O lado B da supersafra


Déficit na infraestrutura de armazenagem desperdiça boa parte da colheita nacional

Por Notas & Informações

A impactante imagem de toneladas de grãos estocadas em enormes rolos de polietileno perfilados a céu aberto numa cooperativa de Maringá (PR), que estampou recentemente a capa do Estadão, não deixa dúvidas sobre o problema que vem se agravando à medida que a colheita bate recordes. O déficit na logística de armazenagem é o lado B da supersafra que ofusca o fato de o País figurar entre os líderes de produção e comercialização global de grãos.

Trata-se de um problema estrutural antigo, para o qual, ao longo das décadas, são adotadas medidas paliativas, algumas até desastrosas, mas nenhuma solução definitiva. O silo-bolsa, ou silo bag, que há cerca de dez anos tem sido uma alternativa para cooperativas e produtores brasileiros, nem está entre as piores, embora tenha sido desenvolvido para países de clima frio e seco, e não para regiões tropicais, onde o risco de fermentação do grão é maior.

Em outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou como previsão para a safra do ciclo 2023-2024 a produção de 317,15 milhões de toneladas. Ainda que represente queda de 1,5% em relação a 2022-2023, é um resultado robusto que esbarra num período de baixa nos preços das commodities agrícolas – o aumento da produção, aliás, é um dos fatores que levam à queda de preços. À espera de melhores oportunidades, a solução é o estoque. Mas não há armazéns suficientes.

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Existe consenso sobre a necessidade urgente de ampliação e modernização da infraestrutura de armazenamento, mas não há sequer um diagnóstico exato sobre o problema. À reportagem do Estadão, a direção da Conab informou que ainda está desenvolvendo estudo qualificado “para compreender melhor o déficit de armazenagem no País” para traçar estratégias de forma mais efetiva. Há alguns meses, a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio estimou em R$ 30,5 bilhões as perdas do Brasil neste ano por causa da falta de silos.

É um desperdício inaceitável de oportunidades, de recursos e de alimentos. Os cálculos das perdas que a ineficiência logística acarreta são sempre exorbitantes. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) calculou, por meio de uma câmara setorial, que apenas para manter o déficit de infraestrutura deste ano, que especialistas estimam em 115 milhões de toneladas, seria preciso investir R$ 15 bilhões por ano. Frisando: não para melhorar, mas apenas para manter a deficiência atual, em paralelo ao aumento da produção.

A força da produção agrícola nacional não é um fato a ser apenas comemorado como a salvação da lavoura para a economia nacional; é premente a adoção de medidas de longo prazo para firmar a posição do País. Não há como resolver o problema no curto prazo.

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O País precisa enterrar de vez os paliativos e políticas desastradas do passado – que já teve até queima de café para tentar manter os preços, como fez o governo Vargas nos anos 30 e 40. Debalde, como se sabe.

A impactante imagem de toneladas de grãos estocadas em enormes rolos de polietileno perfilados a céu aberto numa cooperativa de Maringá (PR), que estampou recentemente a capa do Estadão, não deixa dúvidas sobre o problema que vem se agravando à medida que a colheita bate recordes. O déficit na logística de armazenagem é o lado B da supersafra que ofusca o fato de o País figurar entre os líderes de produção e comercialização global de grãos.

Trata-se de um problema estrutural antigo, para o qual, ao longo das décadas, são adotadas medidas paliativas, algumas até desastrosas, mas nenhuma solução definitiva. O silo-bolsa, ou silo bag, que há cerca de dez anos tem sido uma alternativa para cooperativas e produtores brasileiros, nem está entre as piores, embora tenha sido desenvolvido para países de clima frio e seco, e não para regiões tropicais, onde o risco de fermentação do grão é maior.

Em outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou como previsão para a safra do ciclo 2023-2024 a produção de 317,15 milhões de toneladas. Ainda que represente queda de 1,5% em relação a 2022-2023, é um resultado robusto que esbarra num período de baixa nos preços das commodities agrícolas – o aumento da produção, aliás, é um dos fatores que levam à queda de preços. À espera de melhores oportunidades, a solução é o estoque. Mas não há armazéns suficientes.

Existe consenso sobre a necessidade urgente de ampliação e modernização da infraestrutura de armazenamento, mas não há sequer um diagnóstico exato sobre o problema. À reportagem do Estadão, a direção da Conab informou que ainda está desenvolvendo estudo qualificado “para compreender melhor o déficit de armazenagem no País” para traçar estratégias de forma mais efetiva. Há alguns meses, a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio estimou em R$ 30,5 bilhões as perdas do Brasil neste ano por causa da falta de silos.

É um desperdício inaceitável de oportunidades, de recursos e de alimentos. Os cálculos das perdas que a ineficiência logística acarreta são sempre exorbitantes. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) calculou, por meio de uma câmara setorial, que apenas para manter o déficit de infraestrutura deste ano, que especialistas estimam em 115 milhões de toneladas, seria preciso investir R$ 15 bilhões por ano. Frisando: não para melhorar, mas apenas para manter a deficiência atual, em paralelo ao aumento da produção.

A força da produção agrícola nacional não é um fato a ser apenas comemorado como a salvação da lavoura para a economia nacional; é premente a adoção de medidas de longo prazo para firmar a posição do País. Não há como resolver o problema no curto prazo.

O País precisa enterrar de vez os paliativos e políticas desastradas do passado – que já teve até queima de café para tentar manter os preços, como fez o governo Vargas nos anos 30 e 40. Debalde, como se sabe.

A impactante imagem de toneladas de grãos estocadas em enormes rolos de polietileno perfilados a céu aberto numa cooperativa de Maringá (PR), que estampou recentemente a capa do Estadão, não deixa dúvidas sobre o problema que vem se agravando à medida que a colheita bate recordes. O déficit na logística de armazenagem é o lado B da supersafra que ofusca o fato de o País figurar entre os líderes de produção e comercialização global de grãos.

Trata-se de um problema estrutural antigo, para o qual, ao longo das décadas, são adotadas medidas paliativas, algumas até desastrosas, mas nenhuma solução definitiva. O silo-bolsa, ou silo bag, que há cerca de dez anos tem sido uma alternativa para cooperativas e produtores brasileiros, nem está entre as piores, embora tenha sido desenvolvido para países de clima frio e seco, e não para regiões tropicais, onde o risco de fermentação do grão é maior.

Em outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou como previsão para a safra do ciclo 2023-2024 a produção de 317,15 milhões de toneladas. Ainda que represente queda de 1,5% em relação a 2022-2023, é um resultado robusto que esbarra num período de baixa nos preços das commodities agrícolas – o aumento da produção, aliás, é um dos fatores que levam à queda de preços. À espera de melhores oportunidades, a solução é o estoque. Mas não há armazéns suficientes.

Existe consenso sobre a necessidade urgente de ampliação e modernização da infraestrutura de armazenamento, mas não há sequer um diagnóstico exato sobre o problema. À reportagem do Estadão, a direção da Conab informou que ainda está desenvolvendo estudo qualificado “para compreender melhor o déficit de armazenagem no País” para traçar estratégias de forma mais efetiva. Há alguns meses, a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio estimou em R$ 30,5 bilhões as perdas do Brasil neste ano por causa da falta de silos.

É um desperdício inaceitável de oportunidades, de recursos e de alimentos. Os cálculos das perdas que a ineficiência logística acarreta são sempre exorbitantes. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) calculou, por meio de uma câmara setorial, que apenas para manter o déficit de infraestrutura deste ano, que especialistas estimam em 115 milhões de toneladas, seria preciso investir R$ 15 bilhões por ano. Frisando: não para melhorar, mas apenas para manter a deficiência atual, em paralelo ao aumento da produção.

A força da produção agrícola nacional não é um fato a ser apenas comemorado como a salvação da lavoura para a economia nacional; é premente a adoção de medidas de longo prazo para firmar a posição do País. Não há como resolver o problema no curto prazo.

O País precisa enterrar de vez os paliativos e políticas desastradas do passado – que já teve até queima de café para tentar manter os preços, como fez o governo Vargas nos anos 30 e 40. Debalde, como se sabe.

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