Fed contém a politização


Indicado por Trump, Powell não se dobra e demonstra a importância de um banco central independente

Por Notas & Informações

O Federal Reserve (Fed), banco central (BC) dos EUA, reduziu de forma unânime os juros de referência americanos em 0,25 ponto porcentual, medida que traz alívio ao mundo, mas, apesar dos esforços do próprio Fed em isolar a decisão da politização, acabou em segundo plano. Tradicionalmente anunciada às quartas-feiras, desta vez, a decisão sobre a política monetária foi extraordinariamente tomada e divulgada em uma quinta-feira para não conflitar com a eleição presidencial. Mas a vitória de Donald Trump nas urnas fez com que a usual entrevista coletiva após a reunião fosse marcada, em grande parte, justamente por questões políticas.

Motivos para isso não faltaram e todos eles derivam do próprio Trump, que durante sua primeira passagem pela Casa Branca indicou Jerome Powell ao cargo de presidente do Fed. As divergências entre os dois não tardaram a surgir. Trump vociferou contra Powell diversas vezes por subir os juros ou por não reduzi-los, tal qual Lula da Silva fez repetidas vezes com Roberto Campos Neto por aqui.

Durante a campanha eleitoral de 2020, aquela em que perdeu para o democrata Joe Biden, o controverso republicano queixou-se bastante do Fed por não afrouxar os juros. Note-se que na campanha eleitoral de 2022, o BC brasileiro presidido pelo indicado de Jair Bolsonaro – o mesmo Campos Neto “desafeto” de Lula – elevou a Selic. Tanto lá quanto aqui, a independência dos bancos centrais permitiu que as autoridades monetárias tomassem as decisões que julgaram ser mais adequadas do ponto de vista técnico, não cedendo às pressões do governo de turno. Não fosse essa independência, os interesses eleitorais de Trump e Lula, que divergem em quase tudo, mas coincidem na visão de que entendem mais da dinâmica de juros do que os técnicos, teriam maior chance de prevalecer.

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A postura de Powell na mais recente entrevista sobre política monetária é um exemplo de como devem se portar as autoridades à frente de instituições públicas. Embora provocado, Powell não fez comentários sobre as potenciais políticas do presidente eleito, afinal elas ainda não foram anunciadas. Mas quando precisou responder a Trump, Powell foi preciso: lembrou que não pode ser demitido pelo futuro presidente, o que é verdade justamente porque o Fed é independente. O atual presidente do Fed também afirmou que não renunciará ao seu mandato, que só termina em 2026.

Por ora, a trajetória dos juros nos Estados Unidos é de queda. Porém, como boa parte das promessas de campanha de Trump tem elevado teor inflacionário, serão elas que, se postas em prática, forçarão a autoridade monetária a redirecionar a rota e voltar a subir os juros.

Logo, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a redução dos juros depende não de declarações mal-humoradas de presidentes da República, mas de medidas econômicas que permitam que a inflação não saia do controle. Atacar os BCs independentes, além de inócuo, não é o caminho para juros benignos.

O Federal Reserve (Fed), banco central (BC) dos EUA, reduziu de forma unânime os juros de referência americanos em 0,25 ponto porcentual, medida que traz alívio ao mundo, mas, apesar dos esforços do próprio Fed em isolar a decisão da politização, acabou em segundo plano. Tradicionalmente anunciada às quartas-feiras, desta vez, a decisão sobre a política monetária foi extraordinariamente tomada e divulgada em uma quinta-feira para não conflitar com a eleição presidencial. Mas a vitória de Donald Trump nas urnas fez com que a usual entrevista coletiva após a reunião fosse marcada, em grande parte, justamente por questões políticas.

Motivos para isso não faltaram e todos eles derivam do próprio Trump, que durante sua primeira passagem pela Casa Branca indicou Jerome Powell ao cargo de presidente do Fed. As divergências entre os dois não tardaram a surgir. Trump vociferou contra Powell diversas vezes por subir os juros ou por não reduzi-los, tal qual Lula da Silva fez repetidas vezes com Roberto Campos Neto por aqui.

