Apagão
O que aconteceu?
E se o apagão que atingiu quase o Brasil inteiro ontem tivesse acontecido num governo não petista? Certamente, o PT estaria agora atacando tudo e todos com o ódio que lhe é peculiar. Mas o apagão foi no governo Lula, no governo petista, e estamos todos aguardando qual será a “narrativa” para explicar o acontecimento. Como a culpa pela guerra da Ucrânia é também do país invadido, segundo Lula e o PT, talvez agora eles culpem os consumidores pelo apagão.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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Argentina
Terremoto no sul
A vitória do libertário Javier Milei na eleição que escolheu os candidatos à presidência da Argentina no domingo pegou governos e mercados de surpresa. O resultado das primárias é tido como um termômetro de como será a disputa pela Casa Rosada. O peso despencou e a crise econômica, um problema crônico e grave, agrava-se ainda mais. O problema da segunda maior economia da América do Sul parece não ter solução. Faltam coragem e vontade política para implementar medidas de austeridade fiscal – tipicamente impopulares. Sem o apoio da sociedade e do Congresso, não há presidente que consiga resolver o déficit fiscal. A Argentina é um país perdulário, caro e complexo. Javier, se eleito, tende a complicar a já delicada situação argentina.
Willian Martins
Guararema
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Cansados da crise
Em O Bolsonaro da Argentina (Estado, 15/8, A11), Eliane Cantanhêde afirma acertadamente que “o bolsonarismo afunda no Brasil, mas emerge na Argentina em crise”. Infelizmente, não diz que o lulopetismo patina e ainda tem uma enorme dívida moral e financeira com o Brasil. Cansados do “esquerdismo kirchnerista”, que trouxe à Argentina elevados índices inflacionários e de pobreza, o outrora orgulhoso e admirável povo argentino chuta o balde, escolhendo nas prévias um candidato de extrema direita cuja figura está mais para um popstar do que um político. Trocar um socialismo chulé por um “anarcocapitalista” faz parte do jogo político e democrático.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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Voto eletrônico
Matéria sobre a escolha dos candidatos à presidência argentina (Estado, 14/8, A12) destaca que a experiência inédita do voto eletrônico na cidade de Buenos Aires foi frustrante, a ponto de uma juíza federal ter asseverado que houve “uma imperícia nunca antes vista na organização e execução de um processo eleitoral”. Bem que nossos vizinhos poderiam cruzar a fronteira para se abeberar no bem-sucedido exemplo brasileiro, em que uma Justiça especializada e dotada de autonomia financeira conseguiu implementar, em 1986, um cadastro eletrônico nacional de eleitores, o que possibilitou o desenvolvimento de confiáveis urnas eletrônicas já utilizadas para o pleito de 1996 nas capitais dos Estados e municípios com mais de 200 mil eleitores e, a partir das eleições de 2000, empregadas indistintamente em todo o País. A Justiça Eleitoral do Brasil quiçá seja o mais visível marco civilizatório entre as instituições públicas que servem de mediadoras sociais no diuturno desafio da manutenção da paz nacional.
José D’Amico Bauab
São Paulo
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América Latina
O narcoestado
A diluição do Estado Democrático de Direito pelo narcoestado no Brasil, seguindo os rumos do Equador, é o terrível alerta dado pelo editorial do Estadão A falência de um Estado em tempo real (14/8, A3). As drogas destruidoras de existências produzidas na América Latina precisam ser escoadas para consumidores da Europa, que as receptam em Antuérpia, Roterdã e Valência. E, dali, inundam o mundo com suas forças entrópicas. O Brasil está no centro desse terror, não só no Rio de Janeiro com suas milícias, mas também na utilização dos portos de Santos e Paranaguá. Se essa guerra surda não for enfrentada e vencida a delinquência organizada, estamos sentados sobre uma bomba-relógio. Em verdade, muitos agentes institucionais preferem tolerar o tráfico de drogas para preservar dos ataques do crime organizado os bens econômicos. Que la nave va, como dizia Fellini, pois a destruição das existências desarvoradas é problema menor.
Amadeu R. Garrido de Paula
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
ENTREVERO ENTRE HADDAD E LIRA
O entrevero que aconteceu entre Fernando Haddad e Arthur Lira mais parece aquele velho e conhecido ditado “quem fala o que não deve escuta o que não quer”. O ministro da Fazenda excedeu suas palavras, embora verdadeiras, ao dizer publicamente que a Câmara não pode usar o grande poder que tem para “humilhar o Senado e o Executivo”, e o presidente da Câmara reagiu fazendo “bico” e cancelando reunião com deputados para debater a agenda das reformas. Fato é que o governo está sim refém do Congresso, mais especificamente do Centrão, e Lira, em troca da pautação e votação das reformas, literalmente indicará cargos e ministérios. O bom dessa negociação é que, caso as reformas fiscal e tributária sejam aprovadas, mesmo de forma não ideal, é o Brasil quem sairá ganhando lá na frente. Não há com o que se preocupar. Logo Haddad e Lira ficarão de bem novamente.
Luciano Harary
São Paulo
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SENSIBILIDADE
Como o Brasil está sensível! Só porque o ministro falou umas verdades, o presidente da Câmara ficou ofendido e cancelou reuniões.
Renato Maia
Prados (MG)
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OPOSIÇÃO QUE ATRAPALHA
Ao reclamar da Câmara, talvez agora o ministro da Fazenda entenda o que é ter oposição que não ajuda e ainda atrapalha. Não nos esquecemos do PT sendo contra o Plano Real, que completou 29 anos e nos salvou da hiperinflação.
Tania Tavares
São Paulo
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MAU EXEMPLO
Foi-se o tempo em que deputados e senadores se contentavam com nomeações e cargos. Lula da Silva, refém do Congresso, parece ter se esquecido de que foi nos governos do PT que o mensalão e o petrolão nasceram e passaram a fazer parte dos acordos. Mascarados com objetivos políticos, o esquema de corrupção caiu no gosto dos políticos. Tem que pagar e não é pouco. Está errado cobrar a fatura? Certamente, mas de onde partiu essa ideia tão maravilhosa, todos sabem. Qualquer assunto que seja do interesse do governo está superfaturado. Não importa o Brasil, tem de ser bom primeiro para quem negocia. Resumindo, tudo o que não presta se aprende rápido. E não seria diferente no mundo da política, de onde partem os piores exemplos.
Izabel Avallone
São Paulo
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DICIONÁRIO DE UTOPIAS
Brilhante o artigo de Fernando Dantas M. Neustein (Estado, 15/8, A5), em que ele propõe ou a revisão da Constituição ou a compreensão dos seus limites. Aliás, Roberto Campos já repetia anos atrás: “Nossa Constituição é uma mistura de dicionário de utopias; é, ao mesmo tempo, um hino à preguiça e uma coleção de anedotas”.
Sérgio Bruschini
São Paulo
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EMENDAS
Permitir aos parlamentares gerenciar dinheiro público é algo fora de propósito, como bem chama a atenção o editorial Pagar emenda é prerrogativa do governo (Estado, 14/8, A3). Em primeiro lugar porque cabe ao Parlamento ser um freio aos anseios de gastos do Executivo, afinal aos serem os parlamentares beneficiários de recursos públicos aquele freio perde eficiência, e, em segundo, por desequilibrar as disputas eleitorais, pois ao carimbar o nome nessas verbas as vantagens sobre os candidatos sem esse privilégio é notável.
