O Estatuto da Juventude


Por Redação

Em sessão tumultuada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Juventude que, entre outras inovações estapafúrdias, assegura a meia-passagem em ônibus intermunicipais, interestaduais e de turismo a jovens assim classificados em três faixas etárias: o jovem adolescente, entre 15 e 16 anos; o jovem jovem, entre 18 e 24 anos; e o jovem adulto, entre 25 e 29 anos. O projeto contou com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), hoje uma "entidade chapa branca" que vive à custa do monopólio da expedição das carteirinhas que garantem o direito de estudantes à meia-entrada em eventos culturais e de entretenimento. Dominada pelo PC do B, o partido a que pertence a relatora do projeto - a deputada gaúcha Manoela D'Ávila -, a entidade providenciou uma claque para aplaudi-la durante a votação do Estatuto da Juventude. Além da meia-entrada em cinemas e teatros, o projeto concede às três categorias de jovens o mesmo direito em eventos esportivos, o que pode levar o governo a enfrentar mais problemas com a Fifa. No acordo firmado com a entidade ficou estabelecido que não será admitido qualquer tipo de desconto - inclusive a meia-entrada para estudantes - nos jogos da Copa do Mundo de 2014. A relatora alega que uma preocupação pontual, como a relativa aos jogos da Copa, não pode inviabilizar a concessão de um benefício em caráter permanente.Outro ponto de colisão com a Fifa diz respeito à propaganda de bebida alcoólica, uma vez que as grandes cervejarias mundiais estão entre os principais patrocinadores da Copa e o Estatuto da Juventude prevê restrições para este tipo de publicidade. Para contornar o problema, que foi levantado pela oposição, a deputada Manoela D'Ávila propôs uma redação que prima pela imprecisão. Segundo o texto aprovado, "a política de atenção à saúde do jovem terá como diretriz a proibição da propaganda com qualquer teor alcoólico (sic), quando esta se apresentar com a participação de jovem menor de 18 anos". O projeto também se destaca pela profusão de boas intenções, frases vagas e dispositivos que já constam da legislação em vigor. No capítulo sobre o "direito à saúde integral", por exemplo, ele recomenda às escolas que incluam no currículo temas relativos ao consumo de álcool, drogas, doenças sexualmente transmissíveis, planejamento familiar e saúde reprodutiva. Segundo o texto, as políticas de saúde devem reconhecer o impacto da gravidez nos jovens, "em todos os aspectos, do psicológico ao econômico". No capítulo sobre profissionalização e trabalho, o projeto enfatiza a necessidade de cumprir as leis que tratam de vagas para aprendizes e proíbem a exploração do trabalho infantil. E, repetindo o que já consta da Constituição, o projeto afirma que o jovem não será discriminado por sua etnia, cor, cultura, condição social, condição econômica e orientação sexual. A deputada Manoela D'Ávila classificou como "histórica" a aprovação do projeto do Estatuto da Juventude. Já para a secretária nacional da Juventude, Severine Macedo, ele representa "um grande avanço". Evidentemente, trata-se de um exagero. Se há algo que merece aplauso, com relação ao projeto, foi o que de bom senso prevaleceu nas negociações. Por pressão da oposição, foram suprimidos os dispositivos que abriam caminho para mais um trem da alegria, como a criação de cargos remunerados para os Conselhos da Juventude nos Estados e nos mais de 5,5 mil municípios. E, por recomendação da Secretaria Nacional da Juventude, a relatora alterou o texto original, deixando claro que os Estados e municípios que criarem conselhos terão de fazê-lo com recursos próprios.Por repetir o que já está previsto pela legislação atual e enumerar um extenso rol de princípios óbvios, o projeto do Estatuto da Juventude é uma bandeira mais vistosa do que necessária. Mas, pelo impacto que a concessão indiscriminada da meia-entrada pode causar em companhias de transporte coletivo, teatros, redes de cinema, casas de lazer e estádios de futebol, ele se tornou um problema - seja para os empresários do setor, seja para os Estados e municípios, que serão pressionados a subsidiar a generosa iniciativa. Cabe ao Senado escoimar o projeto dos dispositivos mais absurdos.

