Fórum dos Leitores


Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

Por Fórum dos Leitores

Oriente Médio

Suicídio iraniano

O Irã rejeitou o apelo de países ocidentais para não retaliar Israel (Estadão, 13/8). Ali Khamenei parece não entender que a preocupação do mundo não é exatamente com Israel, mas o que pode acontecer com o Irã.

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Milton Cordova Junior

Vicente Pires (DF)

*

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Interesses em jogo

Até aqui, o Irã tem adotado uma estratégia bem estabelecida de usar grupos como o Hezbollah, no Líbano, e milícias em Gaza e na Síria para atacar Israel. Isso permite ao Irã manter a pressão sobre Israel sem se envolver diretamente. O interesse do regime iraniano em promover uma guerra de atrito com Israel, em vez de um conflito total, pode ser entendido por várias razões estratégicas, políticas e militares: 1) manter um conflito de baixa intensidade com Israel pode servir para unir a população iraniana em torno de uma causa comum, desviando a atenção de problemas internos. Além disso, permite ao regime se legitimar como defensor do Islã e dos direitos dos palestinos, fortalecendo sua posição política interna. 2) Promover uma guerra de atrito permite ao Irã desgastar Israel ao longo do tempo, dificultando a vida política e econômica do Estado judeu. Essa abordagem mantém o conflito num nível gerenciável e constante, sem escalar para uma guerra total, o que seria muito mais arriscado e oneroso. 3) Israel tem uma força militar altamente avançada, incluindo um arsenal nuclear não declarado. Um conflito total poderia resultar em destruição significativa para ambos os lados, mas o Irã poderia sofrer perdas bem mais devastadoras. Ademais, isso poderia desencadear a intervenção dos EUA, o que poderia pôr em risco até a estabilidade do regime iraniano. Portanto, se prevalecer a lógica, a estratégia até então adotada por Teerã de promover uma guerra de atrito permite aos aiatolás alcançar seus objetivos de longo prazo, como enfraquecer Israel e fortalecer sua própria posição regional, sem os riscos catastróficos associados a um conflito total. O que não estão levando em conta é que isso pode não interessar a Israel.

Jorge A. Nurkin

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São Paulo

*

Inflação e juros

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Jogada ensaiada

Galípolo afirma que elevação dos juros ‘está na mesa’ do Copom (Estadão, 13/8, B7). Estas falas do diretor de Política Monetária do Banco Central me parecem jogada ensaiada entre o presidente Lula, Fernando Haddad e Gabriel Galípolo para aparar arestas antes de sua indicação para presidente do Banco Central.

Vital Romaneli Penha

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Jacareí

*

Meta

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Não interessa à população a briga entre o Banco Central e governo sobre a taxa de juros. O que interessa é que, a cada dia, menos salário chega ao fim do mês. À população interessam comida na mesa, família bem alimentada, saúde tratada (os remédios estão caríssimos) e menos estresse para poder manter o emprego. Essa é a real meta que interessa à população brasileira. O resto é resto.

Beatriz Campos

São Paulo

*

Governo Lula 3

Incertezas

Em outubro de 2022, os brilhantes economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Persio Arida e Edmar Bacha, num gesto magnânimo, declararam apoio a Lula na eleição presidencial. Na época, nenhum plano econômico tinha sido apresentado pela campanha do petista. Foi, portanto, um cheque em branco ou saque a descoberto, como queiram. No domingo passado, em artigo no Estadão (É assustador 4), o ex-ministro Malan, que, juntamente com FHC, sempre foi execrado pelo lulopetismo, parece que caiu na real. Agora, todos torcemos para que o apoio de Malan e seus companheiros não tenha sido uma falsa profecia e que, no tempo que lhe resta na Presidência, Lula da Silva possa virar o jogo da economia, que patina e não sai do lugar.

João Israel Neiva

Cabo Frio (RJ)

*

Delfim Netto

1928-2024

Figura emblemática e polêmica, o longevo Antônio Delfim Netto marcou sua época, pela inteligência, estofo acadêmico, clareza de ideias e por ser mordaz. Respeitado pelas diferentes vertentes econômicas brasileiras, foi ouvido pela direita, quando serviu ao regime militar, e pela esquerda, quando aconselhou os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sua morte empobrece o debate político-econômico brasileiro.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

São Luís

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘MUNÍCIPES FARTOS’

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi tudo de ruim e a expectativa dos vindouros não é lá muito animadora. Alguns dos problemas graves de São Paulo são de tão difícil solução que será preciso muita criatividade e vontade política para tentar resolvê-los. O caos cada vez pior no trânsito não dá sinais de arrefecimento e a tão criticada Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não dá mostras de se empenhar em apresentar soluções operacionais em vez de punitivas. Motoboys e, mais recentemente, entregadores de bicicletas seguem apressados e ensandecidos pelas ruas e avenidas praticando manobras irresponsáveis arriscando a própria vida e de outros. Falar ao celular na rua, em qualquer rua, é convite explícito a vê-lo surrupiado por gatunos, quando não arrancados a mão armada. A lista de problemas é longa. Não ter solução imediata para eles, e não há mesmo, não é motivo para não abordar e discutir os assuntos. De ataques pessoais e políticos entre os candidatos os munícipes estão fartos.

Luciano Harary

São Paulo

*

RASTEIRA NO CONSUMIDOR

Infelizmente, a Câmara dos Deputados aprova jabutis, o Senado Federal pode ratificar, e o Planalto, como se nada tivesse a ver com isso, se silencia. É o que destaca o editorial do Estadão em seu título O 13.º da conta de luz (Estadão, 12/8, A3), no qual a Câmara aprovou nocivos subsídios no projeto que cria o marco regulatório das usinas eólicas em alto-mar. Pelos cálculos da Abrace Energia, a tarifa média atual paga pelo consumidor é de R$ 168,15. Com os subsídios aprovados, e se ratificado pelo Senado, o já surrado bolso do consumidor vai ter que assumir despesa extra de mais R$ 221,96 por ano na sua conta de luz. E o Planalto, que recentemente cortou parte importante das verbas do programa Farmácia Popular e do Pé-de-Meia de ajuda a estudantes do Ensino Médio, dá mais uma rasteira no consumidor, principalmente nas famílias de baixa renda quando tira o corpo fora e nada faz para impedir mais este assalto na conta de luz. E Lula ainda vocifera ser pai dos pobres.

Paulo Panossian

São Carlos

*

JUDICIÁRIO

Torna-se a cada dia mais evidente que o câncer que impede a Justiça brasileira de adquirir um nível mínimo de higidez capaz de domar a corrupção endêmica, ligeiramente atenuada durante a aplicação mais robusta da operação Lava Jato, é a sua Corte suprema. Seus integrantes estão transformando o órgão mais importante do Poder Judiciário num centro de militância a serviço de figuras que legaram, entre outras mazelas, um cenário trágico e quase irrecuperável da economia. As desconcertantes decisões de suas excelências – muitas delas monocráticas, como por exemplo a chancelada pelo ministro Dias Toffoli, ao suspender multa bilionária devida ao grupo J&F –, estão arrastando de maneira irresistível, dada a passividade da sociedade, a nossa estrutura legal para um clima de impunidade que, certamente, nos envergonha. Outra deliberação dos togados que não deve ser esquecida é a que se refere ao travamento da prisão após condenação em segunda instância, fato único no mundo. Infelizmente, é o que temos hoje.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

*

INFLAÇÃO NO TETO

Como fundamento para a manutenção da Selic em 10,5% temos o relatório Focus, que reúne projeções de 140 instituições financeiras. Também Gabriel Galípolo, partidário de Lula 3 e por ele indicado para o Banco Central, opina que o cenário é desconfortável, especialmente porque já atingimos o teto da meta. Então, só faltaria Lula 3 entrar em cena para atacar Campos Neto, presidente do BC, sobre a alta dos juros. Entretanto, o cenário é indicativo de que o comportamento do BC é de precaução e de sempre manter procedimento técnico e não político, segundo muitos desejos, inclusive o de Lula 3. Observe-se que a inflação está esperando a ocasião para se desenvolver mais e mais rapidamente.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

*

MUDANÇA DE AGENDA

Janja fez tratamento estético em São Paulo e Lula mandou mudar o itinerário do avião para pegá-la. Se a moda pega.

