O Brasil no mundo
A bola da vez
A Europa está envolvida na guerra entre Rússia e Ucrânia, Donald Trump volta ao poder nos EUA, o Oriente Médio enfrenta guerras e revoluções, mergulhado no caos, a China segue rondando Taiwan e a Coreia do Sul enfrenta golpe de Estado. Diante do péssimo cenário internacional, o Brasil pode ser uma boa ideia: o País tem a grande oportunidade de liderar o mundo nas questões ambientais a partir da COP-30 na Amazônia e, politicamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro parece que estará definitivamente fora da vida pública, o que deve antecipar a aposentadoria de Lula. Uma disputa presidencial sem Lula e Bolsonaro abriria caminho para novas lideranças (quem sabe um novo FHC?). Alguém honesto e competente poderia liderar o País, aproveitando as oportunidades da nova parceria com a União Europeia, surfando a onda das mudanças climáticas e mantendo-se longe das crises geopolíticas. O Brasil pode ser a bola da vez, tornar-se destino de grandes investimentos internacionais em busca de lucro, crescimento sustentável e estabilidades política e econômica, algo valioso e difícil de encontrar no mundo atual.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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Trabalho
Contrato intermitente
A maioria formada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da constitucionalidade do contrato de trabalho intermitente (prestação de trabalhos temporários), embora ainda não definitiva, é uma opção fundamental para estabelecer relações mais vantajosas tanto para patrões quanto para empregados. O regime CLT é obsoleto, oneroso e responsável não só pela informalidade, como pelo entupimento dos tribunais trabalhistas, que, entre julgamentos e conciliações, se tornaram um verdadeiro centro de transferência de renda do empregador ao hipossuficiente. Se o Brasil almeja um crescimento econômico sustentável, é preciso dar sustentabilidade à relação patrão-empregado, coisa que a CLT, do jeito que está, não proporciona.
Luciano Harary
São Paulo
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Biblioteca do Senado
Machado de Assis
A propósito da matéria No Senado, cofre guarda obras raras de até 300 anos (Estadão, 7/12, C10 e C11), gostaria de observar que O Casamento do Diabo é uma tradução do poema francês Satan Marié, de Gustave Nadaud. A indicação de ser “imitado do alemão” é só um disfarce, muito comum então. De fato, na época, Machado não sabia alemão. Em 1883, começou a estudar o idioma com Carlos Jansen, tendo como companheiros, entre outros, Raul Pompeia e Capistrano de Abreu. Este garante o seu bom aproveitamento, e, a partir daí, passou a fazer citações na língua de Goethe, sem que seja possível avaliar a extensão de seu conhecimento.
Ubiratan Machado
Rio de Janeiro
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Rádio
Maurício Kubrusly
No começo dos anos 80 havia a Rádio Excelsior, ligada ao Grupo Globo, onde Maurício Kubrusly comandava o Senhor Sucesso, um programa de estilo único, genial, em que a qualidade da música e seus comentários nos ilustravam e nos abriram portas. Comprei um sintonizador Gradiente para poder ouvi-lo em som estereofônico, gastando uma grana que, como residente do Hospital das Clínicas, não sei bem onde arrumei. Finada a rádio, Kubrusly foi para a TV Globo e, para mim, tornou-se engessado pelo padrão da emissora. Lá, não era o Kubrusly que eu admirava, mas tornou-se popular. No Caderno 2 de sábado, a entrevista com os cineastas Caio Cavechini e Evelyn Kuriki (pág. C1) e a análise ‘Kubrusly’, o amor como antídoto ao esquecimento (pág. C4) nos animam a assistir ao documentário sobre este genial apresentador. Em tempo: na esteira do programa Senhor Sucesso vem outro Maurício, o Pereira, com Música Falada, na Rádio Eldorado, inovando com uma proposta muito inteligente e interessante. Vida longa ao rádio!
Flávio Madureira Padula
São Paulo
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Trânsito
Faixas azuis
A Prefeitura de São Paulo criou as faixas azuis para os motoboys, facilitando o deslocamento das motos e buscando reduzir o número de acidentes. Na contrapartida, muitos motoboys excedem a velocidade, xingam os motoristas e batem nos retrovisores dos carros. Quando é que a Prefeitura vai fazer respeitar as leis do trânsito? Quando vai multá-los?