José Elias Laier
São Carlos
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FIM DO ROTATIVO
“Atos santos se ampliam, não se reduzem”, nos lembra o autor israelense David Grossman. O término do sistema de pagamento rotativo de cartão de crédito é um desses “atos santos” que deve ser ampliado, pois traz vantagens tanto para os consumidores quanto para a economia. Ao eliminar os altos juros do rotativo, os consumidores são protegidos de dívidas descontroladas, incentivando gastos mais conscientes. Isso também impulsiona a economia, pois as famílias terão mais recursos para investir em compras e para investimentos produtivos. Além disso, os bancos podem se concentrar em oferecer opções de crédito mais acessíveis e transparentes, aumentando a confiança do público no sistema financeiro. No geral, o fim do rotativo beneficia o equilíbrio financeiro das pessoas e fortalece a estabilidade econômica.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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APAGÃO NACIONAL
A aproximação de Lula com a Venezuela pode ser a experiência em apagões em todas as regiões do País, como aconteceu nesta terça, 15/8.
Carlos Gaspar
São Paulo
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TAXAÇÃO DOS SUPER-RICOS
Vamos taxar os super-ricos, vamos taxar os jogos esportivos, vamos taxar o consumo da maconha, vamos taxar o aborto. Vamos taxar tudo o que der, para que o governo Lula distribua dinheiro em seus programas sociais e lhe garanta mais uma reeleição. É fácil taxar, mas é muito difícil cortar gastos, gerenciar por competência. Enfim, vamos que vamos em frente com a nossa republiqueta de bananas.
Maria Carmen Del Bel Tunes
Americana
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FISCALIZAÇÃO POLICIAL
Se a nova lei que libera a maconha em todo o território nacional for aprovada pelo STFL – Supremo Tribunal Federal Legislador –, teremos que ter um custo adicional na composição da fiscalização policial. Para além das câmeras nos uniformes e dos bafômetros, deverá ser acrescentada uma balança de precisão de pequeno porte para a verificação da quantidade de maconha portada.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
Não é a mudança da escola que fará os alunos terem melhor acesso ao ITA. No Ceará, foi feita a reforma do ensino, inclusive foi tese de mestrado, e os resultados estão aparecendo no ITA, nas competições internacionais, no Enem e em várias provas. São Paulo está patinando há vários anos nas reformas necessárias e, para piorar, temos o secretário da Educação tirando livros, vigiando professores e diretores e mostrando total desconhecimento e empatia com a educação. SP, como o Estado mais rico, deveria ter um secretário melhor.
Alberto Utida
São Paulo
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‘YES’ X ‘SÍ'
Num mundo onde há décadas o inglês predomina como idioma prevalente do business entre os países, bem como do soft power cultural, o Ministério da Educação (MEC) do governo antiamericano de Lula quer descabidamente substituir no ensino médio o yes do idioma de Shakespeare pelo sí de Cervantes. Com efeito, as ações do governo Lula 3 confirmam o célebre dito de Einstein: ”Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana”.
J. S. Decol
São Paulo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Acho que estamos discutindo utopia ao propor o estudo de línguas como inglês ou espanhol, pois os alunos que saem do ensino médio não dominam nem a língua portuguesa. Falta muito mais em termos de educação.
Luiz Frid
São Paulo
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LIMITES DO QUE É CIÊNCIA
Algumas avaliações sobre o livro de Natalia Pasternak e Carlos Orsi, Que bobagem!, confundem aceitação do público com resultados científicos. O livro pode pecar pelo excesso, mas não pela omissão ao tocar a fundo em questões que não são ciência, mas assim “vendidas” ao público. Lembrando que da dúzia de exemplos de pseudociências apenas três (acupuntura, homeopatia e psicanálise) foram objeto de controvérsia. Ou seja, a obra contém 75% de consenso, mesmo entre não especialistas. Há muitas formas de conhecimento, sem dúvida, mas Natalia e Carlos pretendem apenas resgatar os limites do que é ciência, tal qual Carl Sagan já havia feito.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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INCÊNDIO NO HAVAÍ
A trágica realidade no Havaí, com o incêndio devastador na região, é um sinal de alerta das mudanças climáticas que o planeta vai vivenciar daqui em diante. As lideranças mundiais deverão tomar medidas preventivas para sanar o avanço dessas trágicas realidades, sob pena de sofrermos tragédias como essa, em escala muito maior.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro