Geopolítica na montanha-russa


Linhas mestras do primeiro mandato de Donald Trump se mantêm. Mas um Trump imprevisível como sempre encontrará um mundo imprevisível como nunca

Por Notas & Informações

O gabinete de Donald Trump está sendo formado mais rápida e ordenadamente do que em 2016. Ainda faltam indicações importantes para completar o quadro, como a equipe econômica, para inferir até onde ele pretende levar suas ideias heterodoxas. Já o time da política externa está escalado, assim como o futuro responsável pelo Departamento de Justiça, um trumpista radical de quatro costados.

Há uma linha de continuidade com seu primeiro mandato: a guerra comercial com a China, a hostilidade ao multilateralismo, a diplomacia transacional – além do embaraçoso apreço por “homens fortes”. Mas há duas grandes diferenças em relação a 2016.

Internamente, sua equipe é mais ideologicamente homogênea, ou seja, mais leal ao movimento MAGA (Make America Great Again). Isso vale para os republicanos, que já têm maioria no Senado e devem alcançá-la na Câmara. Mais importante: o mundo mudou, a começar por duas guerras em que os EUA estão profundamente envolvidos.

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No confronto com a China, Trump retoma o bastão que passou a Biden. A diferença é de estilo. Biden investiu em alianças no Pacífico. As armas de Trump estão no comércio. Os membros de sua equipe claramente favorecem uma linha-dura. Se as promessas de uma ofensiva tarifária, a pretexto de segurança nacional, intensificarem a dissociação das duas maiores economias do mundo, os americanos pagarão literalmente um preço alto, e o enfraquecimento das demandas chinesas por commodities custará aos exportadores para a China, incluindo vizinhos e aliados dos EUA.

Em um Oriente Médio muito mais volátil, saem as tentativas pouco frutíferas de Biden de desescalada e volta a “pressão máxima” sobre o Irã. Isso não significa que Israel terá luz verde. Não porque Trump vá derramar uma só lágrima pelos palestinos, mas ele não quer os soldados americanos tragados em mais “guerras intermináveis”, buscará revitalizar uma das conquistas de seu primeiro mandato – os Acordos de Abraão entre Israel e os sunitas – e deve evitar distrações à disputa com a China.

Este último ponto tem implicações para a Ucrânia. Trump sugeriu que terminaria a guerra antes até de tomar posse. Muitos republicanos consideram um desperdício de dinheiro o apoio a uma Ucrânia que, a seu ver, não tem como vencer. Seu vice, J. D. Vance, sugeriu um acordo em que a Ucrânia cederia territórios e permaneceria neutra, ou seja, não aliada à Otan ou à União Europeia. Em outras palavras, tudo o que Vladimir Putin quer. Mas, por isso mesmo, esta proposta não está garantida. Trump quer se livrar do estorvo, mas ceder a Putin ameaça seu valor maior: a imagem de si mesmo como um “vencedor”.

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A Europa, de todo modo, terá de cuidar da própria segurança em um momento em que seus principais governos, a França e a Alemanha, enfrentam uma crise de credibilidade e são pressionados por facções nacional-populistas afins ao trumpismo. Bruxelas e a Otan provavelmente serão ignoradas em favor de transações bilaterais. Quanto à economia global, a reeleição de Trump abre um novo capítulo na degradação da globalização. A dúvida é quão acelerada ela será.

Isto posto, qualquer pessoa que diga saber com confiança o que Trump fará não merece confiança. Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável.

Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra.

O gabinete de Donald Trump está sendo formado mais rápida e ordenadamente do que em 2016. Ainda faltam indicações importantes para completar o quadro, como a equipe econômica, para inferir até onde ele pretende levar suas ideias heterodoxas. Já o time da política externa está escalado, assim como o futuro responsável pelo Departamento de Justiça, um trumpista radical de quatro costados.

Há uma linha de continuidade com seu primeiro mandato: a guerra comercial com a China, a hostilidade ao multilateralismo, a diplomacia transacional – além do embaraçoso apreço por “homens fortes”. Mas há duas grandes diferenças em relação a 2016.

Internamente, sua equipe é mais ideologicamente homogênea, ou seja, mais leal ao movimento MAGA (Make America Great Again). Isso vale para os republicanos, que já têm maioria no Senado e devem alcançá-la na Câmara. Mais importante: o mundo mudou, a começar por duas guerras em que os EUA estão profundamente envolvidos.

No confronto com a China, Trump retoma o bastão que passou a Biden. A diferença é de estilo. Biden investiu em alianças no Pacífico. As armas de Trump estão no comércio. Os membros de sua equipe claramente favorecem uma linha-dura. Se as promessas de uma ofensiva tarifária, a pretexto de segurança nacional, intensificarem a dissociação das duas maiores economias do mundo, os americanos pagarão literalmente um preço alto, e o enfraquecimento das demandas chinesas por commodities custará aos exportadores para a China, incluindo vizinhos e aliados dos EUA.

Em um Oriente Médio muito mais volátil, saem as tentativas pouco frutíferas de Biden de desescalada e volta a “pressão máxima” sobre o Irã. Isso não significa que Israel terá luz verde. Não porque Trump vá derramar uma só lágrima pelos palestinos, mas ele não quer os soldados americanos tragados em mais “guerras intermináveis”, buscará revitalizar uma das conquistas de seu primeiro mandato – os Acordos de Abraão entre Israel e os sunitas – e deve evitar distrações à disputa com a China.

Este último ponto tem implicações para a Ucrânia. Trump sugeriu que terminaria a guerra antes até de tomar posse. Muitos republicanos consideram um desperdício de dinheiro o apoio a uma Ucrânia que, a seu ver, não tem como vencer. Seu vice, J. D. Vance, sugeriu um acordo em que a Ucrânia cederia territórios e permaneceria neutra, ou seja, não aliada à Otan ou à União Europeia. Em outras palavras, tudo o que Vladimir Putin quer. Mas, por isso mesmo, esta proposta não está garantida. Trump quer se livrar do estorvo, mas ceder a Putin ameaça seu valor maior: a imagem de si mesmo como um “vencedor”.

A Europa, de todo modo, terá de cuidar da própria segurança em um momento em que seus principais governos, a França e a Alemanha, enfrentam uma crise de credibilidade e são pressionados por facções nacional-populistas afins ao trumpismo. Bruxelas e a Otan provavelmente serão ignoradas em favor de transações bilaterais. Quanto à economia global, a reeleição de Trump abre um novo capítulo na degradação da globalização. A dúvida é quão acelerada ela será.

Isto posto, qualquer pessoa que diga saber com confiança o que Trump fará não merece confiança. Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável.

Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra.

O gabinete de Donald Trump está sendo formado mais rápida e ordenadamente do que em 2016. Ainda faltam indicações importantes para completar o quadro, como a equipe econômica, para inferir até onde ele pretende levar suas ideias heterodoxas. Já o time da política externa está escalado, assim como o futuro responsável pelo Departamento de Justiça, um trumpista radical de quatro costados.

Há uma linha de continuidade com seu primeiro mandato: a guerra comercial com a China, a hostilidade ao multilateralismo, a diplomacia transacional – além do embaraçoso apreço por “homens fortes”. Mas há duas grandes diferenças em relação a 2016.

Internamente, sua equipe é mais ideologicamente homogênea, ou seja, mais leal ao movimento MAGA (Make America Great Again). Isso vale para os republicanos, que já têm maioria no Senado e devem alcançá-la na Câmara. Mais importante: o mundo mudou, a começar por duas guerras em que os EUA estão profundamente envolvidos.

No confronto com a China, Trump retoma o bastão que passou a Biden. A diferença é de estilo. Biden investiu em alianças no Pacífico. As armas de Trump estão no comércio. Os membros de sua equipe claramente favorecem uma linha-dura. Se as promessas de uma ofensiva tarifária, a pretexto de segurança nacional, intensificarem a dissociação das duas maiores economias do mundo, os americanos pagarão literalmente um preço alto, e o enfraquecimento das demandas chinesas por commodities custará aos exportadores para a China, incluindo vizinhos e aliados dos EUA.

Em um Oriente Médio muito mais volátil, saem as tentativas pouco frutíferas de Biden de desescalada e volta a “pressão máxima” sobre o Irã. Isso não significa que Israel terá luz verde. Não porque Trump vá derramar uma só lágrima pelos palestinos, mas ele não quer os soldados americanos tragados em mais “guerras intermináveis”, buscará revitalizar uma das conquistas de seu primeiro mandato – os Acordos de Abraão entre Israel e os sunitas – e deve evitar distrações à disputa com a China.

Este último ponto tem implicações para a Ucrânia. Trump sugeriu que terminaria a guerra antes até de tomar posse. Muitos republicanos consideram um desperdício de dinheiro o apoio a uma Ucrânia que, a seu ver, não tem como vencer. Seu vice, J. D. Vance, sugeriu um acordo em que a Ucrânia cederia territórios e permaneceria neutra, ou seja, não aliada à Otan ou à União Europeia. Em outras palavras, tudo o que Vladimir Putin quer. Mas, por isso mesmo, esta proposta não está garantida. Trump quer se livrar do estorvo, mas ceder a Putin ameaça seu valor maior: a imagem de si mesmo como um “vencedor”.

A Europa, de todo modo, terá de cuidar da própria segurança em um momento em que seus principais governos, a França e a Alemanha, enfrentam uma crise de credibilidade e são pressionados por facções nacional-populistas afins ao trumpismo. Bruxelas e a Otan provavelmente serão ignoradas em favor de transações bilaterais. Quanto à economia global, a reeleição de Trump abre um novo capítulo na degradação da globalização. A dúvida é quão acelerada ela será.

Isto posto, qualquer pessoa que diga saber com confiança o que Trump fará não merece confiança. Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável.

Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra.

O gabinete de Donald Trump está sendo formado mais rápida e ordenadamente do que em 2016. Ainda faltam indicações importantes para completar o quadro, como a equipe econômica, para inferir até onde ele pretende levar suas ideias heterodoxas. Já o time da política externa está escalado, assim como o futuro responsável pelo Departamento de Justiça, um trumpista radical de quatro costados.

Há uma linha de continuidade com seu primeiro mandato: a guerra comercial com a China, a hostilidade ao multilateralismo, a diplomacia transacional – além do embaraçoso apreço por “homens fortes”. Mas há duas grandes diferenças em relação a 2016.

Internamente, sua equipe é mais ideologicamente homogênea, ou seja, mais leal ao movimento MAGA (Make America Great Again). Isso vale para os republicanos, que já têm maioria no Senado e devem alcançá-la na Câmara. Mais importante: o mundo mudou, a começar por duas guerras em que os EUA estão profundamente envolvidos.

No confronto com a China, Trump retoma o bastão que passou a Biden. A diferença é de estilo. Biden investiu em alianças no Pacífico. As armas de Trump estão no comércio. Os membros de sua equipe claramente favorecem uma linha-dura. Se as promessas de uma ofensiva tarifária, a pretexto de segurança nacional, intensificarem a dissociação das duas maiores economias do mundo, os americanos pagarão literalmente um preço alto, e o enfraquecimento das demandas chinesas por commodities custará aos exportadores para a China, incluindo vizinhos e aliados dos EUA.

Em um Oriente Médio muito mais volátil, saem as tentativas pouco frutíferas de Biden de desescalada e volta a “pressão máxima” sobre o Irã. Isso não significa que Israel terá luz verde. Não porque Trump vá derramar uma só lágrima pelos palestinos, mas ele não quer os soldados americanos tragados em mais “guerras intermináveis”, buscará revitalizar uma das conquistas de seu primeiro mandato – os Acordos de Abraão entre Israel e os sunitas – e deve evitar distrações à disputa com a China.

Este último ponto tem implicações para a Ucrânia. Trump sugeriu que terminaria a guerra antes até de tomar posse. Muitos republicanos consideram um desperdício de dinheiro o apoio a uma Ucrânia que, a seu ver, não tem como vencer. Seu vice, J. D. Vance, sugeriu um acordo em que a Ucrânia cederia territórios e permaneceria neutra, ou seja, não aliada à Otan ou à União Europeia. Em outras palavras, tudo o que Vladimir Putin quer. Mas, por isso mesmo, esta proposta não está garantida. Trump quer se livrar do estorvo, mas ceder a Putin ameaça seu valor maior: a imagem de si mesmo como um “vencedor”.

A Europa, de todo modo, terá de cuidar da própria segurança em um momento em que seus principais governos, a França e a Alemanha, enfrentam uma crise de credibilidade e são pressionados por facções nacional-populistas afins ao trumpismo. Bruxelas e a Otan provavelmente serão ignoradas em favor de transações bilaterais. Quanto à economia global, a reeleição de Trump abre um novo capítulo na degradação da globalização. A dúvida é quão acelerada ela será.

Isto posto, qualquer pessoa que diga saber com confiança o que Trump fará não merece confiança. Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável.

Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra.

O gabinete de Donald Trump está sendo formado mais rápida e ordenadamente do que em 2016. Ainda faltam indicações importantes para completar o quadro, como a equipe econômica, para inferir até onde ele pretende levar suas ideias heterodoxas. Já o time da política externa está escalado, assim como o futuro responsável pelo Departamento de Justiça, um trumpista radical de quatro costados.

Há uma linha de continuidade com seu primeiro mandato: a guerra comercial com a China, a hostilidade ao multilateralismo, a diplomacia transacional – além do embaraçoso apreço por “homens fortes”. Mas há duas grandes diferenças em relação a 2016.

Internamente, sua equipe é mais ideologicamente homogênea, ou seja, mais leal ao movimento MAGA (Make America Great Again). Isso vale para os republicanos, que já têm maioria no Senado e devem alcançá-la na Câmara. Mais importante: o mundo mudou, a começar por duas guerras em que os EUA estão profundamente envolvidos.

No confronto com a China, Trump retoma o bastão que passou a Biden. A diferença é de estilo. Biden investiu em alianças no Pacífico. As armas de Trump estão no comércio. Os membros de sua equipe claramente favorecem uma linha-dura. Se as promessas de uma ofensiva tarifária, a pretexto de segurança nacional, intensificarem a dissociação das duas maiores economias do mundo, os americanos pagarão literalmente um preço alto, e o enfraquecimento das demandas chinesas por commodities custará aos exportadores para a China, incluindo vizinhos e aliados dos EUA.

Em um Oriente Médio muito mais volátil, saem as tentativas pouco frutíferas de Biden de desescalada e volta a “pressão máxima” sobre o Irã. Isso não significa que Israel terá luz verde. Não porque Trump vá derramar uma só lágrima pelos palestinos, mas ele não quer os soldados americanos tragados em mais “guerras intermináveis”, buscará revitalizar uma das conquistas de seu primeiro mandato – os Acordos de Abraão entre Israel e os sunitas – e deve evitar distrações à disputa com a China.

Este último ponto tem implicações para a Ucrânia. Trump sugeriu que terminaria a guerra antes até de tomar posse. Muitos republicanos consideram um desperdício de dinheiro o apoio a uma Ucrânia que, a seu ver, não tem como vencer. Seu vice, J. D. Vance, sugeriu um acordo em que a Ucrânia cederia territórios e permaneceria neutra, ou seja, não aliada à Otan ou à União Europeia. Em outras palavras, tudo o que Vladimir Putin quer. Mas, por isso mesmo, esta proposta não está garantida. Trump quer se livrar do estorvo, mas ceder a Putin ameaça seu valor maior: a imagem de si mesmo como um “vencedor”.

A Europa, de todo modo, terá de cuidar da própria segurança em um momento em que seus principais governos, a França e a Alemanha, enfrentam uma crise de credibilidade e são pressionados por facções nacional-populistas afins ao trumpismo. Bruxelas e a Otan provavelmente serão ignoradas em favor de transações bilaterais. Quanto à economia global, a reeleição de Trump abre um novo capítulo na degradação da globalização. A dúvida é quão acelerada ela será.

Isto posto, qualquer pessoa que diga saber com confiança o que Trump fará não merece confiança. Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável.

Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra.

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