Economia brasileira
2025, o ano da colheita
Em 1500, em carta ao rei de Portugal, dom Manuel, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha, ainda nem tinha levado uma picada de borrachudo e já informava ao soberano que “nesta terra, em se plantando, tudo dá”. Puro chute, e acertou. Poderia ter levado uma nota 10, se também tivesse acertado sobre as invasões de terras (e olhem que ele estava entre os primeiros invasores), sobre a corrupção desenfreada e o toma lá dá cá – do qual também foi precursor, nas trocas de espelhinhos, pentes, anzóis, machados e outros utensílios por pau-brasil. Hoje, 524 anos após as primeiras lições, temos muitos catedráticos na arte das barganhas, e ninguém ficou em segunda época, todos passaram com louvor. Em entrevista a uma rede de TV, recém-saído do hospital, o presidente Lula da Silva disse que 2025 será o ano da colheita, e vamos colher o que plantamos. É claro que não se referiu às hortaliças, frutas, legumes ou grãos, pois o agronegócio brasileiro vai muito bem, obrigado; mas, sim, Lula está de olho em 2026, pois não está saindo muito bem na foto e a tendência é de queima total do filme depois que sancionar o embrulho fiscal do Papai Noel Haddad, com surpresas desagradáveis. Ho, ho, ho!
Sérgio Dafré
Jundiaí
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Contando moedinhas
O ministro Haddad ficou tranquilão. Publicação no Diário Oficial da União na semana passada informou que moedas atiradas por turistas serão retiradas dos lagos e espelhos d’água de Brasília e o montante resgatado na operação será incorporado ao Tesouro Nacional. Essa grana toda – que será “pescada” a cada seis meses – é o que faltava ao governo para equilibrar as contas do arcabouço fiscal.
A. Fernandes
São Paulo
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Doações
Parece brincadeira, mas é verdade: o governo vai recolher as moedas atiradas nos espelhos d’água dos Palácios da Alvorada e do Planalto. O dinheiro arrecadado irá para o Tesouro Nacional, mais conhecido como caixa do governo. A que ponto chegamos! O governo do presidente perdulário está juntando as moedinhas até debaixo d’água. Todo sacrifício é para manter a estabilidade da dívida pública e cumprir a meta fiscal. Depois das moedas do espelho d’água, neste Natal a equipe do governo deveria dialogar com a militância que o apoia e pedir uma doação, como recentemente os corintianos fizeram para ajudar na dívida do clube: “Doe qualquer quantia para tirar o governo do PT do sufoco!”.
Izabel Avallone
São Paulo
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Plano golpista de 2022
Braga Netto democrata?
Será que o general de quatro estrelas preso preventivamente é, de fato, um democrata? Seu novo advogado afirmou com fraca lógica e retórica previsível que sim, ele é um democrata e não cometeu crime algum. Que advogado de defesa diria o contrário? O único elemento de verdade no argumento do doutor José Luís Oliveira Lima é o fato de sublinhar a impossibilidade de conciliar democracia e crime. Porém aplicar essas premissas ao general, levando em conta as provas já levantadas pela Polícia Federal, é no mínimo mera falácia. É claro que tanto a retórica quanto a falácia são estratégias de linguagem utilizadas para convencer e, portanto, correm sendo instrumentos dos operadores do Direito. Creio, porém, que o novo advogado de Braga Netto deveria preocupar-se com que os direitos do seu cliente sejam garantidos em todo o processo, e não antecipar conclusões falaciosas. O processo não está concluído. A justiça colocará na balança a retórica, a falácia e os fatos. Assim espero.
Luís Fabiano dos S. Barbosa
Bauru
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Boas-festas
O Estadão agradece e retribui os votos de Feliz Natal e próspero ano novo de César R. Matavelli (GCRM Consultoria em Processos de Negócio); Ðecol, J.S. Marketing & Copyright Worldwide; Deri Lemos Maia; Equipe LaborClínica; Luciano Harary; Luiz Felipe D’Ávila; Paulo Roberto Gotaç; Original 123 Comunicação (Márcio Chaer, Alessandro Cristo, André Aron, Carlos Vieira, Cristina Ferreira, Dora Estavam, Fernanda Martins, Gabriela Paz Castro, Gláucia Milício, José Carlos Pegorim, Keila Loureiro, Leonardo Lellis, Lucca Lyra, Lucas Franco, Priscila Souza, Rafael Kimati, Rafael Satiro, Rafael Villar, Regiane Souza, Rosana Machado e Silvana Deolinda); Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação; Sergio Dafré; Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA); Vicente Limongi Netto; e Vicky Vogel.
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
SINTOMÁTICO
A alta do dólar tem motivo certo: o pacote apresentado não deu nenhuma garantia de que o governo iria cortar gastos. Mas Fernando Haddad finge que a moeda não disparou e que ela se acomodará. O que está em jogo é quando e quanto valerá o dólar até lá. O governo federal trata o assunto com desdém e acha que não existe motivo para a disparada da moeda, sem contar que o cenário internacional também contribui. O cidadão já sente o peso dessa gastança quando precisa comprar no mercado, abastecer o carro e tudo que consome no dia a dia. Eis o estrago do dólar alto. A queda na popularidade do presidente tem razão de ser. Nada é tão sintomático quando se mexe no bolso do trabalhador.
