Crise na Venezuela
Diálogo
Em visita ao Chile nesta semana, o presidente Lula da Silva defendeu o diálogo entre chavismo e oposição. Senhor presidente, quando um não quer, dois não dialogam.
Christovam Mendonça
São Paulo
Quadro perverso
Pouco se sabe sobre a situação efetiva da Venezuela, deturpada por conveniência de seu governo ou da oposição com visível apoio no exterior. “Banho de sangue”, ameaça de invadir um país vizinho, a baixíssima produção de petróleo apesar da imensa reserva mapeada, a quebra de contratos internacionais com o Brasil, o fechamento repentino da fronteira, o encerramento das relações com tantos países, o êxodo de venezuelanos nos últimos anos sugerem o quadro desolador causado pelo governo militarizado presidido pelo nacionalista socialista vestido com a bandeira do país (já vi esse filme). As favelas fotografadas nas notícias também indicam que a situação social naquele país não melhorou desde 1998. Como aqui. A incompetência de Nicolás Maduro Moros, entretanto, é asseverada pelo boicote americano (e, certamente, pela ganância da elite política venezuelana ao longo dos séculos. Como aqui?). A responsabilidade e a solução deste quadro perverso competem exclusivamente aos venezuelanos. Como país amigo e fronteiriço, deve-se acompanhar a situação, denunciar a política de sanções americana, manter relações com equilíbrio sem paternalismo, sem prejudicar o povo venezuelano ou referendar o governo da Venezuela.
Fabio Gino Francescutii
Rio de Janeiro
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Um recomeço
É espantoso como se palpita sobre uma realidade desconhecida. Se, por um acaso, Nicolás Maduro aceitasse negociar o poder, no dia seguinte estaria deposto, não pela oposição, mas pelos mesmos setores que deram sustentação e foram agraciados por Hugo Chávez, os militares que ocupam a administração e se locupletam do que ainda é produzido no país, além do narcotráfico – entenda-se Diosdado Cabello, o verdadeiro homem forte do regime, que, segundo se sabe, controla o mercado de drogas. Aliás, Chávez apenas se utilizou do discurso populista de acabar com a pobreza para, por incompetência, desorganizar a economia, mantendo a população paupérrima nos mesmos níveis de quando era governada por Carlos Andrés Perez, duas vezes presidente, e por seu grupo, que se apropriavam da riqueza produzida ou, como se dizia em Caracas à época, ficavam com 10% do que entrava ou saía do país, situação que levou a Chávez. Assim, se por algum milagre o regime caísse, a Venezuela teria de catar os cacos e dar início a um processo de reconstrução liderado por um grupo que reformulasse suas bases produtivas, a partir da única indústria de que dispõe, a do petróleo de 9º API.
Alberto Mac Dowell Figueiredo
São Carlos
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Vale
Nova investida
Nomes ligados a Silveira e Haddad entram no páreo para chefiar a Vale (Estadão, 5/8). Opa, opa, opa, surge novamente outra investida do governo em cima da Vale? Se a cada novo governo a empresa, privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso, tiver de se sujeitar aos interesses de ocasião, vai ficar difícil de fazer um planejamento estratégico para os anos seguintes. O exemplo da Petrobras está aí para explicar: uma hora ela vende refinarias, outra hora as compra de volta. O governo deveria cuidar de outros problemas mais sérios, em vez de se meter com empresas que deram certo.
Nelson Falseti
São Paulo
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Janja em Paris
R$ 83,4 mil em passagens
Governo paga R$ 83,4 mil para Janja ir à Olimpíada de Paris; gasto é o segundo mais alto em julho (Estadão, 5/8) entre todos os funcionários da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Janja da Silva não é funcionária do governo, o que torna o passeio a Paris e o mimo financeiro concedido à primeira-dama ilegais e imorais. Parlamentares protestarão, subirão nas tribunas e farão discursos inflamados, mas, como sempre neste medíocre país que prima pela ilegalidade e pela imoralidade, tudo terminará em pizza.
Maurilio Polizello Junior
São Paulo
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Primeiras-damas
Quem diria que um dia sentiríamos saudades de Dona Marisa, cujo único feito foi plantar um jardim com flores vermelhas em forma de estrela no Alvorada?
Guto Pacheco
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
LULA DA SILVA
É impressionante a volúpia que sente o presidente Lula em apropriar-se da Vale e mandar, como se fosse dele, na Petrobras. Ele tem avidez de poder e a incompreensão sobre o que deve ser bom para as duas empresas. O que for bom para elas será evidentemente bom para o País e para o seu povo. Neste caso, não há com que se preocupar com ricos e pobres. Todos serão beneficiados, mas Lula tem uma paranoia com a questão social e acha que as empresas devem fazer o papel que é dele: cuidar da democracia e da justiça social, governar o País pensando no bem-estar social. Lamento que o presidente esteja anacrônico e defasado. Sua eleição foi um erro de paralaxe da sociedade.
Mário Negrão Borgonovi
Petrópolis
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‘INCAPACIDADE GOVERNAMENTAL’
A omissão do governo Lula para a construção de mais presídios visando aliviar a superpopulação carcerária, agora será resolvido com uma só canetada. O órgão da pasta do ministério da Justiça, comandado pelo ex-ministro Ricardo Lewandowski, pretende ampliar o indulto dos presos e colocá-los em liberdade. Na verdade, como se já não bastasse os crimes que nós brasileiros enfrentamos diariamente, a incapacidade governamental é flagrante e ridícula. Afinal, a última válvula de escape que era a famigerada saidinha que foi fechada. Agora, o ex-presidiário Lula – que conhece bem os meandros da carceragem – se dedica, pessoalmente, para implantar a alforria geral. Enfim, que se danem os prejudicados.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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‘PRIVILÉGIO’
O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária destaca, como mostra a matéria Conselho do governo quer mais indultos para reduzir superlotação de cadeias (Estadão, 3/8, A22), ser o aumento de indultos um instrumento adequado para compensar a redução de benefícios da Lei da Saidinha barrada com a derrubada de vetos do governo Lula, como se aumentar a impunidade fosse bom para a sociedade. A superlotação de cadeias se resolve com o aumento de vagas nas cadeias, e isso pode ser alcançado reduzindo o excesso de recursos destinado ao Judiciário, sabidamente o mais caro do mundo. Por alguma razão, ninguém quer mexer nesse privilégio.
José Elias Laier
São Carlos
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TERCEIRA VIA
Para aqueles que foram efetivamente os principais responsáveis pela eleição do atual presidente, que estão fora dessa inquietante polarização da esquerda com a direita e que ainda carregam a esperança de uma terceira via, fica cada vez menos nítida esta luz no fim de túnel. Praticamente, faltam dois anos para a próxima eleição presidencial e a terceira via, tanto esperada, ainda não deu as caras, fundamental para se viabilizar até lá.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro
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SUPERAÇÃO DE REBECA
Ao ler a história de nossa campeã olímpica Rebeca Andrade, não tem como não valorizá-la ainda mais por tudo que passou para recuperar o joelho. Foram necessárias três cirurgias e muita fisioterapia. Não sou ortopedista e nem fisioterapeuta, não sei quem a operou e nem onde foram feitas as cirurgias, mas este médico e sua equipe precisam ser homenageados. Não concordam?
Pedro R. Chocair
São Paulo
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ORGULHO PARA O BRASIL
“Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido...”. Ouvir o nosso hino em homenagem à medalha de puro conquistada por Rebeca Andrade, ladeada com toda admiração pelas americanas Simone Biles, prata, e Jordan Chiles, bronze, é um orgulho para nós brasileiros.
Tania Tavares
São Paulo
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GIGANTE
Cada vez que a fenomenal atleta Rebeca Andrade sobe ao pódio, cada brasileiro põe no peito uma medalha. A maior medalhista da história olímpica do Brasil, uma gigante de 1,55 de altura, reverenciada pelo mundo esportivo e pela supercampeã americana, Simone Biles. É muito mais que uma vitoriosa garota negra de Guarulhos. É uma garota dourada que vale ouro. Viva Rebeca!
J. S. Decol
São Paulo
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‘UM BRASIL QUE PODE DAR CERTO’
Até aqui estamos com os pódios mais negros e femininos nas Olimpíadas. Pena que tal consagração não se reflita na sociedade como um todo. Mas é um primeiro passo, ou um salto, para ficar com uma das habilidades de Rebeca Andrade, o retrato de um Brasil que pode dar certo.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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ESPÍRITO OLÍMPICO
Emblemática imagem a reverência prestada por Simone Biles e Jordan Chiles a Rebeca Andrade quando ela subiu ao pódio para receber a medalha de ouro pelo solo na Ginástica Artística. As atletas americanas, ao homenagearem a atleta brasileira, resumiram num gesto a essência do que representa o espírito olímpico.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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LULA E MADURO
Os encontros em 2023 de Lula da Silva com Nicolás Maduro, com direito à definição suspeita de democracia relativa – e o anúncio deles decorrente de que, de acordo com as negociações entre os dois, até certo ponto informais, houvera acerto de que o déspota venezuelano teria se comprometido com a realização de eleições presidenciais limpas no seu país –, fizeram do mandatário brasileiro uma espécie de fiador da conduta disfarçadamente democrática do ditador. Como se viu, Maduro quebrou as regras do contrato, o que provocou protesto e o não reconhecimento de grande parte da comunidade internacional do resultado do pleito lá realizado, comprovadamente fraudado por instrumentos oficiais do governo. Sabe-se por aqui que no ramo imobiliário, quando o locatário, cujo compromisso de pagamento do aluguel é garantido pela figura do fiador, não cumpre as cláusulas da transação, o proprietário recorre a este último, até por via jurídica, na esperança de regularizar a pendência. É claro que tal imagem não guarda com fidelidade a analogia da interação entre chefes de Estado, mas não há dúvida de que houve um descumprimento do acordo. Será que os governos democráticos mundo afora cobrarão do governo brasileiro a dívida moral e ética que o ditador se comprometeu a saldar? A essa altura, Lula, pressionado, está nervoso e, certamente, conta com boa quantidade de chá de camomila.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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ELEIÇÕES VENEZUELANAS
O cidadão Lula, ao que parece, prostrado numa ideologia de esquerda – que há muito não se faz mais presente em muitos países que resistiram à tal dominação yankee em passado remoto, a qual foi substituída por expressões mais do que comprovadas de ditaduras, com prisões ilegais de opositores, cooptação de instituições, repressões violetas a protestos, entre outros expedientes, que aos olhos de Lula continua perene –, usa uma venda para não enxergar o que graça a frente de seus olhos. O companheiro Maduro, que aparece a frente da ditadura venezuelana, ou narcoditadura militar para alguns, continua a prometer sem cumprir. Está aí o acordo de Barbados para quem tiver dúvida, mas como companheiro de Lula, nem seu histórico de ilusionista importa. Com isso, faz Lula de marionete no seu jogo atual de perpetuação no poder. No entanto, devemos diferenciar o papel do cidadão Lula da entidade presidente da República Federativa do Brasil e da figura de Luiz Inácio (Lula) da Silva, a qual requer um posicionamento sobre o que o mínimo podemos chamar de falcatrua em relação às eleições e à divulgação dos resultados da eleição venezuelana de 28 de julho. Podemos até conceber o elástico prazo atual de sete dias para apresentação das famosas atas pelo CNE venezuelano, controlado pela ditadura. Devemos ser pragmáticos, e se não temos essa divulgação para o qual se pretende fazer uma auditoria externa imparcial, como se faz sopesar a nota conjunta de Brasil, Colômbia e México, que realizemos essa auditoria nos resultados apresentados pela oposição, apesar do aparente pouco caso dado a elas por Celso Amorim. O nosso processo eleitoral é semelhante ao venezuelano, com a utilização de urnas eletrônicas auditáveis. E por que não deixar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se debruçar sobre estes resultados? Creio que avançaríamos mais do que a recente análise da Associated Press, que validou 79% das atas, resultando em vitória por 67% dos votos do opositor Edmundo González, que somando a análise do QR code das atas, teríamos também a aplicação das regras eleitorais venezuelanas que indicam assinaturas dos presentes a cada mesa eleitoral. Auditoria concluída, e que tudo indica redundaria na vitória do opositor, caberia ao nosso presidente da República, dentro de suas funções na democracia brasileira, diplomaticamente lidar com esse fato junto ao governo venezuelano, promovendo, se possível, uma transição de poder, a qual no momento parece ser impossível, mas que precisa ser tentada, pois numa remota possibilidade de uma nova eleição, a ditadura jamais vai permitir que a oposição se apodere das atas novamente. O cidadão Lula precisa usar as vestes de presidente e retirar de uma vez por todas a venda que lhe cobre os olhos.
José Nestor Cavalcante Cerqueira
São Paulo
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IMAGEM DE LULA NO EXTERIOR
Demonstrando estar indiferente à dor, aos gritos e às manifestações dos eleitores da Venezuela, que atravessa preocupante momento político, econômico e social, gran finale que bem conhecemos, e que, por consequência, está turbinando a rejeição do povo contra si, Lula, o avesso da verdade e da humildade, em inoportuna viagem ao Chile, foi vaiado em dois atos públicos. Micos distintos, vergonha máxima. Faltou um para pedir música. Que cara/expressão foi aquela mostrada ao mundo, presidente? Avexados sorrisos de quem comeu e não gostou, olhar sem foco, sem graça, lábios mordidos pela decepção, etc. Entre tantas citações registradas em nosso folclore popular para justificar a cara de sei lá o quê, desenhada pelas vaias, seguramente, meu saudoso e espirituoso avô diria que Lula estava com a cara do gato que se aliviou atrás do piano. O que é isso? Sem haver testemunhado semelhante desconforto, minha imaginação está a concordar que esses felinos, ainda que agindo como milicianos à margem da lei, pelo menos têm vergonha na cara. Reconhecem as cacas que fazem nas horas erradas e as escondem como se ninguém soubesse, enganando a si somente. Desprovido de qualquer vergonha, tal qual um Napoleão de hospício, Lula expõe as suas cacas nos discursos do dia, cada vez mais raivosos. Nenhuma enganação ou novidade para a sociedade e para o mundo. Desnecessários pianos para escondê-las, portanto. Lula, ser vaiado em dólar/euros/pesos é muito caro para o contribuinte. Que tal um passeio pela Paulista ou pela orla de Copacabana? Prestigie as vaias em Real, que refletem fielmente o peso da insatisfação dos brasileiros de bem com o seu desgoverno. Não terceirize roupas sujas no exterior. O mundo não gasta energia com mentes que confundem chilenos com chinelos.
Celso David de Oliveira
Recreio (RJ)
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SILÊNCIO DE LULA
Lula continua se escondendo em mentiras sobre as hediondas atitudes de seu admirado e grande amigo Maduro a seu povo. Espera que os brasileiros se esqueçam das trapaças e usa o tempo como remédio para apagar sua posição inexplicável de passar pano nas posições utilizadas pelo ditador na Venezuela. A pergunta que não pode calar é: com qual moral usa Lula para continuar acusando Jair Bolsonaro de ter tentado um golpe de Estado no Brasil enquanto aceita descaradamente o golpe de Maduro? O povo brasileiro sente cada vez mais que o Brasil corre o risco de se transformar numa triste cópia da vizinha Venezuela se continuar com uma oposição fraca e medrosa, que pensa só no seu bolso. É preciso intimar o atual chefe de Estado a tomar uma posição contra a democracia relativa do tirano ditador e seu amiguinho.
Leila Elston
São Paulo
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CAMINHOS PARA O BRASIL
Vejamos o que o digníssimo presidente da República disse no Chile sobre as eleições na Venezuela: “O compromisso com a paz nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre o governo e a oposição”. Será que o digníssimo presidente está raciocinando bem? Não pode estar. Falar em paz com uma ditadura sanguinária? E que tipo de entendimento é possível com um ditador? O digníssimo presidente precisa assumir definitivamente a sua democracia relativa, ou seja, democracia nenhuma, e perguntar ao povo brasileiro quem sabe fazer um plebiscito, perguntando se este é o caminho que a população brasileira quer para o Brasil. A eleição de 2022 não foi uma carta branca, muito longe disso, com um placar apertadíssimo, que dividiu o País que não quer uma direita radical e nem uma esquerda radical. Na verdade, o Brasil será melhor quando se livrar de Bolsonaro e do digníssimo presidente sr. Lula da Silva.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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RECESSÃO À VISTA
Com uma recessão à vista, esta é a chance de Joe Biden e Kamala Harris demonstrarem sua competência na gestão econômica. A inflação já é uma das principais preocupações dos eleitores americanos, e o enfraquecimento do mercado de trabalho torna a possibilidade de uma recessão ainda mais concreta. Além disso, há bolhas econômicas que podem estourar a qualquer momento, o que não favorece o partido no poder. Kamala Harris precisa aprimorar seu discurso econômico como candidata democrata. Até agora, ela tem demonstrado grande dificuldade ao abordar o tema, mas não tem mais como fugir e evitar a discussão a respeito. O Partido Republicano certamente irá aproveitar a situação para reforçar sua argumentação de que a economia está desorganizada. E não adianta seguir o exemplo de Lula, que costuma improvisar no microfone para acalmar o mercado. Essa abordagem não tem funcionado nem no Brasil muito menos nos Estados Unidos
Jorge Alberto Nurkin
São Paulo