Robert Haller

São Paulo

*

PETROBRAS

Petrobras tem prejuízo de R$ 2,6 bi no trimestre e vai distribuir R$ 13,6 bi em dividendos (Estadão, 8/8). Nossa. Podem não acreditar, mas os culpados pelo prejuízo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras só podem ser o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Banco Central?

Jaime Eufrasio Sanches

São Paulo

*

TRAGÉDIA EM VINHEDO

Dor e tristeza (Estadão, 11/8, A8). Uma imensa satisfação em ler a grande Eliane Cantanhêde, uma voz de extrema lucidez em meio ao caos. Nunca devemos esquecer o caso da escola Base de São Paulo. Meus cumprimentos Eliane.

Sebastião Otavio Facio Filho

São José do Rio Preto

*

QUEDA DO ATR

Fui tripulante Varig por 24 anos, e fora a saudade que ficou daquela vida nos ares, vem à memória o profissionalismo dos pilotos da empresa, e da autonomia que gozavam em sua importante função. Eles paravam um voo ou deixavam de decolar de acordo com seu treinamento e convicção, doía a quem doía. A segurança sempre foi o mote desta empresa gigante, que um dia, também se foi. Ao ver este avião da ATR despencando velozmente para sua destruição total, foi isso que me veio em mente. Havia segurança neste voo? Apure-se e puna-se.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo

*

DOIS ANOS DE INVESTIGAÇÃO

Depois de traumáticos acidentes aéreos no Brasil, como mostra a matéria Apuração de acidente de Vinhedo pode durar mais de 2 anos (Estadão, 11/08, A18). Os familiares das vítimas e a sociedade ficam esperando mais de dois anos para saber quais foram as causas do desastre apontadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), algo cujo objetivo é tão somente aumentar a segurança dos voos, sem utilidade em processos judiciais. Todavia, a grande frustração dos familiares das vítimas, no Brasil, decorre do fato de a investigação policial, que visa apontar os culpados, além de durar uma eternidade, nunca chega a lugar algum, pois as nossas autoridades policiais investigativas, tudo indica, não têm preparo para lidar com tais eventos. Em outros países, esta realidade é diferente, como mostra o caso do acidente do voo AF447 da Air France, em 2009. A questão que fica no ar é: quando os cidadãos brasileiros poderão contar com algo similar?

José Elias Laier

São Carlos

*

TRAGÉDIA ANUNCIADA

O grave acidente aéreo acorrido na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, apesar de iniciadas as investigações, já era uma tragédia anunciada e, como sempre, ignoradas pelos responsáveis. Afinal, denúncias já informavam que a empresa exigia que seus pilotos trabalhassem fora da escala, sem folgas e sob pressão. Denúncias anônimas à respeito das más condições das aeronaves, especialmente, a que causou a morte de 62 passageiros, foram feitas. Fotos postadas pelas próprias vítimas em pleno voo mostravam graves problemas de manutenção e conservação do avião que potencializaram o desastre. Na verdade, os brasileiros estão em luto, aguardando que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Estruturais (Cenipa) conclua as investigações. O mundo aguarda ansioso.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

*

BRASIL E VENEZUELA

Há mais de duas semanas Nicolás Maduro prometeu banho de sangue caso não ganhassem a eleição, o que assustou Lula e foi aconselhado a tomar chá de camomila. Agora foi colocado por seu mentor Celso Amorim a aguardar as atas, se Maduro as tivesse já teria mostrado. Está na hora, Lula, de tomar uma atitude. O banho de sangue continua. Até quando vai esperar? Em nome do povo brasileiro, que desaprova sua escolha, pergunte ao seu amo e senhor Amorim qual é a saída. Ou vai esperar ser expulso por Maduro também, tal qual Ortega?

Cecilia Centurión

São Paulo

*

LULA E MADURO

Maduro e Lula da Silva têm muito em comum. Ambos são comunistas que idolatram autoritários; não têm plano de governo, têm plano de poder; são vingativos e desmoralizam/destroem os adversários; suas eleições causaram insatisfação com o processo eleitoral e punição aos insatisfeitos; geram insegurança jurídica que afugenta investidores e desestimula empreendimentos; serviços básicos nos dois países são precárias; o povo abandona a Venezuela e no Brasil o povo vaia o eleito; suas interferências nas petrolíferas são desastrosas e deveriam se ater às específicas funções presidenciais; países com grande corrupção, sem semancol e é patente a incontinência administrativa. Em prol da democracia e do bem coletivo deveriam renunciar.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

*

‘A HORA DA VERDADE VAI DEMORAR’

No editorial A hora da verdade para o Brasil na Venezuela (Estadão, 13/8, A3), que, claro, trata da posição que o Brasil deve tomar a respeito das eleições venezuelanas, já ao final é feita uma colocação: “A questão é se Lula é presidente o suficiente para isso”. Ou seja, se Lula vai, finalmente, endurecer com o regime venezuelano. Eu diria que dificilmente. A bem da verdade, Lula nem é presidente. Quem governa são os deputados federais, os senadores, o Centrão, os seus 38 ministros que tocam o barco a seu bel prazer, já que não contam com um plano de governo. E, neste caso específico das eleições venezuelanas, quem decide a posição do Brasil é Celso Amorim, ele é quem dá a palavra final. Lula não tem tempo para ser presidente, ele está em campanha desde 1.° de janeiro de 2023. Lula não bate o ponto na presidência, ora está viajando ora discursando para a sua claque ou ouvindo Janja, que é quem o aconselha. Lula presidente é o que está no livro da posse, só lá. O pior é que a hora da verdade para nós, eleitores, ainda vai demorar. Chega logo, 2026, chega logo.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

OLIMPÍADAS DE PARIS

Novamente vemos desculpas de nossos dirigentes quanto ao rendimento de verdadeiros heróis e heroínas individuais que não alcançaram o ufanismo da mídia televisiva aguardada. Falta ao Brasil uma política bem planejada de busca e formação de atletas olímpicos e não olímpicos. E não simplesmente relegar aos clubes e exército tais funções. Centros olímpicos espalhados pelo País são necessários . Busca por talentos aos esportes acessíveis a um país de terceiro mundo são necessários. E temos mão de obra para todos os esportes espalhados no país. E no futebol necessitamos de um presidente que não permita o verdadeiro roubo aos qual nossas jogadoras foram submetidas. Não foi uma discutível penalidade na área que derrotaram nossas especiais atletas, mas o cansaço após absurdas prorrogações sem sentido e sem protestos firmes e enérgicos que tivessem alguma eficácia. O mesmo dirigente que colocou um amigo de pouca experiência para dirigir uma seleção jovem masculina que não conseguiu uma vaga certa. Bem fizeram os torcedores marroquinos que invadiram o campo diante de uma prorrogação absurda. Se estivesse lá teria feito o mesmo. Contra a França e contra a Espanha. E curioso não termos uma prorrogação enorme justamente no jogo que perdíamos. E não vamos pensar nisso a cada quatro anos, mas hoje mesmo.

José Rubens de Macedo Soares Sobrinho

São Paulo

*

DELFIM NETTO

Delfim Netto foi um economista notório. Didático. Ocupou cargos importantes em vários governos de ideologias distintas. Deixou legado de contribuição no combate à inflação e do crescimento econômico. Frasista muito procurado pelos jornalistas pelas respostas de impacto. Há críticas por não ter uma definição clara de linha política, é taxado de ter vivido em cima do muro. Fico pensando se essa condição de mudar posicionamentos é depreciativa, ou não, no conjunto de sua grande obra.