Izabel Avallone
São Paulo
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GESTÃO LULA
Como resultado de termos um presidente como Lula, soberbo e surdo, de governo fraco, sem liderança, sem votos no Congresso, que sangra mediocridade, o dólar, em função da farra de gastos e falta de zelo com as contas públicas, chegou aos R$ 6,30. Para tentar domar a alta da moeda americana, o Banco Central vendeu mais de US$ 20 bilhões nos últimos dias. Porém, o Planalto, para engabelar a população, porque desgraçadamente não assumi seus graves erros, diz que a alta do dólar ocorre em função de um ataque especulativo. Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, o mesmo nomeado por Lula, rebate dizendo não existir ataque especulativo. Enquanto isso, com um governo sem rumo e sem capacidade de realizar o que é melhor para o País, ainda teve a coragem de apresentar um pífio pacote de corte de gastos, aprovado pelo Congresso na quinta-feira passada, 19/12. Mas, em função da precariedade das contas públicas, convivemos com uma inflação que pode fechar o ano em 5%, taxa Selic em 12,25%, que se estima chegar em meados de 2025 em até 15%. Além disso, essa malvada conta com os juros nas alturas, seguramente será paga pelas empresas e consumidor final. E no isolamento, sem bem-estar social, como fica essa vergonha de ainda termos no Brasil quase 60 milhões de brasileiros na linha da pobreza, enquanto Lula só pensa na sua reeleição em 2026?
Paulo Panossian
São Carlos
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OPOSIÇÃO
A imagem de um grupo de deputados da oposição comemorando a alta do dólar, como se não tivessem nada a ver com o problema, é deprimente e mostra o baixo nível de nosso legislativo. Não é por acaso que a atual legislatura está sendo considerada a pior de todos os tempos.
Sylvio Belém
Recife
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COTAÇÃO DO DÓLAR
Alvaro Gribel, na sua coluna A crise entre o real e o projetado (Estadão, 19/12, B4) foi brilhante, didático e conciso na explicação da cotação do dólar.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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SUBSÍDIOS
Em vez dos Faria Limers fazerem um tal ataque especulativo na moeda, porque não mudam para um ataque real aos subsídios dados a diversos setores? Seria por que contraria uma série dos ditos liberais da economia ou por que estes não sobreviveriam sem esses subsídios?
Roberto Sigaud
São Paulo
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ESQUECIMENTO
Em um dos discursos de Luiz Inácio Lula da Silva, durante a campanha para presidente, ele afirmou que sabia que o salário mínimo e aposentadoria estavam defasados e que haviam perdido o poder de compra. Afirmou ainda que iria interferir, junto aos órgãos competentes, para que houvesse um ajuste mais significativo. Estamos no fim do ano e nada mais foi falado. Será que o presidente Lula se esqueceu?Principalmente os aposentados que sentem que seus benefícios estão cada ano mais achatados.
Humberto Lotufo Filho
Campinas
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POPULARIDADE
Já que a popularidade do presidente Lula está em forte baixa, por que não enfrenta o Congresso denunciando as pressões do centrão com suas emendas descabidas?
Luiz Frid
São Paulo
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RETRATO EMBLEMÁTICO
Congresso veta corte de emenda e eleva Fundo Partidário (Estadão, 19/12, B1). A machete do Estadão, com foto emblemática, é um retrato da atuação do Congresso Nacional em defender seus próprios interesses. A Nação que se dane. São 513 deputados e 81 senadores em busca de dinheiro e reeleição em primeiro lugar. R$ 50 bilhões em emendas parlamentares é quanto custa ao Executivo ter apoio do Legislativo.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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PRECONCEITO
No mesmo dia em que é anunciada a condenação por dez anos de prisão em regime fechado a um empresário pela prática de racismo e xenofobia contra frentista em Curitiba (PR), em outubro de 2023, acontece outro caso em São Paulo: uma senhora, que colocava coroa de flores na porta do prédio onde mora o presidente Lula, acabou sendo presa por lançar insultos raciais contra um policial federal que atuava na proteção do local. É necessário uma campanha nacional para tentar reprimir a ocorrência desses atos.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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ACOMODADOS
País que perdeu medo de prender generais agora tem que saber enfrentar lobby da magistratura (Estadão, 19/12), mas que, infelizmente, não perdeu o medo de reconduzir Luiz Inácio à cadeia, condenado inapelavelmente em três instâncias a 12 anos de prisão, e nem de seus cúmplices que o apontaram como chefe do esquema de desvio de verbas, e que, em acordo de delação premiada, restituíram aos cofres públicos R$ 25 bilhões. “Braga Netto foi preso e ninguém deu um pio”. Óbvio. Estão todos acomodados e agarrados a esse governo ilícito, e alinhados a uma Justiça arbitrária.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto