Opinião|Yanomamis e instituições: um encontro pela saúde


Em pouco tempo, com respeito e perspectiva adequada ao contexto, é possível realizar uma assistência de relevância para os povos indígenas

Por Edwaldo Costa

“Urihi”, a terra-floresta: assim o povo Yanomami nomeia o espaço de vida que o cerca, compreendendo que a própria natureza é uma força viva e dinâmica de intercâmbio entre humanos e não humanos, nada nem ninguém se exclui. Árvores, rios, animais, pedras, solo, ar, flores, peixes e demais elementos da terra-floresta se misturam a crianças, idosos, mulheres e homens numa experiência viva. Desbravar este território brasileiro onde não se fala português é entrar em contato com esse coletivo, cheio de surpresas escondidas em Urihi.

O povo Yanomami acredita que, se Urihi for destruída, os pajés não conseguirão chamar seus filhos, os espíritos xapiripë, para protegê-los. Os xapiripë habitam as serras e brincam na floresta. Sem a floresta, eles fugiriam para longe, então os pajés não conseguiriam evitar que as fumaças-epidemias e os seres do mal que causam as doenças se aproximassem. Mas Urihi permanece de pé.

É nesse espaço místico onde vivem cerca de 2,5 mil indígenas Yanomamis, em Surucucu (RR), a 270 km da capital roraimense, que os Ministérios da Defesa, da Saúde, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as Forças Armadas, a Polícia Federal, Funai, Sesai, Ibama e outras instituições conduzem uma importante e imprescindível ação conjunta emergencial de saúde pública.

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O local de difícil acesso recebe auxílio por meio de aviões e helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército. É preciso sobrevoar por cerca de duas horas hectares de florestas, serras e montanhas até chegar ao 4.º Pelotão Especial de Fronteira (4.º PEF Surucucu-RR), subordinado ao 7.º Batalhão de Infantaria de Selva. FAB e Exército brasileiro atuam com o transporte diário de cestas básicas, materiais e evacuações aeromédicas. Além disso, o Hospital de Campanha da FAB já realizou mais de 350 atendimentos aos indígenas. Para intensificar o controle do espaço aéreo e impedir a circulação de aviões utilizados por garimpeiros na região, será instalado um radar, que aumenta a capacidade de detectar e controlar a presença de aeronaves proibidas.

O isolamento geográfico dificulta o acompanhamento médico regular aos Yanomamis. Um grande diferencial nesta hora de emergência é o fato de as Forças Armadas atuarem e terem bases nos lugares mais inóspitos do País. Com isso, protegem nosso território e cuidam do nosso povo. Rapidamente, os militares do 4.º PEF Surucucu receberam, estocaram e estão distribuindo cestas de alimentos, além de alojar equipes multidisciplinares da Marinha, do Exército, da Força Aérea e civis, com o objetivo de apoiar o enfrentamento e mitigar a crise social e sanitária. Esses atendimentos vão ao encontro dos direitos de cidadania garantidos à população indígena no Brasil.

Brasileiros de diversos Estados realizam um trabalho integrado de assistência emergencial aos Yanomamis. São profissionais que deixaram seu lar para serem inseridos neste coletivo presente nas aldeias, salvando vidas, trocando e construindo experiências com os agentes indígenas de saúde e com os próprios nativos, vivenciando o espaço da terra-floresta. Um encontro transcultural com potência para mobilizar saberes técnicos na área da saúde, combinando-os com aqueles presentes nas aldeias, respeitando as especificidades encontradas nesse contexto, de tal forma que em todo o processo seja valorizada a pessoa indígena atendida. E, quando existe a necessidade de algum atendimento complexo, o indígena é transferido para a Casa de Saúde Indígena ou para hospitais, para receber tratamento especializado, com mais recursos.

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Portanto, fica demonstrado que num curto espaço de tempo, mas com uma perspectiva adequada ao contexto, respeitando as peculiaridades do espaço e as especificidades de cada aldeia, é possível realizar uma assistência à saúde de relevância para os povos indígenas. Os Yanomamis não são muitos, mas são preciosos e têm o direito de viverem em paz e de forma digna no território deles.

De um lado, o mito Yanomami nos fala da proteção dos xapiripë, que são invocados nos rituais dos xamãs para afastar as enfermidades. De outro lado, as ações de atendimento médico e alimentar aos indígenas estão sendo realizadas durante a crise social e sanitária daquela população.

