Lula ignora a classe média


No mundo binário do presidente, a classe média tradicional não passa de uma burguesia ignorante, o avesso do Estado que ele e o PT representam. E, assim, nada têm a lhe oferecer

Por Notas & Informações

Quem não se deixa enganar facilmente pelos alquimistas do Palácio do Planalto e do PT sabe que há praticamente dois universos na cabeça do presidente Lula da Silva: os pobres e miseráveis, de um lado, e os ricos e bilionários, de outro. No mundo binário do presidente, que costuma dividir o mundo entre o Bem e o Mal, os pobres foram anexados à classe média, e os ricos costumam fazer parte das maquinações conspiratórias para apear a esquerda do poder. Com efeito, o lulopetismo é incapaz de enxergar as aspirações, necessidades e demandas mais atualizadas da classe média – não aquela que, nos primeiros mandatos petistas, se convencionou chamar de “nova classe média”, a classe C impulsionada pelos programas de transferência de renda. A classe média de que se trata aqui é a tradicional, mais afortunada, mais próxima dos padrões internacionais que habitam o imaginário de muitos, e hoje mais empobrecida, endividada e carente de políticas públicas que a ajudem a se recuperar dos danos deixados por longos períodos de crescimento econômico pífio ou recessão.

A essa classe média, governos lulopetistas só parecem destinar medidas populistas, como a recente proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil ou a fartura de linhas de crédito, como no segundo mandato de Lula. Já que dinheiro é algo escasso no Brasil, sobra muito pouco para o aceno a essa classe média. E o mais grave: há dificuldade histórica da esquerda brasileira de lidar com ela. Faixas de renda costumam separar as classes sociais do País, mas há também elementos subjetivos que a classificam. Em outras palavras, classe média é um estado de espírito, um jeito de ser, agir e enxergar o mundo. Uma vocação natural para querer fazer mais com as próprias mãos e dar asas ao desejo natural de “subir na vida”. Isso requer mais dinheiro, sem dúvida fundamental, mas também um Estado que interfira menos em suas vidas – mais liberdade, menos burocracia, melhores condições para empreender e crescer. Por fim, o melhor uso dos recursos públicos, isto é, um uso racional, eficiente e equilibrado, capaz de manter as coisas em ordem e oferecer bons serviços públicos.

Tudo isso representa o oposto do modelo de Estado personificado por Lula da Silva. Antes fosse uma sutil dificuldade de compreender a classe média e buscar soluções compatíveis com seus anseios. Como se trata do lulopetismo, o problema é mais profundo: constatam-se não só desconhecimento e desatualização (há morubixabas petistas, mal saídos da Revolução Industrial e do virtuoso mundo do sindicalismo do século 20, que ainda dividem o País entre burguesia e proletariado), mas a própria negação violenta da legitimidade da classe média. Recorde-se a célebre aula da filósofa Marilena Chauí, que num debate sobre os dez anos de governo lulopetista admitiu, com desabrida sinceridade: “Eu odeio a classe média. (...) A classe média é o atraso de vida. (...) É uma abominação política, porque é fascista, uma abominação ética, porque é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque é ignorante”. Trata-se, como se sabe, de uma das principais intelectuais ligadas ao PT.

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Os anos se passaram, e o PT e a esquerda não aprenderam, como demonstram as eleições municipais de 2024. Seguem difundindo a ideia de ricos contra pobres, nada realista diante das mudanças das últimas décadas, e ignorando as diferentes camadas de classes médias – dos seus estratos mais populares até os, vá lá, mais “burgueses”. Nuances que se espalham pelas cidades cada vez mais adensadas do interior e cada vez mais múltiplas em metrópoles como São Paulo. O complexo de superioridade ainda prevalece ao olhar para uma classe média que deseja virar “burguesia”, para um segmento evangélico com desejo de prosperidade e mesmo para os mais pobres que passaram a votar na direita – aqueles que o sociólogo Jessé Souza, outro porta-voz da esquerda, chama esnobemente de “idiotas” e “imbecis”. E assim, sem entender o mundo ao redor e restringindo-se ao universo paralelo dos preconceitos e estereótipos, Lula e o PT ignoram uma parcela significativa do Brasil que não tem “consciência de classe” nem quer ter.

