Mais uma ‘mudança segura’ no Uruguai


Nas eleições prevaleceram mais uma vez a moderação e o consenso, frutos de uma política partidária bem institucionalizada. Mas cultura democrática do país será testada por novos desafios

Por Notas & Informações
Atualização:

Álvaro Delgado, candidato à presidência uruguaia da Coalizão Republicana de centro-direita apoiado pelo incumbente Luis Lacalle Pou, perdeu para Yamandú Orsi, da Frente Ampla de centro-esquerda. Após governar de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder – suavemente. “Uma mudança segura” foi o slogan de campanha.

“Serei o presidente que convocará de novo o diálogo nacional”, disse Orsi. “A mensagem não pode ser outra senão abraçar o debate de ideias. Assim se constrói uma república democrática. Longa vida aos partidos políticos no Uruguai. Triunfa mais uma vez o país da liberdade, da igualdade e também da fraternidade, que não é nada mais nada menos que a tolerância e o respeito pelos demais. Sigamos por esse caminho.” Tal exibição de conciliação da parte dos vencedores não costuma ser mais que hipocrisia. Uma das provas de que no Uruguai é genuína, foi a resposta de Delgado. “Se é necessária uma mão em prol do país, esta coalizão está disposta a lhe dar as duas.”

É motivo de orgulho local fazer as coisas a la uruguaya: devagar, gradualmente e deliberadamente – como a preparação e a degustação do chimarrão. Traduzido para a política, isso implica um quadro institucional de poucos partidos, disciplinados, com conteúdos programáticos claros e, sobretudo, moderados. A participação dos uruguaios em partidos, sindicatos e associações é alta. Os eleitores votam mais por fidelidade a legendas que a personalidades. Reformas às vezes tomam anos e só são ratificadas após plebiscitos ou referendos. Mas, uma vez pactuadas, a população segue em frente, sem revanchismos.

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Em índices de democracia, como o da Economist Intelligence Unit, o Uruguai figura como a única democracia “plena” da América do Sul e uma das mais sólidas do mundo. Estudos apontam o país como o menos corrupto da região. O resultado é uma disputa bem delineada entre esquerda e direita, mas sem extremismos; uma cultura centrista consolidada, mas sem o fisiologismo endêmico de um “Centrão”.

A estabilidade política, por sua vez, se traduz em prosperidade econômica. O país tem a maior renda per capita da América Latina, a menor taxa de pobreza, um dos menores níveis de desigualdade. Sua matriz energética é a mais limpa e seu Estado de Bem-Estar Social é, por algumas medidas, o mais antigo e generoso do Cone Sul. Inflação, juros e impostos baixos magnetizam investimentos e imigrantes.

Um exemplo de consenso político e responsabilidade econômica foi dado no referendo recente que propunha reduzir a idade e aumentar o valor das aposentadorias – música para ouvidos populistas. Mas os dois principais candidatos rechaçaram a proposta, assim como a população.

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O espaço para a retórica inflamada sobre “socialismo” e “neoliberalismo” é diminuto. Fiel aos ideais progressistas, Orsi prometeu ampliar gastos sociais. “Mas para isso a economia precisa crescer”, disse seu chefe de campanha, Alejandro Sánchez, “e, para crescer, a economia precisa ser muito mais aberta.” Orsi também prometeu não elevar impostos e reduzir a burocracia para atrair investimentos.

Não cabem idealizações. Se se pode dizer que o Uruguai é a “Cingapura” ou a “Suíça” da América Latina, há uma longa jornada até se aproximar dos níveis de desenvolvimento de Cingapura ou da Suíça. Desde o fim do boom das commodities, o crescimento se desacelerou. A educação segue estagnada. O narcotráfico cresce e as taxas de violência superaram as de vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai e Peru. Tudo isso ameaça a coesão social e é um convite às aventuras populistas.

A alternância no poder se deu de maneira tranquila, como em todas as vezes desde o fim do regime militar, em 1985. Mas, para que as outras eleições continuem assim, os representantes eleitos precisarão combinar sua velha moderação com novas ambições; promover reformas radicais, sem radicalismos. A estabilidade é condição necessária para o crescimento, mas não suficiente. Tudo somado, no entanto, o Uruguai está bem equipado para enfrentar seus desafios, e as últimas eleições deixaram, mais uma vez, lições valiosas para a América Latina.

Álvaro Delgado, candidato à presidência uruguaia da Coalizão Republicana de centro-direita apoiado pelo incumbente Luis Lacalle Pou, perdeu para Yamandú Orsi, da Frente Ampla de centro-esquerda. Após governar de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder – suavemente. “Uma mudança segura” foi o slogan de campanha.

“Serei o presidente que convocará de novo o diálogo nacional”, disse Orsi. “A mensagem não pode ser outra senão abraçar o debate de ideias. Assim se constrói uma república democrática. Longa vida aos partidos políticos no Uruguai. Triunfa mais uma vez o país da liberdade, da igualdade e também da fraternidade, que não é nada mais nada menos que a tolerância e o respeito pelos demais. Sigamos por esse caminho.” Tal exibição de conciliação da parte dos vencedores não costuma ser mais que hipocrisia. Uma das provas de que no Uruguai é genuína, foi a resposta de Delgado. “Se é necessária uma mão em prol do país, esta coalizão está disposta a lhe dar as duas.”

É motivo de orgulho local fazer as coisas a la uruguaya: devagar, gradualmente e deliberadamente – como a preparação e a degustação do chimarrão. Traduzido para a política, isso implica um quadro institucional de poucos partidos, disciplinados, com conteúdos programáticos claros e, sobretudo, moderados. A participação dos uruguaios em partidos, sindicatos e associações é alta. Os eleitores votam mais por fidelidade a legendas que a personalidades. Reformas às vezes tomam anos e só são ratificadas após plebiscitos ou referendos. Mas, uma vez pactuadas, a população segue em frente, sem revanchismos.

Em índices de democracia, como o da Economist Intelligence Unit, o Uruguai figura como a única democracia “plena” da América do Sul e uma das mais sólidas do mundo. Estudos apontam o país como o menos corrupto da região. O resultado é uma disputa bem delineada entre esquerda e direita, mas sem extremismos; uma cultura centrista consolidada, mas sem o fisiologismo endêmico de um “Centrão”.

A estabilidade política, por sua vez, se traduz em prosperidade econômica. O país tem a maior renda per capita da América Latina, a menor taxa de pobreza, um dos menores níveis de desigualdade. Sua matriz energética é a mais limpa e seu Estado de Bem-Estar Social é, por algumas medidas, o mais antigo e generoso do Cone Sul. Inflação, juros e impostos baixos magnetizam investimentos e imigrantes.

Um exemplo de consenso político e responsabilidade econômica foi dado no referendo recente que propunha reduzir a idade e aumentar o valor das aposentadorias – música para ouvidos populistas. Mas os dois principais candidatos rechaçaram a proposta, assim como a população.

O espaço para a retórica inflamada sobre “socialismo” e “neoliberalismo” é diminuto. Fiel aos ideais progressistas, Orsi prometeu ampliar gastos sociais. “Mas para isso a economia precisa crescer”, disse seu chefe de campanha, Alejandro Sánchez, “e, para crescer, a economia precisa ser muito mais aberta.” Orsi também prometeu não elevar impostos e reduzir a burocracia para atrair investimentos.

Não cabem idealizações. Se se pode dizer que o Uruguai é a “Cingapura” ou a “Suíça” da América Latina, há uma longa jornada até se aproximar dos níveis de desenvolvimento de Cingapura ou da Suíça. Desde o fim do boom das commodities, o crescimento se desacelerou. A educação segue estagnada. O narcotráfico cresce e as taxas de violência superaram as de vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai e Peru. Tudo isso ameaça a coesão social e é um convite às aventuras populistas.

A alternância no poder se deu de maneira tranquila, como em todas as vezes desde o fim do regime militar, em 1985. Mas, para que as outras eleições continuem assim, os representantes eleitos precisarão combinar sua velha moderação com novas ambições; promover reformas radicais, sem radicalismos. A estabilidade é condição necessária para o crescimento, mas não suficiente. Tudo somado, no entanto, o Uruguai está bem equipado para enfrentar seus desafios, e as últimas eleições deixaram, mais uma vez, lições valiosas para a América Latina.

Álvaro Delgado, candidato à presidência uruguaia da Coalizão Republicana de centro-direita apoiado pelo incumbente Luis Lacalle Pou, perdeu para Yamandú Orsi, da Frente Ampla de centro-esquerda. Após governar de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder – suavemente. “Uma mudança segura” foi o slogan de campanha.

“Serei o presidente que convocará de novo o diálogo nacional”, disse Orsi. “A mensagem não pode ser outra senão abraçar o debate de ideias. Assim se constrói uma república democrática. Longa vida aos partidos políticos no Uruguai. Triunfa mais uma vez o país da liberdade, da igualdade e também da fraternidade, que não é nada mais nada menos que a tolerância e o respeito pelos demais. Sigamos por esse caminho.” Tal exibição de conciliação da parte dos vencedores não costuma ser mais que hipocrisia. Uma das provas de que no Uruguai é genuína, foi a resposta de Delgado. “Se é necessária uma mão em prol do país, esta coalizão está disposta a lhe dar as duas.”

É motivo de orgulho local fazer as coisas a la uruguaya: devagar, gradualmente e deliberadamente – como a preparação e a degustação do chimarrão. Traduzido para a política, isso implica um quadro institucional de poucos partidos, disciplinados, com conteúdos programáticos claros e, sobretudo, moderados. A participação dos uruguaios em partidos, sindicatos e associações é alta. Os eleitores votam mais por fidelidade a legendas que a personalidades. Reformas às vezes tomam anos e só são ratificadas após plebiscitos ou referendos. Mas, uma vez pactuadas, a população segue em frente, sem revanchismos.

Em índices de democracia, como o da Economist Intelligence Unit, o Uruguai figura como a única democracia “plena” da América do Sul e uma das mais sólidas do mundo. Estudos apontam o país como o menos corrupto da região. O resultado é uma disputa bem delineada entre esquerda e direita, mas sem extremismos; uma cultura centrista consolidada, mas sem o fisiologismo endêmico de um “Centrão”.

A estabilidade política, por sua vez, se traduz em prosperidade econômica. O país tem a maior renda per capita da América Latina, a menor taxa de pobreza, um dos menores níveis de desigualdade. Sua matriz energética é a mais limpa e seu Estado de Bem-Estar Social é, por algumas medidas, o mais antigo e generoso do Cone Sul. Inflação, juros e impostos baixos magnetizam investimentos e imigrantes.

Um exemplo de consenso político e responsabilidade econômica foi dado no referendo recente que propunha reduzir a idade e aumentar o valor das aposentadorias – música para ouvidos populistas. Mas os dois principais candidatos rechaçaram a proposta, assim como a população.

O espaço para a retórica inflamada sobre “socialismo” e “neoliberalismo” é diminuto. Fiel aos ideais progressistas, Orsi prometeu ampliar gastos sociais. “Mas para isso a economia precisa crescer”, disse seu chefe de campanha, Alejandro Sánchez, “e, para crescer, a economia precisa ser muito mais aberta.” Orsi também prometeu não elevar impostos e reduzir a burocracia para atrair investimentos.

Não cabem idealizações. Se se pode dizer que o Uruguai é a “Cingapura” ou a “Suíça” da América Latina, há uma longa jornada até se aproximar dos níveis de desenvolvimento de Cingapura ou da Suíça. Desde o fim do boom das commodities, o crescimento se desacelerou. A educação segue estagnada. O narcotráfico cresce e as taxas de violência superaram as de vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai e Peru. Tudo isso ameaça a coesão social e é um convite às aventuras populistas.

A alternância no poder se deu de maneira tranquila, como em todas as vezes desde o fim do regime militar, em 1985. Mas, para que as outras eleições continuem assim, os representantes eleitos precisarão combinar sua velha moderação com novas ambições; promover reformas radicais, sem radicalismos. A estabilidade é condição necessária para o crescimento, mas não suficiente. Tudo somado, no entanto, o Uruguai está bem equipado para enfrentar seus desafios, e as últimas eleições deixaram, mais uma vez, lições valiosas para a América Latina.

