Fórum dos Leitores


Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

Por Fórum dos Leitores

Administração pública

Máquina inflada

É impressionante como o custo da “estrutura democrática” brasileira vai subindo sem limite, sempre com justificativas elaboradas e palavras bonitas. O recente aumento de 37% proposto pelos vereadores de São Paulo é só mais um exemplo. Estamos financiando um verdadeiro time de ouro: vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente e, claro, todo o Judiciário e seus penduricalhos. E o retorno? Bom, se fosse uma empresa, com certeza seria considerada altamente deficitária. Talvez esteja na hora de começarmos a pensar em soluções inovadoras: que tal privatizar o poder público? Ou, pelo menos, enxugar ao máximo o número de cargos e as mordomias? Uma gestão mais enxuta, com metas claras, transparência e sem bônus imerecidos... Quem sabe até nos surpreendemos e sobra verba para o que realmente importa: educação, saúde e infraestrutura. Ironia à parte, enquanto alimentarmos essa máquina pública inflada, a esperança de um dia nos livrarmos deste establishment parece cada vez mais uma utopia.

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Fábio Soares

São Paulo

*

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Ataque ao STF

Doença mental e violência

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de “maluco” e diagnosticou rapidamente “perturbação da saúde mental” em Francisco Wanderley Luiz, autor dos ataques a bomba em Brasília. O coro foi engrossado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que não lamentou a tragédia em si, mas sim o fato de que “agora vão enterrar (o projeto de lei que propõe) a anistia” aos autores da tentativa de golpe de 8/1. O próprio deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator do projeto de anistia, justificou também a tragédia de Francisco Wanderley como fruto de um “transtorno mental”. Essas manifestações intempestivas reforçam o estigma associando a doença mental à violência. Todavia, elas não têm base real. Estudos epidemiológicos mostram que mais de 93% dos doentes mentais nunca cometem um ato de violência. Na verdade, o doente mental, geralmente indefeso, é com muito mais frequência vítima da violência nas grandes cidades. Psicofobia é crime, e o estigma dificulta sobremaneira a reintegração social e profissional de pessoas que sofreram de alguma doença mental. Portanto, proteger o doente mental do estigma e do preconceito é o que se espera de uma sociedade inclusiva, de seus representantes e da mídia. Temos que coibir afirmações levianas como essas de Bolsonaro e colaboradores. E, afinal, ninguém chamou de “malucos” e “doentes mentais” os autores do 8/1. Pelo contrário, agora estão pedindo anistia para eles.

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Wagner Farid Gattaz,

professor titular de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP)

São Paulo

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*

Fóruns internacionais

Encontro no Rio

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A ECO-92 ocorreu entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro e contou com representantes de 179 países. O então presidente Fernando Collor determinou a construção emergencial da Linha Vermelha, que, ampliada, constitui hoje importante artéria de tráfego urbano, rodeada, porém, por favelas controladas por facções criminosas que impactam negativamente o patrimônio natural da cidade. A via, à época, visava tão somente a agilizar a mobilidade dos delegados, desde o Aeroporto do Galeão até os hotéis da zona sul. O objetivo geral daquele encontro era estabelecer estratégias e planos de cooperação global para a garantia de um processo de desenvolvimento socioeconômico capaz de respeitar o meio ambiente. Trinta e dois anos depois, o Rio é sede da cúpula do G-20. Entre outros objetivos, tentará avaliar as falhas na implementação de decisões estabelecidas no passado nos vários encontros internacionais realizados, inclusive a ECO-92. Uma comparação entre as agendas e resultados dos vários eventos permite indagar: quanto a humanidade evoluiu nas soluções buscadas?

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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COP em Belém

Falante e convincente, o jovem governador do Pará, Helder Barbalho, ainda não respondeu de forma pragmática às críticas sobre a falta de estrutura da cidade de Belém para receber as delegações de todo o mundo para a COP-30, em 2025. A questão que permanece é: como insistir nessa opção se não se veem até agora soluções plausíveis para a instalação adequada dos participantes? Não são pessoas quaisquer, mas dirigentes de importantes nações, com numerosas comitivas e que demandam acomodações seguras e confortáveis.

Jane Araújo

Brasília

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

CASO ROBINHO

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela liberdade do jogador Robinho, condenado na Itália por estupro coletivo. Áudios comprovam a culpa do atleta que inclusive chega a debochar da vítima, e o ministro vota a favor do estuprador. O descrédito da população em relação à Suprema Corte é cada vez mais reforçado por decisões equivocadas e estapafúrdias com essa.

Jose Alcides Muller

Avaré

*

FALA DE BARROSO

“Palavra dita é como abelha: tem mel e tem ferrão”. “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?” Bela tirada poética do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, expressa no dia seguinte ao episódio das bombas em Brasília. Certamente lhe faltou essa inspiração há dois anos, quando em Nova York, ao ser abordado por manifestante em via pública acerca do resultado das eleições de 2022, saiu-se com esta no melhor estilo de botequim: “Perdeu, mané, não amola”.

Joaquim Quintino Filho

São Paulo

*

DECISÕES POLÍTICAS

Nada justifica atos violentos, muito menos atentados terroristas. Não há violência relativa nem cabe outra narrativa do que repudiar o extremismo. Dito isSo, eu pergunto: será que a atuação do Supremo Tribunal Federal, nos anos recentes, não tenha colocado um imenso holofote sobre a instituição com decisões pra lá de discutíveis? Por que o ódio do terrorista era especialmente voltado para o STF? Segundo Luís Roberto Barroso, “o atentado ao STF é reflexo da naturalização de ataques à democracia”. Não teria a naturalização das decisões monocráticas contribuído ainda mais para a divisão que hoje impera no País? Decisões políticas de um órgão que deve ser apolítico em nada contribuem para o Brasil com o qual a maioria dos brasileiros sonha.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

*

LEGADO DE LULA

Merece registro a fala publicada pelo Estadão, no trecho ‘Legado institucional de Lula é zero’, diz Mangabeira Unger em jantar com empresários (Estadão, 14/11, A2), do polêmico e famigerado filósofo e ex-ministro de assuntos estratégicos de gestões petistas Roberto Mangabeira Unger, que declarou com todas as letras em alto e bom som num jantar promovido pelo Grupo Esfera Brasil nesta semana, em São Paulo, que “o legado institucional de Lula é zero. Não é que seja pequeno, é nulo. O último momento em que o Brasil teve uma refundação institucional foi no governo Vargas. Para além disso, sobressaiu o assistencialismo. Dar dinheiro aqui ou ali, mudar para cá ou para lá são castelos de areia, não tem significado institucional. Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveram o pobrismo e só se distinguiram na pauta de costumes. Só se diferenciaram na política identitária”. Num momento em que partidos de centro e de direita avançam mundo afora, Mangabeira surpreendeu os presentes ao fazer análise do comportamento dos eleitores ao dizer que “quase todos os progressistas no mundo são conservadores”. Como sempre, as palavras do guru causam polêmica e discussão.

J. S. Decol

São Paulo

*

SITUAÇÃO POLÍTICA

O eterno guru da tigrada petista, Mangabeira Unger, falando sobre a situação política do Brasil, exaltou que o “legado institucional de Lula é zero”, e foi mais longe dizendo que “não é que seja pequeno, é nulo”. Mas Unger errou redondamente, pois como se sabe, não considerou a trajetória corrupta do ex-presidiário. Lastimável, senhor Unger.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

*

MENSAGEM SUBLIMINAR

Um filho seu destrói toda a sua casa, quer tirar o seu poder de pai ou de mãe, quer acabar com a harmonia no lar (democracia). Você dá um justo castigo e seu marido ou sua esposa quer anistiar referido infrator, dizer que ele não deve cumprir o castigo imposto, que está tudo certo, que foi apenas uma bobagem. Pode? Qual a mensagem subliminar transmitida aos demais filhos? Talvez isso explique o último acontecimento. Vamos tocando em frente, na medida do possível. Saudações.

Armando Bergo Neto

São Paulo

*

MAUS POLICIAIS

Segurança começa com policial honesto (Estadão, 14/11, A3), e adequadamente remunerado.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

*

CONFIANÇA

Enquanto não se afastarem definitivamente os maus e corruptos policiais, como será possível confiar nessa instituição?

Robert Haller

São Paulo

*

CRISE AMBIENTAL

Crônica de um vexame anunciado (Estadão, 11/11, A3). O editorial do Estadão aborda uma realidade inquestionável. Porém, a meu ver, será pior ainda quando forem reveladas outras mais vexaminosas iniciativas no âmbito da defesa do Meio Ambiente e o combate ao aquecimento global, sem que o governo Lula tenha tomado as devidas providências para corrigir os absurdos apontados pela imprensa nacional. Ao contrário do que alegou ao assumir o governo após o presidente Fernando Henrique Cardoso, desta feita recebeu uma herança maldita do seu antecessor. Mas, priorizou as viagens ao exterior, se preocupando com os problemas de outras nações, que não nos diziam respeito e pior, nos envergonhando com pronunciamentos descabidos. Com a Amazônia totalmente dominada por todo o tipo de quadrilhas, nacionais e estrangeiras, somente próximo à metade de seu governo a Marinha foi àquele bioma atacar o que a imprensa chama de garimpeiros – na realidade mineradoras, equipadas com máquinas de grande porte, recolhendo ouro e envenenando os rios com mercúrio e, em consequência, os peixes e as populações ribeirinhas –, também prejudicam a agricultura, devido o mercúrio. Mas os absurdos não param por aí, pois o próprio presidente da República insiste na extração do petróleo, agora na foz do Rio Amazonas. O prefeito de São Paulo vem abatendo 172 árvores centenárias da Mata Atlântica original para eliminar um congestionamento de trânsito, sem que o governo federal faça algo para impedir de imediato essa escalafobética decisão de Ricardo Nunes. Alega favorecer 800 mil pessoas, a troco de uma população de 15 milhões, pois segundo a Organização Mundial da Saúde, da ONU, o mínimo para uma cidade para vegetação é de 12 m² de vegetação arbórea para cada habitante. São Paulo já está em déficit há anos. Ainda vai tirar aquelas gigantescas árvores a troco de congestionamento de trânsito? Ou será que o objetivo são, na verdade, as árvores, uma vez que, como madeiras, terão um valor incalculável. Não tive acesso ao edital para saber com quem ficará essas madeiras, produto de um crime ambiental indiscutível. A Justiça de São Paulo determinou na quarta-feira passada, 13/11, a paralisação imediata das obras do túnel na Vila Marina. A decisão é provisória, durando até o resultado de uma perícia no local a ser realizada em 15 dias, que irá analisar se a obra pode continuar sem que sejam causados danos, como a retirada de árvores. Também foi determinada a averiguação sobre indícios de irregularidades no licenciamento ambiental. O descumprimento da determinação prevê pena de multa de R$ 50 mil por dia. Já a retirada de árvores implicaria na cobrança de R$ 100 mil por cada exemplar danificado. Ora, o valor da multa é ridículo em relação à árvore abatida, pois a sua agora madeira tem um valor muito maior que esse.

Gilberto Pacini

São Paulo

*

SHOW DE HORROR

Simplesmente inacreditável a decisão da juíza do caso de Mariana. Seria algo como se os culpados fossem as pobres pessoas, literalmente falando, que resolveram se instalar naquele lugar insalubre, em vez de ocupar um apartamento de alguns milhões, como essa senhora deve ocupar. As empresas não têm presidente, CEO ou cargo equivalente? Quem comanda e dita as diretrizes para os demais funcionários? Ao justificar que não há como provar a culpa dos altos executivos das empresas envolvidas nesse triste episódio, aliás mais um da Terra Brasilis, a pergunta que não quer calar é: temos justiça? A resposta foi dada por essa juíza, pelos gloriosos ministros do STF no processo do mensalão e prisão em segunda instância, pelos desembargadores do Mato Grosso que foram presos pela venda de sentenças, pelo STJ que extinguiu processos contra poderosos que podem contratar caros advogados para defender seus pacientes. Não importa a origem do dinheiro, o negócio é livrar todo mundo da cadeia. Aqui nesse país, só vai preso quem não paga pensão alimentícia ou rouba um pão no supermercado para tentar matar a fome. Show de horror.

