Fórum dos Leitores


Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

Por Fórum dos Leitores

60 anos do golpe

‘Relatos sobre a ruptura’

Cumprimento o Estadão pela oportuna publicação do caderno especial Relatos sobre a ruptura, a respeito dos 60 anos do golpe de 1964. A história daquele período ainda está longe de estar contada. O jornalista Ruy Mesquita tinha toda razão ao afirmar que a história daquele momento havia sido contada pelos derrotados, ao contrário do que ocorre regularmente, quando a história é contada pelos vencedores. Isso causou enorme distorção dos fatos e muita coisa que nunca passou de “narrativa de gente querendo ficar bem na foto” se transformou em verdade definitiva. Faltam a leitura de milhares de documentos e a correta interpretação dos fatos, de 1964 até o fim da ditadura. E, depois, seus impactos até os dias de hoje. Os depoimentos que constam do caderno e suas duas últimas páginas, sobre a atuação do Estadão e de suas redações, trazem luz sobre o período e colocam uma série de pontos de convergência entre 1964 e agora, quando a polarização das posições políticas impede um mínimo de bom senso de vários agentes envolvidos com os destinos da Pátria, ao menos para analisar a História e tirar o que realmente importa dela. Que caia um pouco de luz sobre o Brasil. O que está em jogo é o futuro da Nação. Mais uma vez, em sua história centenária, o Estadão mostra seu engajamento com o País.

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Antonio Penteado Mendonça

São Paulo

*

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Polarização ontem e hoje

Belíssimo trabalho do Estadão no domingo (Depoimentos inéditos expõem polarização que levou à ruptura, 31/3). Naquela época, o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, alertou: “Esses caras não sabem, mas a hora em que meterem a cabeça para fora, nós cortaremos o pescoço”. Não foi o que aconteceu. E hoje o Brasil continua se arrastando entre um ex-capitão que idolatra torturadores e um democrata apoiador de ditadores vizinhos, que ameaçou: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. Aprendemos alguma coisa nestes 60 anos?

Celso Francisco Álvares Leite

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Limeira

*

Educação

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A importância do professor

Guiomar Namo de Mello é uma referência para a educação brasileira e sua entrevista ao Estadão traz luz a muitos fatores que emperram o processo educacional do País (‘Criamos ensino integral, mas não adianta dar o ruim 2 vezes’, 31/3, A18). Creio que faltou iluminar uma questão: a falta de autonomia das escolas para resolverem questões básicas. Concordo que a formação de professores e gestores deixa muito a desejar e, talvez por essa constatação ser de conhecimento geral, as deliberações e pareceres do Conselho Nacional, dos estaduais e municipais tentam “reparações” por meio de normatizações. Uma escola heterônoma não forma cidadãos autônomos. Urge a reforma dos cursos de Pedagogia (a educação infantil e os anos iniciais do fundamental não atingem seus objetivos) e as “licenciaturas” precisam ser reformuladas no seu currículo e estendidas na sua carga horária para que tenhamos professores de Matemática, Biologia, Filosofia, e não bacharéis que têm na sala de aula a sua última alternativa de trabalho. A universidade precisa assumir sua responsabilidade na formação de professores, porque não importa se o curso é presencial ou EAD, ela precisa se ater a reformular a estrutura curricular dos cursos.

Edimara de Lima

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São Paulo

*

Educação básica

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O editorial A educação pede audácia e urgência (Estadão, 1º/4, A3) toca num ponto fundamental: a gestão do processo educacional. Isso se faz sentir em todos os níveis da educação básica (educação infantil, pré-escola, educação fundamental, ensino médio e ensino médio técnico) até a educação superior. Se o governo federal toma para si a expansão do ensino superior, é ali, na educação básica – que também inclui a educação de jovens e adultos (EJA), a educação no campo e a educação especial – que está a origem dos problemas que desembocarão no ensino superior. A Lei de Diretrizes e Bases deixa claras as competências da União (coordenação da política nacional de educação, elaboração do plano nacional de educação, financiamento), dos Estados (organização dos ensinos fundamental e médio) e dos municípios (organização da educação infantil e do ensino fundamental). Também a família, como responsável pela educação moral e cívica dos seus filhos e pelo acompanhamento do desenvolvimento escolar, se reveste de extrema importância para o sucesso na empreitada da educação formal.

Fauzi Timaco Jorge

São Paulo

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HISTÓRIA DO PAÍS

A história política do País de 1961 a 1964 necessita ser contada sem o romantismo da esquerda e da direita. E também sem fundamentar-se na história em papel, isto é, nos documentos principalmente da burocracia nacional ou americana, desligados objetivamente de acontecimentos reais específicos. A história do início dos anos 1960 desembocou na declaração da vacância da Presidência da República pelo Congresso Nacional (o que, nos termos do artigo 79 da Constituição, chamou para a cadeira o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli); e no período de exceção de eleição indireta dos generais presidentes da República. A história da segunda metade do século 20 não mostra qualquer semelhança política e social com a tentativa de golpe de Estado iniciada em 2021 e propagada em 7 de setembro de 2022 – quando se deveriam comemorar os 200 anos do grito do regente dom Pedro no Ipiranga – e abortada em 8 de janeiro do ano seguinte. A história inventada daqui não é feliz na construção da identidade nacional e dificulta, dessa forma, a imaginação coletiva do futuro e o equacionamento de boas soluções no presente.

Fabio Gino Francescutti

Rio de Janeiro

*

ANOS MILITARES

História, a real, é redentora. A única saída para esta estupidez bipolar que vivemos no Brasil é contar a história dos anos militares sem adjetivos, culpados, heróis, vítimas. O que foi o Brasil entre 1964 e 1985, ganhos, perdas, erros, abusos? A história já foi contada? Tenho certeza de que não, por ter sido parcial. Tenho certeza de que entre histéricos havia um país, uma população e tudo mais relacionado à vida destes dentro do contexto do mundo de então. Mesmo quem viveu aquela época só tem uma visão muito particular dos acontecidos, o que influencia, e muito, uma visão particular, portanto distorcida, daquele momento. Precisamos urgentemente de muitos Laurentinos Gomes e de John Lukacs para começar a passar a limpo nossa história da segunda década do século 20, principalmente aqueles 21 anos da vida no Brasil. Sem isso continuaremos sendo mais um país de histéricos se digladiando inutilmente.

Arturo Alcorta

São Paulo

*

PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Maior protesto em Israel desde a guerra pede renúncia de Netanyahu. Esse protesto não deve surpreender ninguém, já que qualquer político que insista em tirar o sagrado direito de um povo de exercitar sua liberdade estará destinado ao fracasso. O desejo e o direito à liberdade são inerentes a todos os seres humanos.

Vera Bertolucci

São Paulo

*

EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Excelente, o artigo A volúvel Constituição de 1988 (29/3, A4). Sobre emendas constitucionais, publiquei na Revista de Direito Constitucional e Internacional (n.º 33/2000, n.º 82/2013, n.º 13/2019) artigos enfatizando o disposto no artigo 14 da Constituição, que estabelece formas de consulta popular, exigência do Estado Democrático de Direito (artigo 1.º): plebiscito e referendo – medidas não utilizadas até hoje pelo Congresso Nacional. Portanto, todas legais (artigo 60) e todas ilegitimas pelo não atendimento ao citado artigo 14 da Constituição.

Maria Garcia

São Paulo

*

INDÚSTRIA NACIONAL

O que temos, infelizmente, é um governo que prega o atraso, aparentemente indiferente às rápidas e revolucionárias mudanças tecnológicas que estão transformando o setor industrial mundial, resultando num lento e trágico processo de destruição da indústria brasileira. Para esse (des)governo, é infinitamente mais fácil simplesmente continuar a fazer políticas obsoletas e fracassadas, como atender a lobbies de todo tipo e continuar a dar subsídios, proteção, crédito fácil, exigência de conteúdo nacional e isenções a setores escolhidos a dedo, ao invés de se debruçar para tentar pelo menos entender a nova realidade do século 21. Justiça seja feita: como uma administração que privilegia ações vazias de marketing e não prima pela eficiência e produtividade iria perder tempo tentando impor conceitos, que lhe são obscuros, à indústria nacional (Estado, 31/4, B2)? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

*

FORMAÇÃO TÉCNICA

Os países com altas taxas de crescimento neste século tiveram em comum Estados autoritários como a China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e, mais recentemente, Vietnã e Indonésia. A própria Índia ainda mantém governo autoritário, em que um partido único domina a cena política. Até o Chile se beneficiou do mesmo modelo até chegar à atual democracia. Como denominador comum, o sistema educacional com ênfase na formação técnica foi uma das molas mestres para esses resultados, a antítese do caminho percorrido pelo Brasil.