Álvaro Delgado, candidato à presidência uruguaia da Coalizão Republicana de centro-direita apoiado pelo incumbente Luis Lacalle Pou, perdeu para Yamandú Orsi, da Frente Ampla de centro-esquerda. Após governar de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder – suavemente. “Uma mudança segura” foi o slogan de campanha.

“Serei o presidente que convocará de novo o diálogo nacional”, disse Orsi. “A mensagem não pode ser outra senão abraçar o debate de ideias. Assim se constrói uma república democrática. Longa vida aos partidos políticos no Uruguai. Triunfa mais uma vez o país da liberdade, da igualdade e também da fraternidade, que não é nada mais nada menos que a tolerância e o respeito pelos demais. Sigamos por esse caminho.” Tal exibição de conciliação da parte dos vencedores não costuma ser mais que hipocrisia. Uma das provas de que no Uruguai é genuína, foi a resposta de Delgado. “Se é necessária uma mão em prol do país, esta coalizão está disposta a lhe dar as duas.”

É motivo de orgulho local fazer as coisas a la uruguaya: devagar, gradualmente e deliberadamente – como a preparação e a degustação do chimarrão. Traduzido para a política, isso implica um quadro institucional de poucos partidos, disciplinados, com conteúdos programáticos claros e, sobretudo, moderados. A participação dos uruguaios em partidos, sindicatos e associações é alta. Os eleitores votam mais por fidelidade a legendas que a personalidades. Reformas às vezes tomam anos e só são ratificadas após plebiscitos ou referendos. Mas, uma vez pactuadas, a população segue em frente, sem revanchismos.

Em índices de democracia, como o da Economist Intelligence Unit, o Uruguai figura como a única democracia “plena” da América do Sul e uma das mais sólidas do mundo. Estudos apontam o país como o menos corrupto da região. O resultado é uma disputa bem delineada entre esquerda e direita, mas sem extremismos; uma cultura centrista consolidada, mas sem o fisiologismo endêmico de um “Centrão”.

A estabilidade política, por sua vez, se traduz em prosperidade econômica. O país tem a maior renda per capita da América Latina, a menor taxa de pobreza, um dos menores níveis de desigualdade. Sua matriz energética é a mais limpa e seu Estado de Bem-Estar Social é, por algumas medidas, o mais antigo e generoso do Cone Sul. Inflação, juros e impostos baixos magnetizam investimentos e imigrantes.

Um exemplo de consenso político e responsabilidade econômica foi dado no referendo recente que propunha reduzir a idade e aumentar o valor das aposentadorias – música para ouvidos populistas. Mas os dois principais candidatos rechaçaram a proposta, assim como a população.

O espaço para a retórica inflamada sobre “socialismo” e “neoliberalismo” é diminuto. Fiel aos ideais progressistas, Orsi prometeu ampliar gastos sociais. “Mas para isso a economia precisa crescer”, disse seu chefe de campanha, Alejandro Sánchez, “e, para crescer, a economia precisa ser muito mais aberta.” Orsi também prometeu não elevar impostos e reduzir a burocracia para atrair investimentos.

Não cabem idealizações. Se se pode dizer que o Uruguai é a “Cingapura” ou a “Suíça” da América Latina, há uma longa jornada até se aproximar dos níveis de desenvolvimento de Cingapura ou da Suíça. Desde o fim do boom das commodities, o crescimento se desacelerou. A educação segue estagnada. O narcotráfico cresce e as taxas de violência superaram as de vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai e Peru. Tudo isso ameaça a coesão social e é um convite às aventuras populistas.

A alternância no poder se deu de maneira tranquila, como em todas as vezes desde o fim do regime militar, em 1985. Mas, para que as outras eleições continuem assim, os representantes eleitos precisarão combinar sua velha moderação com novas ambições; promover reformas radicais, sem radicalismos. A estabilidade é condição necessária para o crescimento, mas não suficiente. Tudo somado, no entanto, o Uruguai está bem equipado para enfrentar seus desafios, e as últimas eleições deixaram, mais uma vez, lições valiosas para a América Latina.

Álvaro Delgado, candidato à presidência uruguaia da Coalizão Republicana de centro-direita apoiado pelo incumbente Luis Lacalle Pou, perdeu para Yamandú Orsi, da Frente Ampla de centro-esquerda. Após governar de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder – suavemente. “Uma mudança segura” foi o slogan de campanha.

“Serei o presidente que convocará de novo o diálogo nacional”, disse Orsi. “A mensagem não pode ser outra senão abraçar o debate de ideias. Assim se constrói uma república democrática. Longa vida aos partidos políticos no Uruguai. Triunfa mais uma vez o país da liberdade, da igualdade e também da fraternidade, que não é nada mais nada menos que a tolerância e o respeito pelos demais. Sigamos por esse caminho.” Tal exibição de conciliação da parte dos vencedores não costuma ser mais que hipocrisia. Uma das provas de que no Uruguai é genuína, foi a resposta de Delgado. “Se é necessária uma mão em prol do país, esta coalizão está disposta a lhe dar as duas.”

É motivo de orgulho local fazer as coisas a la uruguaya: devagar, gradualmente e deliberadamente – como a preparação e a degustação do chimarrão. Traduzido para a política, isso implica um quadro institucional de poucos partidos, disciplinados, com conteúdos programáticos claros e, sobretudo, moderados. A participação dos uruguaios em partidos, sindicatos e associações é alta. Os eleitores votam mais por fidelidade a legendas que a personalidades. Reformas às vezes tomam anos e só são ratificadas após plebiscitos ou referendos. Mas, uma vez pactuadas, a população segue em frente, sem revanchismos.

Em índices de democracia, como o da Economist Intelligence Unit, o Uruguai figura como a única democracia “plena” da América do Sul e uma das mais sólidas do mundo. Estudos apontam o país como o menos corrupto da região. O resultado é uma disputa bem delineada entre esquerda e direita, mas sem extremismos; uma cultura centrista consolidada, mas sem o fisiologismo endêmico de um “Centrão”.

A estabilidade política, por sua vez, se traduz em prosperidade econômica. O país tem a maior renda per capita da América Latina, a menor taxa de pobreza, um dos menores níveis de desigualdade. Sua matriz energética é a mais limpa e seu Estado de Bem-Estar Social é, por algumas medidas, o mais antigo e generoso do Cone Sul. Inflação, juros e impostos baixos magnetizam investimentos e imigrantes.

Um exemplo de consenso político e responsabilidade econômica foi dado no referendo recente que propunha reduzir a idade e aumentar o valor das aposentadorias – música para ouvidos populistas. Mas os dois principais candidatos rechaçaram a proposta, assim como a população.

O espaço para a retórica inflamada sobre “socialismo” e “neoliberalismo” é diminuto. Fiel aos ideais progressistas, Orsi prometeu ampliar gastos sociais. “Mas para isso a economia precisa crescer”, disse seu chefe de campanha, Alejandro Sánchez, “e, para crescer, a economia precisa ser muito mais aberta.” Orsi também prometeu não elevar impostos e reduzir a burocracia para atrair investimentos.

Não cabem idealizações. Se se pode dizer que o Uruguai é a “Cingapura” ou a “Suíça” da América Latina, há uma longa jornada até se aproximar dos níveis de desenvolvimento de Cingapura ou da Suíça. Desde o fim do boom das commodities, o crescimento se desacelerou. A educação segue estagnada. O narcotráfico cresce e as taxas de violência superaram as de vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai e Peru. Tudo isso ameaça a coesão social e é um convite às aventuras populistas.

A alternância no poder se deu de maneira tranquila, como em todas as vezes desde o fim do regime militar, em 1985. Mas, para que as outras eleições continuem assim, os representantes eleitos precisarão combinar sua velha moderação com novas ambições; promover reformas radicais, sem radicalismos. A estabilidade é condição necessária para o crescimento, mas não suficiente. Tudo somado, no entanto, o Uruguai está bem equipado para enfrentar seus desafios, e as últimas eleições deixaram, mais uma vez, lições valiosas para a América Latina.

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