Oito de Janeiro
Festa sem povo
Segundo o folclore futebolístico, na preleção referente à partida da seleção brasileira contra a seleção da União Soviética pela Copa do Mundo de 1958, após o treinador detalhar como deveriam ser as jogadas de Garrincha, o genial jogador das pernas tortas indagou: “O senhor combinou isso com os russos?”. Pois bem, considerando que democracia significa “governo do povo”, faltou o presidente Lula da Silva combinar com o povo sua presença na farsesca “festa da democracia”, no último 8 de janeiro. Como se não bastasse o fiasco de público, o egocêntrico e boquirroto Lula, que ofuscou a democracia ao personalizar o evento, ainda constrangeu os poucos presentes (militantes de esquerda, a maioria) com sandices típicas dos enredos eróticos de Carlos Zéfiro, das décadas de 1950 a 1970, nos quais “puladores de cerca” se divertiam com as amantes, enquanto as esposas ingênuas cuidavam do lar. Lula tornou-se uma mescla piorada do senil Joe Biden com o lascivo Carlos Zéfiro. Que lástima!
Túllio Marco Soares Carvalho
Bauru
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Desvio da liturgia
Lula tentou, como sempre, se arvorar de exemplo de virtude cívica. Politizou o grave episódio, cometeu gafes, se fez de íntimo do “Xandão”, como se estivesse numa mesa de bar, e armou um circo com os militantes na Praça dos Três Poderes. Esse evento deve ser realizado sempre no Congresso, como foi no ano passado, sem desvio da liturgia e sem as militâncias ligadas ao PT, ora detentor do Poder Executivo.
Dijalma de Camargo
Sorocaba
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Discurso de Moraes
Basta usar adjetivos convenientemente escolhidos para lançar uma boa ideia no lixo. Alexandre de Moraes, em discurso no evento do Supremo sobre o 8/1, disse: “O STF não vai permitir que as redes continuem sendo instrumentalizadas, dolosa ou culposamente, ou somente visando ao lucro, para ampliar discursos de ódio”. Quem julga se a ação é dolosa ou culposa? Qual é o problema de visar ao lucro? Esses argumentos mais parecem coisa de discurso de ditador que não quer que ideias contrárias às suas sejam divulgadas. Sem a livre divulgação de ideias não teriam acontecido concentrações em tantas cidades como no episódio do impedimento de Dilma Rousseff. O que Alexandre de Moraes parece estar querendo é censura, pura e simples, coisa que é proibida pelo artigo 220 da Constituição.
Rene G. Santana
São Paulo
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Sesquicentenário
Os primeiros 150 anos
Em nome da Academia Paulista de Letras, venho parabenizar o jornal O Estado de S. Paulo pelos 150 anos de existência, completados no último dia 4 de janeiro. Pela sua história e credibilidade, O Estado de S. Paulo é indispensável para o bom funcionamento da democracia brasileira. Na certeza de que estes foram apenas os primeiros 150 anos de jornalismo bem-feito.
Antonio Penteado Mendonça, presidente da Academia Paulista de Letras
São Paulo
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Contribuição inestimável
Ao longo de um século e meio, o Estadão tem sido exemplo de compromisso com o jornalismo de qualidade e a defesa da democracia, pilares fundamentais para o fortalecimento de nossa sociedade e das instituições brasileiras. Sua atuação na promoção da liberdade de expressão e na construção de um Brasil mais informado, crítico e participativo é uma contribuição inestimável para o desenvolvimento de nosso país. Além disso, o Estadão desempenhou um papel histórico em momentos cruciais para o Brasil, sempre em defesa do Estado Democrático de Direito e da justiça social, o que consolidou sua posição como um dos veículos mais respeitados da imprensa brasileira. Que a trajetória de sucesso do Estadão continue a inspirar novos avanços para o jornalismo e a democracia no Brasil.
