No zero, um enorme desafio


Cálculo do BC inclui retração da indústria e do investimento em capacidade produtiva

Por Notas & Informações

Crescimento zero, a nova projeção do Banco Central (BC) para a economia brasileira, é uma estimativa mais otimista que as de várias instituições do mercado. Os estragos causados pelo surto de coronavírus deverão ser bem maiores, segundo economistas de bancos, financeiras e consultorias. A maior parte dos cálculos aponta perdas de produção na faixa de 1% a 2%, mas há cenários piores. O Banco Safra, por exemplo, reduziu de -0,3% para -2,8% o resultado previsto para 2020. Todos os cálculos, no entanto, são especialmente inseguros. É difícil dizer quando haverá condições para a normalização gradual dos negócios e da vida cotidiana – condições seguras, sem a precipitação defendida por gente irresponsável.

A prioridade é proteger a vida, como disseram os governadores em carta ao presidente Jair Bolsonaro, mas também é preciso, como lembraram, dar algum apoio econômico a empresas e famílias, especialmente às mais pobres. Governos de outros países têm avançado nessa direção. A iniciativa mais espetacular foi o pacote americano de US$ 2 trilhões. Bancos centrais também têm atuado com vigor nas maiores economias. No Brasil, o BC elaborou medidas com efeito potencial de R$ 1,2 trilhão no mercado de crédito, mas ainda falta um engajamento maior dos bancos privados.

Essas medidas foram lembradas pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando apresentou, ontem, o relatório trimestral de inflação com as novas projeções. O crescimento estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) é praticamente o mesmo calculado no Ministério da Economia, de 0,02%. Em dezembro o BC apostava numa expansão de 2,2%.

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Na maior parte dos setores o resultado será pior que em 2019, quando o PIB cresceu apenas 1,1%, menor taxa em três anos. As estimativas do BC incluem um tombo nos dois primeiros trimestres, com alguma reação na segunda metade do ano e resultado final nulo. As projeções para os primeiros três meses de 2020 já seriam afetadas, segundo o relatório, pelo desempenho abaixo do esperado no fim de 2019 e no começo deste ano.

A agropecuária se manterá, segundo os novos cálculos, como o setor mais saudável. Deve crescer 2,9%, taxa maior que a de 2019 (1,3%) e igual à projetada em dezembro. A indústria deve encolher 0,5%, tendo avançado só 0,5% no ano anterior. A queda será puxada pelo setor de transformação (-1,3%), com prejuízo para a estrutura econômica e nova perda para o emprego formal. Na média, os serviços terão crescimento zero, com o comércio interno recuando 0,7%. Com expansão de 2,4%, os serviços de informação devem ser o segmento com melhor desempenho.

Do lado da demanda, o consumo das famílias deve aumentar 0,8%, bem menos que no ano anterior (1,8%). O consumo do governo passará de -0,4% em 2019 para 0,2%, contribuindo para alguma sustentação da economia. O investimento em máquinas, equipamentos e construções deve diminuir 1,1%, comprometendo o vigor da retomada nos próximos anos. A exportação de bens e serviços deve passar de uma contração de 2,5% em 2019 para crescimento de 0,9%. Com avanço estimado em 0,6%, a importação deve aumentar menos que em 2019 (1,1%).

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Apesar de algum crescimento, a importação de bens e serviços continuará muito moderada, segundo o BC, contribuindo para reduzir de 2,7% para 2,5% do PIB o déficit em transações correntes. Nos 12 meses até janeiro, esse déficit chegou a 2,91% do PIB, mesmo com baixa atividade e consumo fraco. Se a projeção do BC estiver correta, o governo poderá tocar as medidas de recuperação sem se preocupar muito com as contas externas. Não representarão risco próximo, apesar de suas más condições.

O governo deve esforçar-se para o Brasil fechar o ano com números melhores que os projetados. Respeitados economistas propõem ações excepcionais, como aquelas iniciadas em várias economias e defendidas pelo Fundo Monetário Internacional. Não se salvará a economia, contudo, afrouxando a prevenção sanitária e expondo milhões à contaminação e milhares à morte. Nenhum governo tem esse direito.

Crescimento zero, a nova projeção do Banco Central (BC) para a economia brasileira, é uma estimativa mais otimista que as de várias instituições do mercado. Os estragos causados pelo surto de coronavírus deverão ser bem maiores, segundo economistas de bancos, financeiras e consultorias. A maior parte dos cálculos aponta perdas de produção na faixa de 1% a 2%, mas há cenários piores. O Banco Safra, por exemplo, reduziu de -0,3% para -2,8% o resultado previsto para 2020. Todos os cálculos, no entanto, são especialmente inseguros. É difícil dizer quando haverá condições para a normalização gradual dos negócios e da vida cotidiana – condições seguras, sem a precipitação defendida por gente irresponsável.

A prioridade é proteger a vida, como disseram os governadores em carta ao presidente Jair Bolsonaro, mas também é preciso, como lembraram, dar algum apoio econômico a empresas e famílias, especialmente às mais pobres. Governos de outros países têm avançado nessa direção. A iniciativa mais espetacular foi o pacote americano de US$ 2 trilhões. Bancos centrais também têm atuado com vigor nas maiores economias. No Brasil, o BC elaborou medidas com efeito potencial de R$ 1,2 trilhão no mercado de crédito, mas ainda falta um engajamento maior dos bancos privados.

Essas medidas foram lembradas pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando apresentou, ontem, o relatório trimestral de inflação com as novas projeções. O crescimento estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) é praticamente o mesmo calculado no Ministério da Economia, de 0,02%. Em dezembro o BC apostava numa expansão de 2,2%.

Na maior parte dos setores o resultado será pior que em 2019, quando o PIB cresceu apenas 1,1%, menor taxa em três anos. As estimativas do BC incluem um tombo nos dois primeiros trimestres, com alguma reação na segunda metade do ano e resultado final nulo. As projeções para os primeiros três meses de 2020 já seriam afetadas, segundo o relatório, pelo desempenho abaixo do esperado no fim de 2019 e no começo deste ano.

A agropecuária se manterá, segundo os novos cálculos, como o setor mais saudável. Deve crescer 2,9%, taxa maior que a de 2019 (1,3%) e igual à projetada em dezembro. A indústria deve encolher 0,5%, tendo avançado só 0,5% no ano anterior. A queda será puxada pelo setor de transformação (-1,3%), com prejuízo para a estrutura econômica e nova perda para o emprego formal. Na média, os serviços terão crescimento zero, com o comércio interno recuando 0,7%. Com expansão de 2,4%, os serviços de informação devem ser o segmento com melhor desempenho.

Do lado da demanda, o consumo das famílias deve aumentar 0,8%, bem menos que no ano anterior (1,8%). O consumo do governo passará de -0,4% em 2019 para 0,2%, contribuindo para alguma sustentação da economia. O investimento em máquinas, equipamentos e construções deve diminuir 1,1%, comprometendo o vigor da retomada nos próximos anos. A exportação de bens e serviços deve passar de uma contração de 2,5% em 2019 para crescimento de 0,9%. Com avanço estimado em 0,6%, a importação deve aumentar menos que em 2019 (1,1%).

Apesar de algum crescimento, a importação de bens e serviços continuará muito moderada, segundo o BC, contribuindo para reduzir de 2,7% para 2,5% do PIB o déficit em transações correntes. Nos 12 meses até janeiro, esse déficit chegou a 2,91% do PIB, mesmo com baixa atividade e consumo fraco. Se a projeção do BC estiver correta, o governo poderá tocar as medidas de recuperação sem se preocupar muito com as contas externas. Não representarão risco próximo, apesar de suas más condições.

O governo deve esforçar-se para o Brasil fechar o ano com números melhores que os projetados. Respeitados economistas propõem ações excepcionais, como aquelas iniciadas em várias economias e defendidas pelo Fundo Monetário Internacional. Não se salvará a economia, contudo, afrouxando a prevenção sanitária e expondo milhões à contaminação e milhares à morte. Nenhum governo tem esse direito.

Crescimento zero, a nova projeção do Banco Central (BC) para a economia brasileira, é uma estimativa mais otimista que as de várias instituições do mercado. Os estragos causados pelo surto de coronavírus deverão ser bem maiores, segundo economistas de bancos, financeiras e consultorias. A maior parte dos cálculos aponta perdas de produção na faixa de 1% a 2%, mas há cenários piores. O Banco Safra, por exemplo, reduziu de -0,3% para -2,8% o resultado previsto para 2020. Todos os cálculos, no entanto, são especialmente inseguros. É difícil dizer quando haverá condições para a normalização gradual dos negócios e da vida cotidiana – condições seguras, sem a precipitação defendida por gente irresponsável.

A prioridade é proteger a vida, como disseram os governadores em carta ao presidente Jair Bolsonaro, mas também é preciso, como lembraram, dar algum apoio econômico a empresas e famílias, especialmente às mais pobres. Governos de outros países têm avançado nessa direção. A iniciativa mais espetacular foi o pacote americano de US$ 2 trilhões. Bancos centrais também têm atuado com vigor nas maiores economias. No Brasil, o BC elaborou medidas com efeito potencial de R$ 1,2 trilhão no mercado de crédito, mas ainda falta um engajamento maior dos bancos privados.

Essas medidas foram lembradas pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando apresentou, ontem, o relatório trimestral de inflação com as novas projeções. O crescimento estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) é praticamente o mesmo calculado no Ministério da Economia, de 0,02%. Em dezembro o BC apostava numa expansão de 2,2%.

Na maior parte dos setores o resultado será pior que em 2019, quando o PIB cresceu apenas 1,1%, menor taxa em três anos. As estimativas do BC incluem um tombo nos dois primeiros trimestres, com alguma reação na segunda metade do ano e resultado final nulo. As projeções para os primeiros três meses de 2020 já seriam afetadas, segundo o relatório, pelo desempenho abaixo do esperado no fim de 2019 e no começo deste ano.

A agropecuária se manterá, segundo os novos cálculos, como o setor mais saudável. Deve crescer 2,9%, taxa maior que a de 2019 (1,3%) e igual à projetada em dezembro. A indústria deve encolher 0,5%, tendo avançado só 0,5% no ano anterior. A queda será puxada pelo setor de transformação (-1,3%), com prejuízo para a estrutura econômica e nova perda para o emprego formal. Na média, os serviços terão crescimento zero, com o comércio interno recuando 0,7%. Com expansão de 2,4%, os serviços de informação devem ser o segmento com melhor desempenho.

Do lado da demanda, o consumo das famílias deve aumentar 0,8%, bem menos que no ano anterior (1,8%). O consumo do governo passará de -0,4% em 2019 para 0,2%, contribuindo para alguma sustentação da economia. O investimento em máquinas, equipamentos e construções deve diminuir 1,1%, comprometendo o vigor da retomada nos próximos anos. A exportação de bens e serviços deve passar de uma contração de 2,5% em 2019 para crescimento de 0,9%. Com avanço estimado em 0,6%, a importação deve aumentar menos que em 2019 (1,1%).

Apesar de algum crescimento, a importação de bens e serviços continuará muito moderada, segundo o BC, contribuindo para reduzir de 2,7% para 2,5% do PIB o déficit em transações correntes. Nos 12 meses até janeiro, esse déficit chegou a 2,91% do PIB, mesmo com baixa atividade e consumo fraco. Se a projeção do BC estiver correta, o governo poderá tocar as medidas de recuperação sem se preocupar muito com as contas externas. Não representarão risco próximo, apesar de suas más condições.

O governo deve esforçar-se para o Brasil fechar o ano com números melhores que os projetados. Respeitados economistas propõem ações excepcionais, como aquelas iniciadas em várias economias e defendidas pelo Fundo Monetário Internacional. Não se salvará a economia, contudo, afrouxando a prevenção sanitária e expondo milhões à contaminação e milhares à morte. Nenhum governo tem esse direito.

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