Fórum dos Leitores


Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

Por Fórum dos Leitores
Atualização:

Caiu a máscara

Bolsonaro deslustrou a chefia da Nação. Envergonhou a Pátria e a democracia. Não engana mais ninguém. Caiu a máscara. Oficiais graduados das Forças Armadas repeliram e denunciaram, com fatos, à Polícia Federal insistentes propostas golpistas do medonho e destrambelhado ex-presidente da República. Um dos bravos militares chegou a ameaçar prender Bolsonaro, caso insistisse com a indecorosa e ultrajante atitude golpista. O próprio presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, endossou as denúncias e as atitudes firmes e patrióticas dos comandantes militares. As investigações prosseguem. Isentas e transparentes. Tudo leva a crer que o Messias de barro será preso.

Vicente Limongi Netto

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Brasília

*

Jair Bolsonaro

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Traidor da Pátria: nunca honrou a farda do Exército brasileiro. Que se faça justiça a ele e a seus comparsas. Vergonha!

Geraldo Tadeu Santos Almeida

Itapeva

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Pós-Lava Jato

Licitação da Petrobras

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E não é que o dinossauro voraz (ops, Lula da Silva) não só quer retomar as obras inacabáveis e inviáveis da Refinaria Abreu e Lima, como também quer trazer os cumpanheros da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, devidamente rebatizadas, para a empreitada (Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato, Estadão, 15/3)? O glorioso ministro Dias Toffoli já deve estar esperando os julgamentos em diversas instâncias, dezenas de magistrados envolvidos, para chegar à conclusão de que os executivos dessas empresas foram intimidados e, por isso, futuros acordos de leniência serão considerados excessivos e possíveis multas, anuladas. É só esperar. Ou podemos pressionar para que esta aberração não aconteça de novo e que o Tribunal de Contas da União declare essas empresas como inidôneas e, pois, que não deveriam participar de qualquer licitação. Aliás, qual o objetivo em Abreu e Lima, mesmo?

Renato Amaral Camargo

São Paulo

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Guerra na Ucrânia

Vida ou morte

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O que Vladimir Putin, Lula e Bolsonaro têm em comum? Vencer a guerra é questão de vida e morte não só para o russo (Estadão, 16/3, A18), mas para os dois tupiniquins. Embora, para cada um, a guerra tenha significados muito diferentes, o trio usa todas as armas imorais para seu fim de sobrevivência, não importando quanta destruição deixam pelo caminho: danem-se a vida humana ou a economia. E o mais triste é que amealham funestas porcentagens de apoio em seus países.

Sandra Maria Gonçalves

São Paulo

*

Questão existencial

Boa a coluna de Fareed Zakaria neste jornal em 16/3/2024 (Putin entrou na Ucrânia para vencer, página A18). Nela, o colunista repercute a fala do presidente Vladimir Putin, para quem “a guerra na Ucrânia é para o Ocidente uma maneira de melhorar sua posição tática em relação à Rússia, enquanto para a Rússia é uma questão de vida ou morte”. Ignorar essa realidade foi, para Zakaria, o erro fundamental da estratégia do Ocidente. Depreende-se do texto completo que somente da mesma maneira seria possível para o Ocidente derrotar a Rússia. Porém, para os russos, conhecedores da sua história que são, é fácil entender essa questão. A Rússia foi invadida em todos os séculos por exércitos de vários países. Moscou, em sua história, ardeu em chamas por três vezes. Apenas nos últimos 500 anos os europeus invadiram a Rússia em 1605, 1775, 1812, 1853, 1914 e 1941, nesta última com 27 milhões de soviéticos mortos. Difícil, mesmo, será explicar para americanos, ingleses, franceses, italianos, espanhóis e outros povos ocidentais o caráter existencial da guerra na Ucrânia.

José Jairo Martins

São Paulo

Aeroporto de Congonhas

Geradores

Diante do apagão por quase duas horas na sexta-feira (15/3) na torre de controle do Aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados do Brasil, é de perguntar se o órgão regulador, o poder concedente (União) e o concessionário não fazem previsão de manter geradores nas principais áreas do aeroporto, para ter condições de atender os consumidores. Paga-se um preço caro demais pelo bilhete aéreo, num instante de duopólio da aviação, para enfrentar enormes filas e congestionamentos que só atrasam os voos, afligindo a vida de milhares de passageiros.

Carlos Henrique Abrão

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

TENTATIVA DE GOLPE

Se algum radical seguidor do anarquista Jair Bolsonaro tinha alguma dúvida de que o ex-presidente desejou dar um golpe de Estado, é só acompanhar pela nossa imprensa o que foi apurado nos depoimentos tomados pela Polícia Federal (PF) dos investigados pela suposta participação nesta tentativa de afronta ao Estado Democrático. E o destaque é para o ex-comandante do Exército general Marco Antonio Freire Gomes, que avisou que daria voz de prisão a Bolsonaro se ele tentasse o golpe, como afirmou à PF o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior. Nesse sentido, com o fim do sigilo dos depoimentos, retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o povo brasileiro em detalhes vai conhecer melhor quem são os traidores da Pátria, que de cócoras para Bolsonaro também fizeram parte deste crime imperdoável de tentar um golpe de Estado e impor novamente ao País a excrescência de uma ditadura. A sociedade brasileira espera que, junto com Jair Bolsonaro, estes traidores passem bons anos atrás das grades.

Paulo Panossian

São Carlos

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MILITARES

Por que não se demitiram no momento em que tomaram conhecimento das intenções golpistas de Bolsonaro? Permaneceram no cargo, a usufruir de suas vantagens, até que Bolsonaro os demitiu, baseado no dogma “quem não está comigo está contra mim”. Em depoimento à Polícia Federal, com raiva pela demissão, cuspiram no prato em que comeram.

Jaime Manuel da Costa Ferreira

São Paulo

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ENSAIO DE GOLPE: HORRORES E SURPRESAS

Cada liberação de depoimentos pelo STF provoca horrores e surpresas. Não faltaram avisos de que o capitão “engoliu” a democracia enquanto ganhava as eleições. No seu discurso para embaixadores estrangeiros em julho de 2022, afirmou, sem provas, que as urnas eletrônicas não são seguras. No seu discurso de 7 de setembro de 2022, falou que o Brasil está travando “uma luta do bem contra o mal”. Em seu discurso antes do 2.º turno, culpou a inflação pela sua classificação em 2.º lugar e afirmou que “tem certas mudanças que podem vir para pior”. Ou seja, ele ganha ou golpe neles! São chocantes as atitudes dos chefes das Forças Armadas que avisaram suas opiniões, contra ou a favor do golpe, sem tomar uma atitude. Este crime se chama de prevaricação. Mesmo com tais revelações, é surpreendente que há pessoas que ainda apoiam o capitão porque acham interessante, talvez, viver sob um regime militar. Para tais pessoas, recomendo assistir aos vídeos sobre os anos de chumbo do regime militar.

Omar El Seoud

São Paulo

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DEMOCRACIA AVILTADA

As informações sobre o conjunto de ações nada republicanas praticadas durante o governo de Jair Bolsonaro apresentaram uma lição de como a democracia pode ser surrupiada por indivíduos ditadores e camuflados de democratas. Mostram, também, a inutilidade do engessado modelo político-eleitoral brasileiro na proteção do processo democrático, por permitir a enganação dos eleitores por discursos que escondem projetos de poder seguido da prática de um autoritarismo desconcertante. E neste processo, após os eleitos exibirem suas reais pretensões, somos tolhidos de impedir essas distorções porque nossos representantes igualmente almejam o poder, neste caso, sobre o Orçamento e cargos, razão de jamais promoverem as mudanças legislativas necessárias. E na roda viva da disputa pelo corrompido reino brasileiro continuam indivíduos que, se aproveitando da iniciante consciência democrática brasileira e mascarados de democratas, continuam a fragilizar nossa incipiente democracia, consolidando-a como uma democracia aviltada.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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QUEM SALVOU A DEMOCRACIA

Diante dos depoimentos de chefes militares divulgados pela imprensa, revelando que recusaram a aventura golpista do ex-presidente, fica patente quem são os responsáveis pela preservação da democracia no País. Não foi o STF. Neste tribunal, só são valentões com as tias e os tios do WhatsApp. Quero ver até quando vão continuar esticando a corda.

Ana Lúcia Amaral

São Paulo

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ARQUITETURA DO GOLPISMO

Impressionante está sendo o desenrolar dos acontecimentos ocorridos no final do governo federal passado, agora que estão sendo desvendados tais fatos numa tentativa de golpe, gestado na ocasião. Os oficiais superiores das Forças Armadas tiveram atuações variantes em tal tentativa de golpe, mas foi a atuação de oficiais não golpistas que teve condições de conter a tentativa de quebrar o processo democrático que vivemos, e irão para a história de nossa nação.

José de A. Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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O CEP E O FÓRUM

Fabiano Lana, articulista do Estadão perguntou em seu artigo: “Se Bolsonaro for preso, o que fazer com os bolsonaristas?”. Fiquei intrigado. Ainda que em casos completamente diferentes, lembrei-me de Lula preso: alguns seguidores dormindo na rua em Curitiba. O que poderia acontecer agora? Então, perguntei a um conhecido meu, sabidamente bolsonarista, o que ele faria. A resposta dele veio sem pestanejar: “Vamos esperar que o STF também anule tudo”. Como?, perguntei, mais curioso ainda. E veio a resposta, certa ou não, uma resposta: “Com Lula, houve o problema do CEP; com Bolsonaro, certamente o do fórum!”.

Paulo Tarso J. Santos

São Paulo

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LULA PRECISA OUVIR

Quando escrevia para o jornal da minha cidade, mandei alguns recados a Lula, como se fosse uma carta. Conheço Lula desde a década de 1970, quando ele era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele era funcionário da Villares São Bernardo e eu, engenheiro da Villares São Caetano. Vizinhos! Ele estava começando na política, como líder da sua classe trabalhadora. Eu só votei em Lula uma vez, na eleição passada para presidente, para evitar que Bolsonaro ganhasse. Hoje, tenho muitas restrições contra, embora seu governo não esteja ruim, principalmente nas áreas econômica e relacionada ao trabalho. Entretanto, quando ele quer resolver pessoalmente sem ouvir seus assessores, a coisa não anda bem, mais precisamente a partir deste ano. Bolsonaro é uma pedra no caminho de Lula, e piorou depois de 25 de janeiro. As pesquisas recentes falando da queda do seu prestígio, embora o seu governo não tenha oscilado, é coisa de Bolsonaro, que está desesperado pela aproximação do seu afastamento definitivo da política. Tudo está caminhando conforme previsão, porém Lula precisa ouvir seus conselheiros de peso para melhorar o seu prestígio, se é que ainda não percebeu.

Toshio Icizuca

Piracicaba

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REFINARIA ABREU E LIMA

Manchete do Estadão de 16/3/2024: Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato. As empresas participaram com os nomes de Consag e Tenenge e ganharam cinco lotes da obra da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, embora o resultado ainda passará por uma avaliação interna. Eu acho que isso dispensa qualquer comentário. Façam o L, com aquela bolinha de palhaço na ponta do nariz.

Panayotis Poulis

Rio de Janeiro

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GENUFLEXÃO

Tal qual a um bicho carpinteiro, o presidente Lula não consegue sossegar. Logo após assumir a Presidência da República em 2023, centrou fogo no Banco Central (BC) e em seu presidente, exigindo a redução da taxa básica de juros, a Selic. Roberto Campos Neto, presidente da instituição, não capitulou e manteve sob seu comando o controle da inflação. A Petrobras só não afundou em águas profundas graças à Operação Lava Jato, que infelizmente acabou morrendo na praia. Hoje, voltou às manchetes em razão das claras interferências políticas que o presidente da República vem exercendo sobre a petroleira. A Vale S/A já fez a primeira vítima. O experiente conselheiro independente José Luciano Duarte Penido pediu para sair e foi contundente em suas declarações. Considerou sua presença no conselho da Vale como “ineficaz, desagradável e frustrante”, diante da ostensiva manipulação para a escolha do novo presidente da companhia. Espero que os demais conselheiros não se ajoelhem diante das ingerências do presidente da República e que os acionistas façam valer o ditado popular “a união faz a força”. Sobre este assunto, na quinta-feira (14/3) o Estadão trouxe excelente matéria: Como as constantes interferências de Lula podem afetar o segmento econômico do País.

Sergio Dafré

Jundiaí

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ESTADO-EMPRESA

Para o investidor tradicional em infraestrutura, cujas expectativas são de longo prazo, seguramente, o assunto da semana anterior que mais chamou a sua atenção foi o discurso de José Dirceu, sabidamente o ideólogo de Lula.  Numa frase (“nós temos 10 anos para fazer as mudanças”), ele resume todo o programa petista para o futuro, ou seja, na melhor hipótese, a consagração do Estado-empresário. Com a direita sequestrada pelo radicalismo de Bolsonaro, a esquerda fica à vontade. As consequências imediatas são a fuga dos investidores privados e a disparada do dólar. Exemplo eloquente da saída desse capital não especulativo é no setor elétrico. Excluindo a Eletrobrás, democraticamente capitalizada por um inteligente arranjo que impossibilitou a empresa de ser comandada pelo partido político no poder, predomina no Brasil a prestação dos serviços de eletricidade através de empresas estatais estaduais ou estrangeiras. Neste último caso, estariam os governos desses países preocupados com o desenvolvimento brasileiro ou estariam eles a proteger, através das suas estatais, a engenharia, fabricantes, consultores e empregos em seus países de origem? Só nos resta esperar que a resposta possa ser dada pelo Congresso, estendendo a outras estatais brasileiras o que fez na Eletrobrás. Será, com possíveis aperfeiçoamentos ao processo, a vitória da racionalidade sobre a visão econômica ideológica, míope, atrasada, autoritária e suicida? Não custa sonhar

Nilson Otávio de Oliveira

São Paulo

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‘O INTERVENCIONISMO VOLTOU’

Segundo Adriano Pires (O intervencionismo voltou, Estadão, 16/3, B2), o intervencionismo que parecia enterrado voltou. Depois do tombo na Petrobras e na Vale, onde as duas juntas perderam R$ 100 bilhões no mercado, fica clara a interferência esdrúxula do presidente Lula, que insiste na volta da sua política retrógrada e descompromissada com o País. Pires sugere fortalecer com independência e autonomia as agências reguladoras, dado que elas são órgãos do Estado, e não de governo. Hoje, só o Banco Central tem esse privilégio, e mesmo assim sofre desgaste deste governo que não gosta de ver um setor fazendo o que é bom para o Brasil, tem de ser conveniente para si e a sua companheirada. Cada vez mais difícil defender os interesses dos 200 milhões de brasileiros, quando o mandatário só pensa no seu bolso. Depois, o pobre é a preocupação. Preocupação com a pobreza acabar, e aí, vai apelar para o quê?

Izabel Avallone

São Paulo

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ESTATISMO

Acompanhando estes dias as investidas do presidente Lula contra Petrobras e a Vale, lembro-me de um fato histórico: na década de 1930, Oswaldo Aranha foi designado embaixador em Washington. Numa de suas viagens pelo país, ficou maravilhado que o Estado poucas vezes detinha algum serviço. Tudo era particular. Oitenta anos depois, nosso país deve ter nas mãos do Estado as Forças Armadas, a saúde e a educação. O resto, a iniciativa privada faz. E bem feito.

José Ricardo Bueno Zappa

São Paulo

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A VOLTA DE JOSÉ DIRCEU

José Dirceu está sendo incorporado ao governo do PT. Pronto, voltamos a 2003. Será que teremos, de novo, mensalão, petrolão e uma nova Lava Jato?

Luiz Frid

São Paulo

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PESADELO

Graças à impunidade reinante, ressurge um personagem da qual os brasileiros se achavam livres para sempre. O Daniel de Cuba e o Carlos Eduardo do Paraná comemoram, no melhor estilo, o retorno aos palcos políticos, escorado no PT de Lula e simbolizando uma volta aos anos 70. Para eles nada mudou de lá para cá e o pensamento segue firme no propósito de transformar o Brasil numa ditadura ao estilo da Venezuela. Os sinais são claros, basta comparar o modus operandi de Maduro com nossa nova realidade. Agora, só falta Guilherme Boulos se eleger em São Paulo para o grupo ficar completo. Como vamos nos livrar deste pesadelo? Essa é a pergunta. Com a resposta, o povo brasileiro.

Nelson Falseti

São Paulo

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FERROGRÃO, O QUE NÃO É LEMBRADO NÃO É VISTO

Se por burrice, estupidez ou simples má vontade, fato é que a suspensão de determinados projetos atravanca o desenvolvimento do País. Este é o caso dos 900 km da Ferrogrão, dormitando no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2021, projeto que ligaria Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), escoando quase 60 milhões toneladas anuais de grãos. A favor do projeto existem razões de ordem econômica, a ferrovia reduziria o custo do transporte de grãos em mais de 30%, evitando a irracional alternativa atual de cruzar o Brasil até os portos do Sudeste; razões de ordem ambiental, já que substituiria o transporte rodoviário reduzindo as emissões de CO2 em quase 5 milhões de toneladas anuais, sem considerar ser ferrovias menos invasivas que rodovias em áreas de preservação do entorno; finalmente, razões de ordem social, com a criação de milhares de empregos numa região onde a falta de alternativas induz os habitantes locais a atividades ilícitas como o garimpo ilegal e o desmatamentos, duplo prejuízo à preservação do meio ambiente. Em oposição ao projeto estão ambientalistas que demandam por maiores garantias preservacionistas, além dos indígenas habitantes da região que querem ser ouvidos na discussão da questão. Nada impossível de ser contornado com coerência pelas partes envolvidas, removendo embaraços com permutas nas áreas de reservas afetadas. Esse é um projeto viável à mão, bem mais real do que muitos sonhos propostos de realidades virtuais, a menos que resida a utopia de muitos por uma sociedade socialista enterrando de vez o malvado sistema capitalista.

