Fórum dos Leitores


Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

Por Fórum dos Leitores

Crime organizado

Execução no aeroporto

Numa cena cinematográfica que poderia estar no filme O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto num tiroteio, sexta-feira à tarde, em frente ao Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). O empresário, envolvido com a venda de imóveis e transações de criptomoedas para empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi sumária e brutalmente executado com nada menos que 27 tiros de fuzil, por dois assassinos de aluguel que conseguiram fugir. Gritzbach havia se envolvido numa guerra interna da facção, acusado de ter encomendado o assassinato de dois elementos do PCC, e tornou-se delator da organização ao Ministério Público Estadual em abril, num acordo em que ele denunciava a ligação espúria do PCC com propinas e lavagem de dinheiro envolvendo policiais e empresários. Segundo noticiado pela imprensa, entre os bandidos a cabeça de Gritzbach estava a prêmio de R$ 3 milhões. Como se vê, a insegurança pública impera na cidade onde o crime organizado impõe suas leis nas barbas da polícia, deixando a população totalmente desprotegida, ao deus-dará. A que ponto chegamos!

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J. S. Decol

São Paulo

*

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Sem limites

O brutal assassinato de um empresário ligado ao crime organizado no aeroporto de Guarulhos (SP), em plena luz do dia, coloca em relevo a penetração do crime organizado na sociedade. O Estado de São Paulo e todo o Brasil vivem um surto incontido de violência explosiva, sem limites, fruto da impunidade e de benefícios concedidos aos presos de alta periculosidade. A proposta governamental de mudança da estrutura das polícias em muito pouco contribuirá para defender a população.

Carlos Henrique Abrão

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São Paulo

*

‘Mea culpa’

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A revelação feita pelo ministro Alexandre de Moraes num seminário sobre lavagem de dinheiro, de que o Poder Judiciário precisa fazer um “mea culpa” sobre sua atuação no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro (Estadão, 8/11, A7), mostra o quão despreparado está este poder para lidar com este tipo de crime, que está infiltrado nas nossas instituições e as corroendo por dentro. Espero que nosso Judiciário, o mais caro do mundo, consiga ainda recuperar o tempo perdido.

José Elias Laier

São Carlos

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*

Corte de gastos

A sabedoria do PT

continua após a publicidade

Alguns ministros do atual governo petista ameaçam deixar o cargo se a equipe econômica mexer na verba de suas pastas. Eu me pergunto por que os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet não se demitem e deixam Lula, Gleisi e os demais se virarem na sua sabedoria.

Cecilia Centurion

São Paulo

*

Deixa pra lá

Daqui a pouco é Natal, mais um pouquinho é carnaval e, depois, a Semana Santa: para que anunciar o corte de gastos agora? Vamos esquecer esse assunto?

Roberto Solano

Rio de Janeiro

*

Portos

Os nossos são ‘melhores’

Sobre a notícia de que uma comissão de juristas entregou à Câmara dos Deputados um anteprojeto de lei para a modernização dos nossos portos, espero que tenham passado o trabalho pela revisão do ministro Renan Filho. Só assim manteremos o promissor avanço da nossa invejável infraestrutura portuária, tão cobiçada pelo comércio internacional de entorpecentes. Somos, na visão do ministro, um farol para o mundo!

José Luis Ribeiro Brazuna

São Paulo

*

Túnel Sena Madureira

Destruição

O Ministério Público recomendou a paralisação das obras do túnel do Complexo Viário Sena Madureira (Estadão, 8/11, A23). Deveriam logo ser proibidas. São 200 famílias que serão arrancadas de suas casas e 170 árvores centenárias que vão ser derrubadas. Valores humanos devem ser respeitados. Chega de facilitar a vida dos automóveis à custa da natureza, à custa da dor de famílias que serão obrigadas a sacrificar o seu lar. Em São Paulo não se pode cortar um galho de árvore sem a análise de um engenheiro agrônomo e autorização da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Mas nada vai impedir a eliminação de um bosque inteiro com 170 árvores crescidas?

Anneliese Fischer Thom

São Paulo

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HERANÇA LAMENTÁVEL

O corte de gastos não anda porque desde que nosso presidente tomou posse, sua única meta é sua reeleição em 2026 e não quer que nada atrapalhe sua campanha. Quem acompanha seriamente o crescimento dos índices de inflação e as manifestações dos economistas e empresários sabe que a continuação do déficit público vai trazer de volta a inflação com seu custo incidindo sobre os mais pobres. Ou seja, temos um presidente envelhecido que não parece estar mais em condições de governar e que, se continuar impedindo o corte de gastos, vai deixar uma herança lamentável para os brasileiros.

Aldo Bertolucci

São Paulo

*

GASTANÇA DESENFREADA

Há mais de dois anos o presidente Lula afirma que vai acabar com a gastança desenfreada, todavia, nada faz para tanto. Agora, certamente, vai colocar a culpa em seu longa manus, Gabriel Galípolo, sucessor do seu desafeto Roberto Campos Neto – que atualmente é o único que combate essa excrecência indecente lulística. Ora, com aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano, Lula volta com seu argumento esculachado de que o País não suporta esse patamar – como se tivesse feito sua lição de casa. Lula, com todo o respeito, suas unhas dos pés não estão precisando de uma revisão? Saiba que o banquinho está à disposição.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

*

JUROS

O presidente do BC é monocórdio, tendo algumas ferramentas para conter a inflação, insiste no uso só do aumento de juros para fazê-lo. Chegamos a um juro real de quase 7% ao ano, juro este que aumenta a dívida do governo, o que realimenta a inflação e provoca mais aumento de juros; genial, Roberto Campos criou o moto perpétuo. Deixa o dólar flutuar em níveis expressivos, contaminando preços e nem uma palavra do BC sobre utilizar uma parte de suas reservas de astronômicos US$ 380 bilhões para conter a inflação provocada pela alta da moeda americana, que aumenta os custos de uma boa parte dos produtos comercializados ou produzidos no País, com componentes importados. Brilhante economista que é, o presidente do BC deveria saber que juros são pouco eficientes para conter a alta de preços controlados, e também é pouco eficiente para conter inflação de custos. No final, este juro real violenta a economia, alimentando a inflação ,até atingir, se é que não já atingimos, a situação de dominância fiscal.

Joaquim Antônio Pereira Alves

Santos

*

CORREÇÕES URGENTES

Em relação ao artigo As reais proporções do entalo fiscal (Estadão, 8/11, B10), gostaria de tecer os seguintes comentários: o Brasil atual, com um déficit nominal anual de cerca de 7,6% do PIB, e com a enorme dívida pública aumentando aparentemente sem controle, enfrenta o equivalente a um quadro gravíssimo de câncer fiscal. Para piorar, está com evidentes sintomas de febre (inflação cada vez mais alta), e logo terá que enfrentar o longo inverno representado pelas drásticas mudanças na ordem mundial, que pode até lhe trazer uma pneumonia. Ao invés de fazer as correções urgentes que se fazem mais que necessárias, infelizmente a administração federal atual, tal como a cigarra da fábula, insiste em distanciar-se dessa lamentável realidade e comportar-se como se estivesse tudo muito bem, chegando ao cúmulo de dar opiniões impulsivas a torto e a direito sobre como as demais nações (as formigas da fábula) deveriam se comportar. Quando minimamente confrontada com a horrenda realidade que está logo além dos portões de seu mundo de fantasia, a nossa cigarra faz uma cena de exasperação e bate o pé em defesa de sua imagem irreal difundida por um marketing cada vez mais vazio, bem como futilidades e benesses (agora a bola da vez é a compra de um novo e caríssimo avião presidencial, enquanto o resto do País amarga a precariedade geral e a carestia). Finalmente, quando a terrível realidade insiste em se insinuar logo além da sua janela, a cigarra rapidamente manda fechar as cortinas e argumenta, contrariada, que está pensando em fazer, no máximo e quando lhe convier, uma lipoaspiração para ficar bonita na foto. Até quando? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

*

VAPT VUPT

Pediu? A resposta vem vapt vupt. Há algumas semanas, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que hoje está em prisão domiciliar, pediu para o ministro Dias Toffoli um parecer para anular processos judiciais. E o pedido já foi atendido pelo ministro, conforme a matéria Toffoli envia à 1.ª instância pedido para anular processos (Estadão, 7/11, A13). Realmente, todos os processos judiciais deveriam ser assim, rápidos e rasteiros.

Tomomasa Yano

Campinas

*

‘BINARQUIA’

Vamos supor que Jair Bolsonaro recupere seus direitos e torne-se elegível em 2026. De novo teremos, inevitavelmente, Lula x Bolsonaro. Seguindo uma sequência lógica, iniciada em 2018 (votamos em Bolsonaro para tirar o PT de Lula e, em 2022, votamos em Lula para tirar Bolsonaro), os brasileiros tenderão a votar em Bolsonaro para tirar Lula. Em 2030, o contrário: iremos votar em Lula (aos 85 anos) para tirar Bolsonaro. A seguir, dada a idade avançada de ambos, em 2034, será a vez de Janja x Michelle. Em 2038, de novo, Michelle x Janja. A partir daí virão os mandatos dos filhos de Lula e de Bolsonaro. Lá por 2054/2058 será a vez dos netos de Lula e Bolsonaro. E assim o Brasil terá instituído uma nova forma de poder: a binarquia. Dois clãs se sucedendo alternadamente. É isso, Brasil? É isso, eleitor brasileiro?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

SISTEMA PRISIONAL

O advogado Nicolau da Rocha Cavalcanti comenta exaustivamente em seu artigo Cadeias cheias e ruas perigosas (Estadão, 06/11, A4) que o testemunho de policial assumido como sendo a verdade sobre o fato criminoso tem sido o motivo primordial para a lotação do sistema prisional, contrariando o fato de que tem sido poucos os casos anunciados de falha dessa acusação. Pelo que se sabe, o investimento em presídios é que tem sido desprezível frente às necessidades do setor; sem contar que a população carcerária, mesmo diante da impunidade reinante, tem a ver é com o tamanho da criminalidade, que sabidamente foge do padrão verificado em outros países.

José Elias Laier

São Carlos

*

NOTA ZERO

Nossos irmãos gaúchos, sob uma imensurável destruição com as enchentes em abril e maio, e Lula, com pretensões políticas, prometeu amenizar o prejuízo dos agricultores com renegociação de dívidas e acesso à crédito facilitado com juros subsidiados. Após mais de sete meses, e o governo federal omisso, não os favoreceu para que muitos deles recomeçassem suas atividades do zero. Foi nota dez a linda a exemplar mobilização particular de todo o Brasil, sob as mais diversas formas de doações e solidariedade (víveres, materiais de higiene/limpeza, voluntários, roupas, dinheiro, barcos, veículos e helicópteros) e nota zero para o governo federal.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

*

CRISE AMBIENTAL

O climatologista Carlos Nobre já usou a expressão doença da Terra para se referir à humanidade e à contaminação do planeta. Ele também afirmou que não se evoluiu para suportar o clima que teremos no planeta em futuro não tão distante. O cientista tem alertado para a necessidade de se entregar um planeta com possibilidade de sobrevivência, e que é preciso se sentir encorajado para isso. Entretanto, via de regra, os chefes de Estado da grande maioria das nações do planeta, comprovadamente são ignorantes em termodinâmica, o capítulo da Física que estuda as relações entre calor, trabalho e temperatura. E, embevecidos pelo posto alcançado, partem para tomar decisões totalmente desastrosas, como o nosso presidente, em extrair petróleo da foz do Rio Amazonas. E não adiantou a ministra do Meio Ambiente avisar que iria cometer um erro pior do que construir a Usina de Belo Monte, que causou um grande prejuízo ao meio ambiente e uma produção pífia, além de um custo inviável para o País. Enfim, na última Assembleia Geral da ONU, só ouvimos sandices, e a principal: reformar o Conselho de Segurança da ONU para acabar com aquele ridículo absurdo de termos cinco nações com voto qualidade total para vetar o que lhes der na cabeça.

Gilberto Pacini

São Paulo

*

MOMENTO DELICADO

“Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente”. Excelente artigo de Flávio Tavares intitulado O Dia de Finados que estendemos ao infinito (Estadão, 1/11, A4), com conteúdo que precisaria ser mais acessado e refletido, pois nosso planeta passa por um momento muito delicado, resultante das nossas ações sem educação com o meio ambiente. O Poder Público tem um papel importante; a população, também. Nossa ignorância e indelicadeza com o planeta é muito evidente: lixo nas praças, veículos poluentes, desmatamento, poluição de rios, cimento, asfalto, empresas, etc. Infelizmente, em minha opinião, precisamos da lei de Moisés, devido à nossa imaturidade no trato com o meio ambiente; “olho por olho, dente por dente”. Punição rígida se faz necessário, neste momento, somente pela dor aprenderemos e despertaremos a nossa consciência; e mais adiante, já consciente, aprenderemos pelo amor.

Claudio Dias de Abreu

Taboão da Serra

*

NOVA GUINADA

A população americana elegendo Donald Trump para um segundo mandato demonstra uma nova guinada do ocidente para a direita e extrema direita, o que merece atenção dos especialistas em política internacional, haja vista que, ao observar as demais grandes nações, nota-se que a extrema direita vem ganhando cada vez mais espaço no pós-pandemia, sinal claro de descontentamento da população que deposita no populismo suas esperanças para uma condição de vida mais barata.

Lucas Loeblein

Gravataí (RS)

*

‘BANIDO DA VIDA PÚBLICA’

Donald Trump deveria ter sido preso em flagrante quando ordenou a invasão do Capitólio, operação que resultou na morte de várias pessoas, inclusive policiais. Existem muitos motivos para o ex-presidente Jair Bolsonaro ser preso: sua criminosa gestão da saúde resultou no brutal agravamento da pandemia no país e no aumento desproporcional no número de vítimas. O Brasil deveria aprender com a reeleição de Donald Trump e neutralizar Bolsonaro enquanto há tempo. Se nada for feito, ele irá reverter as frágeis inelegibilidades e voltar ao poder. Bolsonaro deve responder por seus crimes, sua criminosa gestão em quase todas as pastas, e ser banido da vida pública.

Mário Barilá Filho

São Paulo

*

ELEIÇÕES ESTADUNIDENSES

A eleição americana não tinha bons candidatos. Se por um lado Trump é polêmico e nada diplomático; do outro lado tínhamos uma candidata que foi uma vice-presidente apagada, ria de tudo e cometia várias gafes, certamente causando insegurança. Pior do que isso, Kamala Harris é herdeira de Joe Biden, o pior presidente dos Estados Unidos desde James Buchanan (o 15.º). Sendo a continuação de um líder fraco e sem pulso, mau gestor de políticas econômicas e sociais, completamente desconectado com a realidade, Biden acabou comprometendo bases de credibilidade de Harris. E o eleitor americano está cansado. Cansado de ver seu poder econômico caindo, cansado de ver discursos de revanchismo, quando a igualdade deveria ser o moto social. Trump voltou na esperança dos eleitores que os EUA deixem de cuidar mais do mundo para cuidarem de si próprios. Mas, num mundo com o poderio econômico chinês e o renascimento do poder bélico russo, torna-se difícil acreditar que os EUA poderão baixar a guarda. Sabidamente, a ONU não presta para nada e a polícia do mundo são os americanos. Se está ruim com eles, pode piorar – e muito – na mão dos chineses e dos russos. Vejamos o que vem por aí. Trump é o menos pior no momento. Mas está há anos luz de ter o conteúdo, a simpatia e a diplomacia sensata de Ronald Reagan, o último grande presidente que os Estados Unidos tiveram.

Sérgio Eckermann Passos

Porto Feliz

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COROLÁRIO DO CAOS

Os americanos sonharam com mais uma mentira: a era de ouro. Há pouco mais de um século, a humanidade depositava confiança na estabilidade da sociedade humana. É certo que tinha aguda consciência de que a vida é uma aventura, uma arte de arrancar-se da morte. Os perigos, como o despencar de uma escada, não podiam ser ignorados. Mas a sociedade como um todo parecia estável. Suas imperfeições eram aleatórias e, no geral, o homem sentia-se em casa. A luta de classes e as guerras, a partir do primeiro conflito global, abalaram os resquícios de segurança. A mentira foi alçada à dignidade de um instrumento político. O sistema de segurança coletivo desabou como um castelo de cartas. Predominou no mundo a fraqueza de caráter indutor de um egoísmo míope nas democracias. Os democratas perderam as eleições para si mesmos, em sua parceria com o Estado de Israel, manipulado por um tresloucado da extrema direita – Benjamin Netanyahu –, considerada a gama de eleitores árabes que não poderia votar em Kamala sem aviltar a memória de seus conterrâneos sem terras, sacrificados e mortos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e no Líbano. No mundo de hoje a população vive aterrorizada por bandidos que se apossaram do poder e a juventude envenenada por mentiras sistemáticas que propagam a ilusão da caverna do tesouro. O resultado das eleições americanas não passa de corolário do caos gerado pelas últimas gerações.

Amadeu Roberto Garrido de Paula

São Paulo

*

CENA REPUGNANTE

Há alguns anos assisti um filme do qual só me recordo a cena repugnante que me chocou. Alguns homens jogavam informalmente futebol, e, só ao final, percebemos que a bola era a cabeça decapitada de um inimigo. Ao ler o comentário lamentável do senhor Osni Fernando Luiz, a pessoa que levou ao estádio de futebol a cabeça de porco para a brincadeira sadia, revivi a cena do filme. Não se tratava de brincar com um objeto, uma pedra ou pedaço de madeira, mas de parte do cadáver de um ser passível de dor e sentimentos. Como tantos que são confinados, explorados e torturados e mereceriam, ao menos, respeito na sua morte. E se fosse a cabeça de um cachorro, ele faria o mesmo? O porco tem inteligência e sentimentos semelhantes. Não passa pela mente dessa pessoa que, ao fazer o que fez, feriu também a suscetibilidade de muitos que caminham à sua frente. Aqueles que amam e respeitam os animais e, como consequência, se abstém de alimentar-se da carne de outros seres vivos?

Ivany Yara de Medeiros

São Paulo

Crime organizado

Execução no aeroporto

Numa cena cinematográfica que poderia estar no filme O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto num tiroteio, sexta-feira à tarde, em frente ao Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). O empresário, envolvido com a venda de imóveis e transações de criptomoedas para empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi sumária e brutalmente executado com nada menos que 27 tiros de fuzil, por dois assassinos de aluguel que conseguiram fugir. Gritzbach havia se envolvido numa guerra interna da facção, acusado de ter encomendado o assassinato de dois elementos do PCC, e tornou-se delator da organização ao Ministério Público Estadual em abril, num acordo em que ele denunciava a ligação espúria do PCC com propinas e lavagem de dinheiro envolvendo policiais e empresários. Segundo noticiado pela imprensa, entre os bandidos a cabeça de Gritzbach estava a prêmio de R$ 3 milhões. Como se vê, a insegurança pública impera na cidade onde o crime organizado impõe suas leis nas barbas da polícia, deixando a população totalmente desprotegida, ao deus-dará. A que ponto chegamos!

J. S. Decol

São Paulo

*

Sem limites

O brutal assassinato de um empresário ligado ao crime organizado no aeroporto de Guarulhos (SP), em plena luz do dia, coloca em relevo a penetração do crime organizado na sociedade. O Estado de São Paulo e todo o Brasil vivem um surto incontido de violência explosiva, sem limites, fruto da impunidade e de benefícios concedidos aos presos de alta periculosidade. A proposta governamental de mudança da estrutura das polícias em muito pouco contribuirá para defender a população.

Carlos Henrique Abrão

São Paulo

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‘Mea culpa’

A revelação feita pelo ministro Alexandre de Moraes num seminário sobre lavagem de dinheiro, de que o Poder Judiciário precisa fazer um “mea culpa” sobre sua atuação no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro (Estadão, 8/11, A7), mostra o quão despreparado está este poder para lidar com este tipo de crime, que está infiltrado nas nossas instituições e as corroendo por dentro. Espero que nosso Judiciário, o mais caro do mundo, consiga ainda recuperar o tempo perdido.

José Elias Laier

São Carlos

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Corte de gastos

A sabedoria do PT

Alguns ministros do atual governo petista ameaçam deixar o cargo se a equipe econômica mexer na verba de suas pastas. Eu me pergunto por que os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet não se demitem e deixam Lula, Gleisi e os demais se virarem na sua sabedoria.

Cecilia Centurion

São Paulo

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Deixa pra lá

Daqui a pouco é Natal, mais um pouquinho é carnaval e, depois, a Semana Santa: para que anunciar o corte de gastos agora? Vamos esquecer esse assunto?

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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Portos

Os nossos são ‘melhores’

Sobre a notícia de que uma comissão de juristas entregou à Câmara dos Deputados um anteprojeto de lei para a modernização dos nossos portos, espero que tenham passado o trabalho pela revisão do ministro Renan Filho. Só assim manteremos o promissor avanço da nossa invejável infraestrutura portuária, tão cobiçada pelo comércio internacional de entorpecentes. Somos, na visão do ministro, um farol para o mundo!

José Luis Ribeiro Brazuna

São Paulo

*

Túnel Sena Madureira

Destruição

O Ministério Público recomendou a paralisação das obras do túnel do Complexo Viário Sena Madureira (Estadão, 8/11, A23). Deveriam logo ser proibidas. São 200 famílias que serão arrancadas de suas casas e 170 árvores centenárias que vão ser derrubadas. Valores humanos devem ser respeitados. Chega de facilitar a vida dos automóveis à custa da natureza, à custa da dor de famílias que serão obrigadas a sacrificar o seu lar. Em São Paulo não se pode cortar um galho de árvore sem a análise de um engenheiro agrônomo e autorização da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Mas nada vai impedir a eliminação de um bosque inteiro com 170 árvores crescidas?

Anneliese Fischer Thom

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HERANÇA LAMENTÁVEL

O corte de gastos não anda porque desde que nosso presidente tomou posse, sua única meta é sua reeleição em 2026 e não quer que nada atrapalhe sua campanha. Quem acompanha seriamente o crescimento dos índices de inflação e as manifestações dos economistas e empresários sabe que a continuação do déficit público vai trazer de volta a inflação com seu custo incidindo sobre os mais pobres. Ou seja, temos um presidente envelhecido que não parece estar mais em condições de governar e que, se continuar impedindo o corte de gastos, vai deixar uma herança lamentável para os brasileiros.

Aldo Bertolucci

São Paulo

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GASTANÇA DESENFREADA

Há mais de dois anos o presidente Lula afirma que vai acabar com a gastança desenfreada, todavia, nada faz para tanto. Agora, certamente, vai colocar a culpa em seu longa manus, Gabriel Galípolo, sucessor do seu desafeto Roberto Campos Neto – que atualmente é o único que combate essa excrecência indecente lulística. Ora, com aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano, Lula volta com seu argumento esculachado de que o País não suporta esse patamar – como se tivesse feito sua lição de casa. Lula, com todo o respeito, suas unhas dos pés não estão precisando de uma revisão? Saiba que o banquinho está à disposição.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

*

JUROS

O presidente do BC é monocórdio, tendo algumas ferramentas para conter a inflação, insiste no uso só do aumento de juros para fazê-lo. Chegamos a um juro real de quase 7% ao ano, juro este que aumenta a dívida do governo, o que realimenta a inflação e provoca mais aumento de juros; genial, Roberto Campos criou o moto perpétuo. Deixa o dólar flutuar em níveis expressivos, contaminando preços e nem uma palavra do BC sobre utilizar uma parte de suas reservas de astronômicos US$ 380 bilhões para conter a inflação provocada pela alta da moeda americana, que aumenta os custos de uma boa parte dos produtos comercializados ou produzidos no País, com componentes importados. Brilhante economista que é, o presidente do BC deveria saber que juros são pouco eficientes para conter a alta de preços controlados, e também é pouco eficiente para conter inflação de custos. No final, este juro real violenta a economia, alimentando a inflação ,até atingir, se é que não já atingimos, a situação de dominância fiscal.

Joaquim Antônio Pereira Alves

Santos

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CORREÇÕES URGENTES

Em relação ao artigo As reais proporções do entalo fiscal (Estadão, 8/11, B10), gostaria de tecer os seguintes comentários: o Brasil atual, com um déficit nominal anual de cerca de 7,6% do PIB, e com a enorme dívida pública aumentando aparentemente sem controle, enfrenta o equivalente a um quadro gravíssimo de câncer fiscal. Para piorar, está com evidentes sintomas de febre (inflação cada vez mais alta), e logo terá que enfrentar o longo inverno representado pelas drásticas mudanças na ordem mundial, que pode até lhe trazer uma pneumonia. Ao invés de fazer as correções urgentes que se fazem mais que necessárias, infelizmente a administração federal atual, tal como a cigarra da fábula, insiste em distanciar-se dessa lamentável realidade e comportar-se como se estivesse tudo muito bem, chegando ao cúmulo de dar opiniões impulsivas a torto e a direito sobre como as demais nações (as formigas da fábula) deveriam se comportar. Quando minimamente confrontada com a horrenda realidade que está logo além dos portões de seu mundo de fantasia, a nossa cigarra faz uma cena de exasperação e bate o pé em defesa de sua imagem irreal difundida por um marketing cada vez mais vazio, bem como futilidades e benesses (agora a bola da vez é a compra de um novo e caríssimo avião presidencial, enquanto o resto do País amarga a precariedade geral e a carestia). Finalmente, quando a terrível realidade insiste em se insinuar logo além da sua janela, a cigarra rapidamente manda fechar as cortinas e argumenta, contrariada, que está pensando em fazer, no máximo e quando lhe convier, uma lipoaspiração para ficar bonita na foto. Até quando? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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VAPT VUPT

Pediu? A resposta vem vapt vupt. Há algumas semanas, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que hoje está em prisão domiciliar, pediu para o ministro Dias Toffoli um parecer para anular processos judiciais. E o pedido já foi atendido pelo ministro, conforme a matéria Toffoli envia à 1.ª instância pedido para anular processos (Estadão, 7/11, A13). Realmente, todos os processos judiciais deveriam ser assim, rápidos e rasteiros.

Tomomasa Yano

Campinas

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‘BINARQUIA’

Vamos supor que Jair Bolsonaro recupere seus direitos e torne-se elegível em 2026. De novo teremos, inevitavelmente, Lula x Bolsonaro. Seguindo uma sequência lógica, iniciada em 2018 (votamos em Bolsonaro para tirar o PT de Lula e, em 2022, votamos em Lula para tirar Bolsonaro), os brasileiros tenderão a votar em Bolsonaro para tirar Lula. Em 2030, o contrário: iremos votar em Lula (aos 85 anos) para tirar Bolsonaro. A seguir, dada a idade avançada de ambos, em 2034, será a vez de Janja x Michelle. Em 2038, de novo, Michelle x Janja. A partir daí virão os mandatos dos filhos de Lula e de Bolsonaro. Lá por 2054/2058 será a vez dos netos de Lula e Bolsonaro. E assim o Brasil terá instituído uma nova forma de poder: a binarquia. Dois clãs se sucedendo alternadamente. É isso, Brasil? É isso, eleitor brasileiro?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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SISTEMA PRISIONAL

O advogado Nicolau da Rocha Cavalcanti comenta exaustivamente em seu artigo Cadeias cheias e ruas perigosas (Estadão, 06/11, A4) que o testemunho de policial assumido como sendo a verdade sobre o fato criminoso tem sido o motivo primordial para a lotação do sistema prisional, contrariando o fato de que tem sido poucos os casos anunciados de falha dessa acusação. Pelo que se sabe, o investimento em presídios é que tem sido desprezível frente às necessidades do setor; sem contar que a população carcerária, mesmo diante da impunidade reinante, tem a ver é com o tamanho da criminalidade, que sabidamente foge do padrão verificado em outros países.

José Elias Laier

São Carlos

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NOTA ZERO

Nossos irmãos gaúchos, sob uma imensurável destruição com as enchentes em abril e maio, e Lula, com pretensões políticas, prometeu amenizar o prejuízo dos agricultores com renegociação de dívidas e acesso à crédito facilitado com juros subsidiados. Após mais de sete meses, e o governo federal omisso, não os favoreceu para que muitos deles recomeçassem suas atividades do zero. Foi nota dez a linda a exemplar mobilização particular de todo o Brasil, sob as mais diversas formas de doações e solidariedade (víveres, materiais de higiene/limpeza, voluntários, roupas, dinheiro, barcos, veículos e helicópteros) e nota zero para o governo federal.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

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CRISE AMBIENTAL

O climatologista Carlos Nobre já usou a expressão doença da Terra para se referir à humanidade e à contaminação do planeta. Ele também afirmou que não se evoluiu para suportar o clima que teremos no planeta em futuro não tão distante. O cientista tem alertado para a necessidade de se entregar um planeta com possibilidade de sobrevivência, e que é preciso se sentir encorajado para isso. Entretanto, via de regra, os chefes de Estado da grande maioria das nações do planeta, comprovadamente são ignorantes em termodinâmica, o capítulo da Física que estuda as relações entre calor, trabalho e temperatura. E, embevecidos pelo posto alcançado, partem para tomar decisões totalmente desastrosas, como o nosso presidente, em extrair petróleo da foz do Rio Amazonas. E não adiantou a ministra do Meio Ambiente avisar que iria cometer um erro pior do que construir a Usina de Belo Monte, que causou um grande prejuízo ao meio ambiente e uma produção pífia, além de um custo inviável para o País. Enfim, na última Assembleia Geral da ONU, só ouvimos sandices, e a principal: reformar o Conselho de Segurança da ONU para acabar com aquele ridículo absurdo de termos cinco nações com voto qualidade total para vetar o que lhes der na cabeça.

Gilberto Pacini

São Paulo

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MOMENTO DELICADO

“Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente”. Excelente artigo de Flávio Tavares intitulado O Dia de Finados que estendemos ao infinito (Estadão, 1/11, A4), com conteúdo que precisaria ser mais acessado e refletido, pois nosso planeta passa por um momento muito delicado, resultante das nossas ações sem educação com o meio ambiente. O Poder Público tem um papel importante; a população, também. Nossa ignorância e indelicadeza com o planeta é muito evidente: lixo nas praças, veículos poluentes, desmatamento, poluição de rios, cimento, asfalto, empresas, etc. Infelizmente, em minha opinião, precisamos da lei de Moisés, devido à nossa imaturidade no trato com o meio ambiente; “olho por olho, dente por dente”. Punição rígida se faz necessário, neste momento, somente pela dor aprenderemos e despertaremos a nossa consciência; e mais adiante, já consciente, aprenderemos pelo amor.

Claudio Dias de Abreu

Taboão da Serra

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NOVA GUINADA

A população americana elegendo Donald Trump para um segundo mandato demonstra uma nova guinada do ocidente para a direita e extrema direita, o que merece atenção dos especialistas em política internacional, haja vista que, ao observar as demais grandes nações, nota-se que a extrema direita vem ganhando cada vez mais espaço no pós-pandemia, sinal claro de descontentamento da população que deposita no populismo suas esperanças para uma condição de vida mais barata.

Lucas Loeblein

Gravataí (RS)

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‘BANIDO DA VIDA PÚBLICA’

Donald Trump deveria ter sido preso em flagrante quando ordenou a invasão do Capitólio, operação que resultou na morte de várias pessoas, inclusive policiais. Existem muitos motivos para o ex-presidente Jair Bolsonaro ser preso: sua criminosa gestão da saúde resultou no brutal agravamento da pandemia no país e no aumento desproporcional no número de vítimas. O Brasil deveria aprender com a reeleição de Donald Trump e neutralizar Bolsonaro enquanto há tempo. Se nada for feito, ele irá reverter as frágeis inelegibilidades e voltar ao poder. Bolsonaro deve responder por seus crimes, sua criminosa gestão em quase todas as pastas, e ser banido da vida pública.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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ELEIÇÕES ESTADUNIDENSES

A eleição americana não tinha bons candidatos. Se por um lado Trump é polêmico e nada diplomático; do outro lado tínhamos uma candidata que foi uma vice-presidente apagada, ria de tudo e cometia várias gafes, certamente causando insegurança. Pior do que isso, Kamala Harris é herdeira de Joe Biden, o pior presidente dos Estados Unidos desde James Buchanan (o 15.º). Sendo a continuação de um líder fraco e sem pulso, mau gestor de políticas econômicas e sociais, completamente desconectado com a realidade, Biden acabou comprometendo bases de credibilidade de Harris. E o eleitor americano está cansado. Cansado de ver seu poder econômico caindo, cansado de ver discursos de revanchismo, quando a igualdade deveria ser o moto social. Trump voltou na esperança dos eleitores que os EUA deixem de cuidar mais do mundo para cuidarem de si próprios. Mas, num mundo com o poderio econômico chinês e o renascimento do poder bélico russo, torna-se difícil acreditar que os EUA poderão baixar a guarda. Sabidamente, a ONU não presta para nada e a polícia do mundo são os americanos. Se está ruim com eles, pode piorar – e muito – na mão dos chineses e dos russos. Vejamos o que vem por aí. Trump é o menos pior no momento. Mas está há anos luz de ter o conteúdo, a simpatia e a diplomacia sensata de Ronald Reagan, o último grande presidente que os Estados Unidos tiveram.

Sérgio Eckermann Passos

Porto Feliz

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COROLÁRIO DO CAOS

Os americanos sonharam com mais uma mentira: a era de ouro. Há pouco mais de um século, a humanidade depositava confiança na estabilidade da sociedade humana. É certo que tinha aguda consciência de que a vida é uma aventura, uma arte de arrancar-se da morte. Os perigos, como o despencar de uma escada, não podiam ser ignorados. Mas a sociedade como um todo parecia estável. Suas imperfeições eram aleatórias e, no geral, o homem sentia-se em casa. A luta de classes e as guerras, a partir do primeiro conflito global, abalaram os resquícios de segurança. A mentira foi alçada à dignidade de um instrumento político. O sistema de segurança coletivo desabou como um castelo de cartas. Predominou no mundo a fraqueza de caráter indutor de um egoísmo míope nas democracias. Os democratas perderam as eleições para si mesmos, em sua parceria com o Estado de Israel, manipulado por um tresloucado da extrema direita – Benjamin Netanyahu –, considerada a gama de eleitores árabes que não poderia votar em Kamala sem aviltar a memória de seus conterrâneos sem terras, sacrificados e mortos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e no Líbano. No mundo de hoje a população vive aterrorizada por bandidos que se apossaram do poder e a juventude envenenada por mentiras sistemáticas que propagam a ilusão da caverna do tesouro. O resultado das eleições americanas não passa de corolário do caos gerado pelas últimas gerações.

Amadeu Roberto Garrido de Paula

São Paulo

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CENA REPUGNANTE

Há alguns anos assisti um filme do qual só me recordo a cena repugnante que me chocou. Alguns homens jogavam informalmente futebol, e, só ao final, percebemos que a bola era a cabeça decapitada de um inimigo. Ao ler o comentário lamentável do senhor Osni Fernando Luiz, a pessoa que levou ao estádio de futebol a cabeça de porco para a brincadeira sadia, revivi a cena do filme. Não se tratava de brincar com um objeto, uma pedra ou pedaço de madeira, mas de parte do cadáver de um ser passível de dor e sentimentos. Como tantos que são confinados, explorados e torturados e mereceriam, ao menos, respeito na sua morte. E se fosse a cabeça de um cachorro, ele faria o mesmo? O porco tem inteligência e sentimentos semelhantes. Não passa pela mente dessa pessoa que, ao fazer o que fez, feriu também a suscetibilidade de muitos que caminham à sua frente. Aqueles que amam e respeitam os animais e, como consequência, se abstém de alimentar-se da carne de outros seres vivos?

Ivany Yara de Medeiros

São Paulo

Crime organizado

Execução no aeroporto

Numa cena cinematográfica que poderia estar no filme O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto num tiroteio, sexta-feira à tarde, em frente ao Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). O empresário, envolvido com a venda de imóveis e transações de criptomoedas para empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi sumária e brutalmente executado com nada menos que 27 tiros de fuzil, por dois assassinos de aluguel que conseguiram fugir. Gritzbach havia se envolvido numa guerra interna da facção, acusado de ter encomendado o assassinato de dois elementos do PCC, e tornou-se delator da organização ao Ministério Público Estadual em abril, num acordo em que ele denunciava a ligação espúria do PCC com propinas e lavagem de dinheiro envolvendo policiais e empresários. Segundo noticiado pela imprensa, entre os bandidos a cabeça de Gritzbach estava a prêmio de R$ 3 milhões. Como se vê, a insegurança pública impera na cidade onde o crime organizado impõe suas leis nas barbas da polícia, deixando a população totalmente desprotegida, ao deus-dará. A que ponto chegamos!

J. S. Decol

São Paulo

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Sem limites

O brutal assassinato de um empresário ligado ao crime organizado no aeroporto de Guarulhos (SP), em plena luz do dia, coloca em relevo a penetração do crime organizado na sociedade. O Estado de São Paulo e todo o Brasil vivem um surto incontido de violência explosiva, sem limites, fruto da impunidade e de benefícios concedidos aos presos de alta periculosidade. A proposta governamental de mudança da estrutura das polícias em muito pouco contribuirá para defender a população.

Carlos Henrique Abrão

São Paulo

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‘Mea culpa’

A revelação feita pelo ministro Alexandre de Moraes num seminário sobre lavagem de dinheiro, de que o Poder Judiciário precisa fazer um “mea culpa” sobre sua atuação no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro (Estadão, 8/11, A7), mostra o quão despreparado está este poder para lidar com este tipo de crime, que está infiltrado nas nossas instituições e as corroendo por dentro. Espero que nosso Judiciário, o mais caro do mundo, consiga ainda recuperar o tempo perdido.

José Elias Laier

São Carlos

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Corte de gastos

A sabedoria do PT

Alguns ministros do atual governo petista ameaçam deixar o cargo se a equipe econômica mexer na verba de suas pastas. Eu me pergunto por que os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet não se demitem e deixam Lula, Gleisi e os demais se virarem na sua sabedoria.

Cecilia Centurion

São Paulo

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Deixa pra lá

Daqui a pouco é Natal, mais um pouquinho é carnaval e, depois, a Semana Santa: para que anunciar o corte de gastos agora? Vamos esquecer esse assunto?

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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Portos

Os nossos são ‘melhores’

Sobre a notícia de que uma comissão de juristas entregou à Câmara dos Deputados um anteprojeto de lei para a modernização dos nossos portos, espero que tenham passado o trabalho pela revisão do ministro Renan Filho. Só assim manteremos o promissor avanço da nossa invejável infraestrutura portuária, tão cobiçada pelo comércio internacional de entorpecentes. Somos, na visão do ministro, um farol para o mundo!

José Luis Ribeiro Brazuna

São Paulo

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Túnel Sena Madureira

Destruição

O Ministério Público recomendou a paralisação das obras do túnel do Complexo Viário Sena Madureira (Estadão, 8/11, A23). Deveriam logo ser proibidas. São 200 famílias que serão arrancadas de suas casas e 170 árvores centenárias que vão ser derrubadas. Valores humanos devem ser respeitados. Chega de facilitar a vida dos automóveis à custa da natureza, à custa da dor de famílias que serão obrigadas a sacrificar o seu lar. Em São Paulo não se pode cortar um galho de árvore sem a análise de um engenheiro agrônomo e autorização da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Mas nada vai impedir a eliminação de um bosque inteiro com 170 árvores crescidas?

Anneliese Fischer Thom

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HERANÇA LAMENTÁVEL

O corte de gastos não anda porque desde que nosso presidente tomou posse, sua única meta é sua reeleição em 2026 e não quer que nada atrapalhe sua campanha. Quem acompanha seriamente o crescimento dos índices de inflação e as manifestações dos economistas e empresários sabe que a continuação do déficit público vai trazer de volta a inflação com seu custo incidindo sobre os mais pobres. Ou seja, temos um presidente envelhecido que não parece estar mais em condições de governar e que, se continuar impedindo o corte de gastos, vai deixar uma herança lamentável para os brasileiros.

Aldo Bertolucci

São Paulo

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GASTANÇA DESENFREADA

Há mais de dois anos o presidente Lula afirma que vai acabar com a gastança desenfreada, todavia, nada faz para tanto. Agora, certamente, vai colocar a culpa em seu longa manus, Gabriel Galípolo, sucessor do seu desafeto Roberto Campos Neto – que atualmente é o único que combate essa excrecência indecente lulística. Ora, com aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano, Lula volta com seu argumento esculachado de que o País não suporta esse patamar – como se tivesse feito sua lição de casa. Lula, com todo o respeito, suas unhas dos pés não estão precisando de uma revisão? Saiba que o banquinho está à disposição.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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JUROS

O presidente do BC é monocórdio, tendo algumas ferramentas para conter a inflação, insiste no uso só do aumento de juros para fazê-lo. Chegamos a um juro real de quase 7% ao ano, juro este que aumenta a dívida do governo, o que realimenta a inflação e provoca mais aumento de juros; genial, Roberto Campos criou o moto perpétuo. Deixa o dólar flutuar em níveis expressivos, contaminando preços e nem uma palavra do BC sobre utilizar uma parte de suas reservas de astronômicos US$ 380 bilhões para conter a inflação provocada pela alta da moeda americana, que aumenta os custos de uma boa parte dos produtos comercializados ou produzidos no País, com componentes importados. Brilhante economista que é, o presidente do BC deveria saber que juros são pouco eficientes para conter a alta de preços controlados, e também é pouco eficiente para conter inflação de custos. No final, este juro real violenta a economia, alimentando a inflação ,até atingir, se é que não já atingimos, a situação de dominância fiscal.

Joaquim Antônio Pereira Alves

Santos

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CORREÇÕES URGENTES

Em relação ao artigo As reais proporções do entalo fiscal (Estadão, 8/11, B10), gostaria de tecer os seguintes comentários: o Brasil atual, com um déficit nominal anual de cerca de 7,6% do PIB, e com a enorme dívida pública aumentando aparentemente sem controle, enfrenta o equivalente a um quadro gravíssimo de câncer fiscal. Para piorar, está com evidentes sintomas de febre (inflação cada vez mais alta), e logo terá que enfrentar o longo inverno representado pelas drásticas mudanças na ordem mundial, que pode até lhe trazer uma pneumonia. Ao invés de fazer as correções urgentes que se fazem mais que necessárias, infelizmente a administração federal atual, tal como a cigarra da fábula, insiste em distanciar-se dessa lamentável realidade e comportar-se como se estivesse tudo muito bem, chegando ao cúmulo de dar opiniões impulsivas a torto e a direito sobre como as demais nações (as formigas da fábula) deveriam se comportar. Quando minimamente confrontada com a horrenda realidade que está logo além dos portões de seu mundo de fantasia, a nossa cigarra faz uma cena de exasperação e bate o pé em defesa de sua imagem irreal difundida por um marketing cada vez mais vazio, bem como futilidades e benesses (agora a bola da vez é a compra de um novo e caríssimo avião presidencial, enquanto o resto do País amarga a precariedade geral e a carestia). Finalmente, quando a terrível realidade insiste em se insinuar logo além da sua janela, a cigarra rapidamente manda fechar as cortinas e argumenta, contrariada, que está pensando em fazer, no máximo e quando lhe convier, uma lipoaspiração para ficar bonita na foto. Até quando? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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VAPT VUPT

Pediu? A resposta vem vapt vupt. Há algumas semanas, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que hoje está em prisão domiciliar, pediu para o ministro Dias Toffoli um parecer para anular processos judiciais. E o pedido já foi atendido pelo ministro, conforme a matéria Toffoli envia à 1.ª instância pedido para anular processos (Estadão, 7/11, A13). Realmente, todos os processos judiciais deveriam ser assim, rápidos e rasteiros.

Tomomasa Yano

Campinas

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‘BINARQUIA’

Vamos supor que Jair Bolsonaro recupere seus direitos e torne-se elegível em 2026. De novo teremos, inevitavelmente, Lula x Bolsonaro. Seguindo uma sequência lógica, iniciada em 2018 (votamos em Bolsonaro para tirar o PT de Lula e, em 2022, votamos em Lula para tirar Bolsonaro), os brasileiros tenderão a votar em Bolsonaro para tirar Lula. Em 2030, o contrário: iremos votar em Lula (aos 85 anos) para tirar Bolsonaro. A seguir, dada a idade avançada de ambos, em 2034, será a vez de Janja x Michelle. Em 2038, de novo, Michelle x Janja. A partir daí virão os mandatos dos filhos de Lula e de Bolsonaro. Lá por 2054/2058 será a vez dos netos de Lula e Bolsonaro. E assim o Brasil terá instituído uma nova forma de poder: a binarquia. Dois clãs se sucedendo alternadamente. É isso, Brasil? É isso, eleitor brasileiro?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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SISTEMA PRISIONAL

O advogado Nicolau da Rocha Cavalcanti comenta exaustivamente em seu artigo Cadeias cheias e ruas perigosas (Estadão, 06/11, A4) que o testemunho de policial assumido como sendo a verdade sobre o fato criminoso tem sido o motivo primordial para a lotação do sistema prisional, contrariando o fato de que tem sido poucos os casos anunciados de falha dessa acusação. Pelo que se sabe, o investimento em presídios é que tem sido desprezível frente às necessidades do setor; sem contar que a população carcerária, mesmo diante da impunidade reinante, tem a ver é com o tamanho da criminalidade, que sabidamente foge do padrão verificado em outros países.

José Elias Laier

São Carlos

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NOTA ZERO

Nossos irmãos gaúchos, sob uma imensurável destruição com as enchentes em abril e maio, e Lula, com pretensões políticas, prometeu amenizar o prejuízo dos agricultores com renegociação de dívidas e acesso à crédito facilitado com juros subsidiados. Após mais de sete meses, e o governo federal omisso, não os favoreceu para que muitos deles recomeçassem suas atividades do zero. Foi nota dez a linda a exemplar mobilização particular de todo o Brasil, sob as mais diversas formas de doações e solidariedade (víveres, materiais de higiene/limpeza, voluntários, roupas, dinheiro, barcos, veículos e helicópteros) e nota zero para o governo federal.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

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CRISE AMBIENTAL

O climatologista Carlos Nobre já usou a expressão doença da Terra para se referir à humanidade e à contaminação do planeta. Ele também afirmou que não se evoluiu para suportar o clima que teremos no planeta em futuro não tão distante. O cientista tem alertado para a necessidade de se entregar um planeta com possibilidade de sobrevivência, e que é preciso se sentir encorajado para isso. Entretanto, via de regra, os chefes de Estado da grande maioria das nações do planeta, comprovadamente são ignorantes em termodinâmica, o capítulo da Física que estuda as relações entre calor, trabalho e temperatura. E, embevecidos pelo posto alcançado, partem para tomar decisões totalmente desastrosas, como o nosso presidente, em extrair petróleo da foz do Rio Amazonas. E não adiantou a ministra do Meio Ambiente avisar que iria cometer um erro pior do que construir a Usina de Belo Monte, que causou um grande prejuízo ao meio ambiente e uma produção pífia, além de um custo inviável para o País. Enfim, na última Assembleia Geral da ONU, só ouvimos sandices, e a principal: reformar o Conselho de Segurança da ONU para acabar com aquele ridículo absurdo de termos cinco nações com voto qualidade total para vetar o que lhes der na cabeça.

Gilberto Pacini

São Paulo

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MOMENTO DELICADO

“Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente”. Excelente artigo de Flávio Tavares intitulado O Dia de Finados que estendemos ao infinito (Estadão, 1/11, A4), com conteúdo que precisaria ser mais acessado e refletido, pois nosso planeta passa por um momento muito delicado, resultante das nossas ações sem educação com o meio ambiente. O Poder Público tem um papel importante; a população, também. Nossa ignorância e indelicadeza com o planeta é muito evidente: lixo nas praças, veículos poluentes, desmatamento, poluição de rios, cimento, asfalto, empresas, etc. Infelizmente, em minha opinião, precisamos da lei de Moisés, devido à nossa imaturidade no trato com o meio ambiente; “olho por olho, dente por dente”. Punição rígida se faz necessário, neste momento, somente pela dor aprenderemos e despertaremos a nossa consciência; e mais adiante, já consciente, aprenderemos pelo amor.

Claudio Dias de Abreu

Taboão da Serra

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NOVA GUINADA

A população americana elegendo Donald Trump para um segundo mandato demonstra uma nova guinada do ocidente para a direita e extrema direita, o que merece atenção dos especialistas em política internacional, haja vista que, ao observar as demais grandes nações, nota-se que a extrema direita vem ganhando cada vez mais espaço no pós-pandemia, sinal claro de descontentamento da população que deposita no populismo suas esperanças para uma condição de vida mais barata.

Lucas Loeblein

Gravataí (RS)

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‘BANIDO DA VIDA PÚBLICA’

Donald Trump deveria ter sido preso em flagrante quando ordenou a invasão do Capitólio, operação que resultou na morte de várias pessoas, inclusive policiais. Existem muitos motivos para o ex-presidente Jair Bolsonaro ser preso: sua criminosa gestão da saúde resultou no brutal agravamento da pandemia no país e no aumento desproporcional no número de vítimas. O Brasil deveria aprender com a reeleição de Donald Trump e neutralizar Bolsonaro enquanto há tempo. Se nada for feito, ele irá reverter as frágeis inelegibilidades e voltar ao poder. Bolsonaro deve responder por seus crimes, sua criminosa gestão em quase todas as pastas, e ser banido da vida pública.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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ELEIÇÕES ESTADUNIDENSES

A eleição americana não tinha bons candidatos. Se por um lado Trump é polêmico e nada diplomático; do outro lado tínhamos uma candidata que foi uma vice-presidente apagada, ria de tudo e cometia várias gafes, certamente causando insegurança. Pior do que isso, Kamala Harris é herdeira de Joe Biden, o pior presidente dos Estados Unidos desde James Buchanan (o 15.º). Sendo a continuação de um líder fraco e sem pulso, mau gestor de políticas econômicas e sociais, completamente desconectado com a realidade, Biden acabou comprometendo bases de credibilidade de Harris. E o eleitor americano está cansado. Cansado de ver seu poder econômico caindo, cansado de ver discursos de revanchismo, quando a igualdade deveria ser o moto social. Trump voltou na esperança dos eleitores que os EUA deixem de cuidar mais do mundo para cuidarem de si próprios. Mas, num mundo com o poderio econômico chinês e o renascimento do poder bélico russo, torna-se difícil acreditar que os EUA poderão baixar a guarda. Sabidamente, a ONU não presta para nada e a polícia do mundo são os americanos. Se está ruim com eles, pode piorar – e muito – na mão dos chineses e dos russos. Vejamos o que vem por aí. Trump é o menos pior no momento. Mas está há anos luz de ter o conteúdo, a simpatia e a diplomacia sensata de Ronald Reagan, o último grande presidente que os Estados Unidos tiveram.

Sérgio Eckermann Passos

Porto Feliz

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COROLÁRIO DO CAOS

Os americanos sonharam com mais uma mentira: a era de ouro. Há pouco mais de um século, a humanidade depositava confiança na estabilidade da sociedade humana. É certo que tinha aguda consciência de que a vida é uma aventura, uma arte de arrancar-se da morte. Os perigos, como o despencar de uma escada, não podiam ser ignorados. Mas a sociedade como um todo parecia estável. Suas imperfeições eram aleatórias e, no geral, o homem sentia-se em casa. A luta de classes e as guerras, a partir do primeiro conflito global, abalaram os resquícios de segurança. A mentira foi alçada à dignidade de um instrumento político. O sistema de segurança coletivo desabou como um castelo de cartas. Predominou no mundo a fraqueza de caráter indutor de um egoísmo míope nas democracias. Os democratas perderam as eleições para si mesmos, em sua parceria com o Estado de Israel, manipulado por um tresloucado da extrema direita – Benjamin Netanyahu –, considerada a gama de eleitores árabes que não poderia votar em Kamala sem aviltar a memória de seus conterrâneos sem terras, sacrificados e mortos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e no Líbano. No mundo de hoje a população vive aterrorizada por bandidos que se apossaram do poder e a juventude envenenada por mentiras sistemáticas que propagam a ilusão da caverna do tesouro. O resultado das eleições americanas não passa de corolário do caos gerado pelas últimas gerações.

Amadeu Roberto Garrido de Paula

São Paulo

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CENA REPUGNANTE

Há alguns anos assisti um filme do qual só me recordo a cena repugnante que me chocou. Alguns homens jogavam informalmente futebol, e, só ao final, percebemos que a bola era a cabeça decapitada de um inimigo. Ao ler o comentário lamentável do senhor Osni Fernando Luiz, a pessoa que levou ao estádio de futebol a cabeça de porco para a brincadeira sadia, revivi a cena do filme. Não se tratava de brincar com um objeto, uma pedra ou pedaço de madeira, mas de parte do cadáver de um ser passível de dor e sentimentos. Como tantos que são confinados, explorados e torturados e mereceriam, ao menos, respeito na sua morte. E se fosse a cabeça de um cachorro, ele faria o mesmo? O porco tem inteligência e sentimentos semelhantes. Não passa pela mente dessa pessoa que, ao fazer o que fez, feriu também a suscetibilidade de muitos que caminham à sua frente. Aqueles que amam e respeitam os animais e, como consequência, se abstém de alimentar-se da carne de outros seres vivos?

Ivany Yara de Medeiros

São Paulo

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