Para os profissionais das Forças Armadas e de outras instituições, esse cenário é um desafio a mais. Para os povos indígenas, é uma resposta ancestral. O indígena Evaristo Yanomami, que acompanhou as ações, conta que os militares e civis são bem-vindos nas aldeias. “Os indígenas reconhecem os inúmeros desafios que eles enfrentaram para chegar até as comunidades, para realizar os atendimentos e trazer comida”, comentou Evaristo.

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Ao deixar a reserva Yanomami, levantando voo em meio ao verde amazônico recortado pelos rios, as Forças Armadas e outros profissionais levam a memória do encontro com sua própria origem, um conhecimento da cultura e do espaço da comunidade, que torna recíproco o sentimento de fortalecimento e gratidão.

*

PÓS-DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA PUC-SP, É PÓS-DOUTORANDO EM HISTÓRIA, NA UNB, E EM COMUNICAÇÃO E SAÚDE, NA TORONTO METROPOLITAN UNIVERSITY

“Urihi”, a terra-floresta: assim o povo Yanomami nomeia o espaço de vida que o cerca, compreendendo que a própria natureza é uma força viva e dinâmica de intercâmbio entre humanos e não humanos, nada nem ninguém se exclui. Árvores, rios, animais, pedras, solo, ar, flores, peixes e demais elementos da terra-floresta se misturam a crianças, idosos, mulheres e homens numa experiência viva. Desbravar este território brasileiro onde não se fala português é entrar em contato com esse coletivo, cheio de surpresas escondidas em Urihi.

O povo Yanomami acredita que, se Urihi for destruída, os pajés não conseguirão chamar seus filhos, os espíritos xapiripë, para protegê-los. Os xapiripë habitam as serras e brincam na floresta. Sem a floresta, eles fugiriam para longe, então os pajés não conseguiriam evitar que as fumaças-epidemias e os seres do mal que causam as doenças se aproximassem. Mas Urihi permanece de pé.

É nesse espaço místico onde vivem cerca de 2,5 mil indígenas Yanomamis, em Surucucu (RR), a 270 km da capital roraimense, que os Ministérios da Defesa, da Saúde, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as Forças Armadas, a Polícia Federal, Funai, Sesai, Ibama e outras instituições conduzem uma importante e imprescindível ação conjunta emergencial de saúde pública.

O local de difícil acesso recebe auxílio por meio de aviões e helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército. É preciso sobrevoar por cerca de duas horas hectares de florestas, serras e montanhas até chegar ao 4.º Pelotão Especial de Fronteira (4.º PEF Surucucu-RR), subordinado ao 7.º Batalhão de Infantaria de Selva. FAB e Exército brasileiro atuam com o transporte diário de cestas básicas, materiais e evacuações aeromédicas. Além disso, o Hospital de Campanha da FAB já realizou mais de 350 atendimentos aos indígenas. Para intensificar o controle do espaço aéreo e impedir a circulação de aviões utilizados por garimpeiros na região, será instalado um radar, que aumenta a capacidade de detectar e controlar a presença de aeronaves proibidas.

O isolamento geográfico dificulta o acompanhamento médico regular aos Yanomamis. Um grande diferencial nesta hora de emergência é o fato de as Forças Armadas atuarem e terem bases nos lugares mais inóspitos do País. Com isso, protegem nosso território e cuidam do nosso povo. Rapidamente, os militares do 4.º PEF Surucucu receberam, estocaram e estão distribuindo cestas de alimentos, além de alojar equipes multidisciplinares da Marinha, do Exército, da Força Aérea e civis, com o objetivo de apoiar o enfrentamento e mitigar a crise social e sanitária. Esses atendimentos vão ao encontro dos direitos de cidadania garantidos à população indígena no Brasil.

Brasileiros de diversos Estados realizam um trabalho integrado de assistência emergencial aos Yanomamis. São profissionais que deixaram seu lar para serem inseridos neste coletivo presente nas aldeias, salvando vidas, trocando e construindo experiências com os agentes indígenas de saúde e com os próprios nativos, vivenciando o espaço da terra-floresta. Um encontro transcultural com potência para mobilizar saberes técnicos na área da saúde, combinando-os com aqueles presentes nas aldeias, respeitando as especificidades encontradas nesse contexto, de tal forma que em todo o processo seja valorizada a pessoa indígena atendida. E, quando existe a necessidade de algum atendimento complexo, o indígena é transferido para a Casa de Saúde Indígena ou para hospitais, para receber tratamento especializado, com mais recursos.

Portanto, fica demonstrado que num curto espaço de tempo, mas com uma perspectiva adequada ao contexto, respeitando as peculiaridades do espaço e as especificidades de cada aldeia, é possível realizar uma assistência à saúde de relevância para os povos indígenas. Os Yanomamis não são muitos, mas são preciosos e têm o direito de viverem em paz e de forma digna no território deles.

De um lado, o mito Yanomami nos fala da proteção dos xapiripë, que são invocados nos rituais dos xamãs para afastar as enfermidades. De outro lado, as ações de atendimento médico e alimentar aos indígenas estão sendo realizadas durante a crise social e sanitária daquela população.

Para os profissionais das Forças Armadas e de outras instituições, esse cenário é um desafio a mais. Para os povos indígenas, é uma resposta ancestral. O indígena Evaristo Yanomami, que acompanhou as ações, conta que os militares e civis são bem-vindos nas aldeias. “Os indígenas reconhecem os inúmeros desafios que eles enfrentaram para chegar até as comunidades, para realizar os atendimentos e trazer comida”, comentou Evaristo.

Ao deixar a reserva Yanomami, levantando voo em meio ao verde amazônico recortado pelos rios, as Forças Armadas e outros profissionais levam a memória do encontro com sua própria origem, um conhecimento da cultura e do espaço da comunidade, que torna recíproco o sentimento de fortalecimento e gratidão.

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PÓS-DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA PUC-SP, É PÓS-DOUTORANDO EM HISTÓRIA, NA UNB, E EM COMUNICAÇÃO E SAÚDE, NA TORONTO METROPOLITAN UNIVERSITY

“Urihi”, a terra-floresta: assim o povo Yanomami nomeia o espaço de vida que o cerca, compreendendo que a própria natureza é uma força viva e dinâmica de intercâmbio entre humanos e não humanos, nada nem ninguém se exclui. Árvores, rios, animais, pedras, solo, ar, flores, peixes e demais elementos da terra-floresta se misturam a crianças, idosos, mulheres e homens numa experiência viva. Desbravar este território brasileiro onde não se fala português é entrar em contato com esse coletivo, cheio de surpresas escondidas em Urihi.

O povo Yanomami acredita que, se Urihi for destruída, os pajés não conseguirão chamar seus filhos, os espíritos xapiripë, para protegê-los. Os xapiripë habitam as serras e brincam na floresta. Sem a floresta, eles fugiriam para longe, então os pajés não conseguiriam evitar que as fumaças-epidemias e os seres do mal que causam as doenças se aproximassem. Mas Urihi permanece de pé.

É nesse espaço místico onde vivem cerca de 2,5 mil indígenas Yanomamis, em Surucucu (RR), a 270 km da capital roraimense, que os Ministérios da Defesa, da Saúde, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as Forças Armadas, a Polícia Federal, Funai, Sesai, Ibama e outras instituições conduzem uma importante e imprescindível ação conjunta emergencial de saúde pública.

O local de difícil acesso recebe auxílio por meio de aviões e helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército. É preciso sobrevoar por cerca de duas horas hectares de florestas, serras e montanhas até chegar ao 4.º Pelotão Especial de Fronteira (4.º PEF Surucucu-RR), subordinado ao 7.º Batalhão de Infantaria de Selva. FAB e Exército brasileiro atuam com o transporte diário de cestas básicas, materiais e evacuações aeromédicas. Além disso, o Hospital de Campanha da FAB já realizou mais de 350 atendimentos aos indígenas. Para intensificar o controle do espaço aéreo e impedir a circulação de aviões utilizados por garimpeiros na região, será instalado um radar, que aumenta a capacidade de detectar e controlar a presença de aeronaves proibidas.

O isolamento geográfico dificulta o acompanhamento médico regular aos Yanomamis. Um grande diferencial nesta hora de emergência é o fato de as Forças Armadas atuarem e terem bases nos lugares mais inóspitos do País. Com isso, protegem nosso território e cuidam do nosso povo. Rapidamente, os militares do 4.º PEF Surucucu receberam, estocaram e estão distribuindo cestas de alimentos, além de alojar equipes multidisciplinares da Marinha, do Exército, da Força Aérea e civis, com o objetivo de apoiar o enfrentamento e mitigar a crise social e sanitária. Esses atendimentos vão ao encontro dos direitos de cidadania garantidos à população indígena no Brasil.

