Negligência mata em Petrópolis


Se pessoas morrem a cada verão em desastres ‘naturais’, é porque governos falharam nas três estações anteriores

Por Notas & Informações

Parte da cidade histórica de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi arrasada na terça-feira passada por uma tempestade inédita nos 90 anos de medições realizadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No intervalo de apenas quatro horas, uma chuva concentrada de 260 milímetros – volume que era estimado para todo o mês de fevereiro – causou uma série de deslizamentos de terra, matando mais de 100 pessoas e deixando centenas de desabrigados, além de um rastro de destruição material.

De acordo com especialistas em clima, a concentração de um volume tão grande de chuva em um intervalo tão curto de tempo é decorrência direta das mudanças climáticas. Não sem razão, esta é a agenda global mais premente do século 21. A tendência é que eventos climáticos severos como os que assolaram Petrópolis e, há poucas semanas, algumas cidades de São Paulo, Minas Gerais e Bahia sejam cada vez mais corriqueiros e, pior, mais intensos em seus efeitos sobre a população. “Os extremos climáticos têm crescido em quase todo o mundo, com muita chuva concentrada em poucos dias ou horas. As projeções sugerem que, com o aquecimento global, isso pode aumentar no futuro”, escreveu o climatologista José Marengo, coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em análise para o Estadão.

A curtíssimo prazo, é urgente que as prefeituras de cidades vulneráveis às intempéries climáticas, com apoio dos governos estaduais, prestem socorro às vítimas e ajam concretamente para evitar que mais brasileiros morram pela negligência do poder público. Não é novidade para ninguém que o verão é a estação chuvosa em países tropicais como o Brasil. É inconcebível, portanto, que ano após ano se assista à ocupação irregular do solo ou à permanência de pessoas vivendo em áreas sabidamente arriscadas, sem que nada seja feito para realocá-las a fim de preservar vidas. Se há pessoas que ainda morrem em desastres ditos “naturais” a cada verão no País, é porque governos falharam miseravelmente nas três estações anteriores. É tão simples quanto isso.

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A médio prazo, é preciso engajar todo o País nas ações de combate às mudanças climáticas, ou ao menos de adaptação aos fenômenos que são inevitáveis. Cada cidadão desempenha um papel relevantíssimo nessa agenda. É um esforço coordenado entre governo, nas três esferas da administração, e sociedade. Isso é possível, mas não será um desafio trivial. Afinal, como fazer milhões de brasileiros que vivem em insegurança alimentar ou não têm emprego e acesso à educação de qualidade darem prioridade a temas como sustentabilidade e riscos ambientais, cobrando a ação de seus representantes políticos? Como promover ações coordenadas entre os entes federativos em defesa do meio ambiente quando o Brasil ainda é liderado por um presidente que, como prescreve o bom manual dos populistas, sacrifica a pesquisa científica e as evidências factuais no altar de suas fabulações eleitoreiras?

Parte da cidade histórica de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi arrasada na terça-feira passada por uma tempestade inédita nos 90 anos de medições realizadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No intervalo de apenas quatro horas, uma chuva concentrada de 260 milímetros – volume que era estimado para todo o mês de fevereiro – causou uma série de deslizamentos de terra, matando mais de 100 pessoas e deixando centenas de desabrigados, além de um rastro de destruição material.

De acordo com especialistas em clima, a concentração de um volume tão grande de chuva em um intervalo tão curto de tempo é decorrência direta das mudanças climáticas. Não sem razão, esta é a agenda global mais premente do século 21. A tendência é que eventos climáticos severos como os que assolaram Petrópolis e, há poucas semanas, algumas cidades de São Paulo, Minas Gerais e Bahia sejam cada vez mais corriqueiros e, pior, mais intensos em seus efeitos sobre a população. “Os extremos climáticos têm crescido em quase todo o mundo, com muita chuva concentrada em poucos dias ou horas. As projeções sugerem que, com o aquecimento global, isso pode aumentar no futuro”, escreveu o climatologista José Marengo, coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em análise para o Estadão.

A curtíssimo prazo, é urgente que as prefeituras de cidades vulneráveis às intempéries climáticas, com apoio dos governos estaduais, prestem socorro às vítimas e ajam concretamente para evitar que mais brasileiros morram pela negligência do poder público. Não é novidade para ninguém que o verão é a estação chuvosa em países tropicais como o Brasil. É inconcebível, portanto, que ano após ano se assista à ocupação irregular do solo ou à permanência de pessoas vivendo em áreas sabidamente arriscadas, sem que nada seja feito para realocá-las a fim de preservar vidas. Se há pessoas que ainda morrem em desastres ditos “naturais” a cada verão no País, é porque governos falharam miseravelmente nas três estações anteriores. É tão simples quanto isso.

A médio prazo, é preciso engajar todo o País nas ações de combate às mudanças climáticas, ou ao menos de adaptação aos fenômenos que são inevitáveis. Cada cidadão desempenha um papel relevantíssimo nessa agenda. É um esforço coordenado entre governo, nas três esferas da administração, e sociedade. Isso é possível, mas não será um desafio trivial. Afinal, como fazer milhões de brasileiros que vivem em insegurança alimentar ou não têm emprego e acesso à educação de qualidade darem prioridade a temas como sustentabilidade e riscos ambientais, cobrando a ação de seus representantes políticos? Como promover ações coordenadas entre os entes federativos em defesa do meio ambiente quando o Brasil ainda é liderado por um presidente que, como prescreve o bom manual dos populistas, sacrifica a pesquisa científica e as evidências factuais no altar de suas fabulações eleitoreiras?

Parte da cidade histórica de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi arrasada na terça-feira passada por uma tempestade inédita nos 90 anos de medições realizadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No intervalo de apenas quatro horas, uma chuva concentrada de 260 milímetros – volume que era estimado para todo o mês de fevereiro – causou uma série de deslizamentos de terra, matando mais de 100 pessoas e deixando centenas de desabrigados, além de um rastro de destruição material.

De acordo com especialistas em clima, a concentração de um volume tão grande de chuva em um intervalo tão curto de tempo é decorrência direta das mudanças climáticas. Não sem razão, esta é a agenda global mais premente do século 21. A tendência é que eventos climáticos severos como os que assolaram Petrópolis e, há poucas semanas, algumas cidades de São Paulo, Minas Gerais e Bahia sejam cada vez mais corriqueiros e, pior, mais intensos em seus efeitos sobre a população. “Os extremos climáticos têm crescido em quase todo o mundo, com muita chuva concentrada em poucos dias ou horas. As projeções sugerem que, com o aquecimento global, isso pode aumentar no futuro”, escreveu o climatologista José Marengo, coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em análise para o Estadão.

A curtíssimo prazo, é urgente que as prefeituras de cidades vulneráveis às intempéries climáticas, com apoio dos governos estaduais, prestem socorro às vítimas e ajam concretamente para evitar que mais brasileiros morram pela negligência do poder público. Não é novidade para ninguém que o verão é a estação chuvosa em países tropicais como o Brasil. É inconcebível, portanto, que ano após ano se assista à ocupação irregular do solo ou à permanência de pessoas vivendo em áreas sabidamente arriscadas, sem que nada seja feito para realocá-las a fim de preservar vidas. Se há pessoas que ainda morrem em desastres ditos “naturais” a cada verão no País, é porque governos falharam miseravelmente nas três estações anteriores. É tão simples quanto isso.

A médio prazo, é preciso engajar todo o País nas ações de combate às mudanças climáticas, ou ao menos de adaptação aos fenômenos que são inevitáveis. Cada cidadão desempenha um papel relevantíssimo nessa agenda. É um esforço coordenado entre governo, nas três esferas da administração, e sociedade. Isso é possível, mas não será um desafio trivial. Afinal, como fazer milhões de brasileiros que vivem em insegurança alimentar ou não têm emprego e acesso à educação de qualidade darem prioridade a temas como sustentabilidade e riscos ambientais, cobrando a ação de seus representantes políticos? Como promover ações coordenadas entre os entes federativos em defesa do meio ambiente quando o Brasil ainda é liderado por um presidente que, como prescreve o bom manual dos populistas, sacrifica a pesquisa científica e as evidências factuais no altar de suas fabulações eleitoreiras?

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