Tradutor e ensaísta, Luiz Sérgio Henriques escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|A resistível ascensão do nacional-populismo


Se esta breve descrição do laboratório ultraconservador fizer sentido, então teremos um roteiro para a reação dos democratas em todo o mundo

Por Luiz Sérgio Henriques

Passado ao menos por ora o susto francês, com a aliança entre centro e esquerda que barrou a marcha aparentemente inelutável de Marine Le Pen, nossa atenção cruza o Atlântico e se volta agora para uma situação de risco ainda maior. Referimo-nos obviamente aos Estados Unidos, hoje uma sociedade fraturada e uma democracia disfuncional, em que um dos dois partidos históricos, capturado por um homem forte, tornou-se fator da subversão estimulada por uma parte das elites do país. De fato, a sedição de janeiro de 2021 marca um ponto de não retorno, com a negação da legitimidade dos resultados eleitorais e da transmissão pacífica do poder – um cenário que poderá se desenhar novamente em caso de vitória dos democratas, a priori inaceitável para os trumpistas.

A extrema direita europeia, justiça seja feita, não cruzou a linha decisiva, mesmo que o fantasma iliberal também ronde ameaçadoramente por lá. Aliás, ele nunca se corporifica da mesma forma nas diferentes realidades nacionais. O peso material e simbólico dos Estados Unidos, sua participação relevante na economia global e seu papel de primeira república democrática dos modernos dão a dimensão da catástrofe que teria uma eventual vitória da versão local do nacionalismo populista ou que outro nome se queira dar. Desde logo, estaria aberta a possibilidade de construção da terceira grande autocracia no nosso tempo. No mínimo, os democratas em geral, não só os membros de determinado partido, seriam forçados a uma difícil e arriscada manobra defensiva em face da ocupação organizada do poder planejada pelo trumpismo.

Nos laboratórios da direita radical norte-americana, fazem-se experimentos que convém observar atentamente, com independência de flutuações eleitorais. Tiremos do termo “hegemonia” as incrustações autoritárias para usá-lo no sentido de direção política, exercida basicamente não pela força, mas pela capacidade de delinear um horizonte em que os interesses gerais sejam acolhidos. Instituições e partidos, países e organizações internacionais, sem fôlego hegemônico, recolhem-se à dimensão bruta dos interesses mais crus e imediatos. Autocracias dispensam a elaboração da hegemonia, impõem-se pelo medo e pela força. Uma involução norte-americana com esse teor “corporativo” deixaria o mundo mais pobre e perigoso. Não haveria sequer a retórica dos direitos humanos ou, numa hipótese menos drástica, ela seria tratada com um cinismo ainda maior do que hoje.

continua após a publicidade

Considerando a dinâmica interna da União Europeia (UE), até há alguns anos o bem-vindo projeto unificador vinha sendo ameaçado de desintegração pela “Europa das nações” defendida pelos diferentes ramos da extrema direita soberanista. A partir de dado momento esta última se sentiu, certa ou erradamente, em condições de remodelá-lo à sua imagem e semelhança e deixou de contestar frontalmente a UE. A ideia passou a ser torná-la uma fortaleza etnicamente homogênea, assediada embora por bárbaros de outras cores e religiões. Por sorte, as recentes eleições gerais mantiveram um centro relativamente forte e coeso, assim como um grupo dirigente em que tem assento António Costa, valoroso socialista português.

Também nesse plano interno os radicais norte-americanos são um caso à parte. Pensando a si mesmos de modo fechado, agora imaginam doentiamente o país como o porto de chegada de milhões de criminosos, terroristas e egressos de hospícios (sic). Imigrantes envenenariam o sangue e o solo pátrios, de modo que se justificariam, segundo os radicais, a construção de campos de concentração e a expulsão massiva dos indesejados.