Celso Luis

Americana

Oriente Médio

Suicídio iraniano

O Irã rejeitou o apelo de países ocidentais para não retaliar Israel (Estadão, 13/8). Ali Khamenei parece não entender que a preocupação do mundo não é exatamente com Israel, mas o que pode acontecer com o Irã.

Milton Cordova Junior

Vicente Pires (DF)

*

Interesses em jogo

Até aqui, o Irã tem adotado uma estratégia bem estabelecida de usar grupos como o Hezbollah, no Líbano, e milícias em Gaza e na Síria para atacar Israel. Isso permite ao Irã manter a pressão sobre Israel sem se envolver diretamente. O interesse do regime iraniano em promover uma guerra de atrito com Israel, em vez de um conflito total, pode ser entendido por várias razões estratégicas, políticas e militares: 1) manter um conflito de baixa intensidade com Israel pode servir para unir a população iraniana em torno de uma causa comum, desviando a atenção de problemas internos. Além disso, permite ao regime se legitimar como defensor do Islã e dos direitos dos palestinos, fortalecendo sua posição política interna. 2) Promover uma guerra de atrito permite ao Irã desgastar Israel ao longo do tempo, dificultando a vida política e econômica do Estado judeu. Essa abordagem mantém o conflito num nível gerenciável e constante, sem escalar para uma guerra total, o que seria muito mais arriscado e oneroso. 3) Israel tem uma força militar altamente avançada, incluindo um arsenal nuclear não declarado. Um conflito total poderia resultar em destruição significativa para ambos os lados, mas o Irã poderia sofrer perdas bem mais devastadoras. Ademais, isso poderia desencadear a intervenção dos EUA, o que poderia pôr em risco até a estabilidade do regime iraniano. Portanto, se prevalecer a lógica, a estratégia até então adotada por Teerã de promover uma guerra de atrito permite aos aiatolás alcançar seus objetivos de longo prazo, como enfraquecer Israel e fortalecer sua própria posição regional, sem os riscos catastróficos associados a um conflito total. O que não estão levando em conta é que isso pode não interessar a Israel.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

*

Inflação e juros

Jogada ensaiada

Galípolo afirma que elevação dos juros ‘está na mesa’ do Copom (Estadão, 13/8, B7). Estas falas do diretor de Política Monetária do Banco Central me parecem jogada ensaiada entre o presidente Lula, Fernando Haddad e Gabriel Galípolo para aparar arestas antes de sua indicação para presidente do Banco Central.

Vital Romaneli Penha

Jacareí

*

Meta

Não interessa à população a briga entre o Banco Central e governo sobre a taxa de juros. O que interessa é que, a cada dia, menos salário chega ao fim do mês. À população interessam comida na mesa, família bem alimentada, saúde tratada (os remédios estão caríssimos) e menos estresse para poder manter o emprego. Essa é a real meta que interessa à população brasileira. O resto é resto.

Beatriz Campos

São Paulo

*

Governo Lula 3

Incertezas

Em outubro de 2022, os brilhantes economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Persio Arida e Edmar Bacha, num gesto magnânimo, declararam apoio a Lula na eleição presidencial. Na época, nenhum plano econômico tinha sido apresentado pela campanha do petista. Foi, portanto, um cheque em branco ou saque a descoberto, como queiram. No domingo passado, em artigo no Estadão (É assustador 4), o ex-ministro Malan, que, juntamente com FHC, sempre foi execrado pelo lulopetismo, parece que caiu na real. Agora, todos torcemos para que o apoio de Malan e seus companheiros não tenha sido uma falsa profecia e que, no tempo que lhe resta na Presidência, Lula da Silva possa virar o jogo da economia, que patina e não sai do lugar.

João Israel Neiva

Cabo Frio (RJ)

*

Delfim Netto

1928-2024

Figura emblemática e polêmica, o longevo Antônio Delfim Netto marcou sua época, pela inteligência, estofo acadêmico, clareza de ideias e por ser mordaz. Respeitado pelas diferentes vertentes econômicas brasileiras, foi ouvido pela direita, quando serviu ao regime militar, e pela esquerda, quando aconselhou os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sua morte empobrece o debate político-econômico brasileiro.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

São Luís

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘MUNÍCIPES FARTOS’

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi tudo de ruim e a expectativa dos vindouros não é lá muito animadora. Alguns dos problemas graves de São Paulo são de tão difícil solução que será preciso muita criatividade e vontade política para tentar resolvê-los. O caos cada vez pior no trânsito não dá sinais de arrefecimento e a tão criticada Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não dá mostras de se empenhar em apresentar soluções operacionais em vez de punitivas. Motoboys e, mais recentemente, entregadores de bicicletas seguem apressados e ensandecidos pelas ruas e avenidas praticando manobras irresponsáveis arriscando a própria vida e de outros. Falar ao celular na rua, em qualquer rua, é convite explícito a vê-lo surrupiado por gatunos, quando não arrancados a mão armada. A lista de problemas é longa. Não ter solução imediata para eles, e não há mesmo, não é motivo para não abordar e discutir os assuntos. De ataques pessoais e políticos entre os candidatos os munícipes estão fartos.

Luciano Harary

São Paulo

*

RASTEIRA NO CONSUMIDOR

Infelizmente, a Câmara dos Deputados aprova jabutis, o Senado Federal pode ratificar, e o Planalto, como se nada tivesse a ver com isso, se silencia. É o que destaca o editorial do Estadão em seu título O 13.º da conta de luz (Estadão, 12/8, A3), no qual a Câmara aprovou nocivos subsídios no projeto que cria o marco regulatório das usinas eólicas em alto-mar. Pelos cálculos da Abrace Energia, a tarifa média atual paga pelo consumidor é de R$ 168,15. Com os subsídios aprovados, e se ratificado pelo Senado, o já surrado bolso do consumidor vai ter que assumir despesa extra de mais R$ 221,96 por ano na sua conta de luz. E o Planalto, que recentemente cortou parte importante das verbas do programa Farmácia Popular e do Pé-de-Meia de ajuda a estudantes do Ensino Médio, dá mais uma rasteira no consumidor, principalmente nas famílias de baixa renda quando tira o corpo fora e nada faz para impedir mais este assalto na conta de luz. E Lula ainda vocifera ser pai dos pobres.

Paulo Panossian

São Carlos

*

JUDICIÁRIO

Torna-se a cada dia mais evidente que o câncer que impede a Justiça brasileira de adquirir um nível mínimo de higidez capaz de domar a corrupção endêmica, ligeiramente atenuada durante a aplicação mais robusta da operação Lava Jato, é a sua Corte suprema. Seus integrantes estão transformando o órgão mais importante do Poder Judiciário num centro de militância a serviço de figuras que legaram, entre outras mazelas, um cenário trágico e quase irrecuperável da economia. As desconcertantes decisões de suas excelências – muitas delas monocráticas, como por exemplo a chancelada pelo ministro Dias Toffoli, ao suspender multa bilionária devida ao grupo J&F –, estão arrastando de maneira irresistível, dada a passividade da sociedade, a nossa estrutura legal para um clima de impunidade que, certamente, nos envergonha. Outra deliberação dos togados que não deve ser esquecida é a que se refere ao travamento da prisão após condenação em segunda instância, fato único no mundo. Infelizmente, é o que temos hoje.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

*

INFLAÇÃO NO TETO

Como fundamento para a manutenção da Selic em 10,5% temos o relatório Focus, que reúne projeções de 140 instituições financeiras. Também Gabriel Galípolo, partidário de Lula 3 e por ele indicado para o Banco Central, opina que o cenário é desconfortável, especialmente porque já atingimos o teto da meta. Então, só faltaria Lula 3 entrar em cena para atacar Campos Neto, presidente do BC, sobre a alta dos juros. Entretanto, o cenário é indicativo de que o comportamento do BC é de precaução e de sempre manter procedimento técnico e não político, segundo muitos desejos, inclusive o de Lula 3. Observe-se que a inflação está esperando a ocasião para se desenvolver mais e mais rapidamente.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

*

MUDANÇA DE AGENDA

Janja fez tratamento estético em São Paulo e Lula mandou mudar o itinerário do avião para pegá-la. Se a moda pega.

Robert Haller

São Paulo

*

PETROBRAS

Petrobras tem prejuízo de R$ 2,6 bi no trimestre e vai distribuir R$ 13,6 bi em dividendos (Estadão, 8/8). Nossa. Podem não acreditar, mas os culpados pelo prejuízo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras só podem ser o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Banco Central?

Jaime Eufrasio Sanches

São Paulo

*

TRAGÉDIA EM VINHEDO

Dor e tristeza (Estadão, 11/8, A8). Uma imensa satisfação em ler a grande Eliane Cantanhêde, uma voz de extrema lucidez em meio ao caos. Nunca devemos esquecer o caso da escola Base de São Paulo. Meus cumprimentos Eliane.

Sebastião Otavio Facio Filho

São José do Rio Preto

*

QUEDA DO ATR

Fui tripulante Varig por 24 anos, e fora a saudade que ficou daquela vida nos ares, vem à memória o profissionalismo dos pilotos da empresa, e da autonomia que gozavam em sua importante função. Eles paravam um voo ou deixavam de decolar de acordo com seu treinamento e convicção, doía a quem doía. A segurança sempre foi o mote desta empresa gigante, que um dia, também se foi. Ao ver este avião da ATR despencando velozmente para sua destruição total, foi isso que me veio em mente. Havia segurança neste voo? Apure-se e puna-se.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo

*

DOIS ANOS DE INVESTIGAÇÃO

Depois de traumáticos acidentes aéreos no Brasil, como mostra a matéria Apuração de acidente de Vinhedo pode durar mais de 2 anos (Estadão, 11/08, A18). Os familiares das vítimas e a sociedade ficam esperando mais de dois anos para saber quais foram as causas do desastre apontadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), algo cujo objetivo é tão somente aumentar a segurança dos voos, sem utilidade em processos judiciais. Todavia, a grande frustração dos familiares das vítimas, no Brasil, decorre do fato de a investigação policial, que visa apontar os culpados, além de durar uma eternidade, nunca chega a lugar algum, pois as nossas autoridades policiais investigativas, tudo indica, não têm preparo para lidar com tais eventos. Em outros países, esta realidade é diferente, como mostra o caso do acidente do voo AF447 da Air France, em 2009. A questão que fica no ar é: quando os cidadãos brasileiros poderão contar com algo similar?

José Elias Laier

São Carlos

*

TRAGÉDIA ANUNCIADA

O grave acidente aéreo acorrido na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, apesar de iniciadas as investigações, já era uma tragédia anunciada e, como sempre, ignoradas pelos responsáveis. Afinal, denúncias já informavam que a empresa exigia que seus pilotos trabalhassem fora da escala, sem folgas e sob pressão. Denúncias anônimas à respeito das más condições das aeronaves, especialmente, a que causou a morte de 62 passageiros, foram feitas. Fotos postadas pelas próprias vítimas em pleno voo mostravam graves problemas de manutenção e conservação do avião que potencializaram o desastre. Na verdade, os brasileiros estão em luto, aguardando que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Estruturais (Cenipa) conclua as investigações. O mundo aguarda ansioso.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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BRASIL E VENEZUELA

Há mais de duas semanas Nicolás Maduro prometeu banho de sangue caso não ganhassem a eleição, o que assustou Lula e foi aconselhado a tomar chá de camomila. Agora foi colocado por seu mentor Celso Amorim a aguardar as atas, se Maduro as tivesse já teria mostrado. Está na hora, Lula, de tomar uma atitude. O banho de sangue continua. Até quando vai esperar? Em nome do povo brasileiro, que desaprova sua escolha, pergunte ao seu amo e senhor Amorim qual é a saída. Ou vai esperar ser expulso por Maduro também, tal qual Ortega?

Cecilia Centurión

São Paulo

*

LULA E MADURO

Maduro e Lula da Silva têm muito em comum. Ambos são comunistas que idolatram autoritários; não têm plano de governo, têm plano de poder; são vingativos e desmoralizam/destroem os adversários; suas eleições causaram insatisfação com o processo eleitoral e punição aos insatisfeitos; geram insegurança jurídica que afugenta investidores e desestimula empreendimentos; serviços básicos nos dois países são precárias; o povo abandona a Venezuela e no Brasil o povo vaia o eleito; suas interferências nas petrolíferas são desastrosas e deveriam se ater às específicas funções presidenciais; países com grande corrupção, sem semancol e é patente a incontinência administrativa. Em prol da democracia e do bem coletivo deveriam renunciar.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

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‘A HORA DA VERDADE VAI DEMORAR’

No editorial A hora da verdade para o Brasil na Venezuela (Estadão, 13/8, A3), que, claro, trata da posição que o Brasil deve tomar a respeito das eleições venezuelanas, já ao final é feita uma colocação: “A questão é se Lula é presidente o suficiente para isso”. Ou seja, se Lula vai, finalmente, endurecer com o regime venezuelano. Eu diria que dificilmente. A bem da verdade, Lula nem é presidente. Quem governa são os deputados federais, os senadores, o Centrão, os seus 38 ministros que tocam o barco a seu bel prazer, já que não contam com um plano de governo. E, neste caso específico das eleições venezuelanas, quem decide a posição do Brasil é Celso Amorim, ele é quem dá a palavra final. Lula não tem tempo para ser presidente, ele está em campanha desde 1.° de janeiro de 2023. Lula não bate o ponto na presidência, ora está viajando ora discursando para a sua claque ou ouvindo Janja, que é quem o aconselha. Lula presidente é o que está no livro da posse, só lá. O pior é que a hora da verdade para nós, eleitores, ainda vai demorar. Chega logo, 2026, chega logo.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

OLIMPÍADAS DE PARIS

Novamente vemos desculpas de nossos dirigentes quanto ao rendimento de verdadeiros heróis e heroínas individuais que não alcançaram o ufanismo da mídia televisiva aguardada. Falta ao Brasil uma política bem planejada de busca e formação de atletas olímpicos e não olímpicos. E não simplesmente relegar aos clubes e exército tais funções. Centros olímpicos espalhados pelo País são necessários . Busca por talentos aos esportes acessíveis a um país de terceiro mundo são necessários. E temos mão de obra para todos os esportes espalhados no país. E no futebol necessitamos de um presidente que não permita o verdadeiro roubo aos qual nossas jogadoras foram submetidas. Não foi uma discutível penalidade na área que derrotaram nossas especiais atletas, mas o cansaço após absurdas prorrogações sem sentido e sem protestos firmes e enérgicos que tivessem alguma eficácia. O mesmo dirigente que colocou um amigo de pouca experiência para dirigir uma seleção jovem masculina que não conseguiu uma vaga certa. Bem fizeram os torcedores marroquinos que invadiram o campo diante de uma prorrogação absurda. Se estivesse lá teria feito o mesmo. Contra a França e contra a Espanha. E curioso não termos uma prorrogação enorme justamente no jogo que perdíamos. E não vamos pensar nisso a cada quatro anos, mas hoje mesmo.

José Rubens de Macedo Soares Sobrinho

São Paulo

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DELFIM NETTO

Delfim Netto foi um economista notório. Didático. Ocupou cargos importantes em vários governos de ideologias distintas. Deixou legado de contribuição no combate à inflação e do crescimento econômico. Frasista muito procurado pelos jornalistas pelas respostas de impacto. Há críticas por não ter uma definição clara de linha política, é taxado de ter vivido em cima do muro. Fico pensando se essa condição de mudar posicionamentos é depreciativa, ou não, no conjunto de sua grande obra.

Celso Luis

Americana

Oriente Médio

Suicídio iraniano

O Irã rejeitou o apelo de países ocidentais para não retaliar Israel (Estadão, 13/8). Ali Khamenei parece não entender que a preocupação do mundo não é exatamente com Israel, mas o que pode acontecer com o Irã.

Milton Cordova Junior

Vicente Pires (DF)

*

Interesses em jogo

Até aqui, o Irã tem adotado uma estratégia bem estabelecida de usar grupos como o Hezbollah, no Líbano, e milícias em Gaza e na Síria para atacar Israel. Isso permite ao Irã manter a pressão sobre Israel sem se envolver diretamente. O interesse do regime iraniano em promover uma guerra de atrito com Israel, em vez de um conflito total, pode ser entendido por várias razões estratégicas, políticas e militares: 1) manter um conflito de baixa intensidade com Israel pode servir para unir a população iraniana em torno de uma causa comum, desviando a atenção de problemas internos. Além disso, permite ao regime se legitimar como defensor do Islã e dos direitos dos palestinos, fortalecendo sua posição política interna. 2) Promover uma guerra de atrito permite ao Irã desgastar Israel ao longo do tempo, dificultando a vida política e econômica do Estado judeu. Essa abordagem mantém o conflito num nível gerenciável e constante, sem escalar para uma guerra total, o que seria muito mais arriscado e oneroso. 3) Israel tem uma força militar altamente avançada, incluindo um arsenal nuclear não declarado. Um conflito total poderia resultar em destruição significativa para ambos os lados, mas o Irã poderia sofrer perdas bem mais devastadoras. Ademais, isso poderia desencadear a intervenção dos EUA, o que poderia pôr em risco até a estabilidade do regime iraniano. Portanto, se prevalecer a lógica, a estratégia até então adotada por Teerã de promover uma guerra de atrito permite aos aiatolás alcançar seus objetivos de longo prazo, como enfraquecer Israel e fortalecer sua própria posição regional, sem os riscos catastróficos associados a um conflito total. O que não estão levando em conta é que isso pode não interessar a Israel.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

*

Inflação e juros

Jogada ensaiada

Galípolo afirma que elevação dos juros ‘está na mesa’ do Copom (Estadão, 13/8, B7). Estas falas do diretor de Política Monetária do Banco Central me parecem jogada ensaiada entre o presidente Lula, Fernando Haddad e Gabriel Galípolo para aparar arestas antes de sua indicação para presidente do Banco Central.

Vital Romaneli Penha

Jacareí

*

Meta

Não interessa à população a briga entre o Banco Central e governo sobre a taxa de juros. O que interessa é que, a cada dia, menos salário chega ao fim do mês. À população interessam comida na mesa, família bem alimentada, saúde tratada (os remédios estão caríssimos) e menos estresse para poder manter o emprego. Essa é a real meta que interessa à população brasileira. O resto é resto.

Beatriz Campos

São Paulo

*

Governo Lula 3

Incertezas

Em outubro de 2022, os brilhantes economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Persio Arida e Edmar Bacha, num gesto magnânimo, declararam apoio a Lula na eleição presidencial. Na época, nenhum plano econômico tinha sido apresentado pela campanha do petista. Foi, portanto, um cheque em branco ou saque a descoberto, como queiram. No domingo passado, em artigo no Estadão (É assustador 4), o ex-ministro Malan, que, juntamente com FHC, sempre foi execrado pelo lulopetismo, parece que caiu na real. Agora, todos torcemos para que o apoio de Malan e seus companheiros não tenha sido uma falsa profecia e que, no tempo que lhe resta na Presidência, Lula da Silva possa virar o jogo da economia, que patina e não sai do lugar.

João Israel Neiva

Cabo Frio (RJ)

*

Delfim Netto

1928-2024

Figura emblemática e polêmica, o longevo Antônio Delfim Netto marcou sua época, pela inteligência, estofo acadêmico, clareza de ideias e por ser mordaz. Respeitado pelas diferentes vertentes econômicas brasileiras, foi ouvido pela direita, quando serviu ao regime militar, e pela esquerda, quando aconselhou os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sua morte empobrece o debate político-econômico brasileiro.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

São Luís

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘MUNÍCIPES FARTOS’

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi tudo de ruim e a expectativa dos vindouros não é lá muito animadora. Alguns dos problemas graves de São Paulo são de tão difícil solução que será preciso muita criatividade e vontade política para tentar resolvê-los. O caos cada vez pior no trânsito não dá sinais de arrefecimento e a tão criticada Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não dá mostras de se empenhar em apresentar soluções operacionais em vez de punitivas. Motoboys e, mais recentemente, entregadores de bicicletas seguem apressados e ensandecidos pelas ruas e avenidas praticando manobras irresponsáveis arriscando a própria vida e de outros. Falar ao celular na rua, em qualquer rua, é convite explícito a vê-lo surrupiado por gatunos, quando não arrancados a mão armada. A lista de problemas é longa. Não ter solução imediata para eles, e não há mesmo, não é motivo para não abordar e discutir os assuntos. De ataques pessoais e políticos entre os candidatos os munícipes estão fartos.

Luciano Harary

São Paulo

*

RASTEIRA NO CONSUMIDOR

Infelizmente, a Câmara dos Deputados aprova jabutis, o Senado Federal pode ratificar, e o Planalto, como se nada tivesse a ver com isso, se silencia. É o que destaca o editorial do Estadão em seu título O 13.º da conta de luz (Estadão, 12/8, A3), no qual a Câmara aprovou nocivos subsídios no projeto que cria o marco regulatório das usinas eólicas em alto-mar. Pelos cálculos da Abrace Energia, a tarifa média atual paga pelo consumidor é de R$ 168,15. Com os subsídios aprovados, e se ratificado pelo Senado, o já surrado bolso do consumidor vai ter que assumir despesa extra de mais R$ 221,96 por ano na sua conta de luz. E o Planalto, que recentemente cortou parte importante das verbas do programa Farmácia Popular e do Pé-de-Meia de ajuda a estudantes do Ensino Médio, dá mais uma rasteira no consumidor, principalmente nas famílias de baixa renda quando tira o corpo fora e nada faz para impedir mais este assalto na conta de luz. E Lula ainda vocifera ser pai dos pobres.

Paulo Panossian

São Carlos

*

JUDICIÁRIO

Torna-se a cada dia mais evidente que o câncer que impede a Justiça brasileira de adquirir um nível mínimo de higidez capaz de domar a corrupção endêmica, ligeiramente atenuada durante a aplicação mais robusta da operação Lava Jato, é a sua Corte suprema. Seus integrantes estão transformando o órgão mais importante do Poder Judiciário num centro de militância a serviço de figuras que legaram, entre outras mazelas, um cenário trágico e quase irrecuperável da economia. As desconcertantes decisões de suas excelências – muitas delas monocráticas, como por exemplo a chancelada pelo ministro Dias Toffoli, ao suspender multa bilionária devida ao grupo J&F –, estão arrastando de maneira irresistível, dada a passividade da sociedade, a nossa estrutura legal para um clima de impunidade que, certamente, nos envergonha. Outra deliberação dos togados que não deve ser esquecida é a que se refere ao travamento da prisão após condenação em segunda instância, fato único no mundo. Infelizmente, é o que temos hoje.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

*

INFLAÇÃO NO TETO

Como fundamento para a manutenção da Selic em 10,5% temos o relatório Focus, que reúne projeções de 140 instituições financeiras. Também Gabriel Galípolo, partidário de Lula 3 e por ele indicado para o Banco Central, opina que o cenário é desconfortável, especialmente porque já atingimos o teto da meta. Então, só faltaria Lula 3 entrar em cena para atacar Campos Neto, presidente do BC, sobre a alta dos juros. Entretanto, o cenário é indicativo de que o comportamento do BC é de precaução e de sempre manter procedimento técnico e não político, segundo muitos desejos, inclusive o de Lula 3. Observe-se que a inflação está esperando a ocasião para se desenvolver mais e mais rapidamente.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

*

MUDANÇA DE AGENDA

Janja fez tratamento estético em São Paulo e Lula mandou mudar o itinerário do avião para pegá-la. Se a moda pega.