Eduardo Augusto Buarque de Almeida

São Paulo

*

FALTA DE LIVROS DIDÁTICOS

São comuns a falta e o atraso dos livros didáticos tanto federal quanto municipal para os estudantes e professores da rede municipal de ensino de São Paulo. Nós, professores, temos que nos virar para trabalhar sem os livros, sendo que na rede particular esses materiais são de fundamental importância para os estudantes. Secretaria Municipal de Educação (SME), editoras e Ministério da Educação se esquivam do problema, um empurra para o outro e ninguém resolve. E professor que cobra é punido.

Eliel Queiroz Barros

Santo André

*

DIAGNÓSTICO PRECISO

Li que o presidente Lula está preocupado com 40 mil pessoas que estão com o mesmo problema de quadril que ele tinha. Curado, o presidente disse que vai pedir à ministra da Saúde, Nísia Trindade, para resolver o problema de 0,0002% da população. E os outros? Considerando a população de 210 milhões e o conhecimento de que no SUS as filas são intermináveis para fazer uma simples mamografia, o que Lula poderia fazer para amenizar o sofrimento das pessoas que sofrem sem um diagnóstico preciso? Os R$ 197 milhões que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) gastará para contratar quatro agências para melhorar a imagem do presidente que vem caindo nas pesquisas não ajudaria as pessoas que clamam por tratamento?

Izabel Avallone

São Paulo

*

SERGIO MORO

Sergio Moro está pagando caro por ter embarcado nas promessas de Jair Messias Bolsonaro. Aceitou o cargo de ministro da Justiça com a melhor das intenções: combater o crime organizado e a corrupção. E, é óbvio, contando com a promessa de indicação para a Suprema Corte. Depois da “carta branca” e do “quem manda sou eu” do então presidente, não teve mais estômago para continuar e renunciou ao cargo. Perdeu tudo. A brilhante carreira como juiz federal e a vida financeira. E em breve perderá também seu mandato de senador, porque certamente será cassado pelo TRE do Paraná. Enquanto isso, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, segundo relatório do Coaf. O Mito deve a Moro um pedido de desculpas pelos danos irreparáveis que lhe causou.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

*

POSTAGEM DE PÁSCOA

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase dita por um soldado romano: “Bandido bom é bandido morto”. Eu já vi burrice e tiro no pé, mas igual a essa declaração nunca imaginei ver.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

*

MÁS NOTÍCIAS

Matéria do Estadão aborda tema relevante e que causa mudanças importantes em várias pessoas: demissão e despreparo dos líderes para lidar com a estressante situação (Estado, 31/3, B8). Há vários anos treino alunos de Medicina para transmitir más notícias, nesse caso relacionadas à saúde, como câncer, aborto, doenças crônicas. São dois meses de preparo para saberem como dizer algo que mudará a vida de quem está no outro lado e de sua família. Há protocolos que servem como bússola, porém, o que realmente importa é a sensibilidade e a empatia. Quanto mais preparado o líder, menos sequelas haverá.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

*

MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Você trabalha demais? (30/3, C3). De forma inconsciente, é sempre esperado de nós, mulheres, que trabalhemos mais para conquistar uma voz em nossa sociedade. Junto com essa certeza vem a correta crítica a uma rotina com pouco espaço de descanso e real desfrute de nossas conquistas. É importante, entretanto, lembrarmos que não somos homogêneas e que para parcela significativa de nós o trabalho é o principal espaço de criação e inspiração. Cobrar de algumas mulheres que diminuam seu tempo de trabalho é querer impor a elas um significado ao descanso que talvez não faça sentido.

Irina Frare Cezar

São Paulo

*

ROBERTO GODOY

Muita tristeza com o falecimento do sr. Roberto Godoy. Vai fazer muita falta. Eu sempre adorei seus comentários e matérias. Uma pena!

Marcos Giglio

São Paulo

*

ESPECIALISTA EM DEFESA

Com tristeza li sobre o falecimento do brilhante jornalista Roberto Godoy (Estado, 30/3, A10). Não teremos tão cedo outro substituto com o conhecimento que Godoy possuía na área bélica. Meus sinceros sentimentos à família desse brilhante e simpático jornalista, extensivo ao Estadão.

Agnes Eckermann

Porto Feliz

*

TRADUÇÃO DE NOTÍCIAS

Gostaria de acrescer um mérito muito especial sobre o senhor Roberto Godoy: as traduções de notícias de políticas e ações bélicas, geralmente genéricas e de difícil praticidade. O jornal editava em “linguagem da gente”, um adendo precioso para o aprofundamento e intelecção da notícia. Para mim, aos 87 anos, era um prazer muito grande. Como publicou a Veja sobre o saudoso Paulo Francis: “Vai fazer falta”. Condolências de todos nós.

Lourenço Júlio Cesar Paolini

São Paulo

60 anos do golpe

‘Relatos sobre a ruptura’

Cumprimento o Estadão pela oportuna publicação do caderno especial Relatos sobre a ruptura, a respeito dos 60 anos do golpe de 1964. A história daquele período ainda está longe de estar contada. O jornalista Ruy Mesquita tinha toda razão ao afirmar que a história daquele momento havia sido contada pelos derrotados, ao contrário do que ocorre regularmente, quando a história é contada pelos vencedores. Isso causou enorme distorção dos fatos e muita coisa que nunca passou de “narrativa de gente querendo ficar bem na foto” se transformou em verdade definitiva. Faltam a leitura de milhares de documentos e a correta interpretação dos fatos, de 1964 até o fim da ditadura. E, depois, seus impactos até os dias de hoje. Os depoimentos que constam do caderno e suas duas últimas páginas, sobre a atuação do Estadão e de suas redações, trazem luz sobre o período e colocam uma série de pontos de convergência entre 1964 e agora, quando a polarização das posições políticas impede um mínimo de bom senso de vários agentes envolvidos com os destinos da Pátria, ao menos para analisar a História e tirar o que realmente importa dela. Que caia um pouco de luz sobre o Brasil. O que está em jogo é o futuro da Nação. Mais uma vez, em sua história centenária, o Estadão mostra seu engajamento com o País.

Antonio Penteado Mendonça

São Paulo

*

Polarização ontem e hoje

Belíssimo trabalho do Estadão no domingo (Depoimentos inéditos expõem polarização que levou à ruptura, 31/3). Naquela época, o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, alertou: “Esses caras não sabem, mas a hora em que meterem a cabeça para fora, nós cortaremos o pescoço”. Não foi o que aconteceu. E hoje o Brasil continua se arrastando entre um ex-capitão que idolatra torturadores e um democrata apoiador de ditadores vizinhos, que ameaçou: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. Aprendemos alguma coisa nestes 60 anos?

Celso Francisco Álvares Leite

Limeira

*

Educação

A importância do professor

Guiomar Namo de Mello é uma referência para a educação brasileira e sua entrevista ao Estadão traz luz a muitos fatores que emperram o processo educacional do País (‘Criamos ensino integral, mas não adianta dar o ruim 2 vezes’, 31/3, A18). Creio que faltou iluminar uma questão: a falta de autonomia das escolas para resolverem questões básicas. Concordo que a formação de professores e gestores deixa muito a desejar e, talvez por essa constatação ser de conhecimento geral, as deliberações e pareceres do Conselho Nacional, dos estaduais e municipais tentam “reparações” por meio de normatizações. Uma escola heterônoma não forma cidadãos autônomos. Urge a reforma dos cursos de Pedagogia (a educação infantil e os anos iniciais do fundamental não atingem seus objetivos) e as “licenciaturas” precisam ser reformuladas no seu currículo e estendidas na sua carga horária para que tenhamos professores de Matemática, Biologia, Filosofia, e não bacharéis que têm na sala de aula a sua última alternativa de trabalho. A universidade precisa assumir sua responsabilidade na formação de professores, porque não importa se o curso é presencial ou EAD, ela precisa se ater a reformular a estrutura curricular dos cursos.