Alberto Mac Dowell Figueiredo

São Carlos

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APAGÃO EM CONGONHAS

A respeito da paralisação por cerca de 1h30 em pleno dia útil (15/3) dos pousos e decolagens no Aeroporto de Congonhas (SP), o segundo em movimento no Brasil, por falha no abastecimento externo de energia que afetou a torre de controle, peça principal responsável pelo movimento do tráfego aéreo, cabe, por oportuno, perguntar: não há um gerador que possa garantir o pleno funcionamento da torre num caso como este, que causou prejuízos incontáveis na vida pessoal e profissional de milhares de passageiros? Causa espécie que o segundo mais importante aeroporto de São Paulo, capital financeira da quarta maior e mais rica cidade do Hemisfério Sul, tenha de ficar inoperante por um período de tempo precioso aguardando a retomada da energia elétrica, como se fosse um campinho de pouso qualquer numa cidadezinha do interior do Brasil. Um inadmissível e condenável caso de incompetência e descaso da empresa espanhola Aena, responsável pela administração e funcionamento de Congonhas. Vergonha!

J. S. Decol

São Paulo

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O STJ E A VOTAÇÃO ABSURDA

Está cada dia mais difícil de confiar na Justiça brasileira. Nem vou falar do STF, que há muito está politizado e desacreditado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acaba de absolver um rapaz de 20 anos que estuprou e engravidou uma menina de 12 anos. A alegação é de que ele, matuto, não sabia que estava cometendo um crime. Mas que homem das cavernas é este que não sabe distinguir o que é uma criança? E se a criança fosse filha ou neta de um dos três jurados que votaram pela absolvição, será que o voto deles seria o mesmo?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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A ‘SAIDINHA’, UM PROBLEMA A RESOLVER

No primeiro dia da saidinha de Páscoa, a Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu 78 dos beneficiados, e hoje esse número, ainda não divulgado, pode ser algo como 200 ou mais. O motivo é o descumprimento das normas do benefício; o preso em saída temporária não pode frequentar bares, boates, embriagar-se, envolver-se em brigas, andar armado ou praticar qualquer delito. Encontrado fora do seu lugar, é recolhido ao presídio e pode perder o benefício e as condições de pleiteá-lo novamente. Fruto de décadas de propostas de magistrados, membros do Ministério Público, dirigentes, servidores do sistema prisional e estudiosos, a saidinha foi concebida como aperfeiçoamento do sistema e humanização da pena. Mas, da forma extensiva que acabou aplicada, tornou-se uma grande excursão de que os apenados participam cinco vezes por ano. A concessão, em vez de ato processual individual que considere as condições e o merecimento do pretendente, passou a ser fruto de uma lista que os estabelecimentos penais enviam ao juizado. O resultado é problemático, pois a prática demonstrou que, em média, 5% dos beneficiados não retornam e, tornando-se fugitivos, não têm alternativa diferente do que voltar ao crime. Há muitos relatos de assaltos, sequestros, assassinatos e outros delitos cometidos pelos fugitivos da saidinha. A Câmara dos Deputados deverá discutir e votar na próxima quarta-feira o projeto que pode extinguir a saidinha, já aprovado originalmente pela própria Câmara em 2022 e no mês passado pelo Senado. Considere-se que, nas propostas iniciais, o livramento temporário do sentenciado se faria através de exames criminológicos que comprovassem sua condição para voltar ao convívio social (ainda que temporário) sem causar problemas para si e para os demais. Mas a aplicação fez da saidinha um instrumento de esvaziar cadeias, e os problemas estão presentes e aterrorizando a comunidade. Filosoficamente, todo apenado deveria ter o benefício para ir se aclimatando à reinserção na sociedade. Mas, da forma que tem ocorrido, a pequena parcela dos que descumprem os preceitos do benefício acaba por prejudicar os que se portam corretamente. A simples eliminação da saidinha, proposta genericamente, poderá revelar-se injusta com a maioria cumpridora dos deveres inerentes. Espera-se que os parlamentares encontrem o formato em que não tenham de sacrificar o lado humanizador do benefício e garantam que só o receberão aqueles que tenham comprovadas as condições para assimilar e, através dele, reconstruir sua vida de cidadão liberto e detentor de seus direitos e deveres. Que se apague do quadro de beneficiários os reconhecidos e perigosos delinquentes, mas não se penalizem os que, por qualquer infelicidade, restou dentro da prisão, mas já demonstraram ter reais possibilidades de ressocialização.

Dirceu Cardoso Gonçalves

São Paulo

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O (MAU) EXEMPLO

As ações grotescas antissemitas de alunos da Beacon School, em São Paulo, contra um colega judeu não aconteceram por acaso. É preciso contextualizar. Desde os ataques infames dos terroristas do Hamas contra civis israelenses, seguidos da inversão da narrativa, em que Israel foi colocado na posição de algoz, manifestações antissemitas se multiplicaram mundo afora, incluindo o Brasil. Só que, neste caso, com um agravante: o presidente Lula da Silva, que se autointitula pacifista, vem desferindo ataques verbais contra o Estado judeu, cujo ápice, até o momento, foi comparar as ações de Israel sobre Gaza às atrocidades nazistas contra judeus na Segunda Guerra. Ora, se o próprio mandatário faz esse tipo de acusação, não é de admirar que adolescentes suscetíveis e mal informados sigam o exemplo e se vejam no direito de fazer o mesmo, ou seja, agredir colegas judeus através da simbologia nazista. Missivistas sugeriram neste espaço que os estudantes agressores assistam a filmes e visitem museus que contam a história do Holocausto. Ótima sugestão, que deveria ser estendida ao presidente Lula.

Luciano Harary

São Paulo

Caiu a máscara

Bolsonaro deslustrou a chefia da Nação. Envergonhou a Pátria e a democracia. Não engana mais ninguém. Caiu a máscara. Oficiais graduados das Forças Armadas repeliram e denunciaram, com fatos, à Polícia Federal insistentes propostas golpistas do medonho e destrambelhado ex-presidente da República. Um dos bravos militares chegou a ameaçar prender Bolsonaro, caso insistisse com a indecorosa e ultrajante atitude golpista. O próprio presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, endossou as denúncias e as atitudes firmes e patrióticas dos comandantes militares. As investigações prosseguem. Isentas e transparentes. Tudo leva a crer que o Messias de barro será preso.

Vicente Limongi Netto

Brasília

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Jair Bolsonaro

Traidor da Pátria: nunca honrou a farda do Exército brasileiro. Que se faça justiça a ele e a seus comparsas. Vergonha!

Geraldo Tadeu Santos Almeida

Itapeva

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Pós-Lava Jato

Licitação da Petrobras

E não é que o dinossauro voraz (ops, Lula da Silva) não só quer retomar as obras inacabáveis e inviáveis da Refinaria Abreu e Lima, como também quer trazer os cumpanheros da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, devidamente rebatizadas, para a empreitada (Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato, Estadão, 15/3)? O glorioso ministro Dias Toffoli já deve estar esperando os julgamentos em diversas instâncias, dezenas de magistrados envolvidos, para chegar à conclusão de que os executivos dessas empresas foram intimidados e, por isso, futuros acordos de leniência serão considerados excessivos e possíveis multas, anuladas. É só esperar. Ou podemos pressionar para que esta aberração não aconteça de novo e que o Tribunal de Contas da União declare essas empresas como inidôneas e, pois, que não deveriam participar de qualquer licitação. Aliás, qual o objetivo em Abreu e Lima, mesmo?

Renato Amaral Camargo

São Paulo

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Guerra na Ucrânia

Vida ou morte

O que Vladimir Putin, Lula e Bolsonaro têm em comum? Vencer a guerra é questão de vida e morte não só para o russo (Estadão, 16/3, A18), mas para os dois tupiniquins. Embora, para cada um, a guerra tenha significados muito diferentes, o trio usa todas as armas imorais para seu fim de sobrevivência, não importando quanta destruição deixam pelo caminho: danem-se a vida humana ou a economia. E o mais triste é que amealham funestas porcentagens de apoio em seus países.

Sandra Maria Gonçalves

São Paulo

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Questão existencial

Boa a coluna de Fareed Zakaria neste jornal em 16/3/2024 (Putin entrou na Ucrânia para vencer, página A18). Nela, o colunista repercute a fala do presidente Vladimir Putin, para quem “a guerra na Ucrânia é para o Ocidente uma maneira de melhorar sua posição tática em relação à Rússia, enquanto para a Rússia é uma questão de vida ou morte”. Ignorar essa realidade foi, para Zakaria, o erro fundamental da estratégia do Ocidente. Depreende-se do texto completo que somente da mesma maneira seria possível para o Ocidente derrotar a Rússia. Porém, para os russos, conhecedores da sua história que são, é fácil entender essa questão. A Rússia foi invadida em todos os séculos por exércitos de vários países. Moscou, em sua história, ardeu em chamas por três vezes. Apenas nos últimos 500 anos os europeus invadiram a Rússia em 1605, 1775, 1812, 1853, 1914 e 1941, nesta última com 27 milhões de soviéticos mortos. Difícil, mesmo, será explicar para americanos, ingleses, franceses, italianos, espanhóis e outros povos ocidentais o caráter existencial da guerra na Ucrânia.

José Jairo Martins

São Paulo

Aeroporto de Congonhas

Geradores

Diante do apagão por quase duas horas na sexta-feira (15/3) na torre de controle do Aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados do Brasil, é de perguntar se o órgão regulador, o poder concedente (União) e o concessionário não fazem previsão de manter geradores nas principais áreas do aeroporto, para ter condições de atender os consumidores. Paga-se um preço caro demais pelo bilhete aéreo, num instante de duopólio da aviação, para enfrentar enormes filas e congestionamentos que só atrasam os voos, afligindo a vida de milhares de passageiros.

Carlos Henrique Abrão

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

TENTATIVA DE GOLPE

Se algum radical seguidor do anarquista Jair Bolsonaro tinha alguma dúvida de que o ex-presidente desejou dar um golpe de Estado, é só acompanhar pela nossa imprensa o que foi apurado nos depoimentos tomados pela Polícia Federal (PF) dos investigados pela suposta participação nesta tentativa de afronta ao Estado Democrático. E o destaque é para o ex-comandante do Exército general Marco Antonio Freire Gomes, que avisou que daria voz de prisão a Bolsonaro se ele tentasse o golpe, como afirmou à PF o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior. Nesse sentido, com o fim do sigilo dos depoimentos, retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o povo brasileiro em detalhes vai conhecer melhor quem são os traidores da Pátria, que de cócoras para Bolsonaro também fizeram parte deste crime imperdoável de tentar um golpe de Estado e impor novamente ao País a excrescência de uma ditadura. A sociedade brasileira espera que, junto com Jair Bolsonaro, estes traidores passem bons anos atrás das grades.

Paulo Panossian

São Carlos

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MILITARES

Por que não se demitiram no momento em que tomaram conhecimento das intenções golpistas de Bolsonaro? Permaneceram no cargo, a usufruir de suas vantagens, até que Bolsonaro os demitiu, baseado no dogma “quem não está comigo está contra mim”. Em depoimento à Polícia Federal, com raiva pela demissão, cuspiram no prato em que comeram.

Jaime Manuel da Costa Ferreira

São Paulo

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ENSAIO DE GOLPE: HORRORES E SURPRESAS

Cada liberação de depoimentos pelo STF provoca horrores e surpresas. Não faltaram avisos de que o capitão “engoliu” a democracia enquanto ganhava as eleições. No seu discurso para embaixadores estrangeiros em julho de 2022, afirmou, sem provas, que as urnas eletrônicas não são seguras. No seu discurso de 7 de setembro de 2022, falou que o Brasil está travando “uma luta do bem contra o mal”. Em seu discurso antes do 2.º turno, culpou a inflação pela sua classificação em 2.º lugar e afirmou que “tem certas mudanças que podem vir para pior”. Ou seja, ele ganha ou golpe neles! São chocantes as atitudes dos chefes das Forças Armadas que avisaram suas opiniões, contra ou a favor do golpe, sem tomar uma atitude. Este crime se chama de prevaricação. Mesmo com tais revelações, é surpreendente que há pessoas que ainda apoiam o capitão porque acham interessante, talvez, viver sob um regime militar. Para tais pessoas, recomendo assistir aos vídeos sobre os anos de chumbo do regime militar.

Omar El Seoud

São Paulo

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DEMOCRACIA AVILTADA

As informações sobre o conjunto de ações nada republicanas praticadas durante o governo de Jair Bolsonaro apresentaram uma lição de como a democracia pode ser surrupiada por indivíduos ditadores e camuflados de democratas. Mostram, também, a inutilidade do engessado modelo político-eleitoral brasileiro na proteção do processo democrático, por permitir a enganação dos eleitores por discursos que escondem projetos de poder seguido da prática de um autoritarismo desconcertante. E neste processo, após os eleitos exibirem suas reais pretensões, somos tolhidos de impedir essas distorções porque nossos representantes igualmente almejam o poder, neste caso, sobre o Orçamento e cargos, razão de jamais promoverem as mudanças legislativas necessárias. E na roda viva da disputa pelo corrompido reino brasileiro continuam indivíduos que, se aproveitando da iniciante consciência democrática brasileira e mascarados de democratas, continuam a fragilizar nossa incipiente democracia, consolidando-a como uma democracia aviltada.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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QUEM SALVOU A DEMOCRACIA

Diante dos depoimentos de chefes militares divulgados pela imprensa, revelando que recusaram a aventura golpista do ex-presidente, fica patente quem são os responsáveis pela preservação da democracia no País. Não foi o STF. Neste tribunal, só são valentões com as tias e os tios do WhatsApp. Quero ver até quando vão continuar esticando a corda.

Ana Lúcia Amaral

São Paulo

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ARQUITETURA DO GOLPISMO

Impressionante está sendo o desenrolar dos acontecimentos ocorridos no final do governo federal passado, agora que estão sendo desvendados tais fatos numa tentativa de golpe, gestado na ocasião. Os oficiais superiores das Forças Armadas tiveram atuações variantes em tal tentativa de golpe, mas foi a atuação de oficiais não golpistas que teve condições de conter a tentativa de quebrar o processo democrático que vivemos, e irão para a história de nossa nação.

José de A. Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

*

O CEP E O FÓRUM

Fabiano Lana, articulista do Estadão perguntou em seu artigo: “Se Bolsonaro for preso, o que fazer com os bolsonaristas?”. Fiquei intrigado. Ainda que em casos completamente diferentes, lembrei-me de Lula preso: alguns seguidores dormindo na rua em Curitiba. O que poderia acontecer agora? Então, perguntei a um conhecido meu, sabidamente bolsonarista, o que ele faria. A resposta dele veio sem pestanejar: “Vamos esperar que o STF também anule tudo”. Como?, perguntei, mais curioso ainda. E veio a resposta, certa ou não, uma resposta: “Com Lula, houve o problema do CEP; com Bolsonaro, certamente o do fórum!”.

Paulo Tarso J. Santos

São Paulo

*

LULA PRECISA OUVIR

Quando escrevia para o jornal da minha cidade, mandei alguns recados a Lula, como se fosse uma carta. Conheço Lula desde a década de 1970, quando ele era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele era funcionário da Villares São Bernardo e eu, engenheiro da Villares São Caetano. Vizinhos! Ele estava começando na política, como líder da sua classe trabalhadora. Eu só votei em Lula uma vez, na eleição passada para presidente, para evitar que Bolsonaro ganhasse. Hoje, tenho muitas restrições contra, embora seu governo não esteja ruim, principalmente nas áreas econômica e relacionada ao trabalho. Entretanto, quando ele quer resolver pessoalmente sem ouvir seus assessores, a coisa não anda bem, mais precisamente a partir deste ano. Bolsonaro é uma pedra no caminho de Lula, e piorou depois de 25 de janeiro. As pesquisas recentes falando da queda do seu prestígio, embora o seu governo não tenha oscilado, é coisa de Bolsonaro, que está desesperado pela aproximação do seu afastamento definitivo da política. Tudo está caminhando conforme previsão, porém Lula precisa ouvir seus conselheiros de peso para melhorar o seu prestígio, se é que ainda não percebeu.

Toshio Icizuca

Piracicaba

*

REFINARIA ABREU E LIMA

Manchete do Estadão de 16/3/2024: Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato. As empresas participaram com os nomes de Consag e Tenenge e ganharam cinco lotes da obra da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, embora o resultado ainda passará por uma avaliação interna. Eu acho que isso dispensa qualquer comentário. Façam o L, com aquela bolinha de palhaço na ponta do nariz.

Panayotis Poulis

Rio de Janeiro

*

GENUFLEXÃO

Tal qual a um bicho carpinteiro, o presidente Lula não consegue sossegar. Logo após assumir a Presidência da República em 2023, centrou fogo no Banco Central (BC) e em seu presidente, exigindo a redução da taxa básica de juros, a Selic. Roberto Campos Neto, presidente da instituição, não capitulou e manteve sob seu comando o controle da inflação. A Petrobras só não afundou em águas profundas graças à Operação Lava Jato, que infelizmente acabou morrendo na praia. Hoje, voltou às manchetes em razão das claras interferências políticas que o presidente da República vem exercendo sobre a petroleira. A Vale S/A já fez a primeira vítima. O experiente conselheiro independente José Luciano Duarte Penido pediu para sair e foi contundente em suas declarações. Considerou sua presença no conselho da Vale como “ineficaz, desagradável e frustrante”, diante da ostensiva manipulação para a escolha do novo presidente da companhia. Espero que os demais conselheiros não se ajoelhem diante das ingerências do presidente da República e que os acionistas façam valer o ditado popular “a união faz a força”. Sobre este assunto, na quinta-feira (14/3) o Estadão trouxe excelente matéria: Como as constantes interferências de Lula podem afetar o segmento econômico do País.