Leonardo Sica, presidente da OAB-SP
São Paulo
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Parte da vida profissional
Comecei a folhear O Estado de S. Paulo, trazido pelas mãos do meu tio Joanin, por volta dos meus 14 anos. Ele, à procura de emprego; eu, simplesmente de notícias. Mas lá encontrei muito mais, como o edital de abertura para vagas da escola técnica na qual passei. Não escrevo apenas para lembrar o passado, mas para agradecer ao jornal por ter feito parte da minha vida acadêmica e profissional, e para registrar meus parabéns pelos 150 anos de notícias, serviços, índices econômicos, dicas de leitura, coberturas de esportes e tudo mais.
Fatima Aparecida Carneiro
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
NARRATIVAS
Lula e o ministro marqueteiro (Estadão, 9/1, A3). O forte de Lula da Silva e seu desgoverno são as narrativas, nada mais justo de que valorizar e nomear seu marqueteiro para tocar a Comunicação. Esse é o caminho, ninguém do governo precisa entender de governo, basta alguém cuidar das boas narrativas.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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LULA DA SILVA
O chapéu atolado não esconde o que lhe vai na cabeça. Esse amante da democracia há muito é casado com a ditadura.
Ademir Fernandes
São Paulo
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‘LIBERDADE DE OPINIÃO’
Do jeito que o mundo anda, liberdade de opinião virou sinônimo de defender e estimular a violência contra os que divergem de nossos pontos de vista, e até de eliminar aqueles que consideramos inimigos. A falta de educação da maioria da população, o ódio disseminado pelas redes sociais e encampado até mesmo por muitos que ocupam altas posições no comando das Nações mais influentes da Terra, o descaso com o equilíbrio e ponderação para acalmar os ânimos mais acirrados, violentos e vingativos, prenuncia um futuro cada vez mais assustador. O que está acontecendo com o ser humano? Enlouqueceu de vez? Onde estão as autoridades com poder de clamar por temperança? E as entidades como a Onu, a Convenção de Viena, o Papa, o Dalai Lama. Agora, até os restos mortais do ex-presidente norte-americano que mais trabalhou pela paz, Jimmy Cárter, e que viveu 100 anos, está sendo enterrado. Quem ficará para clamar e cobrar que os poderosos trabalhem em prol do equilíbrio e pelo restabelecimento da paz em todos os países em guerra? Enfim, para que uma nova ordem mundial possa surgir daí?
Jane Araújo
Distrito Federal
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EXTENSÕES
Eu concordo com o editorial Zuckerberg lava as mãos (Estadão, 9/1, A3), que afirma que é simplesmente impossível controlar fake news. As redes sociais são apenas extensões do que os humanos fazem no boca a boca: fofocas, boatos, palpites, ameaças, falsas informações (como vacina que dá câncer, manga com leite faz mal, etc). Da mesma forma que os pais cuidam para que as crianças “não falem com estranhos”, cabe a eles cuidar do acesso de crianças à internet. Quanto aos adultos, cada um cuida de si como quiser, como acontece no mundo não-digital. Quem quer entrar para seita entra, quem quer fumar e/ou beber o faz, etc. E mais que isso: quanto mais controle houver, mais quem quer prejudicar o próximo vai arrumar outras formas de fazâ-lo, com talvez consequências muito mais danosas. Qualquer um sabe que o criminoso está sempre um passo à frente da polícia. Melhor a rede social estar sempre e para todos visivelmente sob suspeita, sem grande credibilidade, como os chamados tabloides, do que outras formas que as pessoas desconhecem e que demorarão um tempo para se dar conta.
Sandra Maria Gonçalves
São Paulo
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DIREITO DE TODOS
Li com satisfação a notícia de que Mark Zuckerberg pretende mudar o sistema de checagem das postagens em suas redes sociais. Meus aplausos ao CEO. O direito de todos os cidadãos de opinar sobre qualquer assunto, em especial política, é uma das conquistas mais importantes nas democracias verdadeiras; no caso do Brasil, esse direito veio na forma do texto que trata da liberdade de manifestação, princípio consagrado na nossa Constituição de 1988, e, em última análise, um dos pilares da nossa democracia. A Meta, plataforma de Zuckerberg, irá adotar os mesmos critérios de checagem de fake news já adotados pelo X (plataforma de Elon Musk), que se têm mostrado adequados para a distinção entre fatos e fake news. Para o Brasil, se houver crime de injúria, difamação e calúnia ou incitação à violência nessas plataformas, nosso arcabouço legal já dispõe de leis suficientes para o tratamento adequado. Mas o que mais me entusiasmou nessa notícia é que a Meta, embora se preveja que irá sofrer o mesmo que sofreu o X nas mãos da nossa Corte maior e de seu juiz-xerife (lembre-se que esta última ficou censurada no Brasil inteiro durante toda a véspera do 1.º turno das eleições municipais... será coincidência?), ficará ainda mais patente e escancarada a ânsia de impor a censura nos meios de comunicação e nas redes sociais, em que tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) tem-se empenhado. Oportuno registrar que essa Corte está atualmente (numa usurpação de competência do Congresso) julgando ação tendente a impor censura nas redes sociais.