Renato Camargo

São Paulo

*

ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A criação de áreas de proteção ambiental é uma verdadeira fábrica de favelas, basta ver o que aconteceu no entorno das represas de São Paulo e nos morros do Rio de Janeiro: decretada a área de proteção ambiental, cota zero, não pode construir nada, o terreno não vale mais nada, abre-se o caminho para a ocupação irregular. É assim que nascem as favelas. O Brasil deveria criar um programa nacional de erradicação de favelas, a iniciativa privada poderia empreender nos morros cariocas e no entorno das represas de São Paulo. Em contrapartida, os moradores das favelas seriam realocados para residências em outras áreas. A criação de empreendimentos de alto padrão onde hoje estão as favelas viabilizaria a construção de moradia digna para os moradores das favelas.

Mário Barilá Filho

São Paulo

*

CONGRESSO QUE SE BENEFICIA

Quando leio as reportagens deste jornal, só temos notícias que não há uma que beneficie o povo brasileiro. Enquanto a Câmara Municipal de São Paulo aprova aumento para si mesma de 40%, eu, que sou médico há mais de 50 anos, já nem me lembro da última vez que recebi algum aumento e sem falar dos professores que não os recebem também. Temos um Congresso que só beneficia a si mesmo e um governo que só sabe aumentar os gastos sem refletir no nosso dia. Será que teremos algum futuro para nossos filhos? Pobre Brasil.

Pedro Genésio Ramos.

São Paulo

*

CADA UM NO SEU QUADRADO

Tenho uma curiosidade em saber se os americanos se importam com quem governa o Brasil. Quando se fala a alguém na rua que a pessoa é brasileira, eles sabem que é o pessoal do jeitinho. Mas não se metem no governo e em suas opções, pelo contrário, ignoram. Quando vejo jornalistas daqui com medo de Marco Rubio e Elon Musk chega a ser risível. Esses dois americanos estão preocupados com seu país e não com os demais. Ver a preocupação jornalística brasileira a cada escolha de Trump para compor seu governo é de perguntar: algum americano questionou Lula por nomear seus ministros? Então, que tal se cada um cuidasse do seu quadrado? Toda essa especulação leva à polarização e estimula o ódio entre as pessoas.

Izabel Avallone

São Paulo

*

SECRETÁRIO DE SAÚDE NOS EUA

Donald Trump nomeou Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde e Serviços Humanos, causando surpresa devido às suas conhecidas posições céticas quanto às vacinas. Apesar das controvérsias, algumas de suas propostas, como a eliminação de alimentos processados das merendas escolares, recebem um bom apoio médico. A importância das vacinas infantis é inegável para a saúde pública, destacando a necessidade de não esquecer lições fundamentais sobre doenças preveníveis. Especialmente no caso do sarampo, cujo surto internacional está em curso. No entanto, é crucial considerar a relação custo-benefício das vacinas para diferentes segmentos e grupos populacionais. Embora altamente eficazes, vacinas não são uma solução universal sem efeitos colaterais. Esse debate nos Estados Unidos pode estar ganhando novo fôlego. No final, ficaremos melhor informados sobre os verdadeiros efeitos positivos e negativos das vacinas na saúde pública. E, talvez, interesses envolvidos venham à tona.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

*

HAMAS

Representantes do grupo terrorista Hamas estão pedindo ao recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que interceda junto ao governo de Israel para um cessar-fogo e a retirada das tropas israelenses de Gaza. Que tal se eles mostrassem realmente interessados no fim do litígio soltando os cruelmente sequestrados há mais de um ano por seus militantes? Claro que não o farão.

Luiz Frid

São Paulo

Administração pública

Máquina inflada

É impressionante como o custo da “estrutura democrática” brasileira vai subindo sem limite, sempre com justificativas elaboradas e palavras bonitas. O recente aumento de 37% proposto pelos vereadores de São Paulo é só mais um exemplo. Estamos financiando um verdadeiro time de ouro: vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente e, claro, todo o Judiciário e seus penduricalhos. E o retorno? Bom, se fosse uma empresa, com certeza seria considerada altamente deficitária. Talvez esteja na hora de começarmos a pensar em soluções inovadoras: que tal privatizar o poder público? Ou, pelo menos, enxugar ao máximo o número de cargos e as mordomias? Uma gestão mais enxuta, com metas claras, transparência e sem bônus imerecidos... Quem sabe até nos surpreendemos e sobra verba para o que realmente importa: educação, saúde e infraestrutura. Ironia à parte, enquanto alimentarmos essa máquina pública inflada, a esperança de um dia nos livrarmos deste establishment parece cada vez mais uma utopia.

Fábio Soares

São Paulo

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Ataque ao STF

Doença mental e violência

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de “maluco” e diagnosticou rapidamente “perturbação da saúde mental” em Francisco Wanderley Luiz, autor dos ataques a bomba em Brasília. O coro foi engrossado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que não lamentou a tragédia em si, mas sim o fato de que “agora vão enterrar (o projeto de lei que propõe) a anistia” aos autores da tentativa de golpe de 8/1. O próprio deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator do projeto de anistia, justificou também a tragédia de Francisco Wanderley como fruto de um “transtorno mental”. Essas manifestações intempestivas reforçam o estigma associando a doença mental à violência. Todavia, elas não têm base real. Estudos epidemiológicos mostram que mais de 93% dos doentes mentais nunca cometem um ato de violência. Na verdade, o doente mental, geralmente indefeso, é com muito mais frequência vítima da violência nas grandes cidades. Psicofobia é crime, e o estigma dificulta sobremaneira a reintegração social e profissional de pessoas que sofreram de alguma doença mental. Portanto, proteger o doente mental do estigma e do preconceito é o que se espera de uma sociedade inclusiva, de seus representantes e da mídia. Temos que coibir afirmações levianas como essas de Bolsonaro e colaboradores. E, afinal, ninguém chamou de “malucos” e “doentes mentais” os autores do 8/1. Pelo contrário, agora estão pedindo anistia para eles.

