Muito ajuda quem não atrapalha


É legítimo reivindicar lugar nas articulações pela paz entre Rússia e Ucrânia, mas para isso o Brasil não pode sugerir um ‘clube da paz’ que supõe ‘neutralidade’ entre criminoso e vítima

Por Notas & Informações

O presidente Lula da Silva tem perambulado por estúdios e fóruns internacionais apresentando-se como o articulador de um “clube da paz” para atuar no conflito entre Rússia e Ucrânia. A diplomacia russa disse que está “estudando a proposta”. Para a tietagem petista, foi um sinal de que, com Lula, “o Brasil voltou”, e em grande estilo. Para a Rússia foi a deixa para posar como aberta a negociações. Afinal, Vladimir Putin também quer a “paz”. Mas nos seus termos. Sabe-se bem em que consiste essa paz: a castração militar da Ucrânia e a cessão de um quarto de seu território, no mínimo. Isso por ora, pois Putin já explicou que a Ucrânia não tem nem sequer o direito de existir.

“Como ponto de partida” da posição do Brasil, disse, em artigo no Estadão, o chanceler Mauro Vieira, “é inequívoca a condenação da invasão russa e da violação de um Estado soberano.” Mas essa posição, longe de ser inequívoca, está coalhada de ambiguidades, cultivadas desde quando Jair Bolsonaro prestou uma embaraçosa “solidariedade” à Rússia. O Brasil votou no Conselho de Segurança da ONU por condenar a invasão, mas condenou igualmente as sanções à Rússia e o fornecimento de armas à Ucrânia e se absteve de condenar a anexação de territórios e até de deixar o líder ucraniano Volodmir Zelenski discursar na Assembleia-Geral da ONU. É revelador que nessa questão Lula e Bolsonaro convirjam.

Zelenski “é tão responsável quanto o Putin”, disse Lula à revista Time quatro meses após a invasão. Aparentemente, demorou um ano para ter “mais clareza” e admitir, ante o chanceler (premiê) alemão, Olaf Scholz, que a Rússia cometeu “um erro”. Mas – há sempre um “mas” – “a razão dessa guerra (...) precisa ficar mais clara”. Na época da entrevista à Time, a coisa parecia, aí sim, inequívoca: “Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido o problema”. Na lista de desejos de Putin essa é só uma parte do problema, e nada convincente, pois não havia perspectiva iminente dessa entrada. Mais problemática é a anexação dos territórios, mas não está claro que sua desocupação integre as propostas de Lula. Talvez esse seja só um dos mal-entendidos que Lula resolverá “tomando cerveja” com russos e ucranianos, como disse em 2022: “Até acabarem as garrafas a gente ia fazer um acordo de paz”.

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Embriagado com seu ego, Lula nada aprendeu com as lições do passado. Em 2008, chegou a mandar seu chanceler convocar uma reunião emergencial da ONU para acabar com o conflito árabe-israelense. Em 2010, engendrou com a ditadura turca um acordo com o Irã no qual o regime dos aiatolás se comprometeria a não avançar seu programa nuclear além de fins médicos. Na prática, não havia garantias de que a construção da bomba seria freada e seu efeito seria unicamente dar tempo à teocracia de Teerã para consumá-la. Pouco depois, o Conselho de Segurança da ONU fez letra morta de seu acordo e aprovou mais sanções contra o Irã. O que deveria ser o apogeu da diplomacia “ativa e altiva” de Lula revelou-se mero voluntarismo e megalomania.

A lição, segundo o falecido Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler no governo FHC, é que o Brasil deveria considerar seus limites e buscar protagonismo nos setores em que é forte, como o meio ambiente, ou em questões regionais. Mas a julgar pelo silêncio de Lula em crises regionais – como, por exemplo, a do Peru – e sua verborragia sobre a Ucrânia, ela não foi aprendida. Talvez porque seu ponto de partida seja outro do que o sugerido por Mauro Vieira. Em entrevista ao canal russo RT, em 2019, Lula disse que “uma coisa que me deixa orgulhoso é o papel desempenhado por Putin na história mundial, o que significa que o mundo não pode ser tomado como refém pela política dos EUA”.

Se Lula desdenha tão olimpicamente do princípio constitucional do respeito à autodeterminação dos povos e da lição de Ruy Barbosa – “entre os que destroem a lei e os que a observam, não há neutralidade possível” –, não é só por voluntarismo ou megalomania, muito menos por ingenuidade ou idealismo, mas por uma ideologia tacanha e perniciosa, infensa aos interesses do Brasil.

O presidente Lula da Silva tem perambulado por estúdios e fóruns internacionais apresentando-se como o articulador de um “clube da paz” para atuar no conflito entre Rússia e Ucrânia. A diplomacia russa disse que está “estudando a proposta”. Para a tietagem petista, foi um sinal de que, com Lula, “o Brasil voltou”, e em grande estilo. Para a Rússia foi a deixa para posar como aberta a negociações. Afinal, Vladimir Putin também quer a “paz”. Mas nos seus termos. Sabe-se bem em que consiste essa paz: a castração militar da Ucrânia e a cessão de um quarto de seu território, no mínimo. Isso por ora, pois Putin já explicou que a Ucrânia não tem nem sequer o direito de existir.

“Como ponto de partida” da posição do Brasil, disse, em artigo no Estadão, o chanceler Mauro Vieira, “é inequívoca a condenação da invasão russa e da violação de um Estado soberano.” Mas essa posição, longe de ser inequívoca, está coalhada de ambiguidades, cultivadas desde quando Jair Bolsonaro prestou uma embaraçosa “solidariedade” à Rússia. O Brasil votou no Conselho de Segurança da ONU por condenar a invasão, mas condenou igualmente as sanções à Rússia e o fornecimento de armas à Ucrânia e se absteve de condenar a anexação de territórios e até de deixar o líder ucraniano Volodmir Zelenski discursar na Assembleia-Geral da ONU. É revelador que nessa questão Lula e Bolsonaro convirjam.

Zelenski “é tão responsável quanto o Putin”, disse Lula à revista Time quatro meses após a invasão. Aparentemente, demorou um ano para ter “mais clareza” e admitir, ante o chanceler (premiê) alemão, Olaf Scholz, que a Rússia cometeu “um erro”. Mas – há sempre um “mas” – “a razão dessa guerra (...) precisa ficar mais clara”. Na época da entrevista à Time, a coisa parecia, aí sim, inequívoca: “Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido o problema”. Na lista de desejos de Putin essa é só uma parte do problema, e nada convincente, pois não havia perspectiva iminente dessa entrada. Mais problemática é a anexação dos territórios, mas não está claro que sua desocupação integre as propostas de Lula. Talvez esse seja só um dos mal-entendidos que Lula resolverá “tomando cerveja” com russos e ucranianos, como disse em 2022: “Até acabarem as garrafas a gente ia fazer um acordo de paz”.

Embriagado com seu ego, Lula nada aprendeu com as lições do passado. Em 2008, chegou a mandar seu chanceler convocar uma reunião emergencial da ONU para acabar com o conflito árabe-israelense. Em 2010, engendrou com a ditadura turca um acordo com o Irã no qual o regime dos aiatolás se comprometeria a não avançar seu programa nuclear além de fins médicos. Na prática, não havia garantias de que a construção da bomba seria freada e seu efeito seria unicamente dar tempo à teocracia de Teerã para consumá-la. Pouco depois, o Conselho de Segurança da ONU fez letra morta de seu acordo e aprovou mais sanções contra o Irã. O que deveria ser o apogeu da diplomacia “ativa e altiva” de Lula revelou-se mero voluntarismo e megalomania.

A lição, segundo o falecido Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler no governo FHC, é que o Brasil deveria considerar seus limites e buscar protagonismo nos setores em que é forte, como o meio ambiente, ou em questões regionais. Mas a julgar pelo silêncio de Lula em crises regionais – como, por exemplo, a do Peru – e sua verborragia sobre a Ucrânia, ela não foi aprendida. Talvez porque seu ponto de partida seja outro do que o sugerido por Mauro Vieira. Em entrevista ao canal russo RT, em 2019, Lula disse que “uma coisa que me deixa orgulhoso é o papel desempenhado por Putin na história mundial, o que significa que o mundo não pode ser tomado como refém pela política dos EUA”.

Se Lula desdenha tão olimpicamente do princípio constitucional do respeito à autodeterminação dos povos e da lição de Ruy Barbosa – “entre os que destroem a lei e os que a observam, não há neutralidade possível” –, não é só por voluntarismo ou megalomania, muito menos por ingenuidade ou idealismo, mas por uma ideologia tacanha e perniciosa, infensa aos interesses do Brasil.

O presidente Lula da Silva tem perambulado por estúdios e fóruns internacionais apresentando-se como o articulador de um “clube da paz” para atuar no conflito entre Rússia e Ucrânia. A diplomacia russa disse que está “estudando a proposta”. Para a tietagem petista, foi um sinal de que, com Lula, “o Brasil voltou”, e em grande estilo. Para a Rússia foi a deixa para posar como aberta a negociações. Afinal, Vladimir Putin também quer a “paz”. Mas nos seus termos. Sabe-se bem em que consiste essa paz: a castração militar da Ucrânia e a cessão de um quarto de seu território, no mínimo. Isso por ora, pois Putin já explicou que a Ucrânia não tem nem sequer o direito de existir.

“Como ponto de partida” da posição do Brasil, disse, em artigo no Estadão, o chanceler Mauro Vieira, “é inequívoca a condenação da invasão russa e da violação de um Estado soberano.” Mas essa posição, longe de ser inequívoca, está coalhada de ambiguidades, cultivadas desde quando Jair Bolsonaro prestou uma embaraçosa “solidariedade” à Rússia. O Brasil votou no Conselho de Segurança da ONU por condenar a invasão, mas condenou igualmente as sanções à Rússia e o fornecimento de armas à Ucrânia e se absteve de condenar a anexação de territórios e até de deixar o líder ucraniano Volodmir Zelenski discursar na Assembleia-Geral da ONU. É revelador que nessa questão Lula e Bolsonaro convirjam.

Zelenski “é tão responsável quanto o Putin”, disse Lula à revista Time quatro meses após a invasão. Aparentemente, demorou um ano para ter “mais clareza” e admitir, ante o chanceler (premiê) alemão, Olaf Scholz, que a Rússia cometeu “um erro”. Mas – há sempre um “mas” – “a razão dessa guerra (...) precisa ficar mais clara”. Na época da entrevista à Time, a coisa parecia, aí sim, inequívoca: “Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido o problema”. Na lista de desejos de Putin essa é só uma parte do problema, e nada convincente, pois não havia perspectiva iminente dessa entrada. Mais problemática é a anexação dos territórios, mas não está claro que sua desocupação integre as propostas de Lula. Talvez esse seja só um dos mal-entendidos que Lula resolverá “tomando cerveja” com russos e ucranianos, como disse em 2022: “Até acabarem as garrafas a gente ia fazer um acordo de paz”.

Embriagado com seu ego, Lula nada aprendeu com as lições do passado. Em 2008, chegou a mandar seu chanceler convocar uma reunião emergencial da ONU para acabar com o conflito árabe-israelense. Em 2010, engendrou com a ditadura turca um acordo com o Irã no qual o regime dos aiatolás se comprometeria a não avançar seu programa nuclear além de fins médicos. Na prática, não havia garantias de que a construção da bomba seria freada e seu efeito seria unicamente dar tempo à teocracia de Teerã para consumá-la. Pouco depois, o Conselho de Segurança da ONU fez letra morta de seu acordo e aprovou mais sanções contra o Irã. O que deveria ser o apogeu da diplomacia “ativa e altiva” de Lula revelou-se mero voluntarismo e megalomania.

A lição, segundo o falecido Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler no governo FHC, é que o Brasil deveria considerar seus limites e buscar protagonismo nos setores em que é forte, como o meio ambiente, ou em questões regionais. Mas a julgar pelo silêncio de Lula em crises regionais – como, por exemplo, a do Peru – e sua verborragia sobre a Ucrânia, ela não foi aprendida. Talvez porque seu ponto de partida seja outro do que o sugerido por Mauro Vieira. Em entrevista ao canal russo RT, em 2019, Lula disse que “uma coisa que me deixa orgulhoso é o papel desempenhado por Putin na história mundial, o que significa que o mundo não pode ser tomado como refém pela política dos EUA”.

Se Lula desdenha tão olimpicamente do princípio constitucional do respeito à autodeterminação dos povos e da lição de Ruy Barbosa – “entre os que destroem a lei e os que a observam, não há neutralidade possível” –, não é só por voluntarismo ou megalomania, muito menos por ingenuidade ou idealismo, mas por uma ideologia tacanha e perniciosa, infensa aos interesses do Brasil.

O presidente Lula da Silva tem perambulado por estúdios e fóruns internacionais apresentando-se como o articulador de um “clube da paz” para atuar no conflito entre Rússia e Ucrânia. A diplomacia russa disse que está “estudando a proposta”. Para a tietagem petista, foi um sinal de que, com Lula, “o Brasil voltou”, e em grande estilo. Para a Rússia foi a deixa para posar como aberta a negociações. Afinal, Vladimir Putin também quer a “paz”. Mas nos seus termos. Sabe-se bem em que consiste essa paz: a castração militar da Ucrânia e a cessão de um quarto de seu território, no mínimo. Isso por ora, pois Putin já explicou que a Ucrânia não tem nem sequer o direito de existir.

“Como ponto de partida” da posição do Brasil, disse, em artigo no Estadão, o chanceler Mauro Vieira, “é inequívoca a condenação da invasão russa e da violação de um Estado soberano.” Mas essa posição, longe de ser inequívoca, está coalhada de ambiguidades, cultivadas desde quando Jair Bolsonaro prestou uma embaraçosa “solidariedade” à Rússia. O Brasil votou no Conselho de Segurança da ONU por condenar a invasão, mas condenou igualmente as sanções à Rússia e o fornecimento de armas à Ucrânia e se absteve de condenar a anexação de territórios e até de deixar o líder ucraniano Volodmir Zelenski discursar na Assembleia-Geral da ONU. É revelador que nessa questão Lula e Bolsonaro convirjam.

Zelenski “é tão responsável quanto o Putin”, disse Lula à revista Time quatro meses após a invasão. Aparentemente, demorou um ano para ter “mais clareza” e admitir, ante o chanceler (premiê) alemão, Olaf Scholz, que a Rússia cometeu “um erro”. Mas – há sempre um “mas” – “a razão dessa guerra (...) precisa ficar mais clara”. Na época da entrevista à Time, a coisa parecia, aí sim, inequívoca: “Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido o problema”. Na lista de desejos de Putin essa é só uma parte do problema, e nada convincente, pois não havia perspectiva iminente dessa entrada. Mais problemática é a anexação dos territórios, mas não está claro que sua desocupação integre as propostas de Lula. Talvez esse seja só um dos mal-entendidos que Lula resolverá “tomando cerveja” com russos e ucranianos, como disse em 2022: “Até acabarem as garrafas a gente ia fazer um acordo de paz”.

Embriagado com seu ego, Lula nada aprendeu com as lições do passado. Em 2008, chegou a mandar seu chanceler convocar uma reunião emergencial da ONU para acabar com o conflito árabe-israelense. Em 2010, engendrou com a ditadura turca um acordo com o Irã no qual o regime dos aiatolás se comprometeria a não avançar seu programa nuclear além de fins médicos. Na prática, não havia garantias de que a construção da bomba seria freada e seu efeito seria unicamente dar tempo à teocracia de Teerã para consumá-la. Pouco depois, o Conselho de Segurança da ONU fez letra morta de seu acordo e aprovou mais sanções contra o Irã. O que deveria ser o apogeu da diplomacia “ativa e altiva” de Lula revelou-se mero voluntarismo e megalomania.

A lição, segundo o falecido Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler no governo FHC, é que o Brasil deveria considerar seus limites e buscar protagonismo nos setores em que é forte, como o meio ambiente, ou em questões regionais. Mas a julgar pelo silêncio de Lula em crises regionais – como, por exemplo, a do Peru – e sua verborragia sobre a Ucrânia, ela não foi aprendida. Talvez porque seu ponto de partida seja outro do que o sugerido por Mauro Vieira. Em entrevista ao canal russo RT, em 2019, Lula disse que “uma coisa que me deixa orgulhoso é o papel desempenhado por Putin na história mundial, o que significa que o mundo não pode ser tomado como refém pela política dos EUA”.

Se Lula desdenha tão olimpicamente do princípio constitucional do respeito à autodeterminação dos povos e da lição de Ruy Barbosa – “entre os que destroem a lei e os que a observam, não há neutralidade possível” –, não é só por voluntarismo ou megalomania, muito menos por ingenuidade ou idealismo, mas por uma ideologia tacanha e perniciosa, infensa aos interesses do Brasil.

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