José Roberto dos Santos Vieira
São Paulo
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MORAL
Os recados de Lula, Barroso e Moraes a Zuckerberg e big techs no 8 de janeiro (Estadão, 8/1). Lula, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, Goodfellas, não têm estatura moral para falar sobre defesa da democracia e muito menos para mandarem recados a quem quer que seja.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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TEMPOS TENEBROSOS
Se Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, continuar com a ideia maluca de conquistar o Canal do Panamá, o Canadá e até a Groelândia, estamos a caminho de tempos tenebrosos. Oremos.
Luiz Frid
São Paulo
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AMEAÇA
Quando criança eu me assustava com as bruxas e seus caldeirões diabólicos para usar em maldades; agora, eu vejo Trump, com o auxílio do Musk, colocando o Canadá, a Groelândia e o Canal do Panamá dentro de um caldeirão para cozinhar guerras e conflitos. Ele sabidamente, sem usar nenhum tempero asiático, ameaça o mundo.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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BATALHA EXISTENCIAL
A eleição presidencial dos Estados Unidos transformou-se numa batalha existencial de vida ou morte para ambos os lados, num ambiente político extremamente polarizado em 2024. A distópica irrealidade do triunfo da vontade do ex-presidente tornou o mundo um lugar estranho, em 2025, a partir de algumas propostas de Donald Trump: 1) transformar o Canadá no 51.º Estado americano; 2) ocupar a Groelândia; 3) retomar o controle do Canal do Panamá; 4) mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Os próximos quatros anos prometem superar a ficção, dada a velocidade de vídeos e a quantidade de imagens e de textos que irão moldar não só o presente como o próprio futuro da vida virtual, a partir de sua posse e de seu retorno ao poder no próximo dia 20 de janeiro.
Luiz Roberto da Costa Jr.
Campinas
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ADMINISTRAÇÃO DESASTROSA
Os incêndios em Los Angeles e arredores exemplificam o resultado de uma administração desastrosa diante de um grande desastre. Incompetência e prioridades equivocadas são fatais. A escassez de água nos hidrantes é generalizada, reflexo do descuido com os reservatórios. Políticas ecológicas voltadas para a preservação de peixes reduziram a disponibilidade de água. Onde está a gestão hídrica eficiente? É um erro básico. Desde a Antiguidade, sem água fica difícil combater o fogo. Além de se preocupar com a diversidade, a cor da pele e a preferência sexual dos bombeiros, como justificar a falta de preparo e de quantidade deles? Teria sido sábio investir um pouco mais na quantidade e no treinamento da força de combate a incêndios. Infelizmente, também não será fácil o período após o desastre, afinal importantes recursos que deveriam estar disponíveis foram direcionados pelo governo californiano para outras prioridades, principalmente imigrantes ilegais. Existem diversas tecnologias de alto impacto ainda não adotadas na construção civil na Califórnia, como câmeras térmicas e sensores IoT para detecção precoce, além de materiais de construção menos inflamáveis e soluções arquitetônicas avançadas. A gestão de emergências também está carecendo de inteligência básica. Nem se viram drones para monitoramento ou orientação em tempo real de rotas de fuga. Muito menos áreas preparadas para a proteção dos cidadãos. A implementação de políticas adequadas teria reduzido o tempo de detecção, aumentado a eficiência inicial na contenção e minimizado os danos estruturais significativamente. E resultado em melhor proteção de vidas e muito menor impacto ambiental.
Jorge A. Nurkin
São Paulo