Wagner Farid Gattaz,

professor titular de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP)

São Paulo

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Fóruns internacionais

Encontro no Rio

A ECO-92 ocorreu entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro e contou com representantes de 179 países. O então presidente Fernando Collor determinou a construção emergencial da Linha Vermelha, que, ampliada, constitui hoje importante artéria de tráfego urbano, rodeada, porém, por favelas controladas por facções criminosas que impactam negativamente o patrimônio natural da cidade. A via, à época, visava tão somente a agilizar a mobilidade dos delegados, desde o Aeroporto do Galeão até os hotéis da zona sul. O objetivo geral daquele encontro era estabelecer estratégias e planos de cooperação global para a garantia de um processo de desenvolvimento socioeconômico capaz de respeitar o meio ambiente. Trinta e dois anos depois, o Rio é sede da cúpula do G-20. Entre outros objetivos, tentará avaliar as falhas na implementação de decisões estabelecidas no passado nos vários encontros internacionais realizados, inclusive a ECO-92. Uma comparação entre as agendas e resultados dos vários eventos permite indagar: quanto a humanidade evoluiu nas soluções buscadas?

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

*

COP em Belém

Falante e convincente, o jovem governador do Pará, Helder Barbalho, ainda não respondeu de forma pragmática às críticas sobre a falta de estrutura da cidade de Belém para receber as delegações de todo o mundo para a COP-30, em 2025. A questão que permanece é: como insistir nessa opção se não se veem até agora soluções plausíveis para a instalação adequada dos participantes? Não são pessoas quaisquer, mas dirigentes de importantes nações, com numerosas comitivas e que demandam acomodações seguras e confortáveis.

Jane Araújo

Brasília

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

CASO ROBINHO

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela liberdade do jogador Robinho, condenado na Itália por estupro coletivo. Áudios comprovam a culpa do atleta que inclusive chega a debochar da vítima, e o ministro vota a favor do estuprador. O descrédito da população em relação à Suprema Corte é cada vez mais reforçado por decisões equivocadas e estapafúrdias com essa.

Jose Alcides Muller

Avaré

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FALA DE BARROSO

“Palavra dita é como abelha: tem mel e tem ferrão”. “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?” Bela tirada poética do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, expressa no dia seguinte ao episódio das bombas em Brasília. Certamente lhe faltou essa inspiração há dois anos, quando em Nova York, ao ser abordado por manifestante em via pública acerca do resultado das eleições de 2022, saiu-se com esta no melhor estilo de botequim: “Perdeu, mané, não amola”.

Joaquim Quintino Filho

São Paulo

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DECISÕES POLÍTICAS

Nada justifica atos violentos, muito menos atentados terroristas. Não há violência relativa nem cabe outra narrativa do que repudiar o extremismo. Dito isSo, eu pergunto: será que a atuação do Supremo Tribunal Federal, nos anos recentes, não tenha colocado um imenso holofote sobre a instituição com decisões pra lá de discutíveis? Por que o ódio do terrorista era especialmente voltado para o STF? Segundo Luís Roberto Barroso, “o atentado ao STF é reflexo da naturalização de ataques à democracia”. Não teria a naturalização das decisões monocráticas contribuído ainda mais para a divisão que hoje impera no País? Decisões políticas de um órgão que deve ser apolítico em nada contribuem para o Brasil com o qual a maioria dos brasileiros sonha.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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LEGADO DE LULA

Merece registro a fala publicada pelo Estadão, no trecho ‘Legado institucional de Lula é zero’, diz Mangabeira Unger em jantar com empresários (Estadão, 14/11, A2), do polêmico e famigerado filósofo e ex-ministro de assuntos estratégicos de gestões petistas Roberto Mangabeira Unger, que declarou com todas as letras em alto e bom som num jantar promovido pelo Grupo Esfera Brasil nesta semana, em São Paulo, que “o legado institucional de Lula é zero. Não é que seja pequeno, é nulo. O último momento em que o Brasil teve uma refundação institucional foi no governo Vargas. Para além disso, sobressaiu o assistencialismo. Dar dinheiro aqui ou ali, mudar para cá ou para lá são castelos de areia, não tem significado institucional. Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveram o pobrismo e só se distinguiram na pauta de costumes. Só se diferenciaram na política identitária”. Num momento em que partidos de centro e de direita avançam mundo afora, Mangabeira surpreendeu os presentes ao fazer análise do comportamento dos eleitores ao dizer que “quase todos os progressistas no mundo são conservadores”. Como sempre, as palavras do guru causam polêmica e discussão.

J. S. Decol

São Paulo

*

SITUAÇÃO POLÍTICA

O eterno guru da tigrada petista, Mangabeira Unger, falando sobre a situação política do Brasil, exaltou que o “legado institucional de Lula é zero”, e foi mais longe dizendo que “não é que seja pequeno, é nulo”. Mas Unger errou redondamente, pois como se sabe, não considerou a trajetória corrupta do ex-presidiário. Lastimável, senhor Unger.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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MENSAGEM SUBLIMINAR

Um filho seu destrói toda a sua casa, quer tirar o seu poder de pai ou de mãe, quer acabar com a harmonia no lar (democracia). Você dá um justo castigo e seu marido ou sua esposa quer anistiar referido infrator, dizer que ele não deve cumprir o castigo imposto, que está tudo certo, que foi apenas uma bobagem. Pode? Qual a mensagem subliminar transmitida aos demais filhos? Talvez isso explique o último acontecimento. Vamos tocando em frente, na medida do possível. Saudações.

