O BC cede à pressão


Por Redação

Com o corte de juros anunciado nesta quarta-feira, os diretores do Banco Central (BC) apagaram a imagem de autonomia da instituição, já muito embaçada nos últimos oito meses. Deixariam pelo menos uma dúvida razoável, a seu favor, se empurrassem a decisão para os dias 18 e 19 de outubro, datas previstas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até lá, teriam informações muito mais claras sobre a evolução da crise internacional, o esfriamento da economia brasileira e a tendência da inflação interna. Sobram razões, neste momento, para considerar precipitado o afrouxamento da política anti-inflacionária. Mas o fato mais grave é a perda de credibilidade do presidente do BC, Alexandre Tombini, e, de modo geral, da própria instituição. Formar expectativas é uma das funções mais importantes da autoridade monetária. Ninguém pode exercê-la de forma satisfatória, quando se perde a confiança do auditório. Se um alto funcionário aceita um rebaixamento de status, em nome de quem estará se dirigindo à sua plateia? O corte dos juros de 12,5% para 12% surpreendeu. A redução foi ampla e veio antes do momento considerado propício por renomados economistas. Esperava-se pelo menos algum esforço para manter as aparências, depois das pressões explícitas da presidente da República e de vários ministros. A decisão espantou principalmente quem ainda esperava um mínimo de prudência. A inflação voltou a subir, depois de uma breve trégua no meio do ano. O IPC-S, um índice de preços ao consumidor atualizado semanalmente pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 0,4% em agosto e 4,17% no ano. O acumulado em 12 meses chegou a 7,1%, índice igual ao apurado para o IPCA-15 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na semana passada, economistas do mercado financeiro e de consultorias independentes ainda projetaram uma alta de 6,31% em 2011 para o IPCA, o indicador oficial. Para 2012 a estimativa ficou em 5,2%. Esses cálculos confirmam, no essencial, a tendência apontada pelo próprio Copom na ata de sua última reunião, em julho: inflação na meta, provavelmente só no primeiro semestre de 2013. Juros de 12,5% e câmbio de R$ 1,60 por dólar foram tomados como referências para essa projeção.Teria o BC renunciado à tarefa de levar a inflação ao centro do alvo até mesmo em 2013? Essa pergunta é justificável por mais de uma razão. A primeira é a própria evolução dos índices. Outro fator importante é o quadro econômico interno. A produção industrial tem perdido impulso, mas a demanda continua vigorosa, sustentada pelo aumento real dos salários e pelo crédito ainda em expansão, embora em ritmo decrescente. Os acordos salariais deste semestre e o aumento do mínimo - 13,6%, segundo a proposta orçamentária - deverão manter o consumidor animado ainda por um bom tempo. O Copom emitiu uma nota muito mais longa do que as anteriores para explicar sua decisão. O texto realça as preocupações com a piora do quadro internacional e aponta o possível efeito deflacionário de uma nova retração econômica. Essa tendência, no entanto, ainda não é visível nos mercados. Há apenas uma curta referência à "moderação da atividade doméstica". Mas o detalhe mais notável é a frase sobre a "revisão do cenário para a política fiscal", uma profissão de fé na promessa de austeridade do governo. No mesmo dia, porém, o Executivo apresentava a proposta orçamentária para 2012 - um projeto expansionista, com estimativa de crescimento econômico de 5% e projeção de superávit primário menor que o deste ano. (Ver editorial abaixo.)Deve sair hoje o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Virá com sinais de contenção da atividade industrial, explicável em parte pela valorização do câmbio e pelo aumento de importações. Mas a demanda, como se verifica diariamente, continua firme e afetando os preços.Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula - a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.

Com o corte de juros anunciado nesta quarta-feira, os diretores do Banco Central (BC) apagaram a imagem de autonomia da instituição, já muito embaçada nos últimos oito meses. Deixariam pelo menos uma dúvida razoável, a seu favor, se empurrassem a decisão para os dias 18 e 19 de outubro, datas previstas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até lá, teriam informações muito mais claras sobre a evolução da crise internacional, o esfriamento da economia brasileira e a tendência da inflação interna. Sobram razões, neste momento, para considerar precipitado o afrouxamento da política anti-inflacionária. Mas o fato mais grave é a perda de credibilidade do presidente do BC, Alexandre Tombini, e, de modo geral, da própria instituição. Formar expectativas é uma das funções mais importantes da autoridade monetária. Ninguém pode exercê-la de forma satisfatória, quando se perde a confiança do auditório. Se um alto funcionário aceita um rebaixamento de status, em nome de quem estará se dirigindo à sua plateia? O corte dos juros de 12,5% para 12% surpreendeu. A redução foi ampla e veio antes do momento considerado propício por renomados economistas. Esperava-se pelo menos algum esforço para manter as aparências, depois das pressões explícitas da presidente da República e de vários ministros. A decisão espantou principalmente quem ainda esperava um mínimo de prudência. A inflação voltou a subir, depois de uma breve trégua no meio do ano. O IPC-S, um índice de preços ao consumidor atualizado semanalmente pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 0,4% em agosto e 4,17% no ano. O acumulado em 12 meses chegou a 7,1%, índice igual ao apurado para o IPCA-15 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na semana passada, economistas do mercado financeiro e de consultorias independentes ainda projetaram uma alta de 6,31% em 2011 para o IPCA, o indicador oficial. Para 2012 a estimativa ficou em 5,2%. Esses cálculos confirmam, no essencial, a tendência apontada pelo próprio Copom na ata de sua última reunião, em julho: inflação na meta, provavelmente só no primeiro semestre de 2013. Juros de 12,5% e câmbio de R$ 1,60 por dólar foram tomados como referências para essa projeção.Teria o BC renunciado à tarefa de levar a inflação ao centro do alvo até mesmo em 2013? Essa pergunta é justificável por mais de uma razão. A primeira é a própria evolução dos índices. Outro fator importante é o quadro econômico interno. A produção industrial tem perdido impulso, mas a demanda continua vigorosa, sustentada pelo aumento real dos salários e pelo crédito ainda em expansão, embora em ritmo decrescente. Os acordos salariais deste semestre e o aumento do mínimo - 13,6%, segundo a proposta orçamentária - deverão manter o consumidor animado ainda por um bom tempo. O Copom emitiu uma nota muito mais longa do que as anteriores para explicar sua decisão. O texto realça as preocupações com a piora do quadro internacional e aponta o possível efeito deflacionário de uma nova retração econômica. Essa tendência, no entanto, ainda não é visível nos mercados. Há apenas uma curta referência à "moderação da atividade doméstica". Mas o detalhe mais notável é a frase sobre a "revisão do cenário para a política fiscal", uma profissão de fé na promessa de austeridade do governo. No mesmo dia, porém, o Executivo apresentava a proposta orçamentária para 2012 - um projeto expansionista, com estimativa de crescimento econômico de 5% e projeção de superávit primário menor que o deste ano. (Ver editorial abaixo.)Deve sair hoje o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Virá com sinais de contenção da atividade industrial, explicável em parte pela valorização do câmbio e pelo aumento de importações. Mas a demanda, como se verifica diariamente, continua firme e afetando os preços.Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula - a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.

Com o corte de juros anunciado nesta quarta-feira, os diretores do Banco Central (BC) apagaram a imagem de autonomia da instituição, já muito embaçada nos últimos oito meses. Deixariam pelo menos uma dúvida razoável, a seu favor, se empurrassem a decisão para os dias 18 e 19 de outubro, datas previstas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até lá, teriam informações muito mais claras sobre a evolução da crise internacional, o esfriamento da economia brasileira e a tendência da inflação interna. Sobram razões, neste momento, para considerar precipitado o afrouxamento da política anti-inflacionária. Mas o fato mais grave é a perda de credibilidade do presidente do BC, Alexandre Tombini, e, de modo geral, da própria instituição. Formar expectativas é uma das funções mais importantes da autoridade monetária. Ninguém pode exercê-la de forma satisfatória, quando se perde a confiança do auditório. Se um alto funcionário aceita um rebaixamento de status, em nome de quem estará se dirigindo à sua plateia? O corte dos juros de 12,5% para 12% surpreendeu. A redução foi ampla e veio antes do momento considerado propício por renomados economistas. Esperava-se pelo menos algum esforço para manter as aparências, depois das pressões explícitas da presidente da República e de vários ministros. A decisão espantou principalmente quem ainda esperava um mínimo de prudência. A inflação voltou a subir, depois de uma breve trégua no meio do ano. O IPC-S, um índice de preços ao consumidor atualizado semanalmente pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 0,4% em agosto e 4,17% no ano. O acumulado em 12 meses chegou a 7,1%, índice igual ao apurado para o IPCA-15 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na semana passada, economistas do mercado financeiro e de consultorias independentes ainda projetaram uma alta de 6,31% em 2011 para o IPCA, o indicador oficial. Para 2012 a estimativa ficou em 5,2%. Esses cálculos confirmam, no essencial, a tendência apontada pelo próprio Copom na ata de sua última reunião, em julho: inflação na meta, provavelmente só no primeiro semestre de 2013. Juros de 12,5% e câmbio de R$ 1,60 por dólar foram tomados como referências para essa projeção.Teria o BC renunciado à tarefa de levar a inflação ao centro do alvo até mesmo em 2013? Essa pergunta é justificável por mais de uma razão. A primeira é a própria evolução dos índices. Outro fator importante é o quadro econômico interno. A produção industrial tem perdido impulso, mas a demanda continua vigorosa, sustentada pelo aumento real dos salários e pelo crédito ainda em expansão, embora em ritmo decrescente. Os acordos salariais deste semestre e o aumento do mínimo - 13,6%, segundo a proposta orçamentária - deverão manter o consumidor animado ainda por um bom tempo. O Copom emitiu uma nota muito mais longa do que as anteriores para explicar sua decisão. O texto realça as preocupações com a piora do quadro internacional e aponta o possível efeito deflacionário de uma nova retração econômica. Essa tendência, no entanto, ainda não é visível nos mercados. Há apenas uma curta referência à "moderação da atividade doméstica". Mas o detalhe mais notável é a frase sobre a "revisão do cenário para a política fiscal", uma profissão de fé na promessa de austeridade do governo. No mesmo dia, porém, o Executivo apresentava a proposta orçamentária para 2012 - um projeto expansionista, com estimativa de crescimento econômico de 5% e projeção de superávit primário menor que o deste ano. (Ver editorial abaixo.)Deve sair hoje o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Virá com sinais de contenção da atividade industrial, explicável em parte pela valorização do câmbio e pelo aumento de importações. Mas a demanda, como se verifica diariamente, continua firme e afetando os preços.Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula - a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.

Com o corte de juros anunciado nesta quarta-feira, os diretores do Banco Central (BC) apagaram a imagem de autonomia da instituição, já muito embaçada nos últimos oito meses. Deixariam pelo menos uma dúvida razoável, a seu favor, se empurrassem a decisão para os dias 18 e 19 de outubro, datas previstas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até lá, teriam informações muito mais claras sobre a evolução da crise internacional, o esfriamento da economia brasileira e a tendência da inflação interna. Sobram razões, neste momento, para considerar precipitado o afrouxamento da política anti-inflacionária. Mas o fato mais grave é a perda de credibilidade do presidente do BC, Alexandre Tombini, e, de modo geral, da própria instituição. Formar expectativas é uma das funções mais importantes da autoridade monetária. Ninguém pode exercê-la de forma satisfatória, quando se perde a confiança do auditório. Se um alto funcionário aceita um rebaixamento de status, em nome de quem estará se dirigindo à sua plateia? O corte dos juros de 12,5% para 12% surpreendeu. A redução foi ampla e veio antes do momento considerado propício por renomados economistas. Esperava-se pelo menos algum esforço para manter as aparências, depois das pressões explícitas da presidente da República e de vários ministros. A decisão espantou principalmente quem ainda esperava um mínimo de prudência. A inflação voltou a subir, depois de uma breve trégua no meio do ano. O IPC-S, um índice de preços ao consumidor atualizado semanalmente pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 0,4% em agosto e 4,17% no ano. O acumulado em 12 meses chegou a 7,1%, índice igual ao apurado para o IPCA-15 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na semana passada, economistas do mercado financeiro e de consultorias independentes ainda projetaram uma alta de 6,31% em 2011 para o IPCA, o indicador oficial. Para 2012 a estimativa ficou em 5,2%. Esses cálculos confirmam, no essencial, a tendência apontada pelo próprio Copom na ata de sua última reunião, em julho: inflação na meta, provavelmente só no primeiro semestre de 2013. Juros de 12,5% e câmbio de R$ 1,60 por dólar foram tomados como referências para essa projeção.Teria o BC renunciado à tarefa de levar a inflação ao centro do alvo até mesmo em 2013? Essa pergunta é justificável por mais de uma razão. A primeira é a própria evolução dos índices. Outro fator importante é o quadro econômico interno. A produção industrial tem perdido impulso, mas a demanda continua vigorosa, sustentada pelo aumento real dos salários e pelo crédito ainda em expansão, embora em ritmo decrescente. Os acordos salariais deste semestre e o aumento do mínimo - 13,6%, segundo a proposta orçamentária - deverão manter o consumidor animado ainda por um bom tempo. O Copom emitiu uma nota muito mais longa do que as anteriores para explicar sua decisão. O texto realça as preocupações com a piora do quadro internacional e aponta o possível efeito deflacionário de uma nova retração econômica. Essa tendência, no entanto, ainda não é visível nos mercados. Há apenas uma curta referência à "moderação da atividade doméstica". Mas o detalhe mais notável é a frase sobre a "revisão do cenário para a política fiscal", uma profissão de fé na promessa de austeridade do governo. No mesmo dia, porém, o Executivo apresentava a proposta orçamentária para 2012 - um projeto expansionista, com estimativa de crescimento econômico de 5% e projeção de superávit primário menor que o deste ano. (Ver editorial abaixo.)Deve sair hoje o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Virá com sinais de contenção da atividade industrial, explicável em parte pela valorização do câmbio e pelo aumento de importações. Mas a demanda, como se verifica diariamente, continua firme e afetando os preços.Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula - a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.

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