Atentado em Brasília
Teatro a céu aberto
Os motivos do planejamento e perpetração do atentado terrorista seguido de suicídio de Francisco Wanderley Luiz carecem de detalhes que certamente vão surgir no decorrer das investigações. O que é preocupante é a forma espetaculosa com que Francisco planejou o atentado que, felizmente, não feriu mais ninguém. Desde o 8 de Janeiro, Brasília não é nem nunca mais será a mesma. A Praça dos Três Poderes, antes local de manifestações pacíficas, agora é um grande palco, um verdadeiro teatro a céu aberto, em que indivíduos e grupos que querem chamar a atenção do Brasil e do mundo através da violência o fazem sem impedimento. E não são grades de proteção ou seguranças esparsos que vão resolver o problema. As autoridades precisam repensar o acesso do público à praça e às sedes dos Poderes e avaliar a viabilidade de colocação de estruturas protetivas de concreto ou coisa parecida. É ingenuidade pensar que atentados ou cenas como essa não vão se repetir. Democracia dá trabalho e proteger a democracia dá mais trabalho ainda.
Luciano Harary
São Paulo
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Estatais
‘Parceria’ em eventos
Estadão de 14/11 (página A10): Estatais deram R$ 33,5 milhões para o G-20 e o ‘Janjapalooza’. Dá para entender por que alguns políticos não gostam de privatização de estatais?
Luiz Frid
São Paulo
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Congresso Nacional
Jornada de trabalho
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) formulou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reduzir a jornada de trabalho a 36 horas semanais, sem mudança de salário e sem avaliar perdas de produção e resultados. Faz sentido essa proposta, vinda da Casa Legislativa que paga altos salários, benefícios e outras cositas mais aos parlamentares, que trabalham em Brasília apenas três dias por semana (jornada 3x4), com baixa produtividade e desconhecidos resultados para os brasileiros, que ganham cada vez menos? Ficamos assim: eles pensando na reeleição, procurando holofotes para aparecer e sem se preocupar com quem paga também essa conta de luz.
Carlos Gaspar
São Paulo
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Qualidade de vida
A propósito da polêmica sobre a jornada semanal de trabalho, vamos seguir não o regime 6x1 ou 4x3. Vamos copiar nossos congressistas – os mais caros do mundo –, que trabalham num esquema 3x4, com altos salários e todas as mordomias pagos por nós, cidadãos.
Humberto Cícero de Cerqueira
São Paulo
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Escala negociada
Por que não se permite que cada empresário e seus funcionários decidam o que é melhor para eles? Para que uma lei? Que cada um faça os seus acordos livremente. Eu tenho um consultório odontológico e trabalhamos na escala 5x2, porque 4x3 seria cansativo demais. Acho 5x2 ideal. Mas é ideal para o nosso caso em específico. Chega de querer regulamentar cada suspiro que o cidadão dá.
Adriano Caló
São Paulo
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COP-29
‘Greenwashing’
A realização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP-29), no Azerbaijão, levanta questões significativas. Como anfitrião da maior conferência global sobre mudanças climáticas, o Azerbaijão, cuja economia depende em 90% de petróleo e gás natural, aparentemente usa o evento para mascarar práticas prejudiciais ao meio ambiente e violações dos direitos humanos. Isso configura um evidente caso de greenwashing, distorcendo os princípios que a conferência busca promover e chamando a atenção para a seriedade da escolha de sede para eventos dessa magnitude. Além das questões ambientais, o Azerbaijão protagoniza uma série de ações autoritárias e violações flagrantes de direitos humanos. Em 2023, o país implementou um plano de limpeza étnica, forçando 120 mil armênios de Nagorno-Karabakh a abandonarem suas terras ancestrais. Atualmente, 23 armênios permanecem presos ilegalmente em Baku, sem direito a um julgamento justo e recebendo tratamento desumano. Essa situação desafia não apenas os valores fundamentais que deveriam ser defendidos pela COP-29, mas também os princípios universais de justiça e dignidade humana.
Paulo Pandjiarjian
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Muito oportuna a nota do PSDB lamentando o atentado, porém não deixou de culpar o PT pelo radicalismo no País. Veio do PT o extremismo quando falava em exterminar seus adversários, bater neles nas urnas e nas ruas. E ninguém se importou. Hoje a guerra está posta, a começar pelo presidente atual que estimulou o nós contra eles. Como pode um presidente governar um país pregando a discórdia? O ódio foi crescendo e o que mais assusta é que a maioria quer guerra. Estamos órfaos de um pacificador que fale às pessoas pregando o amor, a paz e uma convivência respeitosa. Estamos assistindo a escalada da violência aumentado. As pessoas estão agressivas e isso não é bom para o mundo. Oxalá, apareça um enviado de Deus para pacificar esse país antes que seja tarde.
Izabel Avallone
São Paulo
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ATO TRESLOUCADO
Nada justifica um atentado contra quem quer que seja, mas os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) que recebem ameaças com frequência, estão colhendo o que plantaram. Provas irrefutáveis e incontestáveis levantadas pela operação Lava Jato, acompanhadas de delações premiadas durante seis anos, foram simplesmente anuladas por decisões monocráticas e, muitas vezes julgadas com viés político-partidário, o que provocou esse ato tresloucado de um barriga verde.
Jose Alcides Muller
Avaré
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VIOLÊNCIA POLÍTICA
A respeito do condenável ato de violência política praticado em 13/11 em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, natural de Santa Catarina, que se explodiu com bombas amarradas ao seu corpo, num protesto solitário contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes, cabe, por oportuno, reproduzir o que bem disse o editorial A consequência da aversão à democracia (Estadão,15/11,A3): “Fato é que o sr. Francisco Luiz deixou em vida registros em profusão que dão uma boa ideia de sua afinidade com a ‘agenda política’, por assim dizer, do bolsonarismo, como a aversão à democracia liberal, às instituições republicanas e, não menos importante, à política como uma construção civilizatória baseada no respeito entre adversários, pois consubstanciada na força dos argumentos, não na violência.(...) O terrível episódio serve de alerta para o risco de menosprezar a capacidade de ação dos inimigos da democracia. Se já era acintoso falar em anistia para os golpistas com tamanha naturalidade, resta evidente que, a prosperar esse despautério, estará dado o recado de que a violência política é passível de ser recompensada com a impunidade”. Justiça e democracia, sim, anistia e golpismo, não.
J. S. Decol
São Paulo
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DEFENDER OS CIDADÃOS
Alexandre de Moraes disse, conforme matéria Após atentado, STF ataca proposta de anistia; PF vê grupos extremistas ativos (Estadão, 15/11, A8-A10), que “o criminoso anistiado é um criminoso impune”. Afirmação óbvia. Não tão óbvia é a resposta para o porquê no Brasil a Justiça defender com muito mais empenho a democracia, um ser abstrato, do que o cidadão comum, um ser concreto. Desde a redemocratização quantos já morreram, foram violentados, agredidos, roubados por conta de ações antidemocráticas, e quantos já sofreram por ações de delinquentes e criminosos comuns e de colarinho branco e que estão nas ruas, anistiados pela espantosa ineficiência jurídica brasileira? É necessário defender a democracia, mesmo porque, não temos alternativa melhor, mas enquanto a Justiça não tiver real compaixão – e tome medidas tão enérgicas como o STF toma – pela destruição e sofrimento que os bandidos trazem à milhares de famílias, não vai conseguir que a sociedade se una para defender uma entidade, abstrata, pois diuturnamente está pranteando sua perda concreta: os entes queridos assassinados, mutilados, os bens, a autoestima. Por quem os sinos dobram?
