Diplomacia
Brilho no ego
Com base na notícia de que Lula negocia volta de financiamentos pós-Lava Jato com países da África (Estado, 26/8, A16) e no artigo de Rolf Kuntz Dólar, yuan e tango (Estado, 27/8, A5), conclui-se que o ego do presidente Lula já não cabe mais na Presidência do Brasil. Ele quer mais. Quer ser o grande estadista do mundo, consagrado como o grande reformulador da ONU e o grande confrontador dos EUA. O problema é que quem paga esses devaneios somos nós, o povo brasileiro. Nunca consegui compreender como obras públicas feitas em outros países por empreiteiras brasileiras, mas financiadas pelo BNDES e com o aval do Tesouro do Brasil, pudessem trazer vantagens para o nosso povo. Isso nos foi garantido por grandes petistas quando esta patranha, pela primeira vez, foi enfiada na nossa goela. O resultado foi o esperado: corrupção, calotes e uma garfada no nosso rico dinheirinho. Agora, o presidente Lula viaja a Angola para anunciar financiamentos do BNDES naquele país apesar de ainda não haver nem projetos prontos. Será o primeiro caso no mundo em que o financiamento chega antes do projeto, da viabilidade técnica, financeira e ambiental. Mas isso pouco importa quando o que se pretende é um brilho no ego. Afinal, quem paga a conta somos nós e, como disse o brilhante professor Bolívar Lamounier (Estado, 26/8, A4), somos uma “carneirada”.
Affonso Maria Lima Morel
São Paulo
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Dinheiro do BNDES
É realmente inacreditável que o Brasil venha a oferecer linhas de crédito para países africanos. Duas observações: nosso país é rico apenas numa pequena ilha. Mais da metade dos brasileiros não tem saneamento básico, não tem água encanada nem se alimenta adequadamente. Outro ponto importante é que empréstimos malfeitos se tornam difíceis de ser recebidos, e já tivemos exemplos disso no passado. Vamos, pois, cuidar antes do Brasil que precisa.
Marco Antonio Martignon
São Paulo
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Educação
Democracia no currículo
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 1.108/2015, que trata da inclusão nas grades escolares do ensino médio das disciplinas Educação Política e Direitos da Cidadania. Excelente iniciativa. Mas, no meu entender, dependemos também de uma lei que determine a criação de uma graduação universitária destinada à formação de nossos políticos dentro do espírito, por óbvio, do PL em questão. Quem sabe, com o implemento de tal norma no nosso ordenamento jurídico, num médio prazo o Brasil deixe de vez de ser o eterno país do futuro?
Emmanoel Agostinho de Oliveira
Vitória da Conquista (BA)
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Ensino técnico
Cumprimento a jornalista Renata Cafardo por seu artigo intitulado O preconceito contra o ensino técnico (Estado, 27/8, A17). Estudei na antiga Escola Técnica Federal (hoje IFPB) e, mesmo já com mestrado e doutorado em área diversa, posso dizer que foi no curso técnico de nível médio que tive o ensino de melhor qualidade em minha vida.
Rogério Roberto Abreu
São Paulo
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Concordo com Renata Cafardo (27/8, A17) sobre o preconceito contra o ensino técnico, que é profissionalizante. Com ele, o aluno pode continuar seus estudos na faculdade que quiser, já tendo uma formação que o permite trabalhar em áreas especializadas, e pode, inclusive, ter ajuda para descobrir seu caminho profissional. Meu irmão estudou numa ótima escola técnica, onde teve contato com diferentes possibilidades para cursar um ensino superior. Fez Geologia e prosseguiu seus estudos de pós-graduação, lecionou em universidade pública e trabalhou em importantes órgãos federais. E que venham muitas mais Etecs!
Tania Tavares
São Paulo
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Show em Copacabana
Arrastões
Ao saber que cerca de 500 pessoas foram detidas após o show do DJ Alok na Praia de Copacabana, no sábado, e que o arrastão foi programado pelas redes sociais, penso que a segurança pública está sem condições de eliminar esse tipo de crime. Shows em ambiente aberto devem ser repensados e quem puder evitá-los que o faça. Socorro!
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
DIREITO DE INDEPENDÊNCIA
É indevido o questionamento atribuído à base aliada do presidente Lula da Silva sobre os votos do ministro Cristiano Zanin, no Supremo Tribunal Federal (STF). Patrulhá-lo por pronunciar-se contrário à liberação do uso de maconha é um engano e até ousadia, pois configura ataque ao direito de independência do magistrado, que não enganou ninguém ao definir-se como religioso e casado durante todo o tempo com a mesma mulher. E ainda mais: a prerrogativa do presidente da República de nomear os ministros das Cortes Superiores não os fazem vinculados ao governante e nem devedores de qualquer tipo de obrigação ou dependência. A nomeação segue um rito – que passa pela sabatina no Senado –, e sua motivação, entendida no jargão do Direito, é “ex tunc” (calcada sobre o passado). Tivesse relação com o futuro, seria “ex nunc”. Certamente, Lula escolheu Zanin por gratidão e por reconhecer sua competência, já que o retirou da prisão numa das situações mais complicadas de sua vida, em que já amargava várias condenações. Mas isso não vincula os dois. O ministro é independente e, para o bem próprio, da Justiça e do País, deve agir conforme sua convicção. E, se possível, em razão da alta responsabilidade e relevância da investidura, manter-se discreto e distante dos holofotes. Zanin é uma esperança.
Dirceu Cardoso Gonçalves
São Paulo
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VOTO SOLITÁRIO
Petistas e políticos de esquerda criticam o ministro do STF Cristiano Zanin pelo seu voto contra a descriminalização do porte de drogas. Parabéns, ministro, lembre-se de que “os cães ladram, mas a caravana passa”. Espero que seja independente e siga a sua consciência em todos seus julgamentos durante o tempo em que permanecer na Suprema Corte. Seu voto solitário, divergindo dos veteranos que o antecederam, até o momento, poderá influenciar outros votos faltantes, e salvar milhões de jovens desse maldito vício.
Sergio Dafrê
Jundiaí
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PASSOS DE FORMIGA
O voto do ministro do STF Cristiano Zanin contrário à descriminalização da maconha representa uma linha de pensamento que vem sendo amplamente discutida desde os votos favoráveis de outros cinco ministros. A argumentação de que o tema deve passar por discussão no Congresso é justa e procedente. Entretanto, o ponto de vista defendido por alguns, segundo o qual de nada adianta descriminalizar o uso recreativo enquanto o tráfico continua ativo, configura um verdadeiro beco sem saída pois o tráfico não desaparecerá tão cedo, isso é indiscutível. Se vai aumentar, não sabemos. Enquanto isso, é incabível continuar penalizando o usuário recreativo à espera de solução mágica única. Vários países já liberaram o uso em doses limitadas. Precisamos caminhar para a frente, nem que seja a passos de formiga.
Luciano Harary
São Paulo
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TENDÊNCIA MUNDIAL
Finalmente o STF está julgando a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, acompanhando uma tendência mundial que já adota a descriminalização como parte de uma série de medidas que reduzem os impactos negativos das drogas. É importante observarmos as experiências de países como Portugal, que ao descriminalizar todas as drogas teve uma diminuição acentuada na violência e nos homicídios e não houve aumento no número de usuários. Ou o caso de nosso país vizinho Uruguai, que, ao descriminalizar a maconha, não aumentou o seu consumo e zerou o número de mortes relacionadas ao tráfico, investindo em educação sobre as drogas em vez de punições. Na América do Sul, na contramão da tendência mundial, somente o Brasil e a Guiana consideram o usuário um criminoso. Óbvio que a sociedade não pode tolerar a ação dos traficantes, entretanto é racional que os viciados recebam tratamento de saúde para largarem o vício e não sejam abandonados em presídios, ocupando vagas de outros criminosos. Cabe ressaltar que o movimento a favor da descriminalização é apoiado por personalidades mundias, mas decepciona o posicionamento do presidente Lula, do PT e de seu indicado ministro Zanin ao STF por ter votado contra a descriminalização. Chegou derradeira oportunidade de o STF ter um posicionamento solitário, retrógrado e complacente com a violência que assola o País ou se posicionar com a vanguarda mundial e as bem-sucedidas experiências de outros países.
Daniel Marques
Virginópolis
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COMERCIALIZAÇÃO DA MACONHA
Desculpe se não sou suficientemente inteligente para entender a genialidade dos ministros do STF. Portar 60 gramas de maconha não é crime, mas comercializar maconha é. Onde comprar maconha sem ser de um criminoso?
Mário Corrêa da Fonseca Filho
São Paulo
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RESTRIÇÕES SOCIAIS
Oportuna ideia de Celso Ming, que aliás já congrega milhões de adeptos, sobre liberação de drogas (Estado, 25/8, B2). A proibição e criminalização só têm aumentado o poder do crime organizado e a infiltração na política, corrompendo-a. Com a liberação, pensar-se-ia em restrições sociais importantes, como por exemplo encarecimento exponencial (aos usuários) nos planos de saúde, restrições do acesso à carteira de habilitação para motorista, etc.
Cesar Eduardo Jacob
São Paulo
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EXPLICAÇÕES AO STF
A ministra Cármen Lúcia, do STF, deu cinco dias de prazo para o governador de SP, Tarcísio de Freitas, explicar homenagem ao ex-deputado Erasmo Dias. Volta e meia ministros da Suprema Corte tomam medidas iguais a esta. O mesmo não acontece com Lula da Silva, que costumeiramente elogia as ditaduras cruéis e sanguinárias de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
J. A. Muller
Avaré
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HOMENAGEM A CORONEL
Depois do condenável, descabido e absurdo projeto de lei sancionado pelo governador paulista e bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que deu a um entroncamento rodoviário em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo, o nome de “Deputado Erasmo Dias”, o famigerado coronel que foi um dos mais notórios e emblemáticos agentes das violações aos direitos fundamentais perpetradas durante a ditadura militar como diretor da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 1974, no governo do general Médici, só falta a algum político da extrema direita cometer o desatino de propor homenagear o coronel Carlos Brilhante Ustra. Francamente!
J. S. Decol
São Paulo
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APROXIMAÇÃO FICTÍCIA
Parabéns ao governo especialista em desperdiçar recursos financeiros com impostos pagos pelo bolso do povo. Ao invés de utilizar uma data tão significativa como o 7 de Setembro para relembrar um fato marcante e demonstrar um verdadeiro sentimento de patriotismo brasileiro, Lula vem demonstrando cada vez mais um desrespeito e um verdadeiro descaso com a nação brasileira. Utilizar essa data para panfletagem e descontrole de orçamento, querer uma aproximação fictícia com as Forças Armadas que ele mesmo sequer a respeita, e aproveitar desse dia para criar regalias indevidas aos militares e seus familiares só demonstra o descontrole e uma forma mentirosa de aproximação. Deveríamos lembrar que o partido de esquerda, que agora cria uma narrativa “verde e amarela”, queimou diversas vezes em atos de vandalismo a bandeira do nosso país. Caberia aos nossos governantes modernizar um sistema ultrapassado e conservador, que prestigie não apenas uma classe, mas sim a nossa sociedade. Precisamos modernizar, redirecionar e monitorar nossas Forças Armadas para que sirvam àquilo que reza em nossa Constituição, e não para revanchismo eleitoral em uma data tão importante para o Brasil.
Gerson S.
São Paulo
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PERFUMARIA CURRICULAR
Mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação são importantes ao trazer para a sala de aula A democracia nos currículos escolares (28/8, A3). No entanto, há o risco de ser uma perfumaria curricular, como outras disciplinas “inovadoras” já foram, ou inócuas, como as de triste memória Organização Social e Política do Brasil e Educação Moral e Cívica do período da ditadura. Democracia se aprende na prática, sabendo-a mais quando a perdemos ou ficamos em vias de perder, como foi a experiência dos últimos quatro anos. Tal como o amor, a democracia precisa ser cultivada a todo instante, dentro e fora da sala de aula.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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MÃO DE OBRA QUALIFICADA
Os meus maiores parabéns a Renata Cafardo pelo totalmente correto e abrangente artigo O preconceito contra o ensino técnico (27/8, A17). Outro dia, caminhando pela calçada de um dos renomados colégios internacionais de São Paulo, perguntei a um grupo de alunos (mais velhos) o que eles pretendiam estudar após término no colégio. Todos responderam que gostariam de ingressar em faculdades/universidades no Brasil ou, se possível, no exterior. Na sequência perguntei quem iria tentar uma vaga para um curso de Engenharia Mecânica e/ou Naval, alguns se manifestaram. Foi quando eu fiz uma simples pergunta: qual a diferença entre um parafuso de fenda e um Phillips e suas respectivas ferramentas? Nenhum dos futuros “universitários” soube me responder. Veja qual vai ser a diferença em relação aos alunos das escolas técnicas quando do início do curso superior! Isso sem falar de que esse mesmo jovem já poderia ter sido absolvido pela indústria mesmo antes de cursar o superior, ganhando um bom emprego e salário. Essa é a mão de obra qualificada que tanto a indústria/mercado de trabalho necessita.
Werner Sönksen
São Paulo
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TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
Infelizmente é difícil acreditar em todas as explicações que foram divulgadas por dirigentes de entidades que gerenciam o processo de transplante de órgãos. O notório midiático Fausto Silva entrou na lista de receptadores de coração no dia 20 de agosto e recebeu um coração novo no dia 26 de agosto. Não acredito em milagres, coincidências ou histórias de elfos mágicos. Os dados do Ministério da Saúde indicam que o prazo médio para casos críticos é de 38 dias e, segundo esses dados, não existem registros, ou não foram publicados, prazos de quatro dias. Infelizmente estamos acostumados a ouvir explicações inverossímeis de políticos. Mas não podemos ficar calados em casos de saúde pública.
Emílio Ferroni Neto
Santo Antônio do Pinhal
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FAUSTO SILVA
Os desinformados já começaram a se manifestar sobre o transplante de Faustão. Tomara ele tivesse uns quatro ou cinco corações e vivesse mil anos. Soubessem esses desinformados o que Faustão já ajudou de pessoas ao longo da vida, jamais abririam a boca. Ele nunca desamparou ninguém, mesmo pessoas que não foram de seu convívio.
Mário Rubial Monteiro
São Paulo
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CANCELAMENTO DE PLANOS PARA IDOSOS
Sem mais nem menos uma administradora de plano de saúde decidiu acabar com o plano de saúde para idosos. Para essas administradoras é uma teta quando os associados são jovens, quanto muito, uma cesária ou parto normal. Quando a idade avança, ao que se vê, querem mais é se livrar de quem pagou anos e anos. O cancelamento unilateral de planos para idosos mostra o quanto estamos desamparados. O governo deveria exigir cálculos atuarias para autorizar o funcionamento desses planos, obrigando-os a manterem os contratos, e fiscalizar a distribuição dos lucros para evitar traumas e proteger a população. Estamos desamparados, a lei é a favor deles.
Paulo Tarso J. Santos
São Paulo
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SERVIÇO DA SABESP
Desde maio deste ano, a minha conta de água, que era de R$ 100 por mês, aumentou de cinco a sete vezes, chegando a quase R$ 800 por mês. Não há vazamentos e não aumentei o meu consumo. Esse mesmo aumento exorbitante nas contas de água aconteceu com vários vizinhos. Telefonei várias vezes para a Sabesp (a ligação cai com frequência e temos que começar tudo de novo com outro atendente) pedindo a troca do relógio. A resposta que me deram é que não trocam o relógio. Em resumo, a Sabesp não tem interesse em resolver os problemas dos cidadãos, que pagam muito caro por esse serviço. Acredito que sua privatização seria mais do que desejada.
Mayana Zatz
São Paulo