Opinião|Fraternidade e paz ou desigualdade e tensão?


Impacto da IA sobre a vida das pessoas e do mundo preocupa não só instituições como o FMI e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco

Por Jorge J. Okubaro

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

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O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

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Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

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O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

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JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

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JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

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JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

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JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

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JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Opinião por Jorge J. Okubaro

Jornalista, é autor, entre outros, do livro 'O Súdito (Banzai, Massateru!)' (Editora Terceiro Nome)

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