicos antes que elas se mostrem realistas e façam sentido do ponto de vista econômico.

Em contraste com este quadro, há soluções pragmáticas para os problemas de energia do País que não estão recebendo a atenção devida, como o uso mais eficiente da energia é ignorado nos programas governamentais.

A expansão desordenada da produção de energias renováveis (eólica e solar) exige uma revitalização do parque hidrelétrico, que é a coluna vertebral do suprimento de eletricidade renovável no Brasil como reservatório de energia em volumes que bancos de baterias químicas não podem atender. Sem reservatórios hidrelétricos, será essencial usar fontes térmicas como complemento às energias renováveis intermitentes.

A eletrificação do transporte rodoviário no País não pode abandonar os grandes progressos do programa do etanol da cana-de-açúcar. Isso significa a adoção da linha de motores híbridos (bateria e etanol), o que evitaria a instalação de cerca de 40 mil postos para carregar baterias de veículos elétricos.

O governo federal parece atordoado com o número de propostas com mais de dez ministérios envolvidos, iniciativas de governos estaduais e legislação aprovada nas duas Casas do Congresso, em que “jabutis” são rotineiramente introduzidos sob pressão de lobbies.

Parece, pois, essencial que o Ministério de Minas e Energia assuma um papel de liderança para encaminhar uma transição energética coerente no País.

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FOI MINISTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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