Edimara de Lima

São Paulo

*

Educação básica

O editorial A educação pede audácia e urgência (Estadão, 1º/4, A3) toca num ponto fundamental: a gestão do processo educacional. Isso se faz sentir em todos os níveis da educação básica (educação infantil, pré-escola, educação fundamental, ensino médio e ensino médio técnico) até a educação superior. Se o governo federal toma para si a expansão do ensino superior, é ali, na educação básica – que também inclui a educação de jovens e adultos (EJA), a educação no campo e a educação especial – que está a origem dos problemas que desembocarão no ensino superior. A Lei de Diretrizes e Bases deixa claras as competências da União (coordenação da política nacional de educação, elaboração do plano nacional de educação, financiamento), dos Estados (organização dos ensinos fundamental e médio) e dos municípios (organização da educação infantil e do ensino fundamental). Também a família, como responsável pela educação moral e cívica dos seus filhos e pelo acompanhamento do desenvolvimento escolar, se reveste de extrema importância para o sucesso na empreitada da educação formal.

Fauzi Timaco Jorge

São Paulo

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HISTÓRIA DO PAÍS

A história política do País de 1961 a 1964 necessita ser contada sem o romantismo da esquerda e da direita. E também sem fundamentar-se na história em papel, isto é, nos documentos principalmente da burocracia nacional ou americana, desligados objetivamente de acontecimentos reais específicos. A história do início dos anos 1960 desembocou na declaração da vacância da Presidência da República pelo Congresso Nacional (o que, nos termos do artigo 79 da Constituição, chamou para a cadeira o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli); e no período de exceção de eleição indireta dos generais presidentes da República. A história da segunda metade do século 20 não mostra qualquer semelhança política e social com a tentativa de golpe de Estado iniciada em 2021 e propagada em 7 de setembro de 2022 – quando se deveriam comemorar os 200 anos do grito do regente dom Pedro no Ipiranga – e abortada em 8 de janeiro do ano seguinte. A história inventada daqui não é feliz na construção da identidade nacional e dificulta, dessa forma, a imaginação coletiva do futuro e o equacionamento de boas soluções no presente.

Fabio Gino Francescutti

Rio de Janeiro

*

ANOS MILITARES

História, a real, é redentora. A única saída para esta estupidez bipolar que vivemos no Brasil é contar a história dos anos militares sem adjetivos, culpados, heróis, vítimas. O que foi o Brasil entre 1964 e 1985, ganhos, perdas, erros, abusos? A história já foi contada? Tenho certeza de que não, por ter sido parcial. Tenho certeza de que entre histéricos havia um país, uma população e tudo mais relacionado à vida destes dentro do contexto do mundo de então. Mesmo quem viveu aquela época só tem uma visão muito particular dos acontecidos, o que influencia, e muito, uma visão particular, portanto distorcida, daquele momento. Precisamos urgentemente de muitos Laurentinos Gomes e de John Lukacs para começar a passar a limpo nossa história da segunda década do século 20, principalmente aqueles 21 anos da vida no Brasil. Sem isso continuaremos sendo mais um país de histéricos se digladiando inutilmente.

Arturo Alcorta

São Paulo

*

PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Maior protesto em Israel desde a guerra pede renúncia de Netanyahu. Esse protesto não deve surpreender ninguém, já que qualquer político que insista em tirar o sagrado direito de um povo de exercitar sua liberdade estará destinado ao fracasso. O desejo e o direito à liberdade são inerentes a todos os seres humanos.

Vera Bertolucci

São Paulo

*

EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Excelente, o artigo A volúvel Constituição de 1988 (29/3, A4). Sobre emendas constitucionais, publiquei na Revista de Direito Constitucional e Internacional (n.º 33/2000, n.º 82/2013, n.º 13/2019) artigos enfatizando o disposto no artigo 14 da Constituição, que estabelece formas de consulta popular, exigência do Estado Democrático de Direito (artigo 1.º): plebiscito e referendo – medidas não utilizadas até hoje pelo Congresso Nacional. Portanto, todas legais (artigo 60) e todas ilegitimas pelo não atendimento ao citado artigo 14 da Constituição.

Maria Garcia

São Paulo

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INDÚSTRIA NACIONAL

O que temos, infelizmente, é um governo que prega o atraso, aparentemente indiferente às rápidas e revolucionárias mudanças tecnológicas que estão transformando o setor industrial mundial, resultando num lento e trágico processo de destruição da indústria brasileira. Para esse (des)governo, é infinitamente mais fácil simplesmente continuar a fazer políticas obsoletas e fracassadas, como atender a lobbies de todo tipo e continuar a dar subsídios, proteção, crédito fácil, exigência de conteúdo nacional e isenções a setores escolhidos a dedo, ao invés de se debruçar para tentar pelo menos entender a nova realidade do século 21. Justiça seja feita: como uma administração que privilegia ações vazias de marketing e não prima pela eficiência e produtividade iria perder tempo tentando impor conceitos, que lhe são obscuros, à indústria nacional (Estado, 31/4, B2)? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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FORMAÇÃO TÉCNICA

Os países com altas taxas de crescimento neste século tiveram em comum Estados autoritários como a China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e, mais recentemente, Vietnã e Indonésia. A própria Índia ainda mantém governo autoritário, em que um partido único domina a cena política. Até o Chile se beneficiou do mesmo modelo até chegar à atual democracia. Como denominador comum, o sistema educacional com ênfase na formação técnica foi uma das molas mestres para esses resultados, a antítese do caminho percorrido pelo Brasil.

Eduardo Augusto Buarque de Almeida

São Paulo

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FALTA DE LIVROS DIDÁTICOS

São comuns a falta e o atraso dos livros didáticos tanto federal quanto municipal para os estudantes e professores da rede municipal de ensino de São Paulo. Nós, professores, temos que nos virar para trabalhar sem os livros, sendo que na rede particular esses materiais são de fundamental importância para os estudantes. Secretaria Municipal de Educação (SME), editoras e Ministério da Educação se esquivam do problema, um empurra para o outro e ninguém resolve. E professor que cobra é punido.

Eliel Queiroz Barros

Santo André

*

DIAGNÓSTICO PRECISO

Li que o presidente Lula está preocupado com 40 mil pessoas que estão com o mesmo problema de quadril que ele tinha. Curado, o presidente disse que vai pedir à ministra da Saúde, Nísia Trindade, para resolver o problema de 0,0002% da população. E os outros? Considerando a população de 210 milhões e o conhecimento de que no SUS as filas são intermináveis para fazer uma simples mamografia, o que Lula poderia fazer para amenizar o sofrimento das pessoas que sofrem sem um diagnóstico preciso? Os R$ 197 milhões que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) gastará para contratar quatro agências para melhorar a imagem do presidente que vem caindo nas pesquisas não ajudaria as pessoas que clamam por tratamento?

Izabel Avallone

São Paulo

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SERGIO MORO

Sergio Moro está pagando caro por ter embarcado nas promessas de Jair Messias Bolsonaro. Aceitou o cargo de ministro da Justiça com a melhor das intenções: combater o crime organizado e a corrupção. E, é óbvio, contando com a promessa de indicação para a Suprema Corte. Depois da “carta branca” e do “quem manda sou eu” do então presidente, não teve mais estômago para continuar e renunciou ao cargo. Perdeu tudo. A brilhante carreira como juiz federal e a vida financeira. E em breve perderá também seu mandato de senador, porque certamente será cassado pelo TRE do Paraná. Enquanto isso, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, segundo relatório do Coaf. O Mito deve a Moro um pedido de desculpas pelos danos irreparáveis que lhe causou.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

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POSTAGEM DE PÁSCOA

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase dita por um soldado romano: “Bandido bom é bandido morto”. Eu já vi burrice e tiro no pé, mas igual a essa declaração nunca imaginei ver.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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MÁS NOTÍCIAS

Matéria do Estadão aborda tema relevante e que causa mudanças importantes em várias pessoas: demissão e despreparo dos líderes para lidar com a estressante situação (Estado, 31/3, B8). Há vários anos treino alunos de Medicina para transmitir más notícias, nesse caso relacionadas à saúde, como câncer, aborto, doenças crônicas. São dois meses de preparo para saberem como dizer algo que mudará a vida de quem está no outro lado e de sua família. Há protocolos que servem como bússola, porém, o que realmente importa é a sensibilidade e a empatia. Quanto mais preparado o líder, menos sequelas haverá.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

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MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Você trabalha demais? (30/3, C3). De forma inconsciente, é sempre esperado de nós, mulheres, que trabalhemos mais para conquistar uma voz em nossa sociedade. Junto com essa certeza vem a correta crítica a uma rotina com pouco espaço de descanso e real desfrute de nossas conquistas. É importante, entretanto, lembrarmos que não somos homogêneas e que para parcela significativa de nós o trabalho é o principal espaço de criação e inspiração. Cobrar de algumas mulheres que diminuam seu tempo de trabalho é querer impor a elas um significado ao descanso que talvez não faça sentido.

Irina Frare Cezar

São Paulo

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ROBERTO GODOY

Muita tristeza com o falecimento do sr. Roberto Godoy. Vai fazer muita falta. Eu sempre adorei seus comentários e matérias. Uma pena!

Marcos Giglio

São Paulo

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ESPECIALISTA EM DEFESA

Com tristeza li sobre o falecimento do brilhante jornalista Roberto Godoy (Estado, 30/3, A10). Não teremos tão cedo outro substituto com o conhecimento que Godoy possuía na área bélica. Meus sinceros sentimentos à família desse brilhante e simpático jornalista, extensivo ao Estadão.

Agnes Eckermann

Porto Feliz

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TRADUÇÃO DE NOTÍCIAS

Gostaria de acrescer um mérito muito especial sobre o senhor Roberto Godoy: as traduções de notícias de políticas e ações bélicas, geralmente genéricas e de difícil praticidade. O jornal editava em “linguagem da gente”, um adendo precioso para o aprofundamento e intelecção da notícia. Para mim, aos 87 anos, era um prazer muito grande. Como publicou a Veja sobre o saudoso Paulo Francis: “Vai fazer falta”. Condolências de todos nós.

Lourenço Júlio Cesar Paolini

São Paulo

60 anos do golpe

‘Relatos sobre a ruptura’

Cumprimento o Estadão pela oportuna publicação do caderno especial Relatos sobre a ruptura, a respeito dos 60 anos do golpe de 1964. A história daquele período ainda está longe de estar contada. O jornalista Ruy Mesquita tinha toda razão ao afirmar que a história daquele momento havia sido contada pelos derrotados, ao contrário do que ocorre regularmente, quando a história é contada pelos vencedores. Isso causou enorme distorção dos fatos e muita coisa que nunca passou de “narrativa de gente querendo ficar bem na foto” se transformou em verdade definitiva. Faltam a leitura de milhares de documentos e a correta interpretação dos fatos, de 1964 até o fim da ditadura. E, depois, seus impactos até os dias de hoje. Os depoimentos que constam do caderno e suas duas últimas páginas, sobre a atuação do Estadão e de suas redações, trazem luz sobre o período e colocam uma série de pontos de convergência entre 1964 e agora, quando a polarização das posições políticas impede um mínimo de bom senso de vários agentes envolvidos com os destinos da Pátria, ao menos para analisar a História e tirar o que realmente importa dela. Que caia um pouco de luz sobre o Brasil. O que está em jogo é o futuro da Nação. Mais uma vez, em sua história centenária, o Estadão mostra seu engajamento com o País.

Antonio Penteado Mendonça

São Paulo

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Polarização ontem e hoje

Belíssimo trabalho do Estadão no domingo (Depoimentos inéditos expõem polarização que levou à ruptura, 31/3). Naquela época, o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, alertou: “Esses caras não sabem, mas a hora em que meterem a cabeça para fora, nós cortaremos o pescoço”. Não foi o que aconteceu. E hoje o Brasil continua se arrastando entre um ex-capitão que idolatra torturadores e um democrata apoiador de ditadores vizinhos, que ameaçou: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. Aprendemos alguma coisa nestes 60 anos?

Celso Francisco Álvares Leite

Limeira

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Educação

A importância do professor

Guiomar Namo de Mello é uma referência para a educação brasileira e sua entrevista ao Estadão traz luz a muitos fatores que emperram o processo educacional do País (‘Criamos ensino integral, mas não adianta dar o ruim 2 vezes’, 31/3, A18). Creio que faltou iluminar uma questão: a falta de autonomia das escolas para resolverem questões básicas. Concordo que a formação de professores e gestores deixa muito a desejar e, talvez por essa constatação ser de conhecimento geral, as deliberações e pareceres do Conselho Nacional, dos estaduais e municipais tentam “reparações” por meio de normatizações. Uma escola heterônoma não forma cidadãos autônomos. Urge a reforma dos cursos de Pedagogia (a educação infantil e os anos iniciais do fundamental não atingem seus objetivos) e as “licenciaturas” precisam ser reformuladas no seu currículo e estendidas na sua carga horária para que tenhamos professores de Matemática, Biologia, Filosofia, e não bacharéis que têm na sala de aula a sua última alternativa de trabalho. A universidade precisa assumir sua responsabilidade na formação de professores, porque não importa se o curso é presencial ou EAD, ela precisa se ater a reformular a estrutura curricular dos cursos.

Edimara de Lima

São Paulo

*

Educação básica

O editorial A educação pede audácia e urgência (Estadão, 1º/4, A3) toca num ponto fundamental: a gestão do processo educacional. Isso se faz sentir em todos os níveis da educação básica (educação infantil, pré-escola, educação fundamental, ensino médio e ensino médio técnico) até a educação superior. Se o governo federal toma para si a expansão do ensino superior, é ali, na educação básica – que também inclui a educação de jovens e adultos (EJA), a educação no campo e a educação especial – que está a origem dos problemas que desembocarão no ensino superior. A Lei de Diretrizes e Bases deixa claras as competências da União (coordenação da política nacional de educação, elaboração do plano nacional de educação, financiamento), dos Estados (organização dos ensinos fundamental e médio) e dos municípios (organização da educação infantil e do ensino fundamental). Também a família, como responsável pela educação moral e cívica dos seus filhos e pelo acompanhamento do desenvolvimento escolar, se reveste de extrema importância para o sucesso na empreitada da educação formal.

Fauzi Timaco Jorge

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HISTÓRIA DO PAÍS

A história política do País de 1961 a 1964 necessita ser contada sem o romantismo da esquerda e da direita. E também sem fundamentar-se na história em papel, isto é, nos documentos principalmente da burocracia nacional ou americana, desligados objetivamente de acontecimentos reais específicos. A história do início dos anos 1960 desembocou na declaração da vacância da Presidência da República pelo Congresso Nacional (o que, nos termos do artigo 79 da Constituição, chamou para a cadeira o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli); e no período de exceção de eleição indireta dos generais presidentes da República. A história da segunda metade do século 20 não mostra qualquer semelhança política e social com a tentativa de golpe de Estado iniciada em 2021 e propagada em 7 de setembro de 2022 – quando se deveriam comemorar os 200 anos do grito do regente dom Pedro no Ipiranga – e abortada em 8 de janeiro do ano seguinte. A história inventada daqui não é feliz na construção da identidade nacional e dificulta, dessa forma, a imaginação coletiva do futuro e o equacionamento de boas soluções no presente.

Fabio Gino Francescutti

Rio de Janeiro

*

ANOS MILITARES

História, a real, é redentora. A única saída para esta estupidez bipolar que vivemos no Brasil é contar a história dos anos militares sem adjetivos, culpados, heróis, vítimas. O que foi o Brasil entre 1964 e 1985, ganhos, perdas, erros, abusos? A história já foi contada? Tenho certeza de que não, por ter sido parcial. Tenho certeza de que entre histéricos havia um país, uma população e tudo mais relacionado à vida destes dentro do contexto do mundo de então. Mesmo quem viveu aquela época só tem uma visão muito particular dos acontecidos, o que influencia, e muito, uma visão particular, portanto distorcida, daquele momento. Precisamos urgentemente de muitos Laurentinos Gomes e de John Lukacs para começar a passar a limpo nossa história da segunda década do século 20, principalmente aqueles 21 anos da vida no Brasil. Sem isso continuaremos sendo mais um país de histéricos se digladiando inutilmente.

Arturo Alcorta

São Paulo

*

PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Maior protesto em Israel desde a guerra pede renúncia de Netanyahu. Esse protesto não deve surpreender ninguém, já que qualquer político que insista em tirar o sagrado direito de um povo de exercitar sua liberdade estará destinado ao fracasso. O desejo e o direito à liberdade são inerentes a todos os seres humanos.