Sergio Dafré

Jundiaí

*

ESTADO-EMPRESA

Para o investidor tradicional em infraestrutura, cujas expectativas são de longo prazo, seguramente, o assunto da semana anterior que mais chamou a sua atenção foi o discurso de José Dirceu, sabidamente o ideólogo de Lula.  Numa frase (“nós temos 10 anos para fazer as mudanças”), ele resume todo o programa petista para o futuro, ou seja, na melhor hipótese, a consagração do Estado-empresário. Com a direita sequestrada pelo radicalismo de Bolsonaro, a esquerda fica à vontade. As consequências imediatas são a fuga dos investidores privados e a disparada do dólar. Exemplo eloquente da saída desse capital não especulativo é no setor elétrico. Excluindo a Eletrobrás, democraticamente capitalizada por um inteligente arranjo que impossibilitou a empresa de ser comandada pelo partido político no poder, predomina no Brasil a prestação dos serviços de eletricidade através de empresas estatais estaduais ou estrangeiras. Neste último caso, estariam os governos desses países preocupados com o desenvolvimento brasileiro ou estariam eles a proteger, através das suas estatais, a engenharia, fabricantes, consultores e empregos em seus países de origem? Só nos resta esperar que a resposta possa ser dada pelo Congresso, estendendo a outras estatais brasileiras o que fez na Eletrobrás. Será, com possíveis aperfeiçoamentos ao processo, a vitória da racionalidade sobre a visão econômica ideológica, míope, atrasada, autoritária e suicida? Não custa sonhar

Nilson Otávio de Oliveira

São Paulo

*

‘O INTERVENCIONISMO VOLTOU’

Segundo Adriano Pires (O intervencionismo voltou, Estadão, 16/3, B2), o intervencionismo que parecia enterrado voltou. Depois do tombo na Petrobras e na Vale, onde as duas juntas perderam R$ 100 bilhões no mercado, fica clara a interferência esdrúxula do presidente Lula, que insiste na volta da sua política retrógrada e descompromissada com o País. Pires sugere fortalecer com independência e autonomia as agências reguladoras, dado que elas são órgãos do Estado, e não de governo. Hoje, só o Banco Central tem esse privilégio, e mesmo assim sofre desgaste deste governo que não gosta de ver um setor fazendo o que é bom para o Brasil, tem de ser conveniente para si e a sua companheirada. Cada vez mais difícil defender os interesses dos 200 milhões de brasileiros, quando o mandatário só pensa no seu bolso. Depois, o pobre é a preocupação. Preocupação com a pobreza acabar, e aí, vai apelar para o quê?

Izabel Avallone

São Paulo

*

ESTATISMO

Acompanhando estes dias as investidas do presidente Lula contra Petrobras e a Vale, lembro-me de um fato histórico: na década de 1930, Oswaldo Aranha foi designado embaixador em Washington. Numa de suas viagens pelo país, ficou maravilhado que o Estado poucas vezes detinha algum serviço. Tudo era particular. Oitenta anos depois, nosso país deve ter nas mãos do Estado as Forças Armadas, a saúde e a educação. O resto, a iniciativa privada faz. E bem feito.

José Ricardo Bueno Zappa

São Paulo

*

A VOLTA DE JOSÉ DIRCEU

José Dirceu está sendo incorporado ao governo do PT. Pronto, voltamos a 2003. Será que teremos, de novo, mensalão, petrolão e uma nova Lava Jato?

Luiz Frid

São Paulo

*

PESADELO

Graças à impunidade reinante, ressurge um personagem da qual os brasileiros se achavam livres para sempre. O Daniel de Cuba e o Carlos Eduardo do Paraná comemoram, no melhor estilo, o retorno aos palcos políticos, escorado no PT de Lula e simbolizando uma volta aos anos 70. Para eles nada mudou de lá para cá e o pensamento segue firme no propósito de transformar o Brasil numa ditadura ao estilo da Venezuela. Os sinais são claros, basta comparar o modus operandi de Maduro com nossa nova realidade. Agora, só falta Guilherme Boulos se eleger em São Paulo para o grupo ficar completo. Como vamos nos livrar deste pesadelo? Essa é a pergunta. Com a resposta, o povo brasileiro.

Nelson Falseti

São Paulo

*

FERROGRÃO, O QUE NÃO É LEMBRADO NÃO É VISTO

Se por burrice, estupidez ou simples má vontade, fato é que a suspensão de determinados projetos atravanca o desenvolvimento do País. Este é o caso dos 900 km da Ferrogrão, dormitando no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2021, projeto que ligaria Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), escoando quase 60 milhões toneladas anuais de grãos. A favor do projeto existem razões de ordem econômica, a ferrovia reduziria o custo do transporte de grãos em mais de 30%, evitando a irracional alternativa atual de cruzar o Brasil até os portos do Sudeste; razões de ordem ambiental, já que substituiria o transporte rodoviário reduzindo as emissões de CO2 em quase 5 milhões de toneladas anuais, sem considerar ser ferrovias menos invasivas que rodovias em áreas de preservação do entorno; finalmente, razões de ordem social, com a criação de milhares de empregos numa região onde a falta de alternativas induz os habitantes locais a atividades ilícitas como o garimpo ilegal e o desmatamentos, duplo prejuízo à preservação do meio ambiente. Em oposição ao projeto estão ambientalistas que demandam por maiores garantias preservacionistas, além dos indígenas habitantes da região que querem ser ouvidos na discussão da questão. Nada impossível de ser contornado com coerência pelas partes envolvidas, removendo embaraços com permutas nas áreas de reservas afetadas. Esse é um projeto viável à mão, bem mais real do que muitos sonhos propostos de realidades virtuais, a menos que resida a utopia de muitos por uma sociedade socialista enterrando de vez o malvado sistema capitalista.

Alberto Mac Dowell Figueiredo

São Carlos

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APAGÃO EM CONGONHAS

A respeito da paralisação por cerca de 1h30 em pleno dia útil (15/3) dos pousos e decolagens no Aeroporto de Congonhas (SP), o segundo em movimento no Brasil, por falha no abastecimento externo de energia que afetou a torre de controle, peça principal responsável pelo movimento do tráfego aéreo, cabe, por oportuno, perguntar: não há um gerador que possa garantir o pleno funcionamento da torre num caso como este, que causou prejuízos incontáveis na vida pessoal e profissional de milhares de passageiros? Causa espécie que o segundo mais importante aeroporto de São Paulo, capital financeira da quarta maior e mais rica cidade do Hemisfério Sul, tenha de ficar inoperante por um período de tempo precioso aguardando a retomada da energia elétrica, como se fosse um campinho de pouso qualquer numa cidadezinha do interior do Brasil. Um inadmissível e condenável caso de incompetência e descaso da empresa espanhola Aena, responsável pela administração e funcionamento de Congonhas. Vergonha!

J. S. Decol

São Paulo

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O STJ E A VOTAÇÃO ABSURDA

Está cada dia mais difícil de confiar na Justiça brasileira. Nem vou falar do STF, que há muito está politizado e desacreditado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acaba de absolver um rapaz de 20 anos que estuprou e engravidou uma menina de 12 anos. A alegação é de que ele, matuto, não sabia que estava cometendo um crime. Mas que homem das cavernas é este que não sabe distinguir o que é uma criança? E se a criança fosse filha ou neta de um dos três jurados que votaram pela absolvição, será que o voto deles seria o mesmo?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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A ‘SAIDINHA’, UM PROBLEMA A RESOLVER