Mantida a ferro e fogo a América para os americanos, a mais recente novidade é a formulação de um certo populismo econômico, que explora o ressentimento dos “perdedores da globalização”, basicamente os trabalhadores de menor formação educacional. Aqui, a “esquerda brâmane” – termo cunhado pelo economista Thomas Piketty – é o alvo escolhido para o exercício fundamental do nacional-populismo: a proposição de um eterno e recorrente combate entre nós e eles, o povo e as elites. Como resultado final, a miragem de um Partido Republicano transformado em partido de massas trabalhadoras e de um welfare estruturado em bases nativistas.

continua após a publicidade

Se esta breve descrição do laboratório ultraconservador fizer sentido, então teremos um roteiro para a reação dos democratas das mais diferentes orientações em todo o mundo. Entre outras iniciativas, reconectar econômica e socialmente “brâmanes” e gente comum. Reverter paulatinamente o nativismo e o fechamento corporativo das nações, dando à interdependência mais sentido e inteligibilidade. Fazer com que a política democrática readquira direitos sobre a economia, retirando desta a aparência de fenômeno fora de controle que arruína a vida de indivíduos e comunidades. E, por trás de cada uma destas formulações genéricas, a proposição mais modesta de que o voto sempre tem consequências e a democracia nunca é um exercício vazio, como este ano estratégico tem demonstrado nos mais variados lugares.

*

TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL

Passado ao menos por ora o susto francês, com a aliança entre centro e esquerda que barrou a marcha aparentemente inelutável de Marine Le Pen, nossa atenção cruza o Atlântico e se volta agora para uma situação de risco ainda maior. Referimo-nos obviamente aos Estados Unidos, hoje uma sociedade fraturada e uma democracia disfuncional, em que um dos dois partidos históricos, capturado por um homem forte, tornou-se fator da subversão estimulada por uma parte das elites do país. De fato, a sedição de janeiro de 2021 marca um ponto de não retorno, com a negação da legitimidade dos resultados eleitorais e da transmissão pacífica do poder – um cenário que poderá se desenhar novamente em caso de vitória dos democratas, a priori inaceitável para os trumpistas.

A extrema direita europeia, justiça seja feita, não cruzou a linha decisiva, mesmo que o fantasma iliberal também ronde ameaçadoramente por lá. Aliás, ele nunca se corporifica da mesma forma nas diferentes realidades nacionais. O peso material e simbólico dos Estados Unidos, sua participação relevante na economia global e seu papel de primeira república democrática dos modernos dão a dimensão da catástrofe que teria uma eventual vitória da versão local do nacionalismo populista ou que outro nome se queira dar. Desde logo, estaria aberta a possibilidade de construção da terceira grande autocracia no nosso tempo. No mínimo, os democratas em geral, não só os membros de determinado partido, seriam forçados a uma difícil e arriscada manobra defensiva em face da ocupação organizada do poder planejada pelo trumpismo.

Nos laboratórios da direita radical norte-americana, fazem-se experimentos que convém observar atentamente, com independência de flutuações eleitorais. Tiremos do termo “hegemonia” as incrustações autoritárias para usá-lo no sentido de direção política, exercida basicamente não pela força, mas pela capacidade de delinear um horizonte em que os interesses gerais sejam acolhidos. Instituições e partidos, países e organizações internacionais, sem fôlego hegemônico, recolhem-se à dimensão bruta dos interesses mais crus e imediatos. Autocracias dispensam a elaboração da hegemonia, impõem-se pelo medo e pela força. Uma involução norte-americana com esse teor “corporativo” deixaria o mundo mais pobre e perigoso. Não haveria sequer a retórica dos direitos humanos ou, numa hipótese menos drástica, ela seria tratada com um cinismo ainda maior do que hoje.

Considerando a dinâmica interna da União Europeia (UE), até há alguns anos o bem-vindo projeto unificador vinha sendo ameaçado de desintegração pela “Europa das nações” defendida pelos diferentes ramos da extrema direita soberanista. A partir de dado momento esta última se sentiu, certa ou erradamente, em condições de remodelá-lo à sua imagem e semelhança e deixou de contestar frontalmente a UE. A ideia passou a ser torná-la uma fortaleza etnicamente homogênea, assediada embora por bárbaros de outras cores e religiões. Por sorte, as recentes eleições gerais mantiveram um centro relativamente forte e coeso, assim como um grupo dirigente em que tem assento António Costa, valoroso socialista português.

Também nesse plano interno os radicais norte-americanos são um caso à parte. Pensando a si mesmos de modo fechado, agora imaginam doentiamente o país como o porto de chegada de milhões de criminosos, terroristas e egressos de hospícios (sic). Imigrantes envenenariam o sangue e o solo pátrios, de modo que se justificariam, segundo os radicais, a construção de campos de concentração e a expulsão massiva dos indesejados.

Mantida a ferro e fogo a América para os americanos, a mais recente novidade é a formulação de um certo populismo econômico, que explora o ressentimento dos “perdedores da globalização”, basicamente os trabalhadores de menor formação educacional. Aqui, a “esquerda brâmane” – termo cunhado pelo economista Thomas Piketty – é o alvo escolhido para o exercício fundamental do nacional-populismo: a proposição de um eterno e recorrente combate entre nós e eles, o povo e as elites. Como resultado final, a miragem de um Partido Republicano transformado em partido de massas trabalhadoras e de um welfare estruturado em bases nativistas.

Se esta breve descrição do laboratório ultraconservador fizer sentido, então teremos um roteiro para a reação dos democratas das mais diferentes orientações em todo o mundo. Entre outras iniciativas, reconectar econômica e socialmente “brâmanes” e gente comum. Reverter paulatinamente o nativismo e o fechamento corporativo das nações, dando à interdependência mais sentido e inteligibilidade. Fazer com que a política democrática readquira direitos sobre a economia, retirando desta a aparência de fenômeno fora de controle que arruína a vida de indivíduos e comunidades. E, por trás de cada uma destas formulações genéricas, a proposição mais modesta de que o voto sempre tem consequências e a democracia nunca é um exercício vazio, como este ano estratégico tem demonstrado nos mais variados lugares.

*

TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL

Passado ao menos por ora o susto francês, com a aliança entre centro e esquerda que barrou a marcha aparentemente inelutável de Marine Le Pen, nossa atenção cruza o Atlântico e se volta agora para uma situação de risco ainda maior. Referimo-nos obviamente aos Estados Unidos, hoje uma sociedade fraturada e uma democracia disfuncional, em que um dos dois partidos históricos, capturado por um homem forte, tornou-se fator da subversão estimulada por uma parte das elites do país. De fato, a sedição de janeiro de 2021 marca um ponto de não retorno, com a negação da legitimidade dos resultados eleitorais e da transmissão pacífica do poder – um cenário que poderá se desenhar novamente em caso de vitória dos democratas, a priori inaceitável para os trumpistas.

A extrema direita europeia, justiça seja feita, não cruzou a linha decisiva, mesmo que o fantasma iliberal também ronde ameaçadoramente por lá. Aliás, ele nunca se corporifica da mesma forma nas diferentes realidades nacionais. O peso material e simbólico dos Estados Unidos, sua participação relevante na economia global e seu papel de primeira república democrática dos modernos dão a dimensão da catástrofe que teria uma eventual vitória da versão local do nacionalismo populista ou que outro nome se queira dar. Desde logo, estaria aberta a possibilidade de construção da terceira grande autocracia no nosso tempo. No mínimo, os democratas em geral, não só os membros de determinado partido, seriam forçados a uma difícil e arriscada manobra defensiva em face da ocupação organizada do poder planejada pelo trumpismo.

Nos laboratórios da direita radical norte-americana, fazem-se experimentos que convém observar atentamente, com independência de flutuações eleitorais. Tiremos do termo “hegemonia” as incrustações autoritárias para usá-lo no sentido de direção política, exercida basicamente não pela força, mas pela capacidade de delinear um horizonte em que os interesses gerais sejam acolhidos. Instituições e partidos, países e organizações internacionais, sem fôlego hegemônico, recolhem-se à dimensão bruta dos interesses mais crus e imediatos. Autocracias dispensam a elaboração da hegemonia, impõem-se pelo medo e pela força. Uma involução norte-americana com esse teor “corporativo” deixaria o mundo mais pobre e perigoso. Não haveria sequer a retórica dos direitos humanos ou, numa hipótese menos drástica, ela seria tratada com um cinismo ainda maior do que hoje.

Considerando a dinâmica interna da União Europeia (UE), até há alguns anos o bem-vindo projeto unificador vinha sendo ameaçado de desintegração pela “Europa das nações” defendida pelos diferentes ramos da extrema direita soberanista. A partir de dado momento esta última se sentiu, certa ou erradamente, em condições de remodelá-lo à sua imagem e semelhança e deixou de contestar frontalmente a UE. A ideia passou a ser torná-la uma fortaleza etnicamente homogênea, assediada embora por bárbaros de outras cores e religiões. Por sorte, as recentes eleições gerais mantiveram um centro relativamente forte e coeso, assim como um grupo dirigente em que tem assento António Costa, valoroso socialista português.

Também nesse plano interno os radicais norte-americanos são um caso à parte. Pensando a si mesmos de modo fechado, agora imaginam doentiamente o país como o porto de chegada de milhões de criminosos, terroristas e egressos de hospícios (sic). Imigrantes envenenariam o sangue e o solo pátrios, de modo que se justificariam, segundo os radicais, a construção de campos de concentração e a expulsão massiva dos indesejados.

Mantida a ferro e fogo a América para os americanos, a mais recente novidade é a formulação de um certo populismo econômico, que explora o ressentimento dos “perdedores da globalização”, basicamente os trabalhadores de menor formação educacional. Aqui, a “esquerda brâmane” – termo cunhado pelo economista Thomas Piketty – é o alvo escolhido para o exercício fundamental do nacional-populismo: a proposição de um eterno e recorrente combate entre nós e eles, o povo e as elites. Como resultado final, a miragem de um Partido Republicano transformado em partido de massas trabalhadoras e de um welfare estruturado em bases nativistas.

Se esta breve descrição do laboratório ultraconservador fizer sentido, então teremos um roteiro para a reação dos democratas das mais diferentes orientações em todo o mundo. Entre outras iniciativas, reconectar econômica e socialmente “brâmanes” e gente comum. Reverter paulatinamente o nativismo e o fechamento corporativo das nações, dando à interdependência mais sentido e inteligibilidade. Fazer com que a política democrática readquira direitos sobre a economia, retirando desta a aparência de fenômeno fora de controle que arruína a vida de indivíduos e comunidades. E, por trás de cada uma destas formulações genéricas, a proposição mais modesta de que o voto sempre tem consequências e a democracia nunca é um exercício vazio, como este ano estratégico tem demonstrado nos mais variados lugares.

*

TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL

Passado ao menos por ora o susto francês, com a aliança entre centro e esquerda que barrou a marcha aparentemente inelutável de Marine Le Pen, nossa atenção cruza o Atlântico e se volta agora para uma situação de risco ainda maior. Referimo-nos obviamente aos Estados Unidos, hoje uma sociedade fraturada e uma democracia disfuncional, em que um dos dois partidos históricos, capturado por um homem forte, tornou-se fator da subversão estimulada por uma parte das elites do país. De fato, a sedição de janeiro de 2021 marca um ponto de não retorno, com a negação da legitimidade dos resultados eleitorais e da transmissão pacífica do poder – um cenário que poderá se desenhar novamente em caso de vitória dos democratas, a priori inaceitável para os trumpistas.

A extrema direita europeia, justiça seja feita, não cruzou a linha decisiva, mesmo que o fantasma iliberal também ronde ameaçadoramente por lá. Aliás, ele nunca se corporifica da mesma forma nas diferentes realidades nacionais. O peso material e simbólico dos Estados Unidos, sua participação relevante na economia global e seu papel de primeira república democrática dos modernos dão a dimensão da catástrofe que teria uma eventual vitória da versão local do nacionalismo populista ou que outro nome se queira dar. Desde logo, estaria aberta a possibilidade de construção da terceira grande autocracia no nosso tempo. No mínimo, os democratas em geral, não só os membros de determinado partido, seriam forçados a uma difícil e arriscada manobra defensiva em face da ocupação organizada do poder planejada pelo trumpismo.

Nos laboratórios da direita radical norte-americana, fazem-se experimentos que convém observar atentamente, com independência de flutuações eleitorais. Tiremos do termo “hegemonia” as incrustações autoritárias para usá-lo no sentido de direção política, exercida basicamente não pela força, mas pela capacidade de delinear um horizonte em que os interesses gerais sejam acolhidos. Instituições e partidos, países e organizações internacionais, sem fôlego hegemônico, recolhem-se à dimensão bruta dos interesses mais crus e imediatos. Autocracias dispensam a elaboração da hegemonia, impõem-se pelo medo e pela força. Uma involução norte-americana com esse teor “corporativo” deixaria o mundo mais pobre e perigoso. Não haveria sequer a retórica dos direitos humanos ou, numa hipótese menos drástica, ela seria tratada com um cinismo ainda maior do que hoje.

Considerando a dinâmica interna da União Europeia (UE), até há alguns anos o bem-vindo projeto unificador vinha sendo ameaçado de desintegração pela “Europa das nações” defendida pelos diferentes ramos da extrema direita soberanista. A partir de dado momento esta última se sentiu, certa ou erradamente, em condições de remodelá-lo à sua imagem e semelhança e deixou de contestar frontalmente a UE. A ideia passou a ser torná-la uma fortaleza etnicamente homogênea, assediada embora por bárbaros de outras cores e religiões. Por sorte, as recentes eleições gerais mantiveram um centro relativamente forte e coeso, assim como um grupo dirigente em que tem assento António Costa, valoroso socialista português.

Também nesse plano interno os radicais norte-americanos são um caso à parte. Pensando a si mesmos de modo fechado, agora imaginam doentiamente o país como o porto de chegada de milhões de criminosos, terroristas e egressos de hospícios (sic). Imigrantes envenenariam o sangue e o solo pátrios, de modo que se justificariam, segundo os radicais, a construção de campos de concentração e a expulsão massiva dos indesejados.

Mantida a ferro e fogo a América para os americanos, a mais recente novidade é a formulação de um certo populismo econômico, que explora o ressentimento dos “perdedores da globalização”, basicamente os trabalhadores de menor formação educacional. Aqui, a “esquerda brâmane” – termo cunhado pelo economista Thomas Piketty – é o alvo escolhido para o exercício fundamental do nacional-populismo: a proposição de um eterno e recorrente combate entre nós e eles, o povo e as elites. Como resultado final, a miragem de um Partido Republicano transformado em partido de massas trabalhadoras e de um welfare estruturado em bases nativistas.

Se esta breve descrição do laboratório ultraconservador fizer sentido, então teremos um roteiro para a reação dos democratas das mais diferentes orientações em todo o mundo. Entre outras iniciativas, reconectar econômica e socialmente “brâmanes” e gente comum. Reverter paulatinamente o nativismo e o fechamento corporativo das nações, dando à interdependência mais sentido e inteligibilidade. Fazer com que a política democrática readquira direitos sobre a economia, retirando desta a aparência de fenômeno fora de controle que arruína a vida de indivíduos e comunidades. E, por trás de cada uma destas formulações genéricas, a proposição mais modesta de que o voto sempre tem consequências e a democracia nunca é um exercício vazio, como este ano estratégico tem demonstrado nos mais variados lugares.

*

TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL

Opinião por Luiz Sérgio Henriques

Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das Obras de Gramsci no Brasil

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.