Vera Bertolucci

São Paulo

*

EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Excelente, o artigo A volúvel Constituição de 1988 (29/3, A4). Sobre emendas constitucionais, publiquei na Revista de Direito Constitucional e Internacional (n.º 33/2000, n.º 82/2013, n.º 13/2019) artigos enfatizando o disposto no artigo 14 da Constituição, que estabelece formas de consulta popular, exigência do Estado Democrático de Direito (artigo 1.º): plebiscito e referendo – medidas não utilizadas até hoje pelo Congresso Nacional. Portanto, todas legais (artigo 60) e todas ilegitimas pelo não atendimento ao citado artigo 14 da Constituição.

Maria Garcia

São Paulo

*

INDÚSTRIA NACIONAL

O que temos, infelizmente, é um governo que prega o atraso, aparentemente indiferente às rápidas e revolucionárias mudanças tecnológicas que estão transformando o setor industrial mundial, resultando num lento e trágico processo de destruição da indústria brasileira. Para esse (des)governo, é infinitamente mais fácil simplesmente continuar a fazer políticas obsoletas e fracassadas, como atender a lobbies de todo tipo e continuar a dar subsídios, proteção, crédito fácil, exigência de conteúdo nacional e isenções a setores escolhidos a dedo, ao invés de se debruçar para tentar pelo menos entender a nova realidade do século 21. Justiça seja feita: como uma administração que privilegia ações vazias de marketing e não prima pela eficiência e produtividade iria perder tempo tentando impor conceitos, que lhe são obscuros, à indústria nacional (Estado, 31/4, B2)? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

*

FORMAÇÃO TÉCNICA

Os países com altas taxas de crescimento neste século tiveram em comum Estados autoritários como a China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e, mais recentemente, Vietnã e Indonésia. A própria Índia ainda mantém governo autoritário, em que um partido único domina a cena política. Até o Chile se beneficiou do mesmo modelo até chegar à atual democracia. Como denominador comum, o sistema educacional com ênfase na formação técnica foi uma das molas mestres para esses resultados, a antítese do caminho percorrido pelo Brasil.

Eduardo Augusto Buarque de Almeida

São Paulo

*

FALTA DE LIVROS DIDÁTICOS

São comuns a falta e o atraso dos livros didáticos tanto federal quanto municipal para os estudantes e professores da rede municipal de ensino de São Paulo. Nós, professores, temos que nos virar para trabalhar sem os livros, sendo que na rede particular esses materiais são de fundamental importância para os estudantes. Secretaria Municipal de Educação (SME), editoras e Ministério da Educação se esquivam do problema, um empurra para o outro e ninguém resolve. E professor que cobra é punido.

Eliel Queiroz Barros

Santo André

*

DIAGNÓSTICO PRECISO

Li que o presidente Lula está preocupado com 40 mil pessoas que estão com o mesmo problema de quadril que ele tinha. Curado, o presidente disse que vai pedir à ministra da Saúde, Nísia Trindade, para resolver o problema de 0,0002% da população. E os outros? Considerando a população de 210 milhões e o conhecimento de que no SUS as filas são intermináveis para fazer uma simples mamografia, o que Lula poderia fazer para amenizar o sofrimento das pessoas que sofrem sem um diagnóstico preciso? Os R$ 197 milhões que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) gastará para contratar quatro agências para melhorar a imagem do presidente que vem caindo nas pesquisas não ajudaria as pessoas que clamam por tratamento?

Izabel Avallone

São Paulo

*

SERGIO MORO

Sergio Moro está pagando caro por ter embarcado nas promessas de Jair Messias Bolsonaro. Aceitou o cargo de ministro da Justiça com a melhor das intenções: combater o crime organizado e a corrupção. E, é óbvio, contando com a promessa de indicação para a Suprema Corte. Depois da “carta branca” e do “quem manda sou eu” do então presidente, não teve mais estômago para continuar e renunciou ao cargo. Perdeu tudo. A brilhante carreira como juiz federal e a vida financeira. E em breve perderá também seu mandato de senador, porque certamente será cassado pelo TRE do Paraná. Enquanto isso, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, segundo relatório do Coaf. O Mito deve a Moro um pedido de desculpas pelos danos irreparáveis que lhe causou.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

*

POSTAGEM DE PÁSCOA

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase dita por um soldado romano: “Bandido bom é bandido morto”. Eu já vi burrice e tiro no pé, mas igual a essa declaração nunca imaginei ver.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

*

MÁS NOTÍCIAS

Matéria do Estadão aborda tema relevante e que causa mudanças importantes em várias pessoas: demissão e despreparo dos líderes para lidar com a estressante situação (Estado, 31/3, B8). Há vários anos treino alunos de Medicina para transmitir más notícias, nesse caso relacionadas à saúde, como câncer, aborto, doenças crônicas. São dois meses de preparo para saberem como dizer algo que mudará a vida de quem está no outro lado e de sua família. Há protocolos que servem como bússola, porém, o que realmente importa é a sensibilidade e a empatia. Quanto mais preparado o líder, menos sequelas haverá.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

*

MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Você trabalha demais? (30/3, C3). De forma inconsciente, é sempre esperado de nós, mulheres, que trabalhemos mais para conquistar uma voz em nossa sociedade. Junto com essa certeza vem a correta crítica a uma rotina com pouco espaço de descanso e real desfrute de nossas conquistas. É importante, entretanto, lembrarmos que não somos homogêneas e que para parcela significativa de nós o trabalho é o principal espaço de criação e inspiração. Cobrar de algumas mulheres que diminuam seu tempo de trabalho é querer impor a elas um significado ao descanso que talvez não faça sentido.

Irina Frare Cezar

São Paulo

*

ROBERTO GODOY

Muita tristeza com o falecimento do sr. Roberto Godoy. Vai fazer muita falta. Eu sempre adorei seus comentários e matérias. Uma pena!

Marcos Giglio

São Paulo

*

ESPECIALISTA EM DEFESA

Com tristeza li sobre o falecimento do brilhante jornalista Roberto Godoy (Estado, 30/3, A10). Não teremos tão cedo outro substituto com o conhecimento que Godoy possuía na área bélica. Meus sinceros sentimentos à família desse brilhante e simpático jornalista, extensivo ao Estadão.

Agnes Eckermann

Porto Feliz

*

TRADUÇÃO DE NOTÍCIAS

Gostaria de acrescer um mérito muito especial sobre o senhor Roberto Godoy: as traduções de notícias de políticas e ações bélicas, geralmente genéricas e de difícil praticidade. O jornal editava em “linguagem da gente”, um adendo precioso para o aprofundamento e intelecção da notícia. Para mim, aos 87 anos, era um prazer muito grande. Como publicou a Veja sobre o saudoso Paulo Francis: “Vai fazer falta”. Condolências de todos nós.

Lourenço Júlio Cesar Paolini

São Paulo

60 anos do golpe

‘Relatos sobre a ruptura’

Cumprimento o Estadão pela oportuna publicação do caderno especial Relatos sobre a ruptura, a respeito dos 60 anos do golpe de 1964. A história daquele período ainda está longe de estar contada. O jornalista Ruy Mesquita tinha toda razão ao afirmar que a história daquele momento havia sido contada pelos derrotados, ao contrário do que ocorre regularmente, quando a história é contada pelos vencedores. Isso causou enorme distorção dos fatos e muita coisa que nunca passou de “narrativa de gente querendo ficar bem na foto” se transformou em verdade definitiva. Faltam a leitura de milhares de documentos e a correta interpretação dos fatos, de 1964 até o fim da ditadura. E, depois, seus impactos até os dias de hoje. Os depoimentos que constam do caderno e suas duas últimas páginas, sobre a atuação do Estadão e de suas redações, trazem luz sobre o período e colocam uma série de pontos de convergência entre 1964 e agora, quando a polarização das posições políticas impede um mínimo de bom senso de vários agentes envolvidos com os destinos da Pátria, ao menos para analisar a História e tirar o que realmente importa dela. Que caia um pouco de luz sobre o Brasil. O que está em jogo é o futuro da Nação. Mais uma vez, em sua história centenária, o Estadão mostra seu engajamento com o País.

Antonio Penteado Mendonça

São Paulo

*

Polarização ontem e hoje

Belíssimo trabalho do Estadão no domingo (Depoimentos inéditos expõem polarização que levou à ruptura, 31/3). Naquela época, o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, alertou: “Esses caras não sabem, mas a hora em que meterem a cabeça para fora, nós cortaremos o pescoço”. Não foi o que aconteceu. E hoje o Brasil continua se arrastando entre um ex-capitão que idolatra torturadores e um democrata apoiador de ditadores vizinhos, que ameaçou: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. Aprendemos alguma coisa nestes 60 anos?