Robert Haller

São Paulo

*

PETROBRAS

Petrobras tem prejuízo de R$ 2,6 bi no trimestre e vai distribuir R$ 13,6 bi em dividendos (Estadão, 8/8). Nossa. Podem não acreditar, mas os culpados pelo prejuízo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras só podem ser o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Banco Central?

Jaime Eufrasio Sanches

São Paulo

*

TRAGÉDIA EM VINHEDO

Dor e tristeza (Estadão, 11/8, A8). Uma imensa satisfação em ler a grande Eliane Cantanhêde, uma voz de extrema lucidez em meio ao caos. Nunca devemos esquecer o caso da escola Base de São Paulo. Meus cumprimentos Eliane.

Sebastião Otavio Facio Filho

São José do Rio Preto

*

QUEDA DO ATR

Fui tripulante Varig por 24 anos, e fora a saudade que ficou daquela vida nos ares, vem à memória o profissionalismo dos pilotos da empresa, e da autonomia que gozavam em sua importante função. Eles paravam um voo ou deixavam de decolar de acordo com seu treinamento e convicção, doía a quem doía. A segurança sempre foi o mote desta empresa gigante, que um dia, também se foi. Ao ver este avião da ATR despencando velozmente para sua destruição total, foi isso que me veio em mente. Havia segurança neste voo? Apure-se e puna-se.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo

*

DOIS ANOS DE INVESTIGAÇÃO

Depois de traumáticos acidentes aéreos no Brasil, como mostra a matéria Apuração de acidente de Vinhedo pode durar mais de 2 anos (Estadão, 11/08, A18). Os familiares das vítimas e a sociedade ficam esperando mais de dois anos para saber quais foram as causas do desastre apontadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), algo cujo objetivo é tão somente aumentar a segurança dos voos, sem utilidade em processos judiciais. Todavia, a grande frustração dos familiares das vítimas, no Brasil, decorre do fato de a investigação policial, que visa apontar os culpados, além de durar uma eternidade, nunca chega a lugar algum, pois as nossas autoridades policiais investigativas, tudo indica, não têm preparo para lidar com tais eventos. Em outros países, esta realidade é diferente, como mostra o caso do acidente do voo AF447 da Air France, em 2009. A questão que fica no ar é: quando os cidadãos brasileiros poderão contar com algo similar?

José Elias Laier

São Carlos

*

TRAGÉDIA ANUNCIADA

O grave acidente aéreo acorrido na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, apesar de iniciadas as investigações, já era uma tragédia anunciada e, como sempre, ignoradas pelos responsáveis. Afinal, denúncias já informavam que a empresa exigia que seus pilotos trabalhassem fora da escala, sem folgas e sob pressão. Denúncias anônimas à respeito das más condições das aeronaves, especialmente, a que causou a morte de 62 passageiros, foram feitas. Fotos postadas pelas próprias vítimas em pleno voo mostravam graves problemas de manutenção e conservação do avião que potencializaram o desastre. Na verdade, os brasileiros estão em luto, aguardando que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Estruturais (Cenipa) conclua as investigações. O mundo aguarda ansioso.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

*

BRASIL E VENEZUELA

Há mais de duas semanas Nicolás Maduro prometeu banho de sangue caso não ganhassem a eleição, o que assustou Lula e foi aconselhado a tomar chá de camomila. Agora foi colocado por seu mentor Celso Amorim a aguardar as atas, se Maduro as tivesse já teria mostrado. Está na hora, Lula, de tomar uma atitude. O banho de sangue continua. Até quando vai esperar? Em nome do povo brasileiro, que desaprova sua escolha, pergunte ao seu amo e senhor Amorim qual é a saída. Ou vai esperar ser expulso por Maduro também, tal qual Ortega?

Cecilia Centurión

São Paulo

*

LULA E MADURO

Maduro e Lula da Silva têm muito em comum. Ambos são comunistas que idolatram autoritários; não têm plano de governo, têm plano de poder; são vingativos e desmoralizam/destroem os adversários; suas eleições causaram insatisfação com o processo eleitoral e punição aos insatisfeitos; geram insegurança jurídica que afugenta investidores e desestimula empreendimentos; serviços básicos nos dois países são precárias; o povo abandona a Venezuela e no Brasil o povo vaia o eleito; suas interferências nas petrolíferas são desastrosas e deveriam se ater às específicas funções presidenciais; países com grande corrupção, sem semancol e é patente a incontinência administrativa. Em prol da democracia e do bem coletivo deveriam renunciar.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

*

‘A HORA DA VERDADE VAI DEMORAR’

No editorial A hora da verdade para o Brasil na Venezuela (Estadão, 13/8, A3), que, claro, trata da posição que o Brasil deve tomar a respeito das eleições venezuelanas, já ao final é feita uma colocação: “A questão é se Lula é presidente o suficiente para isso”. Ou seja, se Lula vai, finalmente, endurecer com o regime venezuelano. Eu diria que dificilmente. A bem da verdade, Lula nem é presidente. Quem governa são os deputados federais, os senadores, o Centrão, os seus 38 ministros que tocam o barco a seu bel prazer, já que não contam com um plano de governo. E, neste caso específico das eleições venezuelanas, quem decide a posição do Brasil é Celso Amorim, ele é quem dá a palavra final. Lula não tem tempo para ser presidente, ele está em campanha desde 1.° de janeiro de 2023. Lula não bate o ponto na presidência, ora está viajando ora discursando para a sua claque ou ouvindo Janja, que é quem o aconselha. Lula presidente é o que está no livro da posse, só lá. O pior é que a hora da verdade para nós, eleitores, ainda vai demorar. Chega logo, 2026, chega logo.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

OLIMPÍADAS DE PARIS

Novamente vemos desculpas de nossos dirigentes quanto ao rendimento de verdadeiros heróis e heroínas individuais que não alcançaram o ufanismo da mídia televisiva aguardada. Falta ao Brasil uma política bem planejada de busca e formação de atletas olímpicos e não olímpicos. E não simplesmente relegar aos clubes e exército tais funções. Centros olímpicos espalhados pelo País são necessários . Busca por talentos aos esportes acessíveis a um país de terceiro mundo são necessários. E temos mão de obra para todos os esportes espalhados no país. E no futebol necessitamos de um presidente que não permita o verdadeiro roubo aos qual nossas jogadoras foram submetidas. Não foi uma discutível penalidade na área que derrotaram nossas especiais atletas, mas o cansaço após absurdas prorrogações sem sentido e sem protestos firmes e enérgicos que tivessem alguma eficácia. O mesmo dirigente que colocou um amigo de pouca experiência para dirigir uma seleção jovem masculina que não conseguiu uma vaga certa. Bem fizeram os torcedores marroquinos que invadiram o campo diante de uma prorrogação absurda. Se estivesse lá teria feito o mesmo. Contra a França e contra a Espanha. E curioso não termos uma prorrogação enorme justamente no jogo que perdíamos. E não vamos pensar nisso a cada quatro anos, mas hoje mesmo.

José Rubens de Macedo Soares Sobrinho

São Paulo

*

DELFIM NETTO

Delfim Netto foi um economista notório. Didático. Ocupou cargos importantes em vários governos de ideologias distintas. Deixou legado de contribuição no combate à inflação e do crescimento econômico. Frasista muito procurado pelos jornalistas pelas respostas de impacto. Há críticas por não ter uma definição clara de linha política, é taxado de ter vivido em cima do muro. Fico pensando se essa condição de mudar posicionamentos é depreciativa, ou não, no conjunto de sua grande obra.

Celso Luis

Americana

Oriente Médio

Suicídio iraniano

O Irã rejeitou o apelo de países ocidentais para não retaliar Israel (Estadão, 13/8). Ali Khamenei parece não entender que a preocupação do mundo não é exatamente com Israel, mas o que pode acontecer com o Irã.

Milton Cordova Junior

Vicente Pires (DF)

*

Interesses em jogo

Até aqui, o Irã tem adotado uma estratégia bem estabelecida de usar grupos como o Hezbollah, no Líbano, e milícias em Gaza e na Síria para atacar Israel. Isso permite ao Irã manter a pressão sobre Israel sem se envolver diretamente. O interesse do regime iraniano em promover uma guerra de atrito com Israel, em vez de um conflito total, pode ser entendido por várias razões estratégicas, políticas e militares: 1) manter um conflito de baixa intensidade com Israel pode servir para unir a população iraniana em torno de uma causa comum, desviando a atenção de problemas internos. Além disso, permite ao regime se legitimar como defensor do Islã e dos direitos dos palestinos, fortalecendo sua posição política interna. 2) Promover uma guerra de atrito permite ao Irã desgastar Israel ao longo do tempo, dificultando a vida política e econômica do Estado judeu. Essa abordagem mantém o conflito num nível gerenciável e constante, sem escalar para uma guerra total, o que seria muito mais arriscado e oneroso. 3) Israel tem uma força militar altamente avançada, incluindo um arsenal nuclear não declarado. Um conflito total poderia resultar em destruição significativa para ambos os lados, mas o Irã poderia sofrer perdas bem mais devastadoras. Ademais, isso poderia desencadear a intervenção dos EUA, o que poderia pôr em risco até a estabilidade do regime iraniano. Portanto, se prevalecer a lógica, a estratégia até então adotada por Teerã de promover uma guerra de atrito permite aos aiatolás alcançar seus objetivos de longo prazo, como enfraquecer Israel e fortalecer sua própria posição regional, sem os riscos catastróficos associados a um conflito total. O que não estão levando em conta é que isso pode não interessar a Israel.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

*

Inflação e juros

Jogada ensaiada

Galípolo afirma que elevação dos juros ‘está na mesa’ do Copom (Estadão, 13/8, B7). Estas falas do diretor de Política Monetária do Banco Central me parecem jogada ensaiada entre o presidente Lula, Fernando Haddad e Gabriel Galípolo para aparar arestas antes de sua indicação para presidente do Banco Central.

Vital Romaneli Penha

Jacareí

*

Meta

Não interessa à população a briga entre o Banco Central e governo sobre a taxa de juros. O que interessa é que, a cada dia, menos salário chega ao fim do mês. À população interessam comida na mesa, família bem alimentada, saúde tratada (os remédios estão caríssimos) e menos estresse para poder manter o emprego. Essa é a real meta que interessa à população brasileira. O resto é resto.

Beatriz Campos

São Paulo

*

Governo Lula 3

Incertezas

Em outubro de 2022, os brilhantes economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Persio Arida e Edmar Bacha, num gesto magnânimo, declararam apoio a Lula na eleição presidencial. Na época, nenhum plano econômico tinha sido apresentado pela campanha do petista. Foi, portanto, um cheque em branco ou saque a descoberto, como queiram. No domingo passado, em artigo no Estadão (É assustador 4), o ex-ministro Malan, que, juntamente com FHC, sempre foi execrado pelo lulopetismo, parece que caiu na real. Agora, todos torcemos para que o apoio de Malan e seus companheiros não tenha sido uma falsa profecia e que, no tempo que lhe resta na Presidência, Lula da Silva possa virar o jogo da economia, que patina e não sai do lugar.

João Israel Neiva

Cabo Frio (RJ)

*

Delfim Netto

1928-2024

Figura emblemática e polêmica, o longevo Antônio Delfim Netto marcou sua época, pela inteligência, estofo acadêmico, clareza de ideias e por ser mordaz. Respeitado pelas diferentes vertentes econômicas brasileiras, foi ouvido pela direita, quando serviu ao regime militar, e pela esquerda, quando aconselhou os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sua morte empobrece o debate político-econômico brasileiro.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

São Luís

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘MUNÍCIPES FARTOS’

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi tudo de ruim e a expectativa dos vindouros não é lá muito animadora. Alguns dos problemas graves de São Paulo são de tão difícil solução que será preciso muita criatividade e vontade política para tentar resolvê-los. O caos cada vez pior no trânsito não dá sinais de arrefecimento e a tão criticada Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não dá mostras de se empenhar em apresentar soluções operacionais em vez de punitivas. Motoboys e, mais recentemente, entregadores de bicicletas seguem apressados e ensandecidos pelas ruas e avenidas praticando manobras irresponsáveis arriscando a própria vida e de outros. Falar ao celular na rua, em qualquer rua, é convite explícito a vê-lo surrupiado por gatunos, quando não arrancados a mão armada. A lista de problemas é longa. Não ter solução imediata para eles, e não há mesmo, não é motivo para não abordar e discutir os assuntos. De ataques pessoais e políticos entre os candidatos os munícipes estão fartos.

Luciano Harary

São Paulo

*

RASTEIRA NO CONSUMIDOR

Infelizmente, a Câmara dos Deputados aprova jabutis, o Senado Federal pode ratificar, e o Planalto, como se nada tivesse a ver com isso, se silencia. É o que destaca o editorial do Estadão em seu título O 13.º da conta de luz (Estadão, 12/8, A3), no qual a Câmara aprovou nocivos subsídios no projeto que cria o marco regulatório das usinas eólicas em alto-mar. Pelos cálculos da Abrace Energia, a tarifa média atual paga pelo consumidor é de R$ 168,15. Com os subsídios aprovados, e se ratificado pelo Senado, o já surrado bolso do consumidor vai ter que assumir despesa extra de mais R$ 221,96 por ano na sua conta de luz. E o Planalto, que recentemente cortou parte importante das verbas do programa Farmácia Popular e do Pé-de-Meia de ajuda a estudantes do Ensino Médio, dá mais uma rasteira no consumidor, principalmente nas famílias de baixa renda quando tira o corpo fora e nada faz para impedir mais este assalto na conta de luz. E Lula ainda vocifera ser pai dos pobres.

Paulo Panossian

São Carlos

*

JUDICIÁRIO

Torna-se a cada dia mais evidente que o câncer que impede a Justiça brasileira de adquirir um nível mínimo de higidez capaz de domar a corrupção endêmica, ligeiramente atenuada durante a aplicação mais robusta da operação Lava Jato, é a sua Corte suprema. Seus integrantes estão transformando o órgão mais importante do Poder Judiciário num centro de militância a serviço de figuras que legaram, entre outras mazelas, um cenário trágico e quase irrecuperável da economia. As desconcertantes decisões de suas excelências – muitas delas monocráticas, como por exemplo a chancelada pelo ministro Dias Toffoli, ao suspender multa bilionária devida ao grupo J&F –, estão arrastando de maneira irresistível, dada a passividade da sociedade, a nossa estrutura legal para um clima de impunidade que, certamente, nos envergonha. Outra deliberação dos togados que não deve ser esquecida é a que se refere ao travamento da prisão após condenação em segunda instância, fato único no mundo. Infelizmente, é o que temos hoje.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

*

INFLAÇÃO NO TETO

Como fundamento para a manutenção da Selic em 10,5% temos o relatório Focus, que reúne projeções de 140 instituições financeiras. Também Gabriel Galípolo, partidário de Lula 3 e por ele indicado para o Banco Central, opina que o cenário é desconfortável, especialmente porque já atingimos o teto da meta. Então, só faltaria Lula 3 entrar em cena para atacar Campos Neto, presidente do BC, sobre a alta dos juros. Entretanto, o cenário é indicativo de que o comportamento do BC é de precaução e de sempre manter procedimento técnico e não político, segundo muitos desejos, inclusive o de Lula 3. Observe-se que a inflação está esperando a ocasião para se desenvolver mais e mais rapidamente.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

*

MUDANÇA DE AGENDA

Janja fez tratamento estético em São Paulo e Lula mandou mudar o itinerário do avião para pegá-la. Se a moda pega.

Robert Haller

São Paulo

*

PETROBRAS

Petrobras tem prejuízo de R$ 2,6 bi no trimestre e vai distribuir R$ 13,6 bi em dividendos (Estadão, 8/8). Nossa. Podem não acreditar, mas os culpados pelo prejuízo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras só podem ser o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Banco Central?

Jaime Eufrasio Sanches

São Paulo

*

TRAGÉDIA EM VINHEDO

Dor e tristeza (Estadão, 11/8, A8). Uma imensa satisfação em ler a grande Eliane Cantanhêde, uma voz de extrema lucidez em meio ao caos. Nunca devemos esquecer o caso da escola Base de São Paulo. Meus cumprimentos Eliane.

Sebastião Otavio Facio Filho

São José do Rio Preto

*

QUEDA DO ATR

Fui tripulante Varig por 24 anos, e fora a saudade que ficou daquela vida nos ares, vem à memória o profissionalismo dos pilotos da empresa, e da autonomia que gozavam em sua importante função. Eles paravam um voo ou deixavam de decolar de acordo com seu treinamento e convicção, doía a quem doía. A segurança sempre foi o mote desta empresa gigante, que um dia, também se foi. Ao ver este avião da ATR despencando velozmente para sua destruição total, foi isso que me veio em mente. Havia segurança neste voo? Apure-se e puna-se.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo

*

DOIS ANOS DE INVESTIGAÇÃO

Depois de traumáticos acidentes aéreos no Brasil, como mostra a matéria Apuração de acidente de Vinhedo pode durar mais de 2 anos (Estadão, 11/08, A18). Os familiares das vítimas e a sociedade ficam esperando mais de dois anos para saber quais foram as causas do desastre apontadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), algo cujo objetivo é tão somente aumentar a segurança dos voos, sem utilidade em processos judiciais. Todavia, a grande frustração dos familiares das vítimas, no Brasil, decorre do fato de a investigação policial, que visa apontar os culpados, além de durar uma eternidade, nunca chega a lugar algum, pois as nossas autoridades policiais investigativas, tudo indica, não têm preparo para lidar com tais eventos. Em outros países, esta realidade é diferente, como mostra o caso do acidente do voo AF447 da Air France, em 2009. A questão que fica no ar é: quando os cidadãos brasileiros poderão contar com algo similar?

José Elias Laier

São Carlos

*

TRAGÉDIA ANUNCIADA

O grave acidente aéreo acorrido na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, apesar de iniciadas as investigações, já era uma tragédia anunciada e, como sempre, ignoradas pelos responsáveis. Afinal, denúncias já informavam que a empresa exigia que seus pilotos trabalhassem fora da escala, sem folgas e sob pressão. Denúncias anônimas à respeito das más condições das aeronaves, especialmente, a que causou a morte de 62 passageiros, foram feitas. Fotos postadas pelas próprias vítimas em pleno voo mostravam graves problemas de manutenção e conservação do avião que potencializaram o desastre. Na verdade, os brasileiros estão em luto, aguardando que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Estruturais (Cenipa) conclua as investigações. O mundo aguarda ansioso.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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BRASIL E VENEZUELA

Há mais de duas semanas Nicolás Maduro prometeu banho de sangue caso não ganhassem a eleição, o que assustou Lula e foi aconselhado a tomar chá de camomila. Agora foi colocado por seu mentor Celso Amorim a aguardar as atas, se Maduro as tivesse já teria mostrado. Está na hora, Lula, de tomar uma atitude. O banho de sangue continua. Até quando vai esperar? Em nome do povo brasileiro, que desaprova sua escolha, pergunte ao seu amo e senhor Amorim qual é a saída. Ou vai esperar ser expulso por Maduro também, tal qual Ortega?

Cecilia Centurión

São Paulo

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LULA E MADURO

Maduro e Lula da Silva têm muito em comum. Ambos são comunistas que idolatram autoritários; não têm plano de governo, têm plano de poder; são vingativos e desmoralizam/destroem os adversários; suas eleições causaram insatisfação com o processo eleitoral e punição aos insatisfeitos; geram insegurança jurídica que afugenta investidores e desestimula empreendimentos; serviços básicos nos dois países são precárias; o povo abandona a Venezuela e no Brasil o povo vaia o eleito; suas interferências nas petrolíferas são desastrosas e deveriam se ater às específicas funções presidenciais; países com grande corrupção, sem semancol e é patente a incontinência administrativa. Em prol da democracia e do bem coletivo deveriam renunciar.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

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‘A HORA DA VERDADE VAI DEMORAR’

No editorial A hora da verdade para o Brasil na Venezuela (Estadão, 13/8, A3), que, claro, trata da posição que o Brasil deve tomar a respeito das eleições venezuelanas, já ao final é feita uma colocação: “A questão é se Lula é presidente o suficiente para isso”. Ou seja, se Lula vai, finalmente, endurecer com o regime venezuelano. Eu diria que dificilmente. A bem da verdade, Lula nem é presidente. Quem governa são os deputados federais, os senadores, o Centrão, os seus 38 ministros que tocam o barco a seu bel prazer, já que não contam com um plano de governo. E, neste caso específico das eleições venezuelanas, quem decide a posição do Brasil é Celso Amorim, ele é quem dá a palavra final. Lula não tem tempo para ser presidente, ele está em campanha desde 1.° de janeiro de 2023. Lula não bate o ponto na presidência, ora está viajando ora discursando para a sua claque ou ouvindo Janja, que é quem o aconselha. Lula presidente é o que está no livro da posse, só lá. O pior é que a hora da verdade para nós, eleitores, ainda vai demorar. Chega logo, 2026, chega logo.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

OLIMPÍADAS DE PARIS

Novamente vemos desculpas de nossos dirigentes quanto ao rendimento de verdadeiros heróis e heroínas individuais que não alcançaram o ufanismo da mídia televisiva aguardada. Falta ao Brasil uma política bem planejada de busca e formação de atletas olímpicos e não olímpicos. E não simplesmente relegar aos clubes e exército tais funções. Centros olímpicos espalhados pelo País são necessários . Busca por talentos aos esportes acessíveis a um país de terceiro mundo são necessários. E temos mão de obra para todos os esportes espalhados no país. E no futebol necessitamos de um presidente que não permita o verdadeiro roubo aos qual nossas jogadoras foram submetidas. Não foi uma discutível penalidade na área que derrotaram nossas especiais atletas, mas o cansaço após absurdas prorrogações sem sentido e sem protestos firmes e enérgicos que tivessem alguma eficácia. O mesmo dirigente que colocou um amigo de pouca experiência para dirigir uma seleção jovem masculina que não conseguiu uma vaga certa. Bem fizeram os torcedores marroquinos que invadiram o campo diante de uma prorrogação absurda. Se estivesse lá teria feito o mesmo. Contra a França e contra a Espanha. E curioso não termos uma prorrogação enorme justamente no jogo que perdíamos. E não vamos pensar nisso a cada quatro anos, mas hoje mesmo.

José Rubens de Macedo Soares Sobrinho

São Paulo

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DELFIM NETTO

Delfim Netto foi um economista notório. Didático. Ocupou cargos importantes em vários governos de ideologias distintas. Deixou legado de contribuição no combate à inflação e do crescimento econômico. Frasista muito procurado pelos jornalistas pelas respostas de impacto. Há críticas por não ter uma definição clara de linha política, é taxado de ter vivido em cima do muro. Fico pensando se essa condição de mudar posicionamentos é depreciativa, ou não, no conjunto de sua grande obra.

Celso Luis

Americana

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