Armando Bergo Neto

São Paulo

*

MAUS POLICIAIS

Segurança começa com policial honesto (Estadão, 14/11, A3), e adequadamente remunerado.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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CONFIANÇA

Enquanto não se afastarem definitivamente os maus e corruptos policiais, como será possível confiar nessa instituição?

Robert Haller

São Paulo

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CRISE AMBIENTAL

Crônica de um vexame anunciado (Estadão, 11/11, A3). O editorial do Estadão aborda uma realidade inquestionável. Porém, a meu ver, será pior ainda quando forem reveladas outras mais vexaminosas iniciativas no âmbito da defesa do Meio Ambiente e o combate ao aquecimento global, sem que o governo Lula tenha tomado as devidas providências para corrigir os absurdos apontados pela imprensa nacional. Ao contrário do que alegou ao assumir o governo após o presidente Fernando Henrique Cardoso, desta feita recebeu uma herança maldita do seu antecessor. Mas, priorizou as viagens ao exterior, se preocupando com os problemas de outras nações, que não nos diziam respeito e pior, nos envergonhando com pronunciamentos descabidos. Com a Amazônia totalmente dominada por todo o tipo de quadrilhas, nacionais e estrangeiras, somente próximo à metade de seu governo a Marinha foi àquele bioma atacar o que a imprensa chama de garimpeiros – na realidade mineradoras, equipadas com máquinas de grande porte, recolhendo ouro e envenenando os rios com mercúrio e, em consequência, os peixes e as populações ribeirinhas –, também prejudicam a agricultura, devido o mercúrio. Mas os absurdos não param por aí, pois o próprio presidente da República insiste na extração do petróleo, agora na foz do Rio Amazonas. O prefeito de São Paulo vem abatendo 172 árvores centenárias da Mata Atlântica original para eliminar um congestionamento de trânsito, sem que o governo federal faça algo para impedir de imediato essa escalafobética decisão de Ricardo Nunes. Alega favorecer 800 mil pessoas, a troco de uma população de 15 milhões, pois segundo a Organização Mundial da Saúde, da ONU, o mínimo para uma cidade para vegetação é de 12 m² de vegetação arbórea para cada habitante. São Paulo já está em déficit há anos. Ainda vai tirar aquelas gigantescas árvores a troco de congestionamento de trânsito? Ou será que o objetivo são, na verdade, as árvores, uma vez que, como madeiras, terão um valor incalculável. Não tive acesso ao edital para saber com quem ficará essas madeiras, produto de um crime ambiental indiscutível. A Justiça de São Paulo determinou na quarta-feira passada, 13/11, a paralisação imediata das obras do túnel na Vila Marina. A decisão é provisória, durando até o resultado de uma perícia no local a ser realizada em 15 dias, que irá analisar se a obra pode continuar sem que sejam causados danos, como a retirada de árvores. Também foi determinada a averiguação sobre indícios de irregularidades no licenciamento ambiental. O descumprimento da determinação prevê pena de multa de R$ 50 mil por dia. Já a retirada de árvores implicaria na cobrança de R$ 100 mil por cada exemplar danificado. Ora, o valor da multa é ridículo em relação à árvore abatida, pois a sua agora madeira tem um valor muito maior que esse.

Gilberto Pacini

São Paulo

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SHOW DE HORROR

Simplesmente inacreditável a decisão da juíza do caso de Mariana. Seria algo como se os culpados fossem as pobres pessoas, literalmente falando, que resolveram se instalar naquele lugar insalubre, em vez de ocupar um apartamento de alguns milhões, como essa senhora deve ocupar. As empresas não têm presidente, CEO ou cargo equivalente? Quem comanda e dita as diretrizes para os demais funcionários? Ao justificar que não há como provar a culpa dos altos executivos das empresas envolvidas nesse triste episódio, aliás mais um da Terra Brasilis, a pergunta que não quer calar é: temos justiça? A resposta foi dada por essa juíza, pelos gloriosos ministros do STF no processo do mensalão e prisão em segunda instância, pelos desembargadores do Mato Grosso que foram presos pela venda de sentenças, pelo STJ que extinguiu processos contra poderosos que podem contratar caros advogados para defender seus pacientes. Não importa a origem do dinheiro, o negócio é livrar todo mundo da cadeia. Aqui nesse país, só vai preso quem não paga pensão alimentícia ou rouba um pão no supermercado para tentar matar a fome. Show de horror.

Renato Camargo

São Paulo

*

ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A criação de áreas de proteção ambiental é uma verdadeira fábrica de favelas, basta ver o que aconteceu no entorno das represas de São Paulo e nos morros do Rio de Janeiro: decretada a área de proteção ambiental, cota zero, não pode construir nada, o terreno não vale mais nada, abre-se o caminho para a ocupação irregular. É assim que nascem as favelas. O Brasil deveria criar um programa nacional de erradicação de favelas, a iniciativa privada poderia empreender nos morros cariocas e no entorno das represas de São Paulo. Em contrapartida, os moradores das favelas seriam realocados para residências em outras áreas. A criação de empreendimentos de alto padrão onde hoje estão as favelas viabilizaria a construção de moradia digna para os moradores das favelas.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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CONGRESSO QUE SE BENEFICIA

Quando leio as reportagens deste jornal, só temos notícias que não há uma que beneficie o povo brasileiro. Enquanto a Câmara Municipal de São Paulo aprova aumento para si mesma de 40%, eu, que sou médico há mais de 50 anos, já nem me lembro da última vez que recebi algum aumento e sem falar dos professores que não os recebem também. Temos um Congresso que só beneficia a si mesmo e um governo que só sabe aumentar os gastos sem refletir no nosso dia. Será que teremos algum futuro para nossos filhos? Pobre Brasil.

Pedro Genésio Ramos.