Brasileiros de diversos Estados realizam um trabalho integrado de assistência emergencial aos Yanomamis. São profissionais que deixaram seu lar para serem inseridos neste coletivo presente nas aldeias, salvando vidas, trocando e construindo experiências com os agentes indígenas de saúde e com os próprios nativos, vivenciando o espaço da terra-floresta. Um encontro transcultural com potência para mobilizar saberes técnicos na área da saúde, combinando-os com aqueles presentes nas aldeias, respeitando as especificidades encontradas nesse contexto, de tal forma que em todo o processo seja valorizada a pessoa indígena atendida. E, quando existe a necessidade de algum atendimento complexo, o indígena é transferido para a Casa de Saúde Indígena ou para hospitais, para receber tratamento especializado, com mais recursos.

Portanto, fica demonstrado que num curto espaço de tempo, mas com uma perspectiva adequada ao contexto, respeitando as peculiaridades do espaço e as especificidades de cada aldeia, é possível realizar uma assistência à saúde de relevância para os povos indígenas. Os Yanomamis não são muitos, mas são preciosos e têm o direito de viverem em paz e de forma digna no território deles.

De um lado, o mito Yanomami nos fala da proteção dos xapiripë, que são invocados nos rituais dos xamãs para afastar as enfermidades. De outro lado, as ações de atendimento médico e alimentar aos indígenas estão sendo realizadas durante a crise social e sanitária daquela população.

Para os profissionais das Forças Armadas e de outras instituições, esse cenário é um desafio a mais. Para os povos indígenas, é uma resposta ancestral. O indígena Evaristo Yanomami, que acompanhou as ações, conta que os militares e civis são bem-vindos nas aldeias. “Os indígenas reconhecem os inúmeros desafios que eles enfrentaram para chegar até as comunidades, para realizar os atendimentos e trazer comida”, comentou Evaristo.

Ao deixar a reserva Yanomami, levantando voo em meio ao verde amazônico recortado pelos rios, as Forças Armadas e outros profissionais levam a memória do encontro com sua própria origem, um conhecimento da cultura e do espaço da comunidade, que torna recíproco o sentimento de fortalecimento e gratidão.

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PÓS-DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA PUC-SP, É PÓS-DOUTORANDO EM HISTÓRIA, NA UNB, E EM COMUNICAÇÃO E SAÚDE, NA TORONTO METROPOLITAN UNIVERSITY

“Urihi”, a terra-floresta: assim o povo Yanomami nomeia o espaço de vida que o cerca, compreendendo que a própria natureza é uma força viva e dinâmica de intercâmbio entre humanos e não humanos, nada nem ninguém se exclui. Árvores, rios, animais, pedras, solo, ar, flores, peixes e demais elementos da terra-floresta se misturam a crianças, idosos, mulheres e homens numa experiência viva. Desbravar este território brasileiro onde não se fala português é entrar em contato com esse coletivo, cheio de surpresas escondidas em Urihi.

O povo Yanomami acredita que, se Urihi for destruída, os pajés não conseguirão chamar seus filhos, os espíritos xapiripë, para protegê-los. Os xapiripë habitam as serras e brincam na floresta. Sem a floresta, eles fugiriam para longe, então os pajés não conseguiriam evitar que as fumaças-epidemias e os seres do mal que causam as doenças se aproximassem. Mas Urihi permanece de pé.

É nesse espaço místico onde vivem cerca de 2,5 mil indígenas Yanomamis, em Surucucu (RR), a 270 km da capital roraimense, que os Ministérios da Defesa, da Saúde, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as Forças Armadas, a Polícia Federal, Funai, Sesai, Ibama e outras instituições conduzem uma importante e imprescindível ação conjunta emergencial de saúde pública.