Manuel Pires Monteiro
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
VOOS DE GALINHA
As trapalhadas surgidas ao ser apresentado ao Congresso o pacote de corte de gastos, visando o equilíbrio fiscal, passam a sensação de que o documento, confeccionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com termos recomendados pelo patrão Lula da Silva, está mais para um rascunho elaborado às pressas. Ao ser examinado pelos presidentes das Casas dos representantes, com o ministro ao lado, este reconheceu a existência de lacunas, até com ares de desculpas. Ao passar a responsabilidade de correção, tudo leva a crer que a redação final estará desfigurada, posto que tenderá a favorecer os interesses dos deputados e senadores – as emendas parlamentares – o que ampliará o seu protagonismo nos projetos do país. Tal cenário permite indagar que tipo de governança está em vigor por aqui: o chamado presidencialismo de coalizão, em que o chefe de Estado nada mais faz do que sancionar – e quem realmente governa é o Congresso, um parlamentarismo light que não sofre moção de desconfiança –, ou uma estranha mistura de ambos com ruídos emitidos pela Corte Suprema? A verdade é que tal jogo de espelhos é um dos responsáveis pelos voos de galinha nacionais, expressão empregada pelos economistas para designar períodos de crescimento sem sustentação. Na verdade, desde a inauguração da chamada Nova República, o panorama de crescimento consistiu numa sucessão daqueles voos.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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FUNCIONÁRIO DO ANO
Decisões do ministro Flávio Dino estão ajudando o governo Lula a se livrar de dificuldades. Ele trabalhou incansavelmente nas emendas parlamentares e no aspecto climático, sempre tomando decisões em consonância com as necessidades do governo. Alguma novidade? Óbvio que não, ele foi colocado no Supremo Tribunal Federal (STF) exatamente para isso. Portanto, está apenas cumprindo ordens. Certamente, vai receber o título de Funcionário do Ano, pelos relevantes serviços prestados a Lula, PT, PCdoB e Psol, entre outros.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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TAXAÇÃO DE LOJAS ONLINE
O PT está buscando culpados para justificar seu fracasso em especial nas urnas durante as eleições municipais. O presidente não sabe por que o povo que sempre foi tão protegido pelo PT, de repente, não está dando bola ao discurso. Ocorre que Lula e sua turma se esquecem de que esse governo taxou a Shein, a Shopee a Aliexpress em 20% até R$50. Acima desse valor, a taxa é de 60%. Além de prejudicar a classe média, aumentou a gasolina, o gás de cozinha, cortou verbas da farmácia popular, da saúde, educação e do SUS. Esses cortes atingem aqueles que acreditaram que não seriam prejudicados. Com essa taxação nos itens que mais interessam, qualquer benefício é ignorado pelo povo.
Izabel Avallone
São Paulo
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JAIR BOLSONARO
Jair Bolsonaro tanto fez, mas tanto fez, que está, literalmente, pelado com a mão no bolso. Se julga imbrochável, imorrível e incomível. Só que não está com essa bola toda. Já dispensou o plano B que lançaria a candidatura do filho 03 Eduardo para as eleições de 2026. Foi abandonado pelo seu último defensor Ciro Nogueira, que comia na sua mão, além de uma considerável trupe. A última do imbrochável foi de que não haveria plano A, B, C, ou até mesmo o alfabeto todo, enquanto estivesse vivo, o que fez com que os brasileiros lembrassem de uma de suas profundas frases negacionistas diante da crescente mortalidade vítimas da covid-19: “chega de frescura, vão ficar chorando até quando sobre essa gripezinha?” Na verdade, o imorrível já morreu, mas não avisaram.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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CÂMERAS OU SAÚDE MENTAL
Inteligentes, sensatos e, sobretudo, úteis são os comentários do Professor Wagner F. Gattaz referentes aos recentes incidentes policiais, em carta publicada pelo Estadão sob o título Câmeras ou saúde mental? (Fórum dos leitores, 9/12/A4).
Tibor Rabóczkay
São Paulo
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QUEDA DE BASHAR AL-ASSAD
A queda de Bashar al-Assad termina com a dinastia familiar iniciada por seu pai Hafez al-Assad em 1971. Após mais de 53 anos no poder, a ditadura na Síria finalmente chegou ao seu fim. O país é composto por 70% de sunitas, 10% de alauítas, 10% curdos e 10% de cristãos-ortodoxos. A multiplicidade étnica coloca em discussão tanto a complexidade de formação de um futuro governo como de respeito às minorias religiosas. Portanto, atitudes como moderação, negociação e tolerância são fundamentais para um diálogo, a fim de estabelecer um acordo político entre os vários grupos rebeldes e com o objetivo de evitar tanto radicalismos do fundamentalismo islâmico da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, como a implantação da sharia (lei islâmica).
Luiz Roberto da Costa Jr.
Campinas
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DESTRONADO
Após 13 longos anos de uma criminosa e sangrenta guerra civil na Síria, que deixou mais de meio milhão de civis mortos, 14 milhões deslocados internamente e 6,8 milhões de refugiados no exterior, finalmente o regime sanguinário alauita da família Assad, iniciado em 1971 com Hafez Assad, foi destronado do poder com a fuga para Moscou de seu filho, o ditador Bashar al-Assad, conhecido como o açougueiro de Damasco, numa investida triunfante do grupo islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que já foi aliado da organização terrorista Al-Qaeda. O fato marca uma expressiva derrota do eixo da resistência dos aliados de Assad formado pelo Irã, Rússia e Hezbollah. Com efeito, nenhuma imagem poderia resumir melhor a derrocada do que a foto publicada na capa do Estadão (9/12), em que um membro das forças rebeldes pisoteia no chão a cabeça de uma estátua de Hafez Assad arrancada do pedestal. Como prega o dito chinês, ”uma imagem vale por mil palavras”. Que a democracia possa voltar a reinar na Síria em lugar do reino de terror dos Assad. Basta.
J. S. Decol
São Paulo
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IDADE DA PEDRA
Bashar al-Assad, genocida do povo sírio por 25 anos, foge para a Rússia de seu mentor Vladimir Putin, outro serial killer de seu povo e do povo ucraniano. Almas gêmeas de totalitários sanguinários são exemplos de ditadores que ainda dominam nações em pleno século da tecnologia, que pode levar humanos para outros planetas e que conecta 8 bilhões de pessoas, mas que não consegue extirpar a tirania dos governos em vários países. Ainda estamos na idade da pedra em matéria de governos democráticos no mundo.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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FUTURO DA SÍRIA
Síria, o seu ditador abandona o país buscando refúgio com seu aliado. Será que os rebeldes convocarão eleições livres ou apenas mudarão o ditador?
Silvio Olivo
São Paulo
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PAÍSES PRÓXIMOS
Síria: cai Assad. Irã: batata de Ali Khamenei assando.
Milton Córdova Junior
Vicente Pires (DF)
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NOVO MAPA DO ORIENTE MÉDIO
O fim da ditadura de Bashar al-Assad na Síria abre caminho para que o mapa do Oriente Médio seja completamente redesenhado. É possível pensar na criação de um Estado Palestino completamente livre e independente de Israel no território sírio. A faixa de Gaza e a Cisjordânia seriam desocupadas e entregues para Israel. Em troca, os israelenses e seus aliados arcariam com os custos da construção de novo Estado Palestino. Por incrível que pareça, essa solução é muito melhor e mais viável do que reconstruir a faixa de Gaza com um muro muito mais alto e manter os palestinos lá dentro com severas restrições de liberdade e sem direitos elementares.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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CENÁRIO INSTÁVEL
A crise na Síria, imersa em um complexo entrelaçamento de interesses políticos, religiosos e econômicos, ressoa como fator desestabilizador no já volátil cenário do Oriente Médio. O impacto dessa crise, e da queda de Assad, transcende as fronteiras da nação afetada, irradiando consequências no plano normativo, fático e axiológico das relações internacionais. No aspecto normativo, a escalada de tensões compromete tratados e acordos regionais, desafiando o equilíbrio jurídico entre os Estados. No plano fático, conflitos prolongados aprofundam o caos humanitário e desestruturam cadeias produtivas essenciais, afetando mercados globais. Por fim, no âmbito axiológico, a crise exacerba dilemas éticos entre interesses comerciais e a defesa dos direitos humanos. O Brasil, como ator no comércio internacional, enfrenta desafios na diversificação de mercados e na manutenção de fluxos comerciais, sobretudo em commodities, ao lidar com os reflexos desse cenário instável.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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CINEMA BRASILEIRO
O filme Ainda Estou Aqui foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e de melhor atriz com Fernanda Torres. Muito deprimente ver brasileiros torcendo contra, com aquele blá blá blá do atraso de sempre. Meus cumprimentos ao cinema brasileiro.
Elisabeth Migliavacca
São Paulo
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PROCISSÃO
Capitão Thiago Silva pagou promessa pela permanência do Fluminense na série A, andando ajoelhado, de um lado para outro do gramado. Nessa linha, governo e políticos falam pelos cotovelos. Mentem descaradamente. Se realmente cumprissem as promessas que fazem, o ano todo da boca para fora, deveriam imitar Thiago Silva, andando de joelhos do Palácio do Planalto para a Esplanada dos Ministérios, encerrando a marcante procissão de fé no Congresso Nacional.
Vicente Limongi Netto
Brasília
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FUTEBOL CARIOCA
Muito bom ver o futebol carioca de novo no topo do País. Somos tricampeões da Libertadores, conquistamos o disputadíssimo Campeonato Brasileiro e não vamos ter nenhum dos quatro times principais na segunda divisão. Que venha 2025.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro