Segurança pública
O ‘ápice da audácia’
“É o ápice da audácia”, disse há poucos dias a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo, sobre o assassinato do delator Antonio Vinicius Lopes Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos. Tem razão. Que segurança o País oferece ao cidadão? Recentemente houve uma reunião do presidente Lula com os governadores de Estado sobre segurança pública, e o que resolveram? Nada. O cidadão sai de casa, mas não sabe se volta. Ataques violentos acontecem a qualquer hora, em qualquer lugar. O que acontecia na Chicago dos anos 30 é brincadeira comparado ao que acontece hoje no Brasil nas grandes capitais. O mais preocupante é que não se ouve nada sobre providências. Parece que esses ataques já estão incorporados ao nosso cotidiano. Vejamos aonde isso vai chegar.
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro
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PEC vai fracassar
Concordo com o pertinente artigo do jornalista Marcelo Godoy sobre a proposta do presidente Lula para a segurança pública (Estadão, 6/11, A11) e peço vênia para acrescentar: a Lei Orgânica Nacional das Polícias Militares (PMs) e Corpos de Bombeiros Militares (CBMs) foi aprovada em dezembro de 2023, para organizá-los melhor, criando um conjunto de regras básicas para todos. Já se organizaram melhor? Os governadores têm mesmo controle efetivo sobre eles? Continuam alguns membros da PM prestando serviço de segurança particular e patrimonial, nas horas vagas, a pessoas físicas e jurídicas, em suas atividades, sejam elas lícitas ou ilícitas? A PEC de Lula vai cuidar de que os bandidos cumpram as penas até o fim? Basta de alterações na Constituição, papel aceita tudo.
Paulo Marcos G. Lustoza
Rio de Janeiro
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Num país onde hackers gravam conversas entre juízes e promotores e essas gravações são admitidas como provas contra autoridades constituídas e levam à libertação de grandes corruptos condenados, não surpreende que todos estejamos sendo monitorados por criminosos. A Polícia que vai investigar a execução no Aeroporto de Guarulhos é a mesma que cuida das nossas fronteiras, pelas quais entram sofisticados armamentos importados pelo crime organizado, o suposto investigado. Vamos chamar o Chapolín Colorado?
Celso Francisco Álvares Leite
Limeira
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Eleição nos EUA
O ‘normal’ democrático
Parece que tudo volta ao normal na democracia no mundo. Donald Trump foi eleito em pleito sem fraudes, sem invasões ou golpes e sem contestação dos perdedores, que civilizadamente aceitam o resultado e farão a transição. Por aqui, no Brasil, a renovada esperança de remissões e anistias usa o fato para ressuscitar o Trumpinho dos trópicos, forçando a barra. Oxalá as profecias do caos se reequilibrem!
Luiz Bernardi
São Paulo
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‘Nonsense’
Trump diz que sua volta à Casa Branca é para trazer “bom senso” ao seu país. Por isso uma de suas primeiras medidas será cumprir a promessa eleitoral de deportar em massa imigrantes ilegais, que, na sua ideológica visão turva, são todos criminosos. E, para que o projeto anti-imigração seja duradouro, tornará a fronteira “forte e poderosa”. De fato, na concepção de um estatista que só olha ad intra (para dentro ou para o próprio umbigo), projetos intransigentes como esses têm ou são concebidos com claras intenções, mas não necessariamente com sentido. Num mundo onde a mobilidade é, em muitos casos, estratégia única de sobrevivência e proteção mínima dos direitos humanos, expulsar estrangeiros e erguer muros não tem sentido nem é bom. Se a promessa for cumprida, seremos forçados a acreditar que o sonho americano é, no fundo, nonsense, desprovido de lógica.
Luís Fabiano dos S. Barbosa
Bauru
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Liderança ambiental
A volta de Trump ao poder vai esvaziar todas as iniciativas de combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas, inclusive a COP-30 no ano que vem na Amazônia. A saída de cena dos EUA cria uma ótima oportunidade para o Brasil assumir a liderança mundial nas questões ambientais. O País ainda tem a maior biodiversidade do planeta e deveria mostrar o caminho para a preservação e recuperação da natureza, valorização dos biomas, uso sustentável das florestas, crédito de carbono, etc. O primeiro passo para isso é antecipar o fim do desmatamento ilegal, previsto para 2030, mas que deveria ser antecipado para 2025, na COP-30.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
ATENTADO NO AEROPORTO
Sob o domínio do crime (Estadão, 10/11, A3). Gravíssimo esse audacioso crime praticado à luz do dia no maior aeroporto do País, e gravíssimo também é a corrupção praticada à luz do dia e da noite. Com a palavra, os insolentes Congresso Nacional, Judiciário, governo e o Supremo Tribunal Federal (STF). O exemplo vem de cima.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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EXECUÇÃO
Enquanto até o STF ajuda a enterrar a Lava Jato, favorecendo corruptos que desviaram recursos das nossas estatais na era petista, verdadeiros grupos mafiosos crescem e vem agindo a tempos no País sem que sejam incomodados pelas nossas autoridades. E um deles, o PCC, nesta sexta-feira, 8/11, em plena luz do dia e no mais movimentado aeroporto do País, executa o delator e empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, com 27 tiros como queima de arquivo, já que o assassinado era intimamente ligado à cúpula do PCC, com os quais mantinha vários tipos de negócios. Ameaçado pelo grupo em 2021, Antonio Vinícius acabou matando dois membros do PCC. Sendo preso, fez acordo de delação premiada entregando a polícia de São Paulo, com quem e como negociava no PCC. Para se vingar do delator, esse grupo ofereceu um prêmio de R$ 3 milhões para quem o matasse. A questão é: quando que essa nossa nação vai penalizar de verdade os corruptos e essas facções, máfias ou grupo criminosos como o PCC, que até elegem vereadores, deputados – e se bobearmos vão logo mais eleger presidente da República, e ter membros nomeados para nossa Suprema Corte?
Paulo Panossian
São Carlos
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MORTO EM AÇÃO POLICIAL
Na edição deste sábado, 9/11, mais uma vez a Polícia Militar faz a demonstração de sua truculência ao fazer-se presente no féretro de Ryan. Na caça à delinquentes, vale tudo, até a morte de inocentes. Outros casos já ocorreram, e os governantes ficaram mudos, sem coibir aos desmandos que atingem mais de um Estado. Herança de ditaduras militares, que saudades da Guarda Civil de saudosa memória.
Silvio Olivo
São Paulo
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DÉFICIT FISCAL
Quem lê os editorias de economia nos jornais se dá conta de que o principal problema hoje é o desequilíbrio entre as receitas e despesas do governo, criando o famigerado déficit fiscal. Qualquer dona de casa sabe que se gastar mais do que ganha vai acabar o dinheiro, se usar o cheque especial vai acabar se endividando, etc. Lula da Silva governa o País há décadas usando o expediente de distribuir dinheiro público para a população por meio dos mais variados projetos e programas sociais: cesta básica, bolsa família, luz para todos, cisternas para todos, etc. Qualquer redução nesses gastos seria acompanhada de uma redução de votos e eventual derrota na próxima eleição. Nenhum articulista de economia ousou até hoje fazer uma projeção do tamanho da conta corrupção no governo. Quantos pontos porcentuais do PIB somem nos mais variados esquemas de roubo de dinheiro público? Esquemas muito conhecidos por todos: rachadinha, emendas parlamentares que não saem do papel e o tradicional superfaturamento de todas as obras públicas, entre outros. Lula sabe que qualquer tentativa de frear a corrupção generalizada no governo seria recebida a pedradas pela bancada da corrupção, dona do Congresso e que tem o poder de cassar seu mandato com um impeachment fulminante, usando qualquer coisa da vasta ficha policial de Lula. Muito mais fácil deixar o déficit crescer, manter todas as despesas, ver a inflação subir, o dólar disparar, mas com a bancada da corrupção feliz e os eleitores contentes.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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ARCABOUÇO FISCAL
Não seria muito melhor ter mantido o teto de gastos de Michel Temer e fazer as reformas estruturais necessárias. Qual será o motivo desse confuso arcabouço que ninguém sabe ao certo o que é e como controla. Quem sabe seria melhor revogar o arcabouço e justificar o relançamento do teto de gastos? Pode evitar um impeachment.
Reinaldo Somaggio
São Paulo
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REFLEXO
‘Sou amigo do Lula, gosto muito dele e devemos apoiá-lo’ (Estadão, 11/11, A12). Entre outros critérios, somos o reflexo de nossas amizades. Uma pessoa honesta, correta, não é amiga, não gosta e nem apoia um cidadão envolvido em ilícitos, o que parece não ser o caso de José Sarney.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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NOCAUTE
A esquerda bateu tanto na direita que agora cansou, e se bobear será nocauteada em breve.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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INCÊNDIOS ESQUECIDOS
Os incêndios que deixaram o Brasil sob nuvem de fumaça, destruindo uma imensa área do País de Norte a Sul, de Leste a Oeste, causando a morte de brigadistas, verdadeiros heróis a combater com instrumentos precários e rudimentares as chamas de um inferno provocado pelo próprio homem e um desgoverno que só pensa em se apoderar dos poucos recursos que ainda nos restam – e há muito tempo carente de pessoas honradas e responsáveis, que demonstrariam amor real à Pátria –, parecem esquecidos. Não se vê nenhuma mobilização dos administradores em treinamento, nem investimentos para preparar as forças policiais, exército e corpo de bombeiros para enfrentar em condições minimamente mais capacitadas, nem estratégia para o combate às secas do próximo ano. É como se a segurança já estivesse garantida somente pela experiência do que ocorreu. E que os criminosos que atearam fogo propositalmente para abrir pastos e aumentar áreas de cultivo de soja para alimentar porcos na China estivessem todos presos ou sensibilizados de que não devem mais fazer isso, porque é muito feio e perigoso. É esse o Brasil onde só se fala na COP30 em Belém, no próximo ano, e que continua vendo a caravana passar, levando nossos bois para virar carne no estrangeiro, e deixando terra arrasada aqui para variar.
Jane Araújo
Brasília
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DIVIDIDOS
Os analistas pós-reeleição de Donald Trump se dividem entre os que forçam um processo democrático corriqueiro de alternância de poder e os que alertam para um extremismo de direita nunca antes visto. Os que normalizam a questão parecem se esquecer do que foi a República de Weimar, na Alemanha, de onde houve a ascensão dos nazistas. Tudo parecia em ordem, democrático, justo e lógico. Deu no que deu.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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COROAÇÃO
A vitória de Donald Trump é a coroação da eventual vitória do Estado da Direita sobre o Estado de Direito, clássico das democracia tradicionais. A onda política desta nova direita global ataca tanto a democracia dos Três Poderes independentes e harmônicos, como a destruição do próprio Estado, a ser desmantelado em troca de um governo de empresas privadas de super-ricos das high techs do mundo digital. Trump será assessorado por Elon Musk nessa tarefa de construir o novo Estado high techs.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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LIÇÕES
Eliane Cantanhêde, escreveu dia desses em sua coluna, no artigo intitulado Passado e futuro (Estadão, 10/11, A8), que Jair Bolsonaro está assanhado com a eleição de Trump nos Estados Unidos, porém, é pouco provável sua participação na posse. Alexandre de Moraes está irredutível na liberação do passaporte. Por outro lado, Lula está assustado com a avassaladora vitória do Republicano. Tinha certeza da vitória de Kamala Harris, tanto que declarou precipitadamente a uma TV da França, quatro dias antes do pleito, apoio à democrata, e, completou sugerindo, que uma vitória de Trump representaria a volta do fascismo e do nazismo. Essas desgraças não lhes saem da memória, e já lhes renderam o título de persona non grata em Israel. Os israelitas não merecem essas tristes recordações. Que lhe sirva de lição a derrota fragorosa de sua preferida nos EUA, onde redutos democratas, tidos com vitórias certas, surpreenderam e o resultado foi adverso. Portanto, que lhe sirva de lição também esse tropeção do partido democrata por lá, e fique esperto para a eleição presidencial em 2026, pois as regiões Norte e Nordeste podem dar um basta, quebrando as pernas da demagogia, carro-chefe das campanhas petistas há décadas.
Sérgio Dafré
Jundiaí
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AMSTERDÃ E GAZA
Segundo o vereador de Amsterdã Jazie Veldhuyzen, a confusão começou após o jogo de futebol da Liga Europa, quando os hooligans israelenses do time Maccabi Tel Aviv começaram a atacar casas de pessoas com bandeiras palestinas, gritando frases como: “não há escolas em Gaza porque já não há crianças”, e “deixem as FDI vencer; dane-se os árabes”. As condenações destes atos lamentáveis não demorou: Joe Biden diz que os atos lembram “momentos sombrios da história” e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, diz que estava indignada com os ataques. No mesmo dia, o escritório de Direitos Humanos da ONU disse que quase 70% das mortes verificadas na Guerra de Gaza foram de mulheres e crianças, e condenou o que chamou de violação sistemática dos princípios fundamentais do direito humanitário internacional. Até o momento, não ouvimos nada a respeito destes mesmos líderes. É por que o ferimento de poucos hooligans é mais importante que a morte de civis indefesos em Gaza?
Omar El Seoud
São Paulo
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HORA DA QUALIDADE
Nesses tempos estranhos e obtusos de disseminação massiva de fake news, do excesso de blábláblá inconsistente, de improvisados podcasts, de postagens imprecisas de mídia social e outras fontes de notícias superficiais e não verificadas, merece destaque e atenção o artigo Jornalismo - a batalha da credibilidade (Estadão, 11/11, A6), do jornalista Carlos Alberto Di Franco, que tratou com propriedade da necessidade do reposicionamento dos veículos noticiosos sérios e independentes, entre eles o Estadão nosso de cada dia. Por oportuno, cabe reproduzir seus parágrafos finais: ”Os desafios são imensos. As redes sociais tiraram dos meios tradicionais a antiga exclusividade da mediação do debate público. Cada vez mais pessoas têm procurado consumir apenas as ‘notícias’ que vêm de fontes que confirmam suas crenças e percepções. Criam-se bolhas fechadas e impermeáveis à informação. Precisamos olhar as nossas coberturas e nos questionarmos se há valor diferencial no que estamos entregando aos nossos consumidores. Precisamos desenvolver uma boa curadoria da informação. O jornalismo profissional está passando por uma crise para a qual a solução há muito é conhecida: apego aos fatos e respeito ao público. Simples assim. Trata-se de traduzir o conceito – claríssimo – em ações e processos. É a hora da qualidade!”. Viva a imprensa livre, pilar da democracia e um direito humano fundamental. Valorizá-la e defendê-la é dever de toda a sociedade.
J. S. Decol
São Paulo
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HERANÇA RUIM
Estamos verificando que há uma forte queda da natalidade no nosso país e a população está envelhecendo rapidamente. Temos que pensar que o mundo mudou, aquela esposa que ficava em casa cuidando das crianças não existe mais, marido e mulher trabalham para pagar as contas e ter uma vida mais confortável. Os nossos governantes entenderam isso e abriram milhares de creches de excelente qualidade? Não. As escolas públicas, salvo raras exceções, são muito ruins, os professores são mal pagos e não têm incentivo para se aperfeiçoar, as instalações são mal conservadas e, com frequência, a alimentação é fornecida em esquemas de corrupção que custam caro e são de má qualidade. As escolas particulares que pagam bem os professores são caras, até parte da classe média não consegue encarar. Diminuir a renda do casal mantendo a esposa em casa e condenar o filho a ter uma escola ruim e um futuro pior, melhor não ter filhos. É mais uma herança ruim de múltiplos governos ruins.
Aldo Bertolucci
São Paulo
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AINDA ESTOU AQUI
O filme marca por sua excelência como obra de arte. Direção, roteiro, caracterização de época, desempenho dos atores, com ênfase para as duas Fernandas (Torres e Montenegro) sensacionais. É um documento que denuncia a nefasta ditadura militar em um dos seus mais cruéis e violentos episódios. Ressalta a figura gigantesca de Eunice Paiva com seus cinco filhos, buscando o marido Rubens Paiva, preso, torturado, morto e tendo o corpo sido jogado no mar pelos representantes do regime que tanto mal nos fez. Todos devem vê-lo e ao final gritar: “ditadura nunca mais”.
Sylvio Belém
Recife