Em sessão tumultuada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Juventude que, entre outras inovações estapafúrdias, assegura a meia-passagem em ônibus intermunicipais, interestaduais e de turismo a jovens assim classificados em três faixas etárias: o jovem adolescente, entre 15 e 16 anos; o jovem jovem, entre 18 e 24 anos; e o jovem adulto, entre 25 e 29 anos. O projeto contou com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), hoje uma "entidade chapa branca" que vive à custa do monopólio da expedição das carteirinhas que garantem o direito de estudantes à meia-entrada em eventos culturais e de entretenimento. Dominada pelo PC do B, o partido a que pertence a relatora do projeto - a deputada gaúcha Manoela D'Ávila -, a entidade providenciou uma claque para aplaudi-la durante a votação do Estatuto da Juventude. Além da meia-entrada em cinemas e teatros, o projeto concede às três categorias de jovens o mesmo direito em eventos esportivos, o que pode levar o governo a enfrentar mais problemas com a Fifa. No acordo firmado com a entidade ficou estabelecido que não será admitido qualquer tipo de desconto - inclusive a meia-entrada para estudantes - nos jogos da Copa do Mundo de 2014. A relatora alega que uma preocupação pontual, como a relativa aos jogos da Copa, não pode inviabilizar a concessão de um benefício em caráter permanente.Outro ponto de colisão com a Fifa diz respeito à propaganda de bebida alcoólica, uma vez que as grandes cervejarias mundiais estão entre os principais patrocinadores da Copa e o Estatuto da Juventude prevê restrições para este tipo de publicidade. Para contornar o problema, que foi levantado pela oposição, a deputada Manoela D'Ávila propôs uma redação que prima pela imprecisão. Segundo o texto aprovado, "a política de atenção à saúde do jovem terá como diretriz a proibição da propaganda com qualquer teor alcoólico (sic), quando esta se apresentar com a participação de jovem menor de 18 anos". O projeto também se destaca pela profusão de boas intenções, frases vagas e dispositivos que já constam da legislação em vigor. No capítulo sobre o "direito à saúde integral", por exemplo, ele recomenda às escolas que incluam no currículo temas relativos ao consumo de álcool, drogas, doenças sexualmente transmissíveis, planejamento familiar e saúde reprodutiva. Segundo o texto, as políticas de saúde devem reconhecer o impacto da gravidez nos jovens, "em todos os aspectos, do psicológico ao econômico". No capítulo sobre profissionalização e trabalho, o projeto enfatiza a necessidade de cumprir as leis que tratam de vagas para aprendizes e proíbem a exploração do trabalho infantil. E, repetindo o que já consta da Constituição, o projeto afirma que o jovem não será discriminado por sua etnia, cor, cultura, condição social, condição econômica e orientação sexual. A deputada Manoela D'Ávila classificou como "histórica" a aprovação do projeto do Estatuto da Juventude. Já para a secretária nacional da Juventude, Severine Macedo, ele representa "um grande avanço". Evidentemente, trata-se de um exagero. Se há algo que merece aplauso, com relação ao projeto, foi o que de bom senso prevaleceu nas negociações. Por pressão da oposição, foram suprimidos os dispositivos que abriam caminho para mais um trem da alegria, como a criação de cargos remunerados para os Conselhos da Juventude nos Estados e nos mais de 5,5 mil municípios. E, por recomendação da Secretaria Nacional da Juventude, a relatora alterou o texto original, deixando claro que os Estados e municípios que criarem conselhos terão de fazê-lo com recursos próprios.Por repetir o que já está previsto pela legislação atual e enumerar um extenso rol de princípios óbvios, o projeto do Estatuto da Juventude é uma bandeira mais vistosa do que necessária. Mas, pelo impacto que a concessão indiscriminada da meia-entrada pode causar em companhias de transporte coletivo, teatros, redes de cinema, casas de lazer e estádios de futebol, ele se tornou um problema - seja para os empresários do setor, seja para os Estados e municípios, que serão pressionados a subsidiar a generosa iniciativa. Cabe ao Senado escoimar o projeto dos dispositivos mais absurdos.

