Mau sinal em SP


Bolsonarista escolhido por Tarcísio para a Segurança Pública diz que a questão das câmeras nos uniformes da PM é ‘polêmica’. Não é: há sólido consenso a favor do equipamento

Por Notas & Informações

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou que o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) será o próximo secretário de Segurança Pública do Estado. É um mau começo.

A escolha revela que Tarcísio não resistiu às pressões de aliados do presidente Jair Bolsonaro para ocupar áreas sensíveis da administração pública paulista como forma de manter acesas as brasas da militância após a derrota do “mito” nas urnas.

Ex-oficial da Rota, Derrite abandonou a carreira policial para entrar na política em 2018, a convite de Bolsonaro. Foi eleito deputado federal e reeleito este ano. Na Câmara, notabilizou-se pela associação com o bolsonarismo mais ideológico e radical. Nas redes sociais, Derrite costuma explorar a proximidade com o presidente da República, divulgar as ideias de Olavo de Carvalho, ex-astrólogo convertido em ideólogo do bolsonarismo, e publicar vídeos gravados por câmeras de segurança que mostram situações de violência urbana, não raro tecendo comentários a respeito de uma suposta “tolerância” da esquerda com os criminosos e defendendo o porte de armas de fogo pelos cidadãos.

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É no mínimo curioso que alguém sobre cujos ombros recairá a responsabilidade de cuidar da segurança de cerca de 44 milhões de pessoas pense que o Estado é tão incapaz de defender os cidadãos da violência que estes devem cuidar da própria segurança andando armados por aí. Mas a incoerência de Derrite é o menor de seus problemas.

Logo após ser confirmado como futuro secretário de Segurança Pública, Derrite afirmou que vai “rever as atuais diretrizes da pasta”. Não há nada de errado nisso – afinal, é esperado que uma nova equipe de governo eventualmente reoriente políticas públicas de acordo com seu programa. O problema é que a tal revisão pode incluir as câmeras corporais adotadas pela Polícia Militar (PM) de São Paulo em 2021, as chamadas bodycams.

“A minha opinião é a mesma do governador (Tarcísio de Freitas)”, disse Derrite ao jornal Valor. “Toda política pública vai ser avaliada, reavaliada. O uso da tecnologia, não só das bodycams, foi um ponto que gerou certa polêmica.” Ora, as câmeras da PM não geraram “polêmica” alguma. A adoção do equipamento, após oito anos de pesquisas e exaustivos testes operacionais, foi amplamente bem recebida pelos paulistas, por organizações da sociedade civil que atuam na área de segurança pública e pela própria corporação militar.

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Não poucos estudos revelaram que a adoção das bodycams, uma das mais bem-sucedidas políticas de segurança já adotadas pelo governo de São Paulo, reduziu drasticamente o número de casos de violência policial e mortes, não só de civis, como também dos próprios agentes. As câmeras corporais oferecem proteção a todos e contribuem para a construção de uma Polícia Militar mais cidadã, mais bem preparada para proteger a sociedade seguindo rigorosamente os ditames das leis e da Constituição.

É exatamente por isso que as bodycams se tornaram uma obsessão dos bolsonaristas radicais. Para esses extremistas, as câmeras inibem a ação dos policiais, o que, segundo eles, favoreceria os bandidos. O ideal bolsonarista, portanto, seria que os policiais pudessem agir à vontade, sem se preocupar com limites legais. Não à toa, o governo de Bolsonaro chegou a encaminhar projeto de lei, felizmente rejeitado, para conferir excludente de ilicitude para os policiais, o que constituiria, na prática, uma licença para matar.

Por isso, vá lá que, no palanque, o candidato escolhido por Bolsonaro para disputar o governo paulista tivesse que defender as teses estapafúrdias que levam os bolsonaristas radicais ao delírio, como a de que as câmeras prejudicam a “produtividade” da PM e deixam os policiais “em desvantagem em relação aos bandidos”, segundo Tarcísio.

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Passada a eleição, contudo, não há nenhuma razão para que o futuro governador, cujas credenciais técnicas são sólidas, continue a legitimar tal barbaridade. É hora de Tarcísio virar a chave de candidato e se preparar para governar o Estado no melhor interesse dos paulistas.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou que o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) será o próximo secretário de Segurança Pública do Estado. É um mau começo.

A escolha revela que Tarcísio não resistiu às pressões de aliados do presidente Jair Bolsonaro para ocupar áreas sensíveis da administração pública paulista como forma de manter acesas as brasas da militância após a derrota do “mito” nas urnas.

Ex-oficial da Rota, Derrite abandonou a carreira policial para entrar na política em 2018, a convite de Bolsonaro. Foi eleito deputado federal e reeleito este ano. Na Câmara, notabilizou-se pela associação com o bolsonarismo mais ideológico e radical. Nas redes sociais, Derrite costuma explorar a proximidade com o presidente da República, divulgar as ideias de Olavo de Carvalho, ex-astrólogo convertido em ideólogo do bolsonarismo, e publicar vídeos gravados por câmeras de segurança que mostram situações de violência urbana, não raro tecendo comentários a respeito de uma suposta “tolerância” da esquerda com os criminosos e defendendo o porte de armas de fogo pelos cidadãos.

É no mínimo curioso que alguém sobre cujos ombros recairá a responsabilidade de cuidar da segurança de cerca de 44 milhões de pessoas pense que o Estado é tão incapaz de defender os cidadãos da violência que estes devem cuidar da própria segurança andando armados por aí. Mas a incoerência de Derrite é o menor de seus problemas.

Logo após ser confirmado como futuro secretário de Segurança Pública, Derrite afirmou que vai “rever as atuais diretrizes da pasta”. Não há nada de errado nisso – afinal, é esperado que uma nova equipe de governo eventualmente reoriente políticas públicas de acordo com seu programa. O problema é que a tal revisão pode incluir as câmeras corporais adotadas pela Polícia Militar (PM) de São Paulo em 2021, as chamadas bodycams.

“A minha opinião é a mesma do governador (Tarcísio de Freitas)”, disse Derrite ao jornal Valor. “Toda política pública vai ser avaliada, reavaliada. O uso da tecnologia, não só das bodycams, foi um ponto que gerou certa polêmica.” Ora, as câmeras da PM não geraram “polêmica” alguma. A adoção do equipamento, após oito anos de pesquisas e exaustivos testes operacionais, foi amplamente bem recebida pelos paulistas, por organizações da sociedade civil que atuam na área de segurança pública e pela própria corporação militar.

Não poucos estudos revelaram que a adoção das bodycams, uma das mais bem-sucedidas políticas de segurança já adotadas pelo governo de São Paulo, reduziu drasticamente o número de casos de violência policial e mortes, não só de civis, como também dos próprios agentes. As câmeras corporais oferecem proteção a todos e contribuem para a construção de uma Polícia Militar mais cidadã, mais bem preparada para proteger a sociedade seguindo rigorosamente os ditames das leis e da Constituição.

É exatamente por isso que as bodycams se tornaram uma obsessão dos bolsonaristas radicais. Para esses extremistas, as câmeras inibem a ação dos policiais, o que, segundo eles, favoreceria os bandidos. O ideal bolsonarista, portanto, seria que os policiais pudessem agir à vontade, sem se preocupar com limites legais. Não à toa, o governo de Bolsonaro chegou a encaminhar projeto de lei, felizmente rejeitado, para conferir excludente de ilicitude para os policiais, o que constituiria, na prática, uma licença para matar.

Por isso, vá lá que, no palanque, o candidato escolhido por Bolsonaro para disputar o governo paulista tivesse que defender as teses estapafúrdias que levam os bolsonaristas radicais ao delírio, como a de que as câmeras prejudicam a “produtividade” da PM e deixam os policiais “em desvantagem em relação aos bandidos”, segundo Tarcísio.

Passada a eleição, contudo, não há nenhuma razão para que o futuro governador, cujas credenciais técnicas são sólidas, continue a legitimar tal barbaridade. É hora de Tarcísio virar a chave de candidato e se preparar para governar o Estado no melhor interesse dos paulistas.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou que o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) será o próximo secretário de Segurança Pública do Estado. É um mau começo.

A escolha revela que Tarcísio não resistiu às pressões de aliados do presidente Jair Bolsonaro para ocupar áreas sensíveis da administração pública paulista como forma de manter acesas as brasas da militância após a derrota do “mito” nas urnas.

Ex-oficial da Rota, Derrite abandonou a carreira policial para entrar na política em 2018, a convite de Bolsonaro. Foi eleito deputado federal e reeleito este ano. Na Câmara, notabilizou-se pela associação com o bolsonarismo mais ideológico e radical. Nas redes sociais, Derrite costuma explorar a proximidade com o presidente da República, divulgar as ideias de Olavo de Carvalho, ex-astrólogo convertido em ideólogo do bolsonarismo, e publicar vídeos gravados por câmeras de segurança que mostram situações de violência urbana, não raro tecendo comentários a respeito de uma suposta “tolerância” da esquerda com os criminosos e defendendo o porte de armas de fogo pelos cidadãos.

É no mínimo curioso que alguém sobre cujos ombros recairá a responsabilidade de cuidar da segurança de cerca de 44 milhões de pessoas pense que o Estado é tão incapaz de defender os cidadãos da violência que estes devem cuidar da própria segurança andando armados por aí. Mas a incoerência de Derrite é o menor de seus problemas.

Logo após ser confirmado como futuro secretário de Segurança Pública, Derrite afirmou que vai “rever as atuais diretrizes da pasta”. Não há nada de errado nisso – afinal, é esperado que uma nova equipe de governo eventualmente reoriente políticas públicas de acordo com seu programa. O problema é que a tal revisão pode incluir as câmeras corporais adotadas pela Polícia Militar (PM) de São Paulo em 2021, as chamadas bodycams.

“A minha opinião é a mesma do governador (Tarcísio de Freitas)”, disse Derrite ao jornal Valor. “Toda política pública vai ser avaliada, reavaliada. O uso da tecnologia, não só das bodycams, foi um ponto que gerou certa polêmica.” Ora, as câmeras da PM não geraram “polêmica” alguma. A adoção do equipamento, após oito anos de pesquisas e exaustivos testes operacionais, foi amplamente bem recebida pelos paulistas, por organizações da sociedade civil que atuam na área de segurança pública e pela própria corporação militar.

Não poucos estudos revelaram que a adoção das bodycams, uma das mais bem-sucedidas políticas de segurança já adotadas pelo governo de São Paulo, reduziu drasticamente o número de casos de violência policial e mortes, não só de civis, como também dos próprios agentes. As câmeras corporais oferecem proteção a todos e contribuem para a construção de uma Polícia Militar mais cidadã, mais bem preparada para proteger a sociedade seguindo rigorosamente os ditames das leis e da Constituição.

É exatamente por isso que as bodycams se tornaram uma obsessão dos bolsonaristas radicais. Para esses extremistas, as câmeras inibem a ação dos policiais, o que, segundo eles, favoreceria os bandidos. O ideal bolsonarista, portanto, seria que os policiais pudessem agir à vontade, sem se preocupar com limites legais. Não à toa, o governo de Bolsonaro chegou a encaminhar projeto de lei, felizmente rejeitado, para conferir excludente de ilicitude para os policiais, o que constituiria, na prática, uma licença para matar.

Por isso, vá lá que, no palanque, o candidato escolhido por Bolsonaro para disputar o governo paulista tivesse que defender as teses estapafúrdias que levam os bolsonaristas radicais ao delírio, como a de que as câmeras prejudicam a “produtividade” da PM e deixam os policiais “em desvantagem em relação aos bandidos”, segundo Tarcísio.

Passada a eleição, contudo, não há nenhuma razão para que o futuro governador, cujas credenciais técnicas são sólidas, continue a legitimar tal barbaridade. É hora de Tarcísio virar a chave de candidato e se preparar para governar o Estado no melhor interesse dos paulistas.

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