O local de difícil acesso recebe auxílio por meio de aviões e helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército. É preciso sobrevoar por cerca de duas horas hectares de florestas, serras e montanhas até chegar ao 4.º Pelotão Especial de Fronteira (4.º PEF Surucucu-RR), subordinado ao 7.º Batalhão de Infantaria de Selva. FAB e Exército brasileiro atuam com o transporte diário de cestas básicas, materiais e evacuações aeromédicas. Além disso, o Hospital de Campanha da FAB já realizou mais de 350 atendimentos aos indígenas. Para intensificar o controle do espaço aéreo e impedir a circulação de aviões utilizados por garimpeiros na região, será instalado um radar, que aumenta a capacidade de detectar e controlar a presença de aeronaves proibidas.

O isolamento geográfico dificulta o acompanhamento médico regular aos Yanomamis. Um grande diferencial nesta hora de emergência é o fato de as Forças Armadas atuarem e terem bases nos lugares mais inóspitos do País. Com isso, protegem nosso território e cuidam do nosso povo. Rapidamente, os militares do 4.º PEF Surucucu receberam, estocaram e estão distribuindo cestas de alimentos, além de alojar equipes multidisciplinares da Marinha, do Exército, da Força Aérea e civis, com o objetivo de apoiar o enfrentamento e mitigar a crise social e sanitária. Esses atendimentos vão ao encontro dos direitos de cidadania garantidos à população indígena no Brasil.

Brasileiros de diversos Estados realizam um trabalho integrado de assistência emergencial aos Yanomamis. São profissionais que deixaram seu lar para serem inseridos neste coletivo presente nas aldeias, salvando vidas, trocando e construindo experiências com os agentes indígenas de saúde e com os próprios nativos, vivenciando o espaço da terra-floresta. Um encontro transcultural com potência para mobilizar saberes técnicos na área da saúde, combinando-os com aqueles presentes nas aldeias, respeitando as especificidades encontradas nesse contexto, de tal forma que em todo o processo seja valorizada a pessoa indígena atendida. E, quando existe a necessidade de algum atendimento complexo, o indígena é transferido para a Casa de Saúde Indígena ou para hospitais, para receber tratamento especializado, com mais recursos.

Portanto, fica demonstrado que num curto espaço de tempo, mas com uma perspectiva adequada ao contexto, respeitando as peculiaridades do espaço e as especificidades de cada aldeia, é possível realizar uma assistência à saúde de relevância para os povos indígenas. Os Yanomamis não são muitos, mas são preciosos e têm o direito de viverem em paz e de forma digna no território deles.

De um lado, o mito Yanomami nos fala da proteção dos xapiripë, que são invocados nos rituais dos xamãs para afastar as enfermidades. De outro lado, as ações de atendimento médico e alimentar aos indígenas estão sendo realizadas durante a crise social e sanitária daquela população.

Para os profissionais das Forças Armadas e de outras instituições, esse cenário é um desafio a mais. Para os povos indígenas, é uma resposta ancestral. O indígena Evaristo Yanomami, que acompanhou as ações, conta que os militares e civis são bem-vindos nas aldeias. “Os indígenas reconhecem os inúmeros desafios que eles enfrentaram para chegar até as comunidades, para realizar os atendimentos e trazer comida”, comentou Evaristo.

Ao deixar a reserva Yanomami, levantando voo em meio ao verde amazônico recortado pelos rios, as Forças Armadas e outros profissionais levam a memória do encontro com sua própria origem, um conhecimento da cultura e do espaço da comunidade, que torna recíproco o sentimento de fortalecimento e gratidão.

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PÓS-DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA PUC-SP, É PÓS-DOUTORANDO EM HISTÓRIA, NA UNB, E EM COMUNICAÇÃO E SAÚDE, NA TORONTO METROPOLITAN UNIVERSITY

“Urihi”, a terra-floresta: assim o povo Yanomami nomeia o espaço de vida que o cerca, compreendendo que a própria natureza é uma força viva e dinâmica de intercâmbio entre humanos e não humanos, nada nem ninguém se exclui. Árvores, rios, animais, pedras, solo, ar, flores, peixes e demais elementos da terra-floresta se misturam a crianças, idosos, mulheres e homens numa experiência viva. Desbravar este território brasileiro onde não se fala português é entrar em contato com esse coletivo, cheio de surpresas escondidas em Urihi.

O povo Yanomami acredita que, se Urihi for destruída, os pajés não conseguirão chamar seus filhos, os espíritos xapiripë, para protegê-los. Os xapiripë habitam as serras e brincam na floresta. Sem a floresta, eles fugiriam para longe, então os pajés não conseguiriam evitar que as fumaças-epidemias e os seres do mal que causam as doenças se aproximassem. Mas Urihi permanece de pé.

É nesse espaço místico onde vivem cerca de 2,5 mil indígenas Yanomamis, em Surucucu (RR), a 270 km da capital roraimense, que os Ministérios da Defesa, da Saúde, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as Forças Armadas, a Polícia Federal, Funai, Sesai, Ibama e outras instituições conduzem uma importante e imprescindível ação conjunta emergencial de saúde pública.

O local de difícil acesso recebe auxílio por meio de aviões e helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército. É preciso sobrevoar por cerca de duas horas hectares de florestas, serras e montanhas até chegar ao 4.º Pelotão Especial de Fronteira (4.º PEF Surucucu-RR), subordinado ao 7.º Batalhão de Infantaria de Selva. FAB e Exército brasileiro atuam com o transporte diário de cestas básicas, materiais e evacuações aeromédicas. Além disso, o Hospital de Campanha da FAB já realizou mais de 350 atendimentos aos indígenas. Para intensificar o controle do espaço aéreo e impedir a circulação de aviões utilizados por garimpeiros na região, será instalado um radar, que aumenta a capacidade de detectar e controlar a presença de aeronaves proibidas.

O isolamento geográfico dificulta o acompanhamento médico regular aos Yanomamis. Um grande diferencial nesta hora de emergência é o fato de as Forças Armadas atuarem e terem bases nos lugares mais inóspitos do País. Com isso, protegem nosso território e cuidam do nosso povo. Rapidamente, os militares do 4.º PEF Surucucu receberam, estocaram e estão distribuindo cestas de alimentos, além de alojar equipes multidisciplinares da Marinha, do Exército, da Força Aérea e civis, com o objetivo de apoiar o enfrentamento e mitigar a crise social e sanitária. Esses atendimentos vão ao encontro dos direitos de cidadania garantidos à população indígena no Brasil.

Brasileiros de diversos Estados realizam um trabalho integrado de assistência emergencial aos Yanomamis. São profissionais que deixaram seu lar para serem inseridos neste coletivo presente nas aldeias, salvando vidas, trocando e construindo experiências com os agentes indígenas de saúde e com os próprios nativos, vivenciando o espaço da terra-floresta. Um encontro transcultural com potência para mobilizar saberes técnicos na área da saúde, combinando-os com aqueles presentes nas aldeias, respeitando as especificidades encontradas nesse contexto, de tal forma que em todo o processo seja valorizada a pessoa indígena atendida. E, quando existe a necessidade de algum atendimento complexo, o indígena é transferido para a Casa de Saúde Indígena ou para hospitais, para receber tratamento especializado, com mais recursos.

Portanto, fica demonstrado que num curto espaço de tempo, mas com uma perspectiva adequada ao contexto, respeitando as peculiaridades do espaço e as especificidades de cada aldeia, é possível realizar uma assistência à saúde de relevância para os povos indígenas. Os Yanomamis não são muitos, mas são preciosos e têm o direito de viverem em paz e de forma digna no território deles.

De um lado, o mito Yanomami nos fala da proteção dos xapiripë, que são invocados nos rituais dos xamãs para afastar as enfermidades. De outro lado, as ações de atendimento médico e alimentar aos indígenas estão sendo realizadas durante a crise social e sanitária daquela população.

Para os profissionais das Forças Armadas e de outras instituições, esse cenário é um desafio a mais. Para os povos indígenas, é uma resposta ancestral. O indígena Evaristo Yanomami, que acompanhou as ações, conta que os militares e civis são bem-vindos nas aldeias. “Os indígenas reconhecem os inúmeros desafios que eles enfrentaram para chegar até as comunidades, para realizar os atendimentos e trazer comida”, comentou Evaristo.

Ao deixar a reserva Yanomami, levantando voo em meio ao verde amazônico recortado pelos rios, as Forças Armadas e outros profissionais levam a memória do encontro com sua própria origem, um conhecimento da cultura e do espaço da comunidade, que torna recíproco o sentimento de fortalecimento e gratidão.

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PÓS-DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA PUC-SP, É PÓS-DOUTORANDO EM HISTÓRIA, NA UNB, E EM COMUNICAÇÃO E SAÚDE, NA TORONTO METROPOLITAN UNIVERSITY

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