Sandra Maria Gonçalves
São Paulo
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‘BETS’
O STF confirmou o veto do ministro Fux ao uso do Bolsa Família em jogo, de acordo com a reportagem STF confirma decisão de Fux que veta uso do Bolsa Família em jogo (Estadão, 15/11, B1). Ter havido o veto significa que houve proporção notável de apostas aplicadas com recursos de auxílios governamentais, a justificar intervenção do Supremo. Trocando em miúdos, verificou-se que o dinheiro público destinado a sustento de famílias vulneráveis era por esse meio redirecionado ao bolso de operadores de lucrativas casas de apostas. Algo de indizível ironia, que nos remete ao velho clichê do país que não tem jeito. Depois da legalização de apostas online, passa-se à busca de medidas tópicas, como traçar limites na publicidade ou recomendar “jogar com responsabilidade”. Mas o veneno já foi inoculado e, como disse o ministro Fux, há periculum in mora (perigo na demora). Vícios em jogos são males dificílimos de tratar, comparáveis à dependência química ou alcoólica. Criaram um monstro e agora tentam cortar-lhe as unhas.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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USO DO BOLSA FAMÍLIA
STF confirma decisão de Fux que veta uso do Bolsa Família em jogo (Estadão, 15/11, B1). Faltou ao STF dizer como fazer isso. E pedir também uma investigação para saber se, nesses anos todos, o Bolsa Família teria sido usado para a compra de bebidas alcoólicas, cigarro, maconha, jogo do bicho, loto fácil e Mega-Sena, entre outros desvios de finalidade.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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VERGONHA NO G-20
O Brasil, sede do próximo Fórum Internacional G20 no Rio de Janeiro, mesmo sendo pauta econômica, vai passar vergonha devido ao recorde de queimadas, com imensuráveis destruições neste ano, principalmente na Região Amazônica e no Pantanal, sem que houvesse o esforço e trabalho adequado para amenizar o estrago. Sempre a culpa era do presidente Jair Bolsonaro, e, em 2024, o presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ambos de braços cruzados, atribuem às intempéries climáticas e incêndios criminosos. A culpa é sempre dos outros. Lula e Marina falam, mas não agem.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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ORGIEM DO ÓDIO
Uma das origens do ódio na política são as famosas frases que ainda incitam a violência e impedem os esforços para promover a mediação e o diálogo: seguem algumas frases do ódio na política: “perdeu, mané, não amola”; “nós derrotamos o bolsonarismo”; e “eleição não se ganha, se toma”. A pacificação é o melhor caminho.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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CATÁSTROFE DE MARIANA
Um absurdo a decisão da Juíza isentando de culpa as empresas responsáveis pelo gravíssimo acidente.
Robert Haller
São Paulo
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CONVITE PARA POSSE
Com a vitória do extremista Donald Trump nas eleições americana de 2024, o seu maior fã na América Latina, Jair Messias Bolsonaro, vê na possibilidade de receber um convite especial para a posse do ídolo um motivo para que o ministro do STF, Alexandre de Moraes, enfim libere o seu retido passaporte, fato que já lhe foi negado três vezes. Para tanto, Bolsonaro cogita enviar ao ministro o convite anexado a um novo pedido. Somente Bolsonaro e seus mais apaixonados seguidores conseguiriam pensar que o hipotético convite poderia sensibilizar o duro juiz a mudar de opinião. É claro que se confirmada essa história, muito pelo contrário, será um motivo a mais para que a quarta negativa lhe seja concedida.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro
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‘AMIZADE SINCERA’
Lamentavelmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro joga todas suas fichas na amizade sincera de Donald Trump para conseguir voltar ao certame em 2026. Fazendo cara de paisagem, se move como se já fosse candidato. Na verdade, essa foi a estratégia do presidente Lula, que, lá atrás, percorreu o mesmo caminho, mas, como não conseguiu seus objetivos, plantou um poste conhecido como Dilma Rousseff que levou o País ao caos. Agora, é Bolsonaro que passa pela mesma situação, pois, caso não consiga a alforria para se candidatar, deve plantar um poste que pode ser Fabio Wajngarten, algum dos filhos zero, sua esposa Michelle Bolsonaro ou até mesmo Aldo Rebelo que, mesmo sendo ex-ministro de Lula e Dilma, o inelegível já declarou que morre de amores pelo mesmo. Quem viver verá.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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MÃOS DE TESOURA
Edward Mãos de Tesoura é um filme de 1990 que conta a história de um ser solitário que tem tesouras em vez de mãos. Agora, temos Elon Musk Mãos de Tesoura, no governo Trump, para cortar US$ 2 trilhões (R$ 11,5 trilhões) da máquina governamental. Enquanto isso, aqui no Brasil, uma tesourinha de unha derrubou o presidente Lula do seu banquinho e Fernando Haddad não corta absolutamente nada. O filme brasileiro é de terror.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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SENHAS FRÁGEIS
Em tempos de crescente incidência de golpes, é crucial saber que senhas simples e previsíveis podem ser quebradas em questão de segundos. Muitas pessoas ainda usam senhas extremamente básicas, tanto em contas pessoais quanto corporativas. “123456″ é a senha mais usada no mundo, com mais de três milhões de usuários em contas pessoais e mais de 1,2 milhão em contas corporativas. Seguida por “123456789″ e “12345678″. Informações facilmente adivinháveis, como aniversários, nomes de pessoas próximas e palavras comuns também são consideradas como opções óbvias. O problema é que é difícil lembrar senhas mais complexas, especialmente para pessoas com mais idade. E muitos desconfiam da segurança de gerenciadores de senha. Até porque, quem descobrir a senha do gerenciador terá acesso a tudo.
Jorge A. Nurkin
São Paulo
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MOTOBOY AJUDA IDOSA
Um grupo de criminosos, passando-se por seguranças de um banco, por telefone, havia convencido uma senhora de idade a lhes fornecer as senhas de dois cartões de crédito, os códigos de segurança e o endereço, sob a alegação de que havia ocorrido um problema com os cartões, os quais agora precisavam retornar ao banco para serem corrigidos, e que mandariam um motoboy para retirá-los. Assim o fizeram. O motoboy desconfiou que fosse golpe e convenceu a senhora a não enviar os cartões. Um canal de televisão aqui da cidade de São Paulo achou que o motoboy deveria ser conhecido e transformado em herói, conseguindo com ele uma entrevista. Na entrevista, mostraram-o de frente, em tamanho natural e com ênfase no rosto, pedindo para que informasse como havia convencido a idosa a não entregar os cartões, o que ele fez. Confisspu no ar que foi ele mesmo a atender a idosa. Esqueceram que do outro lado havia, como há, um grupo criminoso ludibriado pelo motoboy, que talvez até tenha filmado o rosto dele com a facilidade oferecida pelos celulares, que sabe em qual companhia de motoboys ele trabalha, conhecendo assim o endereço dela, o que lhe facilita tudo. Falta perigosa de bom senso. Ainda bem que Deus existe e quem sabe possa ajudá-lo, pois é uma pessoa do bem como demonstrou ser ao ajudar a senhora. Torço para isso.
José Carlos
São Paulo
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HEXA CADA VEZ MAIS LONGE
Amarga e dolorosa constatação: a Seleção Brasileira é ruim e inexpressiva. Safra de jogadores é medíocre. Adversários não temem mais a Seleção nem a inacreditável Venezuela. Jogadores arrebentam nos clubes, na Seleção dão vexame. O treinador também é fraco. Jogadores não levam ele a sério. Alguns atletas expressivos continuam devendo com a amarelinha, como Vini Jr. e Rodrigo. Vini Jr. anda muito nervosinho. Tem que colocar na cabeça que jamais será um Rivelino, um Jairzinho, um Tostão, um Romário, Rivaldo, Ronaldo Fenômeno ou Ronaldo Gaúcho. Pelé, então, nem sonhando. O Brasil seguramente vai à Copa de 2026 como melancólico figurante. O hexa cada vez mais longe.
Vicente Limongi Netto
Brasília