O dever de Cunha e Renan


Por Redação

Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveriam se afastar de seus cargos enquanto durar a investigação sobre a suposta participação desses parlamentares no escândalo da Petrobrás. Em condições normais, já seria impróprio que políticos sobre os quais pairam suspeitas graves ocupassem funções tão importantes no Congresso, tendo condições de ditar a agenda legislativa. Em meio a uma crise como a atual, em que a própria governabilidade do País está em risco, não é prudente - para não dizer ético - que Cunha e Renan sigam com tal poder e tenham condições de usá-lo para se proteger e prejudicar aqueles que julgam ser seus adversários.Eduardo Cunha considera que só consta da lista de investigados no escândalo porque a presidente Dilma Rousseff assim o quis, como forma de "dividir o ônus" da crise. Mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluiu o peemedebista porque ele foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do caso, como um dos políticos que receberam propina. Assim como todos os demais integrantes da lista de Janot, Cunha negou veementemente que tenha obtido qualquer forma de suborno - e acusou o procurador-geral de "agir como aparelho" governista."Não tenho dúvidas de que o governo está por trás disso", declarou Cunha, fazendo grave acusação de desvio ético e funcional contra Janot sem, contudo, apresentar qualquer evidência para comprová-la - deixando no ar a hipótese de que só foi envolvido no escândalo por ser desafeto da presidente Dilma.Enquanto quase todos os outros parlamentares citados puderam apenas expressar sua indignação, Cunha, que detém a poderosa caneta de presidente da Câmara, foi além: embora diga que não pretende usar seu cargo como "fonte de retaliação", tratou de fazer ameaças explícitas ao governo. "Vou baixar o cacete", disse Cunha ao jornal Correio Braziliense. "Até aqui, eu era apenas independente. Agora, serei independente babando de ódio", declarou. Parece não haver dúvidas sobre o estado de espírito do deputado.Reação semelhante teve Renan Calheiros, mas o presidente do Senado tratou de expressá-la por meio de terceiros. E eles informaram à opinião pública e à presidente Dilma que Renan "não vai deixar barato", conforme registrou o site Congresso em Foco. De pilar do governismo no Congresso, Renan ameaça se tornar sua principal fonte de dores de cabeça. A devolução da medida provisória que acaba com a desoneração da folha de pagamento foi só o começo.O apoio que Renan e Cunha estão recebendo de seus pares mostra o tamanho de seu poder para comprometer os programas do governo, especialmente em relação ao ajuste fiscal. Cunha ontem foi à CPI da Petrobrás para desancar Janot e sugerir que o procurador-geral agiu com motivação política. Quase todos os deputados que pediram a palavra o fizeram para elogiar Cunha e reiterar confiança no presidente da Câmara. A exceção foi Júlio Delgado (PSB-MG), que lembrou a todos que não há como eximir o Congresso da crise e que será preciso separar o joio do trigo na CPI, pois "tem muito joio aqui".Os gestos de Renan e Cunha deixam claro que sua atuação no comando do Congresso deverá ser pautada por sua inclusão nos inquéritos do petrolão - e eles não parecem embaraçados com isso. "Não achem que alguém aqui vai ficar constrangido de exercer a presidência da Câmara com absurdos dessa natureza (a sua inclusão entre os investigados), porque não ficarei", disse Cunha recentemente a aliados. Questionado sobre se deveria se afastar de seu cargo, Cunha foi sucinto: "Óbvio que não farei isso".Portanto, as decisões de Cunha e Renan, doravante, serão consideradas tendo em vista que a intenção é dar o troco a Dilma. Essa atitude pode resultar em vitórias pontuais desses dois parlamentares no seu embate com o governo e com a presidente, mas é quase certo que dificilmente atenderá aos interesses nacionais. As consequências disso serão ruins para o conjunto do País - justamente em um momento de aguda crise, em que se espera que os líderes políticos demonstrem um pouco mais de espírito público.

Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveriam se afastar de seus cargos enquanto durar a investigação sobre a suposta participação desses parlamentares no escândalo da Petrobrás. Em condições normais, já seria impróprio que políticos sobre os quais pairam suspeitas graves ocupassem funções tão importantes no Congresso, tendo condições de ditar a agenda legislativa. Em meio a uma crise como a atual, em que a própria governabilidade do País está em risco, não é prudente - para não dizer ético - que Cunha e Renan sigam com tal poder e tenham condições de usá-lo para se proteger e prejudicar aqueles que julgam ser seus adversários.Eduardo Cunha considera que só consta da lista de investigados no escândalo porque a presidente Dilma Rousseff assim o quis, como forma de "dividir o ônus" da crise. Mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluiu o peemedebista porque ele foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do caso, como um dos políticos que receberam propina. Assim como todos os demais integrantes da lista de Janot, Cunha negou veementemente que tenha obtido qualquer forma de suborno - e acusou o procurador-geral de "agir como aparelho" governista."Não tenho dúvidas de que o governo está por trás disso", declarou Cunha, fazendo grave acusação de desvio ético e funcional contra Janot sem, contudo, apresentar qualquer evidência para comprová-la - deixando no ar a hipótese de que só foi envolvido no escândalo por ser desafeto da presidente Dilma.Enquanto quase todos os outros parlamentares citados puderam apenas expressar sua indignação, Cunha, que detém a poderosa caneta de presidente da Câmara, foi além: embora diga que não pretende usar seu cargo como "fonte de retaliação", tratou de fazer ameaças explícitas ao governo. "Vou baixar o cacete", disse Cunha ao jornal Correio Braziliense. "Até aqui, eu era apenas independente. Agora, serei independente babando de ódio", declarou. Parece não haver dúvidas sobre o estado de espírito do deputado.Reação semelhante teve Renan Calheiros, mas o presidente do Senado tratou de expressá-la por meio de terceiros. E eles informaram à opinião pública e à presidente Dilma que Renan "não vai deixar barato", conforme registrou o site Congresso em Foco. De pilar do governismo no Congresso, Renan ameaça se tornar sua principal fonte de dores de cabeça. A devolução da medida provisória que acaba com a desoneração da folha de pagamento foi só o começo.O apoio que Renan e Cunha estão recebendo de seus pares mostra o tamanho de seu poder para comprometer os programas do governo, especialmente em relação ao ajuste fiscal. Cunha ontem foi à CPI da Petrobrás para desancar Janot e sugerir que o procurador-geral agiu com motivação política. Quase todos os deputados que pediram a palavra o fizeram para elogiar Cunha e reiterar confiança no presidente da Câmara. A exceção foi Júlio Delgado (PSB-MG), que lembrou a todos que não há como eximir o Congresso da crise e que será preciso separar o joio do trigo na CPI, pois "tem muito joio aqui".Os gestos de Renan e Cunha deixam claro que sua atuação no comando do Congresso deverá ser pautada por sua inclusão nos inquéritos do petrolão - e eles não parecem embaraçados com isso. "Não achem que alguém aqui vai ficar constrangido de exercer a presidência da Câmara com absurdos dessa natureza (a sua inclusão entre os investigados), porque não ficarei", disse Cunha recentemente a aliados. Questionado sobre se deveria se afastar de seu cargo, Cunha foi sucinto: "Óbvio que não farei isso".Portanto, as decisões de Cunha e Renan, doravante, serão consideradas tendo em vista que a intenção é dar o troco a Dilma. Essa atitude pode resultar em vitórias pontuais desses dois parlamentares no seu embate com o governo e com a presidente, mas é quase certo que dificilmente atenderá aos interesses nacionais. As consequências disso serão ruins para o conjunto do País - justamente em um momento de aguda crise, em que se espera que os líderes políticos demonstrem um pouco mais de espírito público.

Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveriam se afastar de seus cargos enquanto durar a investigação sobre a suposta participação desses parlamentares no escândalo da Petrobrás. Em condições normais, já seria impróprio que políticos sobre os quais pairam suspeitas graves ocupassem funções tão importantes no Congresso, tendo condições de ditar a agenda legislativa. Em meio a uma crise como a atual, em que a própria governabilidade do País está em risco, não é prudente - para não dizer ético - que Cunha e Renan sigam com tal poder e tenham condições de usá-lo para se proteger e prejudicar aqueles que julgam ser seus adversários.Eduardo Cunha considera que só consta da lista de investigados no escândalo porque a presidente Dilma Rousseff assim o quis, como forma de "dividir o ônus" da crise. Mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluiu o peemedebista porque ele foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do caso, como um dos políticos que receberam propina. Assim como todos os demais integrantes da lista de Janot, Cunha negou veementemente que tenha obtido qualquer forma de suborno - e acusou o procurador-geral de "agir como aparelho" governista."Não tenho dúvidas de que o governo está por trás disso", declarou Cunha, fazendo grave acusação de desvio ético e funcional contra Janot sem, contudo, apresentar qualquer evidência para comprová-la - deixando no ar a hipótese de que só foi envolvido no escândalo por ser desafeto da presidente Dilma.Enquanto quase todos os outros parlamentares citados puderam apenas expressar sua indignação, Cunha, que detém a poderosa caneta de presidente da Câmara, foi além: embora diga que não pretende usar seu cargo como "fonte de retaliação", tratou de fazer ameaças explícitas ao governo. "Vou baixar o cacete", disse Cunha ao jornal Correio Braziliense. "Até aqui, eu era apenas independente. Agora, serei independente babando de ódio", declarou. Parece não haver dúvidas sobre o estado de espírito do deputado.Reação semelhante teve Renan Calheiros, mas o presidente do Senado tratou de expressá-la por meio de terceiros. E eles informaram à opinião pública e à presidente Dilma que Renan "não vai deixar barato", conforme registrou o site Congresso em Foco. De pilar do governismo no Congresso, Renan ameaça se tornar sua principal fonte de dores de cabeça. A devolução da medida provisória que acaba com a desoneração da folha de pagamento foi só o começo.O apoio que Renan e Cunha estão recebendo de seus pares mostra o tamanho de seu poder para comprometer os programas do governo, especialmente em relação ao ajuste fiscal. Cunha ontem foi à CPI da Petrobrás para desancar Janot e sugerir que o procurador-geral agiu com motivação política. Quase todos os deputados que pediram a palavra o fizeram para elogiar Cunha e reiterar confiança no presidente da Câmara. A exceção foi Júlio Delgado (PSB-MG), que lembrou a todos que não há como eximir o Congresso da crise e que será preciso separar o joio do trigo na CPI, pois "tem muito joio aqui".Os gestos de Renan e Cunha deixam claro que sua atuação no comando do Congresso deverá ser pautada por sua inclusão nos inquéritos do petrolão - e eles não parecem embaraçados com isso. "Não achem que alguém aqui vai ficar constrangido de exercer a presidência da Câmara com absurdos dessa natureza (a sua inclusão entre os investigados), porque não ficarei", disse Cunha recentemente a aliados. Questionado sobre se deveria se afastar de seu cargo, Cunha foi sucinto: "Óbvio que não farei isso".Portanto, as decisões de Cunha e Renan, doravante, serão consideradas tendo em vista que a intenção é dar o troco a Dilma. Essa atitude pode resultar em vitórias pontuais desses dois parlamentares no seu embate com o governo e com a presidente, mas é quase certo que dificilmente atenderá aos interesses nacionais. As consequências disso serão ruins para o conjunto do País - justamente em um momento de aguda crise, em que se espera que os líderes políticos demonstrem um pouco mais de espírito público.

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