No primeiro dia da saidinha de Páscoa, a Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu 78 dos beneficiados, e hoje esse número, ainda não divulgado, pode ser algo como 200 ou mais. O motivo é o descumprimento das normas do benefício; o preso em saída temporária não pode frequentar bares, boates, embriagar-se, envolver-se em brigas, andar armado ou praticar qualquer delito. Encontrado fora do seu lugar, é recolhido ao presídio e pode perder o benefício e as condições de pleiteá-lo novamente. Fruto de décadas de propostas de magistrados, membros do Ministério Público, dirigentes, servidores do sistema prisional e estudiosos, a saidinha foi concebida como aperfeiçoamento do sistema e humanização da pena. Mas, da forma extensiva que acabou aplicada, tornou-se uma grande excursão de que os apenados participam cinco vezes por ano. A concessão, em vez de ato processual individual que considere as condições e o merecimento do pretendente, passou a ser fruto de uma lista que os estabelecimentos penais enviam ao juizado. O resultado é problemático, pois a prática demonstrou que, em média, 5% dos beneficiados não retornam e, tornando-se fugitivos, não têm alternativa diferente do que voltar ao crime. Há muitos relatos de assaltos, sequestros, assassinatos e outros delitos cometidos pelos fugitivos da saidinha. A Câmara dos Deputados deverá discutir e votar na próxima quarta-feira o projeto que pode extinguir a saidinha, já aprovado originalmente pela própria Câmara em 2022 e no mês passado pelo Senado. Considere-se que, nas propostas iniciais, o livramento temporário do sentenciado se faria através de exames criminológicos que comprovassem sua condição para voltar ao convívio social (ainda que temporário) sem causar problemas para si e para os demais. Mas a aplicação fez da saidinha um instrumento de esvaziar cadeias, e os problemas estão presentes e aterrorizando a comunidade. Filosoficamente, todo apenado deveria ter o benefício para ir se aclimatando à reinserção na sociedade. Mas, da forma que tem ocorrido, a pequena parcela dos que descumprem os preceitos do benefício acaba por prejudicar os que se portam corretamente. A simples eliminação da saidinha, proposta genericamente, poderá revelar-se injusta com a maioria cumpridora dos deveres inerentes. Espera-se que os parlamentares encontrem o formato em que não tenham de sacrificar o lado humanizador do benefício e garantam que só o receberão aqueles que tenham comprovadas as condições para assimilar e, através dele, reconstruir sua vida de cidadão liberto e detentor de seus direitos e deveres. Que se apague do quadro de beneficiários os reconhecidos e perigosos delinquentes, mas não se penalizem os que, por qualquer infelicidade, restou dentro da prisão, mas já demonstraram ter reais possibilidades de ressocialização.

Dirceu Cardoso Gonçalves

São Paulo

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O (MAU) EXEMPLO

As ações grotescas antissemitas de alunos da Beacon School, em São Paulo, contra um colega judeu não aconteceram por acaso. É preciso contextualizar. Desde os ataques infames dos terroristas do Hamas contra civis israelenses, seguidos da inversão da narrativa, em que Israel foi colocado na posição de algoz, manifestações antissemitas se multiplicaram mundo afora, incluindo o Brasil. Só que, neste caso, com um agravante: o presidente Lula da Silva, que se autointitula pacifista, vem desferindo ataques verbais contra o Estado judeu, cujo ápice, até o momento, foi comparar as ações de Israel sobre Gaza às atrocidades nazistas contra judeus na Segunda Guerra. Ora, se o próprio mandatário faz esse tipo de acusação, não é de admirar que adolescentes suscetíveis e mal informados sigam o exemplo e se vejam no direito de fazer o mesmo, ou seja, agredir colegas judeus através da simbologia nazista. Missivistas sugeriram neste espaço que os estudantes agressores assistam a filmes e visitem museus que contam a história do Holocausto. Ótima sugestão, que deveria ser estendida ao presidente Lula.

Luciano Harary

São Paulo

Caiu a máscara

Bolsonaro deslustrou a chefia da Nação. Envergonhou a Pátria e a democracia. Não engana mais ninguém. Caiu a máscara. Oficiais graduados das Forças Armadas repeliram e denunciaram, com fatos, à Polícia Federal insistentes propostas golpistas do medonho e destrambelhado ex-presidente da República. Um dos bravos militares chegou a ameaçar prender Bolsonaro, caso insistisse com a indecorosa e ultrajante atitude golpista. O próprio presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, endossou as denúncias e as atitudes firmes e patrióticas dos comandantes militares. As investigações prosseguem. Isentas e transparentes. Tudo leva a crer que o Messias de barro será preso.

Vicente Limongi Netto

Brasília

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Jair Bolsonaro

Traidor da Pátria: nunca honrou a farda do Exército brasileiro. Que se faça justiça a ele e a seus comparsas. Vergonha!

Geraldo Tadeu Santos Almeida

Itapeva

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Pós-Lava Jato

Licitação da Petrobras

E não é que o dinossauro voraz (ops, Lula da Silva) não só quer retomar as obras inacabáveis e inviáveis da Refinaria Abreu e Lima, como também quer trazer os cumpanheros da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, devidamente rebatizadas, para a empreitada (Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato, Estadão, 15/3)? O glorioso ministro Dias Toffoli já deve estar esperando os julgamentos em diversas instâncias, dezenas de magistrados envolvidos, para chegar à conclusão de que os executivos dessas empresas foram intimidados e, por isso, futuros acordos de leniência serão considerados excessivos e possíveis multas, anuladas. É só esperar. Ou podemos pressionar para que esta aberração não aconteça de novo e que o Tribunal de Contas da União declare essas empresas como inidôneas e, pois, que não deveriam participar de qualquer licitação. Aliás, qual o objetivo em Abreu e Lima, mesmo?

Renato Amaral Camargo

São Paulo

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Guerra na Ucrânia

Vida ou morte

O que Vladimir Putin, Lula e Bolsonaro têm em comum? Vencer a guerra é questão de vida e morte não só para o russo (Estadão, 16/3, A18), mas para os dois tupiniquins. Embora, para cada um, a guerra tenha significados muito diferentes, o trio usa todas as armas imorais para seu fim de sobrevivência, não importando quanta destruição deixam pelo caminho: danem-se a vida humana ou a economia. E o mais triste é que amealham funestas porcentagens de apoio em seus países.

Sandra Maria Gonçalves

São Paulo

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Questão existencial

Boa a coluna de Fareed Zakaria neste jornal em 16/3/2024 (Putin entrou na Ucrânia para vencer, página A18). Nela, o colunista repercute a fala do presidente Vladimir Putin, para quem “a guerra na Ucrânia é para o Ocidente uma maneira de melhorar sua posição tática em relação à Rússia, enquanto para a Rússia é uma questão de vida ou morte”. Ignorar essa realidade foi, para Zakaria, o erro fundamental da estratégia do Ocidente. Depreende-se do texto completo que somente da mesma maneira seria possível para o Ocidente derrotar a Rússia. Porém, para os russos, conhecedores da sua história que são, é fácil entender essa questão. A Rússia foi invadida em todos os séculos por exércitos de vários países. Moscou, em sua história, ardeu em chamas por três vezes. Apenas nos últimos 500 anos os europeus invadiram a Rússia em 1605, 1775, 1812, 1853, 1914 e 1941, nesta última com 27 milhões de soviéticos mortos. Difícil, mesmo, será explicar para americanos, ingleses, franceses, italianos, espanhóis e outros povos ocidentais o caráter existencial da guerra na Ucrânia.

José Jairo Martins

São Paulo

Aeroporto de Congonhas

Geradores

Diante do apagão por quase duas horas na sexta-feira (15/3) na torre de controle do Aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados do Brasil, é de perguntar se o órgão regulador, o poder concedente (União) e o concessionário não fazem previsão de manter geradores nas principais áreas do aeroporto, para ter condições de atender os consumidores. Paga-se um preço caro demais pelo bilhete aéreo, num instante de duopólio da aviação, para enfrentar enormes filas e congestionamentos que só atrasam os voos, afligindo a vida de milhares de passageiros.

Carlos Henrique Abrão

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

TENTATIVA DE GOLPE

Se algum radical seguidor do anarquista Jair Bolsonaro tinha alguma dúvida de que o ex-presidente desejou dar um golpe de Estado, é só acompanhar pela nossa imprensa o que foi apurado nos depoimentos tomados pela Polícia Federal (PF) dos investigados pela suposta participação nesta tentativa de afronta ao Estado Democrático. E o destaque é para o ex-comandante do Exército general Marco Antonio Freire Gomes, que avisou que daria voz de prisão a Bolsonaro se ele tentasse o golpe, como afirmou à PF o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior. Nesse sentido, com o fim do sigilo dos depoimentos, retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o povo brasileiro em detalhes vai conhecer melhor quem são os traidores da Pátria, que de cócoras para Bolsonaro também fizeram parte deste crime imperdoável de tentar um golpe de Estado e impor novamente ao País a excrescência de uma ditadura. A sociedade brasileira espera que, junto com Jair Bolsonaro, estes traidores passem bons anos atrás das grades.

Paulo Panossian

São Carlos

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MILITARES

Por que não se demitiram no momento em que tomaram conhecimento das intenções golpistas de Bolsonaro? Permaneceram no cargo, a usufruir de suas vantagens, até que Bolsonaro os demitiu, baseado no dogma “quem não está comigo está contra mim”. Em depoimento à Polícia Federal, com raiva pela demissão, cuspiram no prato em que comeram.