Em sessão tumultuada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Juventude que, entre outras inovações estapafúrdias, assegura a meia-passagem em ônibus intermunicipais, interestaduais e de turismo a jovens assim classificados em três faixas etárias: o jovem adolescente, entre 15 e 16 anos; o jovem jovem, entre 18 e 24 anos; e o jovem adulto, entre 25 e 29 anos. O projeto contou com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), hoje uma "entidade chapa branca" que vive à custa do monopólio da expedição das carteirinhas que garantem o direito de estudantes à meia-entrada em eventos culturais e de entretenimento. Dominada pelo PC do B, o partido a que pertence a relatora do projeto - a deputada gaúcha Manoela D'Ávila -, a entidade providenciou uma claque para aplaudi-la durante a votação do Estatuto da Juventude. Além da meia-entrada em cinemas e teatros, o projeto concede às três categorias de jovens o mesmo direito em eventos esportivos, o que pode levar o governo a enfrentar mais problemas com a Fifa. No acordo firmado com a entidade ficou estabelecido que não será admitido qualquer tipo de desconto - inclusive a meia-entrada para estudantes - nos jogos da Copa do Mundo de 2014. A relatora alega que uma preocupação pontual, como a relativa aos jogos da Copa, não pode inviabilizar a concessão de um benefício em caráter permanente.Outro ponto de colisão com a Fifa diz respeito à propaganda de bebida alcoólica, uma vez que as grandes cervejarias mundiais estão entre os principais patrocinadores da Copa e o Estatuto da Juventude prevê restrições para este tipo de publicidade. Para contornar o problema, que foi levantado pela oposição, a deputada Manoela D'Ávila propôs uma redação que prima pela imprecisão. Segundo o texto aprovado, "a política de atenção à saúde do jovem terá como diretriz a proibição da propaganda com qualquer teor alcoólico (sic), quando esta se apresentar com a participação de jovem menor de 18 anos". O projeto também se destaca pela profusão de boas intenções, frases vagas e dispositivos que já constam da legislação em vigor. No capítulo sobre o "direito à saúde integral", por exemplo, ele recomenda às escolas que incluam no currículo temas relativos ao consumo de álcool, drogas, doenças sexualmente transmissíveis, planejamento familiar e saúde reprodutiva. Segundo o texto, as políticas de saúde devem reconhecer o impacto da gravidez nos jovens, "em todos os aspectos, do psicológico ao econômico". No capítulo sobre profissionalização e trabalho, o projeto enfatiza a necessidade de cumprir as leis que tratam de vagas para aprendizes e proíbem a exploração do trabalho infantil. E, repetindo o que já consta da Constituição, o projeto afirma que o jovem não será discriminado por sua etnia, cor, cultura, condição social, condição econômica e orientação sexual. A deputada Manoela D'Ávila classificou como "histórica" a aprovação do projeto do Estatuto da Juventude. Já para a secretária nacional da Juventude, Severine Macedo, ele representa "um grande avanço". Evidentemente, trata-se de um exagero. Se há algo que merece aplauso, com relação ao projeto, foi o que de bom senso prevaleceu nas negociações. Por pressão da oposição, foram suprimidos os dispositivos que abriam caminho para mais um trem da alegria, como a criação de cargos remunerados para os Conselhos da Juventude nos Estados e nos mais de 5,5 mil municípios. E, por recomendação da Secretaria Nacional da Juventude, a relatora alterou o texto original, deixando claro que os Estados e municípios que criarem conselhos terão de fazê-lo com recursos próprios.Por repetir o que já está previsto pela legislação atual e enumerar um extenso rol de princípios óbvios, o projeto do Estatuto da Juventude é uma bandeira mais vistosa do que necessária. Mas, pelo impacto que a concessão indiscriminada da meia-entrada pode causar em companhias de transporte coletivo, teatros, redes de cinema, casas de lazer e estádios de futebol, ele se tornou um problema - seja para os empresários do setor, seja para os Estados e municípios, que serão pressionados a subsidiar a generosa iniciativa. Cabe ao Senado escoimar o projeto dos dispositivos mais absurdos.

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