Quem não se deixa enganar facilmente pelos alquimistas do Palácio do Planalto e do PT sabe que há praticamente dois universos na cabeça do presidente Lula da Silva: os pobres e miseráveis, de um lado, e os ricos e bilionários, de outro. No mundo binário do presidente, que costuma dividir o mundo entre o Bem e o Mal, os pobres foram anexados à classe média, e os ricos costumam fazer parte das maquinações conspiratórias para apear a esquerda do poder. Com efeito, o lulopetismo é incapaz de enxergar as aspirações, necessidades e demandas mais atualizadas da classe média – não aquela que, nos primeiros mandatos petistas, se convencionou chamar de “nova classe média”, a classe C impulsionada pelos programas de transferência de renda. A classe média de que se trata aqui é a tradicional, mais afortunada, mais próxima dos padrões internacionais que habitam o imaginário de muitos, e hoje mais empobrecida, endividada e carente de políticas públicas que a ajudem a se recuperar dos danos deixados por longos períodos de crescimento econômico pífio ou recessão.

A essa classe média, governos lulopetistas só parecem destinar medidas populistas, como a recente proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil ou a fartura de linhas de crédito, como no segundo mandato de Lula. Já que dinheiro é algo escasso no Brasil, sobra muito pouco para o aceno a essa classe média. E o mais grave: há dificuldade histórica da esquerda brasileira de lidar com ela. Faixas de renda costumam separar as classes sociais do País, mas há também elementos subjetivos que a classificam. Em outras palavras, classe média é um estado de espírito, um jeito de ser, agir e enxergar o mundo. Uma vocação natural para querer fazer mais com as próprias mãos e dar asas ao desejo natural de “subir na vida”. Isso requer mais dinheiro, sem dúvida fundamental, mas também um Estado que interfira menos em suas vidas – mais liberdade, menos burocracia, melhores condições para empreender e crescer. Por fim, o melhor uso dos recursos públicos, isto é, um uso racional, eficiente e equilibrado, capaz de manter as coisas em ordem e oferecer bons serviços públicos.

Tudo isso representa o oposto do modelo de Estado personificado por Lula da Silva. Antes fosse uma sutil dificuldade de compreender a classe média e buscar soluções compatíveis com seus anseios. Como se trata do lulopetismo, o problema é mais profundo: constatam-se não só desconhecimento e desatualização (há morubixabas petistas, mal saídos da Revolução Industrial e do virtuoso mundo do sindicalismo do século 20, que ainda dividem o País entre burguesia e proletariado), mas a própria negação violenta da legitimidade da classe média. Recorde-se a célebre aula da filósofa Marilena Chauí, que num debate sobre os dez anos de governo lulopetista admitiu, com desabrida sinceridade: “Eu odeio a classe média. (...) A classe média é o atraso de vida. (...) É uma abominação política, porque é fascista, uma abominação ética, porque é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque é ignorante”. Trata-se, como se sabe, de uma das principais intelectuais ligadas ao PT.

Os anos se passaram, e o PT e a esquerda não aprenderam, como demonstram as eleições municipais de 2024. Seguem difundindo a ideia de ricos contra pobres, nada realista diante das mudanças das últimas décadas, e ignorando as diferentes camadas de classes médias – dos seus estratos mais populares até os, vá lá, mais “burgueses”. Nuances que se espalham pelas cidades cada vez mais adensadas do interior e cada vez mais múltiplas em metrópoles como São Paulo. O complexo de superioridade ainda prevalece ao olhar para uma classe média que deseja virar “burguesia”, para um segmento evangélico com desejo de prosperidade e mesmo para os mais pobres que passaram a votar na direita – aqueles que o sociólogo Jessé Souza, outro porta-voz da esquerda, chama esnobemente de “idiotas” e “imbecis”. E assim, sem entender o mundo ao redor e restringindo-se ao universo paralelo dos preconceitos e estereótipos, Lula e o PT ignoram uma parcela significativa do Brasil que não tem “consciência de classe” nem quer ter.

Quem não se deixa enganar facilmente pelos alquimistas do Palácio do Planalto e do PT sabe que há praticamente dois universos na cabeça do presidente Lula da Silva: os pobres e miseráveis, de um lado, e os ricos e bilionários, de outro. No mundo binário do presidente, que costuma dividir o mundo entre o Bem e o Mal, os pobres foram anexados à classe média, e os ricos costumam fazer parte das maquinações conspiratórias para apear a esquerda do poder. Com efeito, o lulopetismo é incapaz de enxergar as aspirações, necessidades e demandas mais atualizadas da classe média – não aquela que, nos primeiros mandatos petistas, se convencionou chamar de “nova classe média”, a classe C impulsionada pelos programas de transferência de renda. A classe média de que se trata aqui é a tradicional, mais afortunada, mais próxima dos padrões internacionais que habitam o imaginário de muitos, e hoje mais empobrecida, endividada e carente de políticas públicas que a ajudem a se recuperar dos danos deixados por longos períodos de crescimento econômico pífio ou recessão.

A essa classe média, governos lulopetistas só parecem destinar medidas populistas, como a recente proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil ou a fartura de linhas de crédito, como no segundo mandato de Lula. Já que dinheiro é algo escasso no Brasil, sobra muito pouco para o aceno a essa classe média. E o mais grave: há dificuldade histórica da esquerda brasileira de lidar com ela. Faixas de renda costumam separar as classes sociais do País, mas há também elementos subjetivos que a classificam. Em outras palavras, classe média é um estado de espírito, um jeito de ser, agir e enxergar o mundo. Uma vocação natural para querer fazer mais com as próprias mãos e dar asas ao desejo natural de “subir na vida”. Isso requer mais dinheiro, sem dúvida fundamental, mas também um Estado que interfira menos em suas vidas – mais liberdade, menos burocracia, melhores condições para empreender e crescer. Por fim, o melhor uso dos recursos públicos, isto é, um uso racional, eficiente e equilibrado, capaz de manter as coisas em ordem e oferecer bons serviços públicos.

Tudo isso representa o oposto do modelo de Estado personificado por Lula da Silva. Antes fosse uma sutil dificuldade de compreender a classe média e buscar soluções compatíveis com seus anseios. Como se trata do lulopetismo, o problema é mais profundo: constatam-se não só desconhecimento e desatualização (há morubixabas petistas, mal saídos da Revolução Industrial e do virtuoso mundo do sindicalismo do século 20, que ainda dividem o País entre burguesia e proletariado), mas a própria negação violenta da legitimidade da classe média. Recorde-se a célebre aula da filósofa Marilena Chauí, que num debate sobre os dez anos de governo lulopetista admitiu, com desabrida sinceridade: “Eu odeio a classe média. (...) A classe média é o atraso de vida. (...) É uma abominação política, porque é fascista, uma abominação ética, porque é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque é ignorante”. Trata-se, como se sabe, de uma das principais intelectuais ligadas ao PT.

Os anos se passaram, e o PT e a esquerda não aprenderam, como demonstram as eleições municipais de 2024. Seguem difundindo a ideia de ricos contra pobres, nada realista diante das mudanças das últimas décadas, e ignorando as diferentes camadas de classes médias – dos seus estratos mais populares até os, vá lá, mais “burgueses”. Nuances que se espalham pelas cidades cada vez mais adensadas do interior e cada vez mais múltiplas em metrópoles como São Paulo. O complexo de superioridade ainda prevalece ao olhar para uma classe média que deseja virar “burguesia”, para um segmento evangélico com desejo de prosperidade e mesmo para os mais pobres que passaram a votar na direita – aqueles que o sociólogo Jessé Souza, outro porta-voz da esquerda, chama esnobemente de “idiotas” e “imbecis”. E assim, sem entender o mundo ao redor e restringindo-se ao universo paralelo dos preconceitos e estereótipos, Lula e o PT ignoram uma parcela significativa do Brasil que não tem “consciência de classe” nem quer ter.

Quem não se deixa enganar facilmente pelos alquimistas do Palácio do Planalto e do PT sabe que há praticamente dois universos na cabeça do presidente Lula da Silva: os pobres e miseráveis, de um lado, e os ricos e bilionários, de outro. No mundo binário do presidente, que costuma dividir o mundo entre o Bem e o Mal, os pobres foram anexados à classe média, e os ricos costumam fazer parte das maquinações conspiratórias para apear a esquerda do poder. Com efeito, o lulopetismo é incapaz de enxergar as aspirações, necessidades e demandas mais atualizadas da classe média – não aquela que, nos primeiros mandatos petistas, se convencionou chamar de “nova classe média”, a classe C impulsionada pelos programas de transferência de renda. A classe média de que se trata aqui é a tradicional, mais afortunada, mais próxima dos padrões internacionais que habitam o imaginário de muitos, e hoje mais empobrecida, endividada e carente de políticas públicas que a ajudem a se recuperar dos danos deixados por longos períodos de crescimento econômico pífio ou recessão.

A essa classe média, governos lulopetistas só parecem destinar medidas populistas, como a recente proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil ou a fartura de linhas de crédito, como no segundo mandato de Lula. Já que dinheiro é algo escasso no Brasil, sobra muito pouco para o aceno a essa classe média. E o mais grave: há dificuldade histórica da esquerda brasileira de lidar com ela. Faixas de renda costumam separar as classes sociais do País, mas há também elementos subjetivos que a classificam. Em outras palavras, classe média é um estado de espírito, um jeito de ser, agir e enxergar o mundo. Uma vocação natural para querer fazer mais com as próprias mãos e dar asas ao desejo natural de “subir na vida”. Isso requer mais dinheiro, sem dúvida fundamental, mas também um Estado que interfira menos em suas vidas – mais liberdade, menos burocracia, melhores condições para empreender e crescer. Por fim, o melhor uso dos recursos públicos, isto é, um uso racional, eficiente e equilibrado, capaz de manter as coisas em ordem e oferecer bons serviços públicos.

Tudo isso representa o oposto do modelo de Estado personificado por Lula da Silva. Antes fosse uma sutil dificuldade de compreender a classe média e buscar soluções compatíveis com seus anseios. Como se trata do lulopetismo, o problema é mais profundo: constatam-se não só desconhecimento e desatualização (há morubixabas petistas, mal saídos da Revolução Industrial e do virtuoso mundo do sindicalismo do século 20, que ainda dividem o País entre burguesia e proletariado), mas a própria negação violenta da legitimidade da classe média. Recorde-se a célebre aula da filósofa Marilena Chauí, que num debate sobre os dez anos de governo lulopetista admitiu, com desabrida sinceridade: “Eu odeio a classe média. (...) A classe média é o atraso de vida. (...) É uma abominação política, porque é fascista, uma abominação ética, porque é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque é ignorante”. Trata-se, como se sabe, de uma das principais intelectuais ligadas ao PT.

Os anos se passaram, e o PT e a esquerda não aprenderam, como demonstram as eleições municipais de 2024. Seguem difundindo a ideia de ricos contra pobres, nada realista diante das mudanças das últimas décadas, e ignorando as diferentes camadas de classes médias – dos seus estratos mais populares até os, vá lá, mais “burgueses”. Nuances que se espalham pelas cidades cada vez mais adensadas do interior e cada vez mais múltiplas em metrópoles como São Paulo. O complexo de superioridade ainda prevalece ao olhar para uma classe média que deseja virar “burguesia”, para um segmento evangélico com desejo de prosperidade e mesmo para os mais pobres que passaram a votar na direita – aqueles que o sociólogo Jessé Souza, outro porta-voz da esquerda, chama esnobemente de “idiotas” e “imbecis”. E assim, sem entender o mundo ao redor e restringindo-se ao universo paralelo dos preconceitos e estereótipos, Lula e o PT ignoram uma parcela significativa do Brasil que não tem “consciência de classe” nem quer ter.

Quem não se deixa enganar facilmente pelos alquimistas do Palácio do Planalto e do PT sabe que há praticamente dois universos na cabeça do presidente Lula da Silva: os pobres e miseráveis, de um lado, e os ricos e bilionários, de outro. No mundo binário do presidente, que costuma dividir o mundo entre o Bem e o Mal, os pobres foram anexados à classe média, e os ricos costumam fazer parte das maquinações conspiratórias para apear a esquerda do poder. Com efeito, o lulopetismo é incapaz de enxergar as aspirações, necessidades e demandas mais atualizadas da classe média – não aquela que, nos primeiros mandatos petistas, se convencionou chamar de “nova classe média”, a classe C impulsionada pelos programas de transferência de renda. A classe média de que se trata aqui é a tradicional, mais afortunada, mais próxima dos padrões internacionais que habitam o imaginário de muitos, e hoje mais empobrecida, endividada e carente de políticas públicas que a ajudem a se recuperar dos danos deixados por longos períodos de crescimento econômico pífio ou recessão.

A essa classe média, governos lulopetistas só parecem destinar medidas populistas, como a recente proposta de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil ou a fartura de linhas de crédito, como no segundo mandato de Lula. Já que dinheiro é algo escasso no Brasil, sobra muito pouco para o aceno a essa classe média. E o mais grave: há dificuldade histórica da esquerda brasileira de lidar com ela. Faixas de renda costumam separar as classes sociais do País, mas há também elementos subjetivos que a classificam. Em outras palavras, classe média é um estado de espírito, um jeito de ser, agir e enxergar o mundo. Uma vocação natural para querer fazer mais com as próprias mãos e dar asas ao desejo natural de “subir na vida”. Isso requer mais dinheiro, sem dúvida fundamental, mas também um Estado que interfira menos em suas vidas – mais liberdade, menos burocracia, melhores condições para empreender e crescer. Por fim, o melhor uso dos recursos públicos, isto é, um uso racional, eficiente e equilibrado, capaz de manter as coisas em ordem e oferecer bons serviços públicos.

Tudo isso representa o oposto do modelo de Estado personificado por Lula da Silva. Antes fosse uma sutil dificuldade de compreender a classe média e buscar soluções compatíveis com seus anseios. Como se trata do lulopetismo, o problema é mais profundo: constatam-se não só desconhecimento e desatualização (há morubixabas petistas, mal saídos da Revolução Industrial e do virtuoso mundo do sindicalismo do século 20, que ainda dividem o País entre burguesia e proletariado), mas a própria negação violenta da legitimidade da classe média. Recorde-se a célebre aula da filósofa Marilena Chauí, que num debate sobre os dez anos de governo lulopetista admitiu, com desabrida sinceridade: “Eu odeio a classe média. (...) A classe média é o atraso de vida. (...) É uma abominação política, porque é fascista, uma abominação ética, porque é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque é ignorante”. Trata-se, como se sabe, de uma das principais intelectuais ligadas ao PT.

Os anos se passaram, e o PT e a esquerda não aprenderam, como demonstram as eleições municipais de 2024. Seguem difundindo a ideia de ricos contra pobres, nada realista diante das mudanças das últimas décadas, e ignorando as diferentes camadas de classes médias – dos seus estratos mais populares até os, vá lá, mais “burgueses”. Nuances que se espalham pelas cidades cada vez mais adensadas do interior e cada vez mais múltiplas em metrópoles como São Paulo. O complexo de superioridade ainda prevalece ao olhar para uma classe média que deseja virar “burguesia”, para um segmento evangélico com desejo de prosperidade e mesmo para os mais pobres que passaram a votar na direita – aqueles que o sociólogo Jessé Souza, outro porta-voz da esquerda, chama esnobemente de “idiotas” e “imbecis”. E assim, sem entender o mundo ao redor e restringindo-se ao universo paralelo dos preconceitos e estereótipos, Lula e o PT ignoram uma parcela significativa do Brasil que não tem “consciência de classe” nem quer ter.

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