Jaime Manuel da Costa Ferreira

São Paulo

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ENSAIO DE GOLPE: HORRORES E SURPRESAS

Cada liberação de depoimentos pelo STF provoca horrores e surpresas. Não faltaram avisos de que o capitão “engoliu” a democracia enquanto ganhava as eleições. No seu discurso para embaixadores estrangeiros em julho de 2022, afirmou, sem provas, que as urnas eletrônicas não são seguras. No seu discurso de 7 de setembro de 2022, falou que o Brasil está travando “uma luta do bem contra o mal”. Em seu discurso antes do 2.º turno, culpou a inflação pela sua classificação em 2.º lugar e afirmou que “tem certas mudanças que podem vir para pior”. Ou seja, ele ganha ou golpe neles! São chocantes as atitudes dos chefes das Forças Armadas que avisaram suas opiniões, contra ou a favor do golpe, sem tomar uma atitude. Este crime se chama de prevaricação. Mesmo com tais revelações, é surpreendente que há pessoas que ainda apoiam o capitão porque acham interessante, talvez, viver sob um regime militar. Para tais pessoas, recomendo assistir aos vídeos sobre os anos de chumbo do regime militar.

Omar El Seoud

São Paulo

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DEMOCRACIA AVILTADA

As informações sobre o conjunto de ações nada republicanas praticadas durante o governo de Jair Bolsonaro apresentaram uma lição de como a democracia pode ser surrupiada por indivíduos ditadores e camuflados de democratas. Mostram, também, a inutilidade do engessado modelo político-eleitoral brasileiro na proteção do processo democrático, por permitir a enganação dos eleitores por discursos que escondem projetos de poder seguido da prática de um autoritarismo desconcertante. E neste processo, após os eleitos exibirem suas reais pretensões, somos tolhidos de impedir essas distorções porque nossos representantes igualmente almejam o poder, neste caso, sobre o Orçamento e cargos, razão de jamais promoverem as mudanças legislativas necessárias. E na roda viva da disputa pelo corrompido reino brasileiro continuam indivíduos que, se aproveitando da iniciante consciência democrática brasileira e mascarados de democratas, continuam a fragilizar nossa incipiente democracia, consolidando-a como uma democracia aviltada.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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QUEM SALVOU A DEMOCRACIA

Diante dos depoimentos de chefes militares divulgados pela imprensa, revelando que recusaram a aventura golpista do ex-presidente, fica patente quem são os responsáveis pela preservação da democracia no País. Não foi o STF. Neste tribunal, só são valentões com as tias e os tios do WhatsApp. Quero ver até quando vão continuar esticando a corda.

Ana Lúcia Amaral

São Paulo

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ARQUITETURA DO GOLPISMO

Impressionante está sendo o desenrolar dos acontecimentos ocorridos no final do governo federal passado, agora que estão sendo desvendados tais fatos numa tentativa de golpe, gestado na ocasião. Os oficiais superiores das Forças Armadas tiveram atuações variantes em tal tentativa de golpe, mas foi a atuação de oficiais não golpistas que teve condições de conter a tentativa de quebrar o processo democrático que vivemos, e irão para a história de nossa nação.

José de A. Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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O CEP E O FÓRUM

Fabiano Lana, articulista do Estadão perguntou em seu artigo: “Se Bolsonaro for preso, o que fazer com os bolsonaristas?”. Fiquei intrigado. Ainda que em casos completamente diferentes, lembrei-me de Lula preso: alguns seguidores dormindo na rua em Curitiba. O que poderia acontecer agora? Então, perguntei a um conhecido meu, sabidamente bolsonarista, o que ele faria. A resposta dele veio sem pestanejar: “Vamos esperar que o STF também anule tudo”. Como?, perguntei, mais curioso ainda. E veio a resposta, certa ou não, uma resposta: “Com Lula, houve o problema do CEP; com Bolsonaro, certamente o do fórum!”.

Paulo Tarso J. Santos

São Paulo

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LULA PRECISA OUVIR

Quando escrevia para o jornal da minha cidade, mandei alguns recados a Lula, como se fosse uma carta. Conheço Lula desde a década de 1970, quando ele era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele era funcionário da Villares São Bernardo e eu, engenheiro da Villares São Caetano. Vizinhos! Ele estava começando na política, como líder da sua classe trabalhadora. Eu só votei em Lula uma vez, na eleição passada para presidente, para evitar que Bolsonaro ganhasse. Hoje, tenho muitas restrições contra, embora seu governo não esteja ruim, principalmente nas áreas econômica e relacionada ao trabalho. Entretanto, quando ele quer resolver pessoalmente sem ouvir seus assessores, a coisa não anda bem, mais precisamente a partir deste ano. Bolsonaro é uma pedra no caminho de Lula, e piorou depois de 25 de janeiro. As pesquisas recentes falando da queda do seu prestígio, embora o seu governo não tenha oscilado, é coisa de Bolsonaro, que está desesperado pela aproximação do seu afastamento definitivo da política. Tudo está caminhando conforme previsão, porém Lula precisa ouvir seus conselheiros de peso para melhorar o seu prestígio, se é que ainda não percebeu.

Toshio Icizuca

Piracicaba

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REFINARIA ABREU E LIMA

Manchete do Estadão de 16/3/2024: Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato. As empresas participaram com os nomes de Consag e Tenenge e ganharam cinco lotes da obra da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, embora o resultado ainda passará por uma avaliação interna. Eu acho que isso dispensa qualquer comentário. Façam o L, com aquela bolinha de palhaço na ponta do nariz.

Panayotis Poulis

Rio de Janeiro

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GENUFLEXÃO

Tal qual a um bicho carpinteiro, o presidente Lula não consegue sossegar. Logo após assumir a Presidência da República em 2023, centrou fogo no Banco Central (BC) e em seu presidente, exigindo a redução da taxa básica de juros, a Selic. Roberto Campos Neto, presidente da instituição, não capitulou e manteve sob seu comando o controle da inflação. A Petrobras só não afundou em águas profundas graças à Operação Lava Jato, que infelizmente acabou morrendo na praia. Hoje, voltou às manchetes em razão das claras interferências políticas que o presidente da República vem exercendo sobre a petroleira. A Vale S/A já fez a primeira vítima. O experiente conselheiro independente José Luciano Duarte Penido pediu para sair e foi contundente em suas declarações. Considerou sua presença no conselho da Vale como “ineficaz, desagradável e frustrante”, diante da ostensiva manipulação para a escolha do novo presidente da companhia. Espero que os demais conselheiros não se ajoelhem diante das ingerências do presidente da República e que os acionistas façam valer o ditado popular “a união faz a força”. Sobre este assunto, na quinta-feira (14/3) o Estadão trouxe excelente matéria: Como as constantes interferências de Lula podem afetar o segmento econômico do País.

Sergio Dafré

Jundiaí

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ESTADO-EMPRESA

Para o investidor tradicional em infraestrutura, cujas expectativas são de longo prazo, seguramente, o assunto da semana anterior que mais chamou a sua atenção foi o discurso de José Dirceu, sabidamente o ideólogo de Lula.  Numa frase (“nós temos 10 anos para fazer as mudanças”), ele resume todo o programa petista para o futuro, ou seja, na melhor hipótese, a consagração do Estado-empresário. Com a direita sequestrada pelo radicalismo de Bolsonaro, a esquerda fica à vontade. As consequências imediatas são a fuga dos investidores privados e a disparada do dólar. Exemplo eloquente da saída desse capital não especulativo é no setor elétrico. Excluindo a Eletrobrás, democraticamente capitalizada por um inteligente arranjo que impossibilitou a empresa de ser comandada pelo partido político no poder, predomina no Brasil a prestação dos serviços de eletricidade através de empresas estatais estaduais ou estrangeiras. Neste último caso, estariam os governos desses países preocupados com o desenvolvimento brasileiro ou estariam eles a proteger, através das suas estatais, a engenharia, fabricantes, consultores e empregos em seus países de origem? Só nos resta esperar que a resposta possa ser dada pelo Congresso, estendendo a outras estatais brasileiras o que fez na Eletrobrás. Será, com possíveis aperfeiçoamentos ao processo, a vitória da racionalidade sobre a visão econômica ideológica, míope, atrasada, autoritária e suicida? Não custa sonhar

Nilson Otávio de Oliveira

São Paulo

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‘O INTERVENCIONISMO VOLTOU’

Segundo Adriano Pires (O intervencionismo voltou, Estadão, 16/3, B2), o intervencionismo que parecia enterrado voltou. Depois do tombo na Petrobras e na Vale, onde as duas juntas perderam R$ 100 bilhões no mercado, fica clara a interferência esdrúxula do presidente Lula, que insiste na volta da sua política retrógrada e descompromissada com o País. Pires sugere fortalecer com independência e autonomia as agências reguladoras, dado que elas são órgãos do Estado, e não de governo. Hoje, só o Banco Central tem esse privilégio, e mesmo assim sofre desgaste deste governo que não gosta de ver um setor fazendo o que é bom para o Brasil, tem de ser conveniente para si e a sua companheirada. Cada vez mais difícil defender os interesses dos 200 milhões de brasileiros, quando o mandatário só pensa no seu bolso. Depois, o pobre é a preocupação. Preocupação com a pobreza acabar, e aí, vai apelar para o quê?