Durante a campanha eleitoral de 2020, aquela em que perdeu para o democrata Joe Biden, o controverso republicano queixou-se bastante do Fed por não afrouxar os juros. Note-se que na campanha eleitoral de 2022, o BC brasileiro presidido pelo indicado de Jair Bolsonaro – o mesmo Campos Neto “desafeto” de Lula – elevou a Selic. Tanto lá quanto aqui, a independência dos bancos centrais permitiu que as autoridades monetárias tomassem as decisões que julgaram ser mais adequadas do ponto de vista técnico, não cedendo às pressões do governo de turno. Não fosse essa independência, os interesses eleitorais de Trump e Lula, que divergem em quase tudo, mas coincidem na visão de que entendem mais da dinâmica de juros do que os técnicos, teriam maior chance de prevalecer.

A postura de Powell na mais recente entrevista sobre política monetária é um exemplo de como devem se portar as autoridades à frente de instituições públicas. Embora provocado, Powell não fez comentários sobre as potenciais políticas do presidente eleito, afinal elas ainda não foram anunciadas. Mas quando precisou responder a Trump, Powell foi preciso: lembrou que não pode ser demitido pelo futuro presidente, o que é verdade justamente porque o Fed é independente. O atual presidente do Fed também afirmou que não renunciará ao seu mandato, que só termina em 2026.

Por ora, a trajetória dos juros nos Estados Unidos é de queda. Porém, como boa parte das promessas de campanha de Trump tem elevado teor inflacionário, serão elas que, se postas em prática, forçarão a autoridade monetária a redirecionar a rota e voltar a subir os juros.

Logo, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a redução dos juros depende não de declarações mal-humoradas de presidentes da República, mas de medidas econômicas que permitam que a inflação não saia do controle. Atacar os BCs independentes, além de inócuo, não é o caminho para juros benignos.

O Federal Reserve (Fed), banco central (BC) dos EUA, reduziu de forma unânime os juros de referência americanos em 0,25 ponto porcentual, medida que traz alívio ao mundo, mas, apesar dos esforços do próprio Fed em isolar a decisão da politização, acabou em segundo plano. Tradicionalmente anunciada às quartas-feiras, desta vez, a decisão sobre a política monetária foi extraordinariamente tomada e divulgada em uma quinta-feira para não conflitar com a eleição presidencial. Mas a vitória de Donald Trump nas urnas fez com que a usual entrevista coletiva após a reunião fosse marcada, em grande parte, justamente por questões políticas.

Motivos para isso não faltaram e todos eles derivam do próprio Trump, que durante sua primeira passagem pela Casa Branca indicou Jerome Powell ao cargo de presidente do Fed. As divergências entre os dois não tardaram a surgir. Trump vociferou contra Powell diversas vezes por subir os juros ou por não reduzi-los, tal qual Lula da Silva fez repetidas vezes com Roberto Campos Neto por aqui.

Durante a campanha eleitoral de 2020, aquela em que perdeu para o democrata Joe Biden, o controverso republicano queixou-se bastante do Fed por não afrouxar os juros. Note-se que na campanha eleitoral de 2022, o BC brasileiro presidido pelo indicado de Jair Bolsonaro – o mesmo Campos Neto “desafeto” de Lula – elevou a Selic. Tanto lá quanto aqui, a independência dos bancos centrais permitiu que as autoridades monetárias tomassem as decisões que julgaram ser mais adequadas do ponto de vista técnico, não cedendo às pressões do governo de turno. Não fosse essa independência, os interesses eleitorais de Trump e Lula, que divergem em quase tudo, mas coincidem na visão de que entendem mais da dinâmica de juros do que os técnicos, teriam maior chance de prevalecer.

A postura de Powell na mais recente entrevista sobre política monetária é um exemplo de como devem se portar as autoridades à frente de instituições públicas. Embora provocado, Powell não fez comentários sobre as potenciais políticas do presidente eleito, afinal elas ainda não foram anunciadas. Mas quando precisou responder a Trump, Powell foi preciso: lembrou que não pode ser demitido pelo futuro presidente, o que é verdade justamente porque o Fed é independente. O atual presidente do Fed também afirmou que não renunciará ao seu mandato, que só termina em 2026.

Por ora, a trajetória dos juros nos Estados Unidos é de queda. Porém, como boa parte das promessas de campanha de Trump tem elevado teor inflacionário, serão elas que, se postas em prática, forçarão a autoridade monetária a redirecionar a rota e voltar a subir os juros.

Logo, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a redução dos juros depende não de declarações mal-humoradas de presidentes da República, mas de medidas econômicas que permitam que a inflação não saia do controle. Atacar os BCs independentes, além de inócuo, não é o caminho para juros benignos.

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