Celso Francisco Álvares Leite

Limeira

*

Educação

A importância do professor

Guiomar Namo de Mello é uma referência para a educação brasileira e sua entrevista ao Estadão traz luz a muitos fatores que emperram o processo educacional do País (‘Criamos ensino integral, mas não adianta dar o ruim 2 vezes’, 31/3, A18). Creio que faltou iluminar uma questão: a falta de autonomia das escolas para resolverem questões básicas. Concordo que a formação de professores e gestores deixa muito a desejar e, talvez por essa constatação ser de conhecimento geral, as deliberações e pareceres do Conselho Nacional, dos estaduais e municipais tentam “reparações” por meio de normatizações. Uma escola heterônoma não forma cidadãos autônomos. Urge a reforma dos cursos de Pedagogia (a educação infantil e os anos iniciais do fundamental não atingem seus objetivos) e as “licenciaturas” precisam ser reformuladas no seu currículo e estendidas na sua carga horária para que tenhamos professores de Matemática, Biologia, Filosofia, e não bacharéis que têm na sala de aula a sua última alternativa de trabalho. A universidade precisa assumir sua responsabilidade na formação de professores, porque não importa se o curso é presencial ou EAD, ela precisa se ater a reformular a estrutura curricular dos cursos.

Edimara de Lima

São Paulo

*

Educação básica

O editorial A educação pede audácia e urgência (Estadão, 1º/4, A3) toca num ponto fundamental: a gestão do processo educacional. Isso se faz sentir em todos os níveis da educação básica (educação infantil, pré-escola, educação fundamental, ensino médio e ensino médio técnico) até a educação superior. Se o governo federal toma para si a expansão do ensino superior, é ali, na educação básica – que também inclui a educação de jovens e adultos (EJA), a educação no campo e a educação especial – que está a origem dos problemas que desembocarão no ensino superior. A Lei de Diretrizes e Bases deixa claras as competências da União (coordenação da política nacional de educação, elaboração do plano nacional de educação, financiamento), dos Estados (organização dos ensinos fundamental e médio) e dos municípios (organização da educação infantil e do ensino fundamental). Também a família, como responsável pela educação moral e cívica dos seus filhos e pelo acompanhamento do desenvolvimento escolar, se reveste de extrema importância para o sucesso na empreitada da educação formal.

Fauzi Timaco Jorge

São Paulo

*

Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HISTÓRIA DO PAÍS

A história política do País de 1961 a 1964 necessita ser contada sem o romantismo da esquerda e da direita. E também sem fundamentar-se na história em papel, isto é, nos documentos principalmente da burocracia nacional ou americana, desligados objetivamente de acontecimentos reais específicos. A história do início dos anos 1960 desembocou na declaração da vacância da Presidência da República pelo Congresso Nacional (o que, nos termos do artigo 79 da Constituição, chamou para a cadeira o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli); e no período de exceção de eleição indireta dos generais presidentes da República. A história da segunda metade do século 20 não mostra qualquer semelhança política e social com a tentativa de golpe de Estado iniciada em 2021 e propagada em 7 de setembro de 2022 – quando se deveriam comemorar os 200 anos do grito do regente dom Pedro no Ipiranga – e abortada em 8 de janeiro do ano seguinte. A história inventada daqui não é feliz na construção da identidade nacional e dificulta, dessa forma, a imaginação coletiva do futuro e o equacionamento de boas soluções no presente.

Fabio Gino Francescutti

Rio de Janeiro

*

ANOS MILITARES

História, a real, é redentora. A única saída para esta estupidez bipolar que vivemos no Brasil é contar a história dos anos militares sem adjetivos, culpados, heróis, vítimas. O que foi o Brasil entre 1964 e 1985, ganhos, perdas, erros, abusos? A história já foi contada? Tenho certeza de que não, por ter sido parcial. Tenho certeza de que entre histéricos havia um país, uma população e tudo mais relacionado à vida destes dentro do contexto do mundo de então. Mesmo quem viveu aquela época só tem uma visão muito particular dos acontecidos, o que influencia, e muito, uma visão particular, portanto distorcida, daquele momento. Precisamos urgentemente de muitos Laurentinos Gomes e de John Lukacs para começar a passar a limpo nossa história da segunda década do século 20, principalmente aqueles 21 anos da vida no Brasil. Sem isso continuaremos sendo mais um país de histéricos se digladiando inutilmente.

Arturo Alcorta

São Paulo

*

PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Maior protesto em Israel desde a guerra pede renúncia de Netanyahu. Esse protesto não deve surpreender ninguém, já que qualquer político que insista em tirar o sagrado direito de um povo de exercitar sua liberdade estará destinado ao fracasso. O desejo e o direito à liberdade são inerentes a todos os seres humanos.

Vera Bertolucci

São Paulo

*

EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Excelente, o artigo A volúvel Constituição de 1988 (29/3, A4). Sobre emendas constitucionais, publiquei na Revista de Direito Constitucional e Internacional (n.º 33/2000, n.º 82/2013, n.º 13/2019) artigos enfatizando o disposto no artigo 14 da Constituição, que estabelece formas de consulta popular, exigência do Estado Democrático de Direito (artigo 1.º): plebiscito e referendo – medidas não utilizadas até hoje pelo Congresso Nacional. Portanto, todas legais (artigo 60) e todas ilegitimas pelo não atendimento ao citado artigo 14 da Constituição.

Maria Garcia

São Paulo

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INDÚSTRIA NACIONAL

O que temos, infelizmente, é um governo que prega o atraso, aparentemente indiferente às rápidas e revolucionárias mudanças tecnológicas que estão transformando o setor industrial mundial, resultando num lento e trágico processo de destruição da indústria brasileira. Para esse (des)governo, é infinitamente mais fácil simplesmente continuar a fazer políticas obsoletas e fracassadas, como atender a lobbies de todo tipo e continuar a dar subsídios, proteção, crédito fácil, exigência de conteúdo nacional e isenções a setores escolhidos a dedo, ao invés de se debruçar para tentar pelo menos entender a nova realidade do século 21. Justiça seja feita: como uma administração que privilegia ações vazias de marketing e não prima pela eficiência e produtividade iria perder tempo tentando impor conceitos, que lhe são obscuros, à indústria nacional (Estado, 31/4, B2)? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

*

FORMAÇÃO TÉCNICA

Os países com altas taxas de crescimento neste século tiveram em comum Estados autoritários como a China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e, mais recentemente, Vietnã e Indonésia. A própria Índia ainda mantém governo autoritário, em que um partido único domina a cena política. Até o Chile se beneficiou do mesmo modelo até chegar à atual democracia. Como denominador comum, o sistema educacional com ênfase na formação técnica foi uma das molas mestres para esses resultados, a antítese do caminho percorrido pelo Brasil.

Eduardo Augusto Buarque de Almeida

São Paulo

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FALTA DE LIVROS DIDÁTICOS

São comuns a falta e o atraso dos livros didáticos tanto federal quanto municipal para os estudantes e professores da rede municipal de ensino de São Paulo. Nós, professores, temos que nos virar para trabalhar sem os livros, sendo que na rede particular esses materiais são de fundamental importância para os estudantes. Secretaria Municipal de Educação (SME), editoras e Ministério da Educação se esquivam do problema, um empurra para o outro e ninguém resolve. E professor que cobra é punido.

Eliel Queiroz Barros

Santo André

*

DIAGNÓSTICO PRECISO

Li que o presidente Lula está preocupado com 40 mil pessoas que estão com o mesmo problema de quadril que ele tinha. Curado, o presidente disse que vai pedir à ministra da Saúde, Nísia Trindade, para resolver o problema de 0,0002% da população. E os outros? Considerando a população de 210 milhões e o conhecimento de que no SUS as filas são intermináveis para fazer uma simples mamografia, o que Lula poderia fazer para amenizar o sofrimento das pessoas que sofrem sem um diagnóstico preciso? Os R$ 197 milhões que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) gastará para contratar quatro agências para melhorar a imagem do presidente que vem caindo nas pesquisas não ajudaria as pessoas que clamam por tratamento?

Izabel Avallone

São Paulo

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SERGIO MORO

Sergio Moro está pagando caro por ter embarcado nas promessas de Jair Messias Bolsonaro. Aceitou o cargo de ministro da Justiça com a melhor das intenções: combater o crime organizado e a corrupção. E, é óbvio, contando com a promessa de indicação para a Suprema Corte. Depois da “carta branca” e do “quem manda sou eu” do então presidente, não teve mais estômago para continuar e renunciou ao cargo. Perdeu tudo. A brilhante carreira como juiz federal e a vida financeira. E em breve perderá também seu mandato de senador, porque certamente será cassado pelo TRE do Paraná. Enquanto isso, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, segundo relatório do Coaf. O Mito deve a Moro um pedido de desculpas pelos danos irreparáveis que lhe causou.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

*

POSTAGEM DE PÁSCOA

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase dita por um soldado romano: “Bandido bom é bandido morto”. Eu já vi burrice e tiro no pé, mas igual a essa declaração nunca imaginei ver.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

*

MÁS NOTÍCIAS

Matéria do Estadão aborda tema relevante e que causa mudanças importantes em várias pessoas: demissão e despreparo dos líderes para lidar com a estressante situação (Estado, 31/3, B8). Há vários anos treino alunos de Medicina para transmitir más notícias, nesse caso relacionadas à saúde, como câncer, aborto, doenças crônicas. São dois meses de preparo para saberem como dizer algo que mudará a vida de quem está no outro lado e de sua família. Há protocolos que servem como bússola, porém, o que realmente importa é a sensibilidade e a empatia. Quanto mais preparado o líder, menos sequelas haverá.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

*

MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Você trabalha demais? (30/3, C3). De forma inconsciente, é sempre esperado de nós, mulheres, que trabalhemos mais para conquistar uma voz em nossa sociedade. Junto com essa certeza vem a correta crítica a uma rotina com pouco espaço de descanso e real desfrute de nossas conquistas. É importante, entretanto, lembrarmos que não somos homogêneas e que para parcela significativa de nós o trabalho é o principal espaço de criação e inspiração. Cobrar de algumas mulheres que diminuam seu tempo de trabalho é querer impor a elas um significado ao descanso que talvez não faça sentido.

Irina Frare Cezar

São Paulo

*

ROBERTO GODOY

Muita tristeza com o falecimento do sr. Roberto Godoy. Vai fazer muita falta. Eu sempre adorei seus comentários e matérias. Uma pena!

Marcos Giglio

São Paulo

*

ESPECIALISTA EM DEFESA

Com tristeza li sobre o falecimento do brilhante jornalista Roberto Godoy (Estado, 30/3, A10). Não teremos tão cedo outro substituto com o conhecimento que Godoy possuía na área bélica. Meus sinceros sentimentos à família desse brilhante e simpático jornalista, extensivo ao Estadão.

Agnes Eckermann

Porto Feliz

*

TRADUÇÃO DE NOTÍCIAS

Gostaria de acrescer um mérito muito especial sobre o senhor Roberto Godoy: as traduções de notícias de políticas e ações bélicas, geralmente genéricas e de difícil praticidade. O jornal editava em “linguagem da gente”, um adendo precioso para o aprofundamento e intelecção da notícia. Para mim, aos 87 anos, era um prazer muito grande. Como publicou a Veja sobre o saudoso Paulo Francis: “Vai fazer falta”. Condolências de todos nós.

Lourenço Júlio Cesar Paolini

São Paulo

60 anos do golpe

‘Relatos sobre a ruptura’

Cumprimento o Estadão pela oportuna publicação do caderno especial Relatos sobre a ruptura, a respeito dos 60 anos do golpe de 1964. A história daquele período ainda está longe de estar contada. O jornalista Ruy Mesquita tinha toda razão ao afirmar que a história daquele momento havia sido contada pelos derrotados, ao contrário do que ocorre regularmente, quando a história é contada pelos vencedores. Isso causou enorme distorção dos fatos e muita coisa que nunca passou de “narrativa de gente querendo ficar bem na foto” se transformou em verdade definitiva. Faltam a leitura de milhares de documentos e a correta interpretação dos fatos, de 1964 até o fim da ditadura. E, depois, seus impactos até os dias de hoje. Os depoimentos que constam do caderno e suas duas últimas páginas, sobre a atuação do Estadão e de suas redações, trazem luz sobre o período e colocam uma série de pontos de convergência entre 1964 e agora, quando a polarização das posições políticas impede um mínimo de bom senso de vários agentes envolvidos com os destinos da Pátria, ao menos para analisar a História e tirar o que realmente importa dela. Que caia um pouco de luz sobre o Brasil. O que está em jogo é o futuro da Nação. Mais uma vez, em sua história centenária, o Estadão mostra seu engajamento com o País.

Antonio Penteado Mendonça

São Paulo

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Polarização ontem e hoje

Belíssimo trabalho do Estadão no domingo (Depoimentos inéditos expõem polarização que levou à ruptura, 31/3). Naquela época, o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, alertou: “Esses caras não sabem, mas a hora em que meterem a cabeça para fora, nós cortaremos o pescoço”. Não foi o que aconteceu. E hoje o Brasil continua se arrastando entre um ex-capitão que idolatra torturadores e um democrata apoiador de ditadores vizinhos, que ameaçou: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. Aprendemos alguma coisa nestes 60 anos?

Celso Francisco Álvares Leite

Limeira

*

Educação

A importância do professor

Guiomar Namo de Mello é uma referência para a educação brasileira e sua entrevista ao Estadão traz luz a muitos fatores que emperram o processo educacional do País (‘Criamos ensino integral, mas não adianta dar o ruim 2 vezes’, 31/3, A18). Creio que faltou iluminar uma questão: a falta de autonomia das escolas para resolverem questões básicas. Concordo que a formação de professores e gestores deixa muito a desejar e, talvez por essa constatação ser de conhecimento geral, as deliberações e pareceres do Conselho Nacional, dos estaduais e municipais tentam “reparações” por meio de normatizações. Uma escola heterônoma não forma cidadãos autônomos. Urge a reforma dos cursos de Pedagogia (a educação infantil e os anos iniciais do fundamental não atingem seus objetivos) e as “licenciaturas” precisam ser reformuladas no seu currículo e estendidas na sua carga horária para que tenhamos professores de Matemática, Biologia, Filosofia, e não bacharéis que têm na sala de aula a sua última alternativa de trabalho. A universidade precisa assumir sua responsabilidade na formação de professores, porque não importa se o curso é presencial ou EAD, ela precisa se ater a reformular a estrutura curricular dos cursos.

Edimara de Lima

São Paulo

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Educação básica

O editorial A educação pede audácia e urgência (Estadão, 1º/4, A3) toca num ponto fundamental: a gestão do processo educacional. Isso se faz sentir em todos os níveis da educação básica (educação infantil, pré-escola, educação fundamental, ensino médio e ensino médio técnico) até a educação superior. Se o governo federal toma para si a expansão do ensino superior, é ali, na educação básica – que também inclui a educação de jovens e adultos (EJA), a educação no campo e a educação especial – que está a origem dos problemas que desembocarão no ensino superior. A Lei de Diretrizes e Bases deixa claras as competências da União (coordenação da política nacional de educação, elaboração do plano nacional de educação, financiamento), dos Estados (organização dos ensinos fundamental e médio) e dos municípios (organização da educação infantil e do ensino fundamental). Também a família, como responsável pela educação moral e cívica dos seus filhos e pelo acompanhamento do desenvolvimento escolar, se reveste de extrema importância para o sucesso na empreitada da educação formal.

Fauzi Timaco Jorge

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

HISTÓRIA DO PAÍS

A história política do País de 1961 a 1964 necessita ser contada sem o romantismo da esquerda e da direita. E também sem fundamentar-se na história em papel, isto é, nos documentos principalmente da burocracia nacional ou americana, desligados objetivamente de acontecimentos reais específicos. A história do início dos anos 1960 desembocou na declaração da vacância da Presidência da República pelo Congresso Nacional (o que, nos termos do artigo 79 da Constituição, chamou para a cadeira o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli); e no período de exceção de eleição indireta dos generais presidentes da República. A história da segunda metade do século 20 não mostra qualquer semelhança política e social com a tentativa de golpe de Estado iniciada em 2021 e propagada em 7 de setembro de 2022 – quando se deveriam comemorar os 200 anos do grito do regente dom Pedro no Ipiranga – e abortada em 8 de janeiro do ano seguinte. A história inventada daqui não é feliz na construção da identidade nacional e dificulta, dessa forma, a imaginação coletiva do futuro e o equacionamento de boas soluções no presente.

Fabio Gino Francescutti

Rio de Janeiro

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ANOS MILITARES

História, a real, é redentora. A única saída para esta estupidez bipolar que vivemos no Brasil é contar a história dos anos militares sem adjetivos, culpados, heróis, vítimas. O que foi o Brasil entre 1964 e 1985, ganhos, perdas, erros, abusos? A história já foi contada? Tenho certeza de que não, por ter sido parcial. Tenho certeza de que entre histéricos havia um país, uma população e tudo mais relacionado à vida destes dentro do contexto do mundo de então. Mesmo quem viveu aquela época só tem uma visão muito particular dos acontecidos, o que influencia, e muito, uma visão particular, portanto distorcida, daquele momento. Precisamos urgentemente de muitos Laurentinos Gomes e de John Lukacs para começar a passar a limpo nossa história da segunda década do século 20, principalmente aqueles 21 anos da vida no Brasil. Sem isso continuaremos sendo mais um país de histéricos se digladiando inutilmente.

Arturo Alcorta

São Paulo

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PRIMEIRO-MINISTRO DE ISRAEL

Maior protesto em Israel desde a guerra pede renúncia de Netanyahu. Esse protesto não deve surpreender ninguém, já que qualquer político que insista em tirar o sagrado direito de um povo de exercitar sua liberdade estará destinado ao fracasso. O desejo e o direito à liberdade são inerentes a todos os seres humanos.

Vera Bertolucci

São Paulo

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EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Excelente, o artigo A volúvel Constituição de 1988 (29/3, A4). Sobre emendas constitucionais, publiquei na Revista de Direito Constitucional e Internacional (n.º 33/2000, n.º 82/2013, n.º 13/2019) artigos enfatizando o disposto no artigo 14 da Constituição, que estabelece formas de consulta popular, exigência do Estado Democrático de Direito (artigo 1.º): plebiscito e referendo – medidas não utilizadas até hoje pelo Congresso Nacional. Portanto, todas legais (artigo 60) e todas ilegitimas pelo não atendimento ao citado artigo 14 da Constituição.

Maria Garcia

São Paulo

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INDÚSTRIA NACIONAL

O que temos, infelizmente, é um governo que prega o atraso, aparentemente indiferente às rápidas e revolucionárias mudanças tecnológicas que estão transformando o setor industrial mundial, resultando num lento e trágico processo de destruição da indústria brasileira. Para esse (des)governo, é infinitamente mais fácil simplesmente continuar a fazer políticas obsoletas e fracassadas, como atender a lobbies de todo tipo e continuar a dar subsídios, proteção, crédito fácil, exigência de conteúdo nacional e isenções a setores escolhidos a dedo, ao invés de se debruçar para tentar pelo menos entender a nova realidade do século 21. Justiça seja feita: como uma administração que privilegia ações vazias de marketing e não prima pela eficiência e produtividade iria perder tempo tentando impor conceitos, que lhe são obscuros, à indústria nacional (Estado, 31/4, B2)? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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FORMAÇÃO TÉCNICA

Os países com altas taxas de crescimento neste século tiveram em comum Estados autoritários como a China, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e, mais recentemente, Vietnã e Indonésia. A própria Índia ainda mantém governo autoritário, em que um partido único domina a cena política. Até o Chile se beneficiou do mesmo modelo até chegar à atual democracia. Como denominador comum, o sistema educacional com ênfase na formação técnica foi uma das molas mestres para esses resultados, a antítese do caminho percorrido pelo Brasil.

Eduardo Augusto Buarque de Almeida

São Paulo

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FALTA DE LIVROS DIDÁTICOS

São comuns a falta e o atraso dos livros didáticos tanto federal quanto municipal para os estudantes e professores da rede municipal de ensino de São Paulo. Nós, professores, temos que nos virar para trabalhar sem os livros, sendo que na rede particular esses materiais são de fundamental importância para os estudantes. Secretaria Municipal de Educação (SME), editoras e Ministério da Educação se esquivam do problema, um empurra para o outro e ninguém resolve. E professor que cobra é punido.

Eliel Queiroz Barros

Santo André

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DIAGNÓSTICO PRECISO

Li que o presidente Lula está preocupado com 40 mil pessoas que estão com o mesmo problema de quadril que ele tinha. Curado, o presidente disse que vai pedir à ministra da Saúde, Nísia Trindade, para resolver o problema de 0,0002% da população. E os outros? Considerando a população de 210 milhões e o conhecimento de que no SUS as filas são intermináveis para fazer uma simples mamografia, o que Lula poderia fazer para amenizar o sofrimento das pessoas que sofrem sem um diagnóstico preciso? Os R$ 197 milhões que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) gastará para contratar quatro agências para melhorar a imagem do presidente que vem caindo nas pesquisas não ajudaria as pessoas que clamam por tratamento?

Izabel Avallone

São Paulo

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SERGIO MORO

Sergio Moro está pagando caro por ter embarcado nas promessas de Jair Messias Bolsonaro. Aceitou o cargo de ministro da Justiça com a melhor das intenções: combater o crime organizado e a corrupção. E, é óbvio, contando com a promessa de indicação para a Suprema Corte. Depois da “carta branca” e do “quem manda sou eu” do então presidente, não teve mais estômago para continuar e renunciou ao cargo. Perdeu tudo. A brilhante carreira como juiz federal e a vida financeira. E em breve perderá também seu mandato de senador, porque certamente será cassado pelo TRE do Paraná. Enquanto isso, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, segundo relatório do Coaf. O Mito deve a Moro um pedido de desculpas pelos danos irreparáveis que lhe causou.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

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POSTAGEM DE PÁSCOA

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase dita por um soldado romano: “Bandido bom é bandido morto”. Eu já vi burrice e tiro no pé, mas igual a essa declaração nunca imaginei ver.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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MÁS NOTÍCIAS

Matéria do Estadão aborda tema relevante e que causa mudanças importantes em várias pessoas: demissão e despreparo dos líderes para lidar com a estressante situação (Estado, 31/3, B8). Há vários anos treino alunos de Medicina para transmitir más notícias, nesse caso relacionadas à saúde, como câncer, aborto, doenças crônicas. São dois meses de preparo para saberem como dizer algo que mudará a vida de quem está no outro lado e de sua família. Há protocolos que servem como bússola, porém, o que realmente importa é a sensibilidade e a empatia. Quanto mais preparado o líder, menos sequelas haverá.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

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MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Você trabalha demais? (30/3, C3). De forma inconsciente, é sempre esperado de nós, mulheres, que trabalhemos mais para conquistar uma voz em nossa sociedade. Junto com essa certeza vem a correta crítica a uma rotina com pouco espaço de descanso e real desfrute de nossas conquistas. É importante, entretanto, lembrarmos que não somos homogêneas e que para parcela significativa de nós o trabalho é o principal espaço de criação e inspiração. Cobrar de algumas mulheres que diminuam seu tempo de trabalho é querer impor a elas um significado ao descanso que talvez não faça sentido.

Irina Frare Cezar

São Paulo

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ROBERTO GODOY

Muita tristeza com o falecimento do sr. Roberto Godoy. Vai fazer muita falta. Eu sempre adorei seus comentários e matérias. Uma pena!

Marcos Giglio

São Paulo

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ESPECIALISTA EM DEFESA

Com tristeza li sobre o falecimento do brilhante jornalista Roberto Godoy (Estado, 30/3, A10). Não teremos tão cedo outro substituto com o conhecimento que Godoy possuía na área bélica. Meus sinceros sentimentos à família desse brilhante e simpático jornalista, extensivo ao Estadão.

Agnes Eckermann

Porto Feliz

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TRADUÇÃO DE NOTÍCIAS

Gostaria de acrescer um mérito muito especial sobre o senhor Roberto Godoy: as traduções de notícias de políticas e ações bélicas, geralmente genéricas e de difícil praticidade. O jornal editava em “linguagem da gente”, um adendo precioso para o aprofundamento e intelecção da notícia. Para mim, aos 87 anos, era um prazer muito grande. Como publicou a Veja sobre o saudoso Paulo Francis: “Vai fazer falta”. Condolências de todos nós.

Lourenço Júlio Cesar Paolini

São Paulo

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