Izabel Avallone

São Paulo

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ESTATISMO

Acompanhando estes dias as investidas do presidente Lula contra Petrobras e a Vale, lembro-me de um fato histórico: na década de 1930, Oswaldo Aranha foi designado embaixador em Washington. Numa de suas viagens pelo país, ficou maravilhado que o Estado poucas vezes detinha algum serviço. Tudo era particular. Oitenta anos depois, nosso país deve ter nas mãos do Estado as Forças Armadas, a saúde e a educação. O resto, a iniciativa privada faz. E bem feito.

José Ricardo Bueno Zappa

São Paulo

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A VOLTA DE JOSÉ DIRCEU

José Dirceu está sendo incorporado ao governo do PT. Pronto, voltamos a 2003. Será que teremos, de novo, mensalão, petrolão e uma nova Lava Jato?

Luiz Frid

São Paulo

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PESADELO

Graças à impunidade reinante, ressurge um personagem da qual os brasileiros se achavam livres para sempre. O Daniel de Cuba e o Carlos Eduardo do Paraná comemoram, no melhor estilo, o retorno aos palcos políticos, escorado no PT de Lula e simbolizando uma volta aos anos 70. Para eles nada mudou de lá para cá e o pensamento segue firme no propósito de transformar o Brasil numa ditadura ao estilo da Venezuela. Os sinais são claros, basta comparar o modus operandi de Maduro com nossa nova realidade. Agora, só falta Guilherme Boulos se eleger em São Paulo para o grupo ficar completo. Como vamos nos livrar deste pesadelo? Essa é a pergunta. Com a resposta, o povo brasileiro.

Nelson Falseti

São Paulo

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FERROGRÃO, O QUE NÃO É LEMBRADO NÃO É VISTO

Se por burrice, estupidez ou simples má vontade, fato é que a suspensão de determinados projetos atravanca o desenvolvimento do País. Este é o caso dos 900 km da Ferrogrão, dormitando no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2021, projeto que ligaria Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), escoando quase 60 milhões toneladas anuais de grãos. A favor do projeto existem razões de ordem econômica, a ferrovia reduziria o custo do transporte de grãos em mais de 30%, evitando a irracional alternativa atual de cruzar o Brasil até os portos do Sudeste; razões de ordem ambiental, já que substituiria o transporte rodoviário reduzindo as emissões de CO2 em quase 5 milhões de toneladas anuais, sem considerar ser ferrovias menos invasivas que rodovias em áreas de preservação do entorno; finalmente, razões de ordem social, com a criação de milhares de empregos numa região onde a falta de alternativas induz os habitantes locais a atividades ilícitas como o garimpo ilegal e o desmatamentos, duplo prejuízo à preservação do meio ambiente. Em oposição ao projeto estão ambientalistas que demandam por maiores garantias preservacionistas, além dos indígenas habitantes da região que querem ser ouvidos na discussão da questão. Nada impossível de ser contornado com coerência pelas partes envolvidas, removendo embaraços com permutas nas áreas de reservas afetadas. Esse é um projeto viável à mão, bem mais real do que muitos sonhos propostos de realidades virtuais, a menos que resida a utopia de muitos por uma sociedade socialista enterrando de vez o malvado sistema capitalista.

Alberto Mac Dowell Figueiredo

São Carlos

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APAGÃO EM CONGONHAS

A respeito da paralisação por cerca de 1h30 em pleno dia útil (15/3) dos pousos e decolagens no Aeroporto de Congonhas (SP), o segundo em movimento no Brasil, por falha no abastecimento externo de energia que afetou a torre de controle, peça principal responsável pelo movimento do tráfego aéreo, cabe, por oportuno, perguntar: não há um gerador que possa garantir o pleno funcionamento da torre num caso como este, que causou prejuízos incontáveis na vida pessoal e profissional de milhares de passageiros? Causa espécie que o segundo mais importante aeroporto de São Paulo, capital financeira da quarta maior e mais rica cidade do Hemisfério Sul, tenha de ficar inoperante por um período de tempo precioso aguardando a retomada da energia elétrica, como se fosse um campinho de pouso qualquer numa cidadezinha do interior do Brasil. Um inadmissível e condenável caso de incompetência e descaso da empresa espanhola Aena, responsável pela administração e funcionamento de Congonhas. Vergonha!

J. S. Decol

São Paulo

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O STJ E A VOTAÇÃO ABSURDA

Está cada dia mais difícil de confiar na Justiça brasileira. Nem vou falar do STF, que há muito está politizado e desacreditado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acaba de absolver um rapaz de 20 anos que estuprou e engravidou uma menina de 12 anos. A alegação é de que ele, matuto, não sabia que estava cometendo um crime. Mas que homem das cavernas é este que não sabe distinguir o que é uma criança? E se a criança fosse filha ou neta de um dos três jurados que votaram pela absolvição, será que o voto deles seria o mesmo?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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A ‘SAIDINHA’, UM PROBLEMA A RESOLVER

No primeiro dia da saidinha de Páscoa, a Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu 78 dos beneficiados, e hoje esse número, ainda não divulgado, pode ser algo como 200 ou mais. O motivo é o descumprimento das normas do benefício; o preso em saída temporária não pode frequentar bares, boates, embriagar-se, envolver-se em brigas, andar armado ou praticar qualquer delito. Encontrado fora do seu lugar, é recolhido ao presídio e pode perder o benefício e as condições de pleiteá-lo novamente. Fruto de décadas de propostas de magistrados, membros do Ministério Público, dirigentes, servidores do sistema prisional e estudiosos, a saidinha foi concebida como aperfeiçoamento do sistema e humanização da pena. Mas, da forma extensiva que acabou aplicada, tornou-se uma grande excursão de que os apenados participam cinco vezes por ano. A concessão, em vez de ato processual individual que considere as condições e o merecimento do pretendente, passou a ser fruto de uma lista que os estabelecimentos penais enviam ao juizado. O resultado é problemático, pois a prática demonstrou que, em média, 5% dos beneficiados não retornam e, tornando-se fugitivos, não têm alternativa diferente do que voltar ao crime. Há muitos relatos de assaltos, sequestros, assassinatos e outros delitos cometidos pelos fugitivos da saidinha. A Câmara dos Deputados deverá discutir e votar na próxima quarta-feira o projeto que pode extinguir a saidinha, já aprovado originalmente pela própria Câmara em 2022 e no mês passado pelo Senado. Considere-se que, nas propostas iniciais, o livramento temporário do sentenciado se faria através de exames criminológicos que comprovassem sua condição para voltar ao convívio social (ainda que temporário) sem causar problemas para si e para os demais. Mas a aplicação fez da saidinha um instrumento de esvaziar cadeias, e os problemas estão presentes e aterrorizando a comunidade. Filosoficamente, todo apenado deveria ter o benefício para ir se aclimatando à reinserção na sociedade. Mas, da forma que tem ocorrido, a pequena parcela dos que descumprem os preceitos do benefício acaba por prejudicar os que se portam corretamente. A simples eliminação da saidinha, proposta genericamente, poderá revelar-se injusta com a maioria cumpridora dos deveres inerentes. Espera-se que os parlamentares encontrem o formato em que não tenham de sacrificar o lado humanizador do benefício e garantam que só o receberão aqueles que tenham comprovadas as condições para assimilar e, através dele, reconstruir sua vida de cidadão liberto e detentor de seus direitos e deveres. Que se apague do quadro de beneficiários os reconhecidos e perigosos delinquentes, mas não se penalizem os que, por qualquer infelicidade, restou dentro da prisão, mas já demonstraram ter reais possibilidades de ressocialização.

Dirceu Cardoso Gonçalves

São Paulo

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O (MAU) EXEMPLO

As ações grotescas antissemitas de alunos da Beacon School, em São Paulo, contra um colega judeu não aconteceram por acaso. É preciso contextualizar. Desde os ataques infames dos terroristas do Hamas contra civis israelenses, seguidos da inversão da narrativa, em que Israel foi colocado na posição de algoz, manifestações antissemitas se multiplicaram mundo afora, incluindo o Brasil. Só que, neste caso, com um agravante: o presidente Lula da Silva, que se autointitula pacifista, vem desferindo ataques verbais contra o Estado judeu, cujo ápice, até o momento, foi comparar as ações de Israel sobre Gaza às atrocidades nazistas contra judeus na Segunda Guerra. Ora, se o próprio mandatário faz esse tipo de acusação, não é de admirar que adolescentes suscetíveis e mal informados sigam o exemplo e se vejam no direito de fazer o mesmo, ou seja, agredir colegas judeus através da simbologia nazista. Missivistas sugeriram neste espaço que os estudantes agressores assistam a filmes e visitem museus que contam a história do Holocausto. Ótima sugestão, que deveria ser estendida ao presidente Lula.

Luciano Harary

São Paulo

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