São Paulo

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CADA UM NO SEU QUADRADO

Tenho uma curiosidade em saber se os americanos se importam com quem governa o Brasil. Quando se fala a alguém na rua que a pessoa é brasileira, eles sabem que é o pessoal do jeitinho. Mas não se metem no governo e em suas opções, pelo contrário, ignoram. Quando vejo jornalistas daqui com medo de Marco Rubio e Elon Musk chega a ser risível. Esses dois americanos estão preocupados com seu país e não com os demais. Ver a preocupação jornalística brasileira a cada escolha de Trump para compor seu governo é de perguntar: algum americano questionou Lula por nomear seus ministros? Então, que tal se cada um cuidasse do seu quadrado? Toda essa especulação leva à polarização e estimula o ódio entre as pessoas.

Izabel Avallone

São Paulo

*

SECRETÁRIO DE SAÚDE NOS EUA

Donald Trump nomeou Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde e Serviços Humanos, causando surpresa devido às suas conhecidas posições céticas quanto às vacinas. Apesar das controvérsias, algumas de suas propostas, como a eliminação de alimentos processados das merendas escolares, recebem um bom apoio médico. A importância das vacinas infantis é inegável para a saúde pública, destacando a necessidade de não esquecer lições fundamentais sobre doenças preveníveis. Especialmente no caso do sarampo, cujo surto internacional está em curso. No entanto, é crucial considerar a relação custo-benefício das vacinas para diferentes segmentos e grupos populacionais. Embora altamente eficazes, vacinas não são uma solução universal sem efeitos colaterais. Esse debate nos Estados Unidos pode estar ganhando novo fôlego. No final, ficaremos melhor informados sobre os verdadeiros efeitos positivos e negativos das vacinas na saúde pública. E, talvez, interesses envolvidos venham à tona.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

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HAMAS

Representantes do grupo terrorista Hamas estão pedindo ao recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que interceda junto ao governo de Israel para um cessar-fogo e a retirada das tropas israelenses de Gaza. Que tal se eles mostrassem realmente interessados no fim do litígio soltando os cruelmente sequestrados há mais de um ano por seus militantes? Claro que não o farão.

Luiz Frid

São Paulo

Administração pública

Máquina inflada

É impressionante como o custo da “estrutura democrática” brasileira vai subindo sem limite, sempre com justificativas elaboradas e palavras bonitas. O recente aumento de 37% proposto pelos vereadores de São Paulo é só mais um exemplo. Estamos financiando um verdadeiro time de ouro: vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente e, claro, todo o Judiciário e seus penduricalhos. E o retorno? Bom, se fosse uma empresa, com certeza seria considerada altamente deficitária. Talvez esteja na hora de começarmos a pensar em soluções inovadoras: que tal privatizar o poder público? Ou, pelo menos, enxugar ao máximo o número de cargos e as mordomias? Uma gestão mais enxuta, com metas claras, transparência e sem bônus imerecidos... Quem sabe até nos surpreendemos e sobra verba para o que realmente importa: educação, saúde e infraestrutura. Ironia à parte, enquanto alimentarmos essa máquina pública inflada, a esperança de um dia nos livrarmos deste establishment parece cada vez mais uma utopia.

Fábio Soares

São Paulo

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Ataque ao STF

Doença mental e violência

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de “maluco” e diagnosticou rapidamente “perturbação da saúde mental” em Francisco Wanderley Luiz, autor dos ataques a bomba em Brasília. O coro foi engrossado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que não lamentou a tragédia em si, mas sim o fato de que “agora vão enterrar (o projeto de lei que propõe) a anistia” aos autores da tentativa de golpe de 8/1. O próprio deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator do projeto de anistia, justificou também a tragédia de Francisco Wanderley como fruto de um “transtorno mental”. Essas manifestações intempestivas reforçam o estigma associando a doença mental à violência. Todavia, elas não têm base real. Estudos epidemiológicos mostram que mais de 93% dos doentes mentais nunca cometem um ato de violência. Na verdade, o doente mental, geralmente indefeso, é com muito mais frequência vítima da violência nas grandes cidades. Psicofobia é crime, e o estigma dificulta sobremaneira a reintegração social e profissional de pessoas que sofreram de alguma doença mental. Portanto, proteger o doente mental do estigma e do preconceito é o que se espera de uma sociedade inclusiva, de seus representantes e da mídia. Temos que coibir afirmações levianas como essas de Bolsonaro e colaboradores. E, afinal, ninguém chamou de “malucos” e “doentes mentais” os autores do 8/1. Pelo contrário, agora estão pedindo anistia para eles.

Wagner Farid Gattaz,

professor titular de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP)

São Paulo

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Fóruns internacionais

Encontro no Rio

A ECO-92 ocorreu entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro e contou com representantes de 179 países. O então presidente Fernando Collor determinou a construção emergencial da Linha Vermelha, que, ampliada, constitui hoje importante artéria de tráfego urbano, rodeada, porém, por favelas controladas por facções criminosas que impactam negativamente o patrimônio natural da cidade. A via, à época, visava tão somente a agilizar a mobilidade dos delegados, desde o Aeroporto do Galeão até os hotéis da zona sul. O objetivo geral daquele encontro era estabelecer estratégias e planos de cooperação global para a garantia de um processo de desenvolvimento socioeconômico capaz de respeitar o meio ambiente. Trinta e dois anos depois, o Rio é sede da cúpula do G-20. Entre outros objetivos, tentará avaliar as falhas na implementação de decisões estabelecidas no passado nos vários encontros internacionais realizados, inclusive a ECO-92. Uma comparação entre as agendas e resultados dos vários eventos permite indagar: quanto a humanidade evoluiu nas soluções buscadas?

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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COP em Belém

Falante e convincente, o jovem governador do Pará, Helder Barbalho, ainda não respondeu de forma pragmática às críticas sobre a falta de estrutura da cidade de Belém para receber as delegações de todo o mundo para a COP-30, em 2025. A questão que permanece é: como insistir nessa opção se não se veem até agora soluções plausíveis para a instalação adequada dos participantes? Não são pessoas quaisquer, mas dirigentes de importantes nações, com numerosas comitivas e que demandam acomodações seguras e confortáveis.

Jane Araújo

Brasília

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

CASO ROBINHO

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela liberdade do jogador Robinho, condenado na Itália por estupro coletivo. Áudios comprovam a culpa do atleta que inclusive chega a debochar da vítima, e o ministro vota a favor do estuprador. O descrédito da população em relação à Suprema Corte é cada vez mais reforçado por decisões equivocadas e estapafúrdias com essa.

Jose Alcides Muller

Avaré

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FALA DE BARROSO

“Palavra dita é como abelha: tem mel e tem ferrão”. “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?” Bela tirada poética do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, expressa no dia seguinte ao episódio das bombas em Brasília. Certamente lhe faltou essa inspiração há dois anos, quando em Nova York, ao ser abordado por manifestante em via pública acerca do resultado das eleições de 2022, saiu-se com esta no melhor estilo de botequim: “Perdeu, mané, não amola”.

Joaquim Quintino Filho

São Paulo

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DECISÕES POLÍTICAS

Nada justifica atos violentos, muito menos atentados terroristas. Não há violência relativa nem cabe outra narrativa do que repudiar o extremismo. Dito isSo, eu pergunto: será que a atuação do Supremo Tribunal Federal, nos anos recentes, não tenha colocado um imenso holofote sobre a instituição com decisões pra lá de discutíveis? Por que o ódio do terrorista era especialmente voltado para o STF? Segundo Luís Roberto Barroso, “o atentado ao STF é reflexo da naturalização de ataques à democracia”. Não teria a naturalização das decisões monocráticas contribuído ainda mais para a divisão que hoje impera no País? Decisões políticas de um órgão que deve ser apolítico em nada contribuem para o Brasil com o qual a maioria dos brasileiros sonha.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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LEGADO DE LULA

Merece registro a fala publicada pelo Estadão, no trecho ‘Legado institucional de Lula é zero’, diz Mangabeira Unger em jantar com empresários (Estadão, 14/11, A2), do polêmico e famigerado filósofo e ex-ministro de assuntos estratégicos de gestões petistas Roberto Mangabeira Unger, que declarou com todas as letras em alto e bom som num jantar promovido pelo Grupo Esfera Brasil nesta semana, em São Paulo, que “o legado institucional de Lula é zero. Não é que seja pequeno, é nulo. O último momento em que o Brasil teve uma refundação institucional foi no governo Vargas. Para além disso, sobressaiu o assistencialismo. Dar dinheiro aqui ou ali, mudar para cá ou para lá são castelos de areia, não tem significado institucional. Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveram o pobrismo e só se distinguiram na pauta de costumes. Só se diferenciaram na política identitária”. Num momento em que partidos de centro e de direita avançam mundo afora, Mangabeira surpreendeu os presentes ao fazer análise do comportamento dos eleitores ao dizer que “quase todos os progressistas no mundo são conservadores”. Como sempre, as palavras do guru causam polêmica e discussão.

J. S. Decol

São Paulo

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SITUAÇÃO POLÍTICA

O eterno guru da tigrada petista, Mangabeira Unger, falando sobre a situação política do Brasil, exaltou que o “legado institucional de Lula é zero”, e foi mais longe dizendo que “não é que seja pequeno, é nulo”. Mas Unger errou redondamente, pois como se sabe, não considerou a trajetória corrupta do ex-presidiário. Lastimável, senhor Unger.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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MENSAGEM SUBLIMINAR

Um filho seu destrói toda a sua casa, quer tirar o seu poder de pai ou de mãe, quer acabar com a harmonia no lar (democracia). Você dá um justo castigo e seu marido ou sua esposa quer anistiar referido infrator, dizer que ele não deve cumprir o castigo imposto, que está tudo certo, que foi apenas uma bobagem. Pode? Qual a mensagem subliminar transmitida aos demais filhos? Talvez isso explique o último acontecimento. Vamos tocando em frente, na medida do possível. Saudações.

Armando Bergo Neto

São Paulo

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MAUS POLICIAIS

Segurança começa com policial honesto (Estadão, 14/11, A3), e adequadamente remunerado.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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CONFIANÇA

Enquanto não se afastarem definitivamente os maus e corruptos policiais, como será possível confiar nessa instituição?

Robert Haller

São Paulo

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CRISE AMBIENTAL

Crônica de um vexame anunciado (Estadão, 11/11, A3). O editorial do Estadão aborda uma realidade inquestionável. Porém, a meu ver, será pior ainda quando forem reveladas outras mais vexaminosas iniciativas no âmbito da defesa do Meio Ambiente e o combate ao aquecimento global, sem que o governo Lula tenha tomado as devidas providências para corrigir os absurdos apontados pela imprensa nacional. Ao contrário do que alegou ao assumir o governo após o presidente Fernando Henrique Cardoso, desta feita recebeu uma herança maldita do seu antecessor. Mas, priorizou as viagens ao exterior, se preocupando com os problemas de outras nações, que não nos diziam respeito e pior, nos envergonhando com pronunciamentos descabidos. Com a Amazônia totalmente dominada por todo o tipo de quadrilhas, nacionais e estrangeiras, somente próximo à metade de seu governo a Marinha foi àquele bioma atacar o que a imprensa chama de garimpeiros – na realidade mineradoras, equipadas com máquinas de grande porte, recolhendo ouro e envenenando os rios com mercúrio e, em consequência, os peixes e as populações ribeirinhas –, também prejudicam a agricultura, devido o mercúrio. Mas os absurdos não param por aí, pois o próprio presidente da República insiste na extração do petróleo, agora na foz do Rio Amazonas. O prefeito de São Paulo vem abatendo 172 árvores centenárias da Mata Atlântica original para eliminar um congestionamento de trânsito, sem que o governo federal faça algo para impedir de imediato essa escalafobética decisão de Ricardo Nunes. Alega favorecer 800 mil pessoas, a troco de uma população de 15 milhões, pois segundo a Organização Mundial da Saúde, da ONU, o mínimo para uma cidade para vegetação é de 12 m² de vegetação arbórea para cada habitante. São Paulo já está em déficit há anos. Ainda vai tirar aquelas gigantescas árvores a troco de congestionamento de trânsito? Ou será que o objetivo são, na verdade, as árvores, uma vez que, como madeiras, terão um valor incalculável. Não tive acesso ao edital para saber com quem ficará essas madeiras, produto de um crime ambiental indiscutível. A Justiça de São Paulo determinou na quarta-feira passada, 13/11, a paralisação imediata das obras do túnel na Vila Marina. A decisão é provisória, durando até o resultado de uma perícia no local a ser realizada em 15 dias, que irá analisar se a obra pode continuar sem que sejam causados danos, como a retirada de árvores. Também foi determinada a averiguação sobre indícios de irregularidades no licenciamento ambiental. O descumprimento da determinação prevê pena de multa de R$ 50 mil por dia. Já a retirada de árvores implicaria na cobrança de R$ 100 mil por cada exemplar danificado. Ora, o valor da multa é ridículo em relação à árvore abatida, pois a sua agora madeira tem um valor muito maior que esse.

Gilberto Pacini

São Paulo

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SHOW DE HORROR

Simplesmente inacreditável a decisão da juíza do caso de Mariana. Seria algo como se os culpados fossem as pobres pessoas, literalmente falando, que resolveram se instalar naquele lugar insalubre, em vez de ocupar um apartamento de alguns milhões, como essa senhora deve ocupar. As empresas não têm presidente, CEO ou cargo equivalente? Quem comanda e dita as diretrizes para os demais funcionários? Ao justificar que não há como provar a culpa dos altos executivos das empresas envolvidas nesse triste episódio, aliás mais um da Terra Brasilis, a pergunta que não quer calar é: temos justiça? A resposta foi dada por essa juíza, pelos gloriosos ministros do STF no processo do mensalão e prisão em segunda instância, pelos desembargadores do Mato Grosso que foram presos pela venda de sentenças, pelo STJ que extinguiu processos contra poderosos que podem contratar caros advogados para defender seus pacientes. Não importa a origem do dinheiro, o negócio é livrar todo mundo da cadeia. Aqui nesse país, só vai preso quem não paga pensão alimentícia ou rouba um pão no supermercado para tentar matar a fome. Show de horror.

Renato Camargo

São Paulo

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ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A criação de áreas de proteção ambiental é uma verdadeira fábrica de favelas, basta ver o que aconteceu no entorno das represas de São Paulo e nos morros do Rio de Janeiro: decretada a área de proteção ambiental, cota zero, não pode construir nada, o terreno não vale mais nada, abre-se o caminho para a ocupação irregular. É assim que nascem as favelas. O Brasil deveria criar um programa nacional de erradicação de favelas, a iniciativa privada poderia empreender nos morros cariocas e no entorno das represas de São Paulo. Em contrapartida, os moradores das favelas seriam realocados para residências em outras áreas. A criação de empreendimentos de alto padrão onde hoje estão as favelas viabilizaria a construção de moradia digna para os moradores das favelas.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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CONGRESSO QUE SE BENEFICIA

Quando leio as reportagens deste jornal, só temos notícias que não há uma que beneficie o povo brasileiro. Enquanto a Câmara Municipal de São Paulo aprova aumento para si mesma de 40%, eu, que sou médico há mais de 50 anos, já nem me lembro da última vez que recebi algum aumento e sem falar dos professores que não os recebem também. Temos um Congresso que só beneficia a si mesmo e um governo que só sabe aumentar os gastos sem refletir no nosso dia. Será que teremos algum futuro para nossos filhos? Pobre Brasil.

Pedro Genésio Ramos.

São Paulo

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CADA UM NO SEU QUADRADO

Tenho uma curiosidade em saber se os americanos se importam com quem governa o Brasil. Quando se fala a alguém na rua que a pessoa é brasileira, eles sabem que é o pessoal do jeitinho. Mas não se metem no governo e em suas opções, pelo contrário, ignoram. Quando vejo jornalistas daqui com medo de Marco Rubio e Elon Musk chega a ser risível. Esses dois americanos estão preocupados com seu país e não com os demais. Ver a preocupação jornalística brasileira a cada escolha de Trump para compor seu governo é de perguntar: algum americano questionou Lula por nomear seus ministros? Então, que tal se cada um cuidasse do seu quadrado? Toda essa especulação leva à polarização e estimula o ódio entre as pessoas.

Izabel Avallone

São Paulo

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SECRETÁRIO DE SAÚDE NOS EUA

Donald Trump nomeou Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde e Serviços Humanos, causando surpresa devido às suas conhecidas posições céticas quanto às vacinas. Apesar das controvérsias, algumas de suas propostas, como a eliminação de alimentos processados das merendas escolares, recebem um bom apoio médico. A importância das vacinas infantis é inegável para a saúde pública, destacando a necessidade de não esquecer lições fundamentais sobre doenças preveníveis. Especialmente no caso do sarampo, cujo surto internacional está em curso. No entanto, é crucial considerar a relação custo-benefício das vacinas para diferentes segmentos e grupos populacionais. Embora altamente eficazes, vacinas não são uma solução universal sem efeitos colaterais. Esse debate nos Estados Unidos pode estar ganhando novo fôlego. No final, ficaremos melhor informados sobre os verdadeiros efeitos positivos e negativos das vacinas na saúde pública. E, talvez, interesses envolvidos venham à tona.

Jorge A. Nurkin

São Paulo

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HAMAS

Representantes do grupo terrorista Hamas estão pedindo ao recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que interceda junto ao governo de Israel para um cessar-fogo e a retirada das tropas israelenses de Gaza. Que tal se eles mostrassem realmente interessados no fim do litígio soltando os cruelmente sequestrados há mais de um ano por seus militantes? Claro que não o farão.